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quinta-feira, 30 de abril de 2020

JESUS CAMINHA CONOSCO, SE FAZ PRESENTE NA PALAVRA E NO GESTO DE PARTIR O PÃO – Maria de Lourdes Cury Macedo.



Domingo, 26 de abril de 2020.
Evangelho de Lc 24, 13-35

Neste 3º domingo da Páscoa fazemos memória da experiência dos discípulos de Emaús, que foi a manifestação do Ressuscitado na partilha do pão. No gesto de repartir o pão, abrem-se os olhos, e desperta a urgência da missão. Assim como Jesus caminhou com eles, hoje também caminha conosco, revela a Palavra viva e senta à mesa. Em cada celebração eucarística celebramos a presença de Jesus em nossa vida, ouvindo sua Palavra e participando da partilha do pão. Os dois discípulos de Emaús representam os cristãos de todos os tempos, sempre a caminho com o Senhor.
A morte de Jesus, para seus discípulos e apóstolos, foi um fracasso total, foi a derrota de Jesus. Eles haviam largado tudo para seguir o Mestre e, no entanto, Ele morrera como todo homem morre. Tristeza, medo, frustração, decepção tomaram conta do coração dos apóstolos e discípulos.
Os dois discípulos deixaram Jerusalém e voltavam para o povoado de Emaús onde moravam. Conheciam o testemunho das mulheres, de Pedro e João, que tinham ido ver o sepulcro vazio. Contudo, não deram crédito para o testemunho das mulheres, pois, ainda não acreditavam na ressurreição. Esperavam que Jesus fundasse um reino neste mundo e se decepcionaram com os acontecimentos. Eles representam a comunidade que não havia assimilado a morte do Mestre.
Eles não tinham entendido a missão de Jesus de cumprir fielmente o desígnio salvífico do Pai, apesar de Jesus falar claro com eles sobre a sua morte e ressurreição. Esperavam que Jesus de Nazaré fosse o libertador de Israel. A vida, a paixão, a morte, a ressurreição do Mestre ainda não era uma alternativa de caminho para os discípulos. Quem deseja sofrimento, dor e morte?!
Foi o que aconteceu com os discípulos de Emaús. A tristeza, a desesperança, a decepção tomou conta deles a ponto de não esperarem em Jerusalém para constatar se Jesus havia mesmo ressuscitado. Cabisbaixos, frustrados, desanimados, entristecidos partiram para sua casa, que ficava mais ou menos 11 km de Jerusalém, e caminhavam como se tivessem perdido o sentido da vida. Ir para Emaús não é somente ir para casa, mas é abandonar o projeto de Deus. Eles revelam o estado de ânimo de uma comunidade desorientada, sem força para o testemunho. É com esse tipo de comunidade que Jesus ressuscitado outra vez se põe a caminho.
Eis que Jesus lhes dá um prêmio, se coloca no meio deles quando os dois iam conversando pelo caminho sobre os últimos acontecimentos. Jesus surge como um forasteiro no meio deles, que não se fez reconhecer e pergunta sobre o que estão falando. Jesus escuta o que eles têm para contar..., ouve seus desabafos, suas queixas, mas caminha com eles. Eles contaram da tristeza e decepção que estavam vivendo com a morte do grande profeta Jesus de Nazaré, que já era o terceiro dia, e que algumas mulheres disseram que Ele está vivo.
Os judeus acreditavam que depois do terceiro dia o espírito se afastaria definitivamente do corpo, sem possibilidade de retornar. A morte teria tomado conta de Jesus e da comunidade. Nem o testemunho das mulheres, nem o túmulo vazio, nem a mensagem dos anjos e a própria constatação do sepulcro vazio não mereceu crédito, pois “ninguém o viu”.
Jesus, então tomando a palavra, começou a contar toda a história da salvação até chegar ao servo sofredor, Jesus, anunciado por Isaías. Eles ficaram encantados com suas palavras e o convidaram para entrar em sua casa.
Jesus aceitou o convite. Ao invés do dono da casa partir o pão, eles pedem que Jesus o faça. Jesus tomou o pão, abençoou-o, depois partiu e deu a eles. Neste gesto de Jesus de partilhar o pão, os discípulos o reconhecem. Reavivados na fé e na esperança, puseram-se a caminho para testemunhar a experiência do encontro com Cristo ressuscitado.
Jesus usou dois recursos para ser reconhecido: 1º a Sagrada Escritura; 2º a Eucaristia, a partilha do pão. Jesus desaparece porque já não é mais necessária a presença física d’Ele. A Palavra e o gesto de partir o pão abriram-lhe os olhos. Os discípulos concluem: “Não estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?!”. Levantaram e correram para Jerusalém para anunciar, testemunhar que viram Jesus ressuscitado. Ao abrir os olhos, reconheceram e sentiram o efeito da explicação da Palavra: o ardor, a força da graça, ver o sinal da mesa/pão para entender tudo e sair correndo para contar aos outros.
Sentiram: Arder o coração no peito; Seus olhos Abriram; Pé na estrada, Correram para Jerusalém, para anunciar a mensagem aos outros apóstolos. Os apóstolos encontravam-se reunidos e a todos Proclamaram a Palavra: “Realmente, o Senhor ressuscitou!”
Com a Santa Palavra, a Santa Eucaristia e na Comunidade sentimos a presença forte de Jesus em nossas vidas. Sentimos Cristo vivo e presente entre nós. Cristo se faz presente na comunidade solidária que se reúne para partir o pão. Participar da comunidade é reavivar a fé em Cristo ressuscitado.
Podemos concluir: o que Jesus fez com os dois discípulos faz conosco hoje, Ele continua caminhando conosco, somos seus discípulos. Fiquemos firmes na Palavra e na Eucaristia (pão partilhado), a solidariedade com os irmãos, testemunhando na comunidade a presença viva de Jesus no meio de nós.

Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes

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