SEXTA-FEIRA, 27 DE
JULHO
Mt 13,18-23
Aquele que ouve a Palavra e a compreende, esse
produz fruto.
Neste Evangelho, Jesus nos conta a parábola do
semeador, e a explica detalhadamente. Nela encontramos a razão por que existem
pessoas boas e pessoas más no mundo. A diferença começa no nosso modo de ouvir
a Palavra de Deus.
O semeador é Deus, a semente é a Palavra dele,
que é o seu Filho, a Palavra de Deus encarnada. E o terreno somos nós. A
Palavra de Deus é a mesma, e age sempre de modo igual em todas as pessoas. Mas
os frutos não dependem só da semente, mas também do tipo de terreno.
Às vezes a ouvimos, mas não a levamos a sério.
“Entra por um ouvido e sai pelo outro”. É a terra de beira de estrada. As
distrações agem em nós como os passarinhos, que levam a semente antes de ela
brotar.
Outras vezes, nós ouvimos ou lemos os
discursos de Jesus, vestimos a carapuça e começamos a mudar de vida.
Entretanto, não perseveramos. Este é o terreno pedregoso, onde a semente não
chega a produzir fruto. A Palavra de Deus é como uma comida especial que “na
boca é doce como o mel, mas quando cai no estômago, se torna amarga como o fel”
(Ap 10,9). Por isso que há pessoas que sabem a Bíblia de cor, ou é doutor em
teologia bíblica, mas não a “engolem”. Fica só no paladar.
E pode acontecer de tentarmos seguir dois
caminhos ao mesmo tempo: O de Deus e o do mundo pecador. É a Palavra que cresce
entre os espinhos. O resultado é uma vida medíocre e de poucos resultados.
Dificilmente escapamos desse tipo de terreno, em que “as preocupações do mundo
e a ilusão da riqueza sufocam a Palavra, e ela não dá fruto”.
“A semente que caiu em terra boa é aquele que
ouve a Palavra e a compreende. Esse produz fruto.” Compreender é mais que
entender, é entender com o coração, entender e viver o que entendeu. E é
facílimo, porque a Palavra de Deus nos vem sempre acompanhada pela graça do
Espírito Santo, que a faz crescer por si mesma, sem que percebamos.
Esta parábola explica por que agora, mais de
vinte séculos após a vinda de Jesus, o mundo ainda está tão distante do seu
Evangelho: violências, drogas, abortos, famílias desestruturadas... A culpa não
está em Deus, evidentemente. Está no tipo de terreno que somos, que não deixa a
Palavra de Deus produzir frutos.
“O justo crescerá como a palmeira... Plantados
na casa do Senhor, até na velhice darão frutos” (Sl 92,13-14).
Façamos agora uma pergunta a nós mesmos, com
toda sinceridade: Que tipo de terreno sou eu?
Santo Antão nasceu no ano 251, no Egito. Filho
de pais cristãos fervorosos, desde cedo afeiçoou-se pela oração e pela vida de
união com Deus. Quando tinha vinte anos, numa Missa de domingo, ele ouviu as
seguintes palavras do Evangelho: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que
tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e
segue-me” (Mt 16,21).
Antão resolveu colocar em prática essas
palavras de Jesus. Vendeu todos os seus bens e deu o dinheiro aos pobres.
Depois foi para o deserto, a fim de seguir melhor a Jesus. Dessa sua
experiência nasceu a vida religiosa contemplativa. Vemos que em Santo Antão a
semente caiu em terra boa.
Peçamos a Maria Santíssima, que acolheu tão
bem a Palavra de Deus no seu coração, no seu seio e na sua vida, que ela nos
ajude a nos abrirmos à Palavra do seu Filho, a fim de a compreendermos e
vivermos do jeito que ela viveu, produzindo muitos frutos.
Aquele que ouve a Palavra e a compreende, esse
produz fruto.
Padre Queiroz
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