SEGUNDA-FEIRA, DIA 16 DE JULHO
Mt 12,46-50
Padre Antonio Queiroz
E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e
meus irmãos”.
Neste Evangelho, sem desmerecer a família e muito menos a sua família,
Jesus nos apresenta uma dimensão belíssima da Igreja: ela é a Família de Deus,
a Família de Jesus. E isso de verdade, não apenas símbolo ou figura de
linguagem. A Igreja é a nossa segunda família e, na falta da família carnal,
ela torna-se a nossa primeira família.
A mãe e os “irmãos” de Jesus chegaram e queriam falar com ele. Não era
fácil. Tiveram de ficar lá fora, porque a multidão enchia o local. Quando o
avisaram, Jesus lançou no ar uma pergunta: “Quem é minha mãe, e quem são meus
irmãos?” E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e
meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus,
este é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Essa afirmação não diminui nem
exclui Maria, pois ela cumpria sempre a vontade de Deus, como Jesus bem sabia.
Mas, sem dúvida, a resposta de Cristo à sua própria pergunta relativiza
os vínculos familiares na perspectiva do Reino de Deus, que tem a primazia absoluta
e cujo eixo central é a vontade divina. Um pouco antes, Jesus havia dito que
quem quiser segui-lo, devia renunciar pai, mãe, irmãos... De fato, todo
discípulo ou discípula de Jesus terá de experimentar pessoalmente, e mais de
uma vez, a dor da renúncia à família. Mas Jesus prometeu: ganhará cem vezes
mais pais, mães, irmãos, irmãs e tudo o mais que renunciar.
Para nós, a prioridade do Reino de Deus é absoluta, e esse Reino se
concretiza em fazer a vontade de Deus. Se a cumprirmos, espera-nos no Céu uma
vida em família e não apenas como hóspedes da casa de Deus.
Nós queremos ser dignos filhos do Pai que temos, que é Deus Pai, do
irmão que temos, que é Jesus, e da mãe que temos, que é Maria.
“Vós sois lavoura de Deus” (1Cor 3,9). Entre as várias figuras usadas na
Bíblia para nos explicar o que é Igreja, está esta: a Igreja é a lavoura de
Deus.
Imagine uma lavoura cheia de pragas: tiririca, caruru, carrapicho...
Essas ervas daninham crescem mais rápido que a plantação e a matam, ou fazem
com que produza menos e grãos de menor qualidade.
As pragas são aqueles cristãos e cristãs que estão dentro da Igreja e
dão maus exemplos, levando uma vida errada, de pecado, vícios... Isso atrapalha
e prejudica toda a Comunidade.
Aqui está a explicação por que algumas Comunidades cristãs produzem tão
pouco e dão pouco testemunho. São os maus cristãos que estão no meio dela e
prejudicam o crescimento de toda a Comunidade. Isto se observa não só a nível
de Comunidade, mas de todos os grupos cristãos. Uma maçã podre na cesta, apodrece
todas as outras.
Jesus jogou tudo na Igreja, elevando-a a sua família. Que nós
correspondamos a esse presente que ele nos deu.
O Papa Pio XII gostava de fazer palestras num grande auditório que
existe no Vaticano. Ele falava para casais, para jovens e para profissionais
das diversas áreas. Um dia, ele estava falando para casais e namorados juntos.
Observando a platéia, ele viu que os namorados estavam juntinhos, de braços
dados e com muito carinho um com o outro. Já os casais era um pra lá e outro pra
cá, sem nenhuma demonstração de amor e carinho.
Então o Papa ficou triste e desabafou dizendo: “Gente, o sacramento do
matrimônio une ou separa as pessoas? Eu vejo aqui que aqueles que não receberam
o sacramento estão unidos, ao passo que os que o receberam estão desunidos!” E
Pio XII fez um apelo: “Vamos provar para os filhos e para o mundo que o
sacramento do matrimônio os uniu, e não tenham vergonha de mostrar publicamente
que se amam!” Claro que o sacramento é uma graça que traz a união e um amor maior.
O problema é que nem sempre colaboramos com a graça!
O mesmo podemos dizer em relação aos outros sacramentos e à toda a
Igreja. Compensa ser terreno bom e plantas viçosas nesta lavoura de Deus.
Maria é a flor mais bela da Igreja. Ela enfeita, alegra e perfuma a
Comunidade cristã. Mãe da Igreja, rogai por nós!
E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e
meus irmãos”.
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