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Dezembro 2020
Tempo do Advento Terceira Semana -
Segunda-feira
Lectio
Primeira leitura: Números 24, 2-7.15-17a
Naqueles dias. 2 o profeta Balaão levantou os
olhos e viu Israel acampado por tribos. Desceu sobre ele o Espírito de Deus 3e
ele proferiu o seu oráculo, dizendo: «Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo
do homem de olhar penetrante; 4*oráculo do que escuta as palavras de Deus, que
tem a visão do Omnipotente, que se prostra, mas de olhos abertos. 5Como são
belas as tuas tendas, Jacob, As tuas moradas, ó Israel! 6 Estendem-se como os
vales, como jardins junto de um rio! O SENHOR plantou¬as como árvores de aloés,
como cedros junto das águas! 7*A água escorre de seus reservatórios e suas
sementeiras têm água abundante. O seu rei é mais forte que Agag, e exalta o seu
reino!
15E Balaão pronunciou o seu oráculo, dizendo: «Oráculo de Balaão, filho de
Beor, oráculo do homem de olhar penetrante. 16 0ráculo daquele que escuta as
palavras de Deus, e conhece a sabedoria do Altíssimo, que tem a visão do
Omnipotente, que se prostra, mas de olhos abertos. 17*Eu vejo, mas não para já;
contemplo-o, mas ainda não próximo: Uma estrela surge de Jacob e um ceptro se
ergue de Israel.
Na tentativa de se opor à passagem de Israel,
Balac, rei de Moab, contratou Balaão, um adivinho pagão, para fazer sortilégios
contra Israel e amaldiçoá-lo. Mas Balaão, em vez de destruir o povo, como significa
o seu nome de "devorador", foi confundido pelo Senhor e obrigado a
profetizar em favor de Israel. Hoje escutámos alguns versículos do terceiro e
do quarto oráculo. O terceiro oráculo anuncia a prosperidade e a fecundidade do
povo de Israel, descrevendo um enorme acampamento com tendas bonitas e ricas,
numa paisagem luxuriante de plantas e de águas abundantes que indicam
vitalidade (vv. 5-7). O quarto oráculo (vv. 16-17) acrescenta a descrição de
uma realeza ideal, a da monarquia davídica, destinatária da promessa divina
comunicada por Natan (cf 2 Sam 7), que está na origem do messianismo real.
Balaão é obrigado a profetizar um grande futuro a Israel, como sinal da
fidelidade divina à promessa feita a David.
O ceptro é claramente símbolo da realeza; a
estrela deve entender-se no contexto cultural da antiguidade em que a aparição
de um novo astro significava o nascimento de um rei, ou um grande evento da
história. Começa aqui a tradição judaica da estrela como símbolo do Messias.
Evangelho: Mateus 21,23-27
Naquele tempo, 23*Jesus foi ao templo e,
enquanto ensinava, aproximaram-se d 'Ele os sumos sacerdotes e os anciãos do
povo e disseram-lhe: «Com que autoridade fazes isto? E quem te deu tal poder?»
24Jesus respondeu-lhes: «Também Eu vou fazer-vos uma pergunta. Se me
responderdes, digo-vos com que autoridade faço isto.
25De onde provinha o Baptismo de João? Do Céu
ou dos homens?» Mas eles começaram a pensar entre si: «Se respondermos: 'Do
Céu; vai dizer-nos: 'Por que não lhe destes crédito?' 26E, se respondermos:
'Dos homens; ficamos com receio da multidão, pois todos têm João por um
profeta.» 27E responderam a Jesus: «Não sabe¬mos.» Disse-lhes Ele, por seu
turno: «Também Eu vos não digo com que autoridade faço isto»
Mateus mostra a contestação dos adversários de
Jesus ao seu julgamento sobre o templo e à expulsão dos vendilhões: «Com que
autoridade fazes isto? E quem te deu tal poderi» (v. 23). Jesus responde com
outra pergunta: «De onde provinha o Bap¬tismo de João? Do Céu ou dos homenst»
(v. 25). Baptizar tinha sido a acção mais vistosa de João. Jesus quer
obrigá-los a tomar posição diante desse facto. Assim os obriga a reflectir
sobre a sua atitude em relação a Deus. Não se trata, pois, de uma qualquer
estratégia de Jesus para afastar atenções ou evitar uma resposta embaraçosa. É,
pelo contrário, um forte convite à conversão: há que tomar posição perante a
pregação do Baptista, que apelava exactamente à conversão.
A pregação de João punha os chefes religiosos
numa posição semelhante àquela em que Jesus os queria pôr. A recusa em
responder manifesta a sua má vontade, o seu calculismo, a sua política de
conveniências, recusando o dever da conversão. Nesta situação, Deus pode fazer
descer o silêncio sobre o incrédulo, como sugere a afirmação final de Jesus:
«Também Eu vos não digo com que autoridade faço isto. (v. 27).
Meditatio
a Natal, desde os tempos mais remotos, é a festa da Luz, que é Jesus Cristo,
Sol de Justiça. A liturgia actual recorda Isaías que diz: "Um povo que
caminhava nas trevas viu uma grande IUL." (9,2) e Lucas, que afirma
"a glória do Senhor envolveu-os de luz" (2,9). a Prefácio I de Natal
canta" Uma nova luz brilhou aos nossos olhos'.
A luz de Cristo é acolhida por uns, como os
Magos, e rejeitada por outros, como Herodes. As leituras de hoje já nos deixam
entrever essa diferença de atitudes: o pagão Balac acolhe a luz do Senhor; os
chefes religiosos dos judeus recusam Jesus, como já tinham recusado João
Baptista.
É um risco que todos corremos: contentar-nos
com atitudes exteriores de religião, adaptar Deus aos nossos interesses, não
apreciar suficientemente a graça. Mas, o importante é cultivarmos o espanto de
quem acaba de descobrir o Senhor, uma alma de pobre, aberta às suas surpresas
maravilhosas. A nossa atitude não pode ser a de sábios satisfeitos e fechados
nas suas certezas reais ou imaginárias, mas a dos humildes, sempre dispostos a
acolher a luz do Senhor.
A promessa messiânica da primeira leitura
convida-nos a meditar sobre a fidelidade de Deus às suas promessas. Para isso,
confunde qualquer poder que a Ele se oponha, ou que se oponha ao seu projecto
de libertação, seja poder humano ou sobre-humano. a episódio de Balaão
revela-nos que nada pode resistir ao triunfo do plano de Deus.
O texto evangélico pede-me para confrontar as
minhas opções com as exigências evangélicas. Por vezes, posso incluir-me entre
os adversários de Jesus, ou revelar a minha indisponibilidade interior para a
acolher, com as suas exigências. Não tenho também resistido a uma decisão
responsável diante de Deus? É provável, se não tiver um olhar de fé sobre os
acontecimentos da vida, se pretender manter-me na área da procura das minhas
conveniências ou da consideração dos outros. a Evangelho desmascara a qualidade
de muitas das minhas preocupações, demasiado humanas, que não são ditadas pelo
temor de Deus, mas pelo desejo de conservar o poder ou simplesmente ver
realizados os meus desejos. Mas estes, sem a busca da vontade de Deus, têm a
mesma consistência que os projectos de Balac e de Balaão que Deus confundiu e deitou
por terra.
Lemos nas Constituições: «Pelo seu Ecce
ancilla, estimula-nos à disponibilidade na fé» (n. 85). O "Ecce
anci//a" é, de facto, a expressão mais clara e mais profunda da fé de
Maria. É uma fé abertura à escuta, uma fé disponibilidade para realizar a
palavra e a vontade de Deus.
Esta fé de Maria é plenamente e perfeitamente humana. É, em primeiro lugar, com
certeza, um dom perfeito de Deus; mas é um dom perfeitamente acolhido por uma
criatura humana, com todos os privilégios necessários para a sua missão, mas
também com todas as exigências da condição humana: obscuridade, surpresas
imprevistas, abandono confiante. É uma fé perfeita em Maria que, embora sendo
"cheia de graça", está submetida ao tempo, à história, aos eventos,
onde a fé é posta à prova, provoca sofrimento e se torna mais adulta.
O "Ecce anci//a" de Maria é um acto de pura fé, é uma adesão à
Palavra na obscuridade da fé, é acolhimento puro do Espírito que desce sobre
Ela e do poder do Altíssimo que a cobre com a Sua sombra, é o abandono total do
Seu ser à vontade de Deus, para que tudo se faça segundo a Sua vontade (cf. Lc
1, 38).
Oratio
Senhor, os oráculos de Balaão proporcionam-me uma ocasião para crescer na
esperança e torná-Ia mais firme porque me mostram que uma estrela nasce quando
Tu queres e os homens nada podem fazer para impedir que ela brilhe. Tu abençoas
o teu povo, ainda que os teus e nossos adversários pretendam o contrário.
Transformas as maldições, que nos são dirigidas, em bênçãos. Os judeus também
quiseram transformar Jesus em maldição: «Ma/dito o que pende do medem», Mas
essa maldição tornou-se a maior bênção para toda a Terra. É por essa razão que
tenho uma esperança firme. Não espero em mim, na minha fraqueza, mas espero em
Jesus, que é a tua bênção triunfal para todo o género humano. Senhor, aumenta a
minha esperança! Amen.
Contemplatio
Observemos como as coisas se passavam quando
Nosso Senhor pregava na Palestina. Encontrava corações dóceis, discípulos fiéis
que O seguiam ansiosos até nos desertos. Acreditavam na sua missão.
Consideravam as suas acções, escutavam as suas palavras com fé, com respeito,
com edificação. Convertiam-se, apegavam-se a Ele. Eram ovelhas dóceis do Bom
Pastor: Oves ejus audiunt(Jo 10, 3).
Mas também havia corações indóceis, espíritos rebeldes, como os habitantes de
Corazim, de Cafarnaúm, de Betsaida. Nem os milagres, nem as pregações de Nosso
Senhor os convertiam. Procuravam interpretar tudo humanamente e
escandalizavam¬se de tudo. Aos seus olhos, João Baptista era um possesso e
Nosso Senhor era amigo dos pecadores.
Quais são os escolhos em que embatem os
espíritos indóceis? É a falta de fé, o orgulho secreto e a lassidão. A nossa
pouca fé leva-nos a dar pouca atenção e a ter pouca estima pelo que nos vem de
Deus; os mistérios não nos impressionam, pensamos neles tão frouxamente,
esquecemo-los tão depressa; a palavra, as inspirações de Nosso Senhor não nos
impressionam, somos distraídos e esquecidos!
O nosso orgulho secreto põe-se de parte.
Envergonhamo-nos da cruz, não podemos decidir-nos a amar os menosprezados. A
nossa lassidão afasta-nos da doutrina de cruz, recuamos diante da mortificação,
a nossa sensualidade tem medo dela.
Lembremo-nos das recomendações divinas: já no
Antigo Testamento o Espírito Santo nos tinha dito: «Tende um justo sentimento
da divindade e procurai a Deus na simplicidade do vosso coreçêo. (Sab 1). E
ainda: «A sabedoria divina entretém-se com as almas simples» (Prov 3, 32).
Nosso Senhor recomendou a simplicidade dos
cordeiros, a das pombas, a das crianças. Esta simplicidade honra-O, alegra-O,
ganha o seu coração. (Leão Dehon, OSP 4, p. 570s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Cristo, Luz das nações, vem iluminar-nos»
Muito boa sua reflexão. Nos ajuda a interiorizar e refletir esta liturgia tão rica. Obrigada!
ResponderExcluirObrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
ResponderExcluirEu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
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