7
Novembro 2018
Tempo
Comum – Anos Pares
XXXI Semana – Quarta-feira
Lectio
XXXI Semana – Quarta-feira
Lectio
Primeira leitura: Filipenses 2, 12-18
12Caríssimos, 12na mesma medida em que sempre
fostes obedientes – não só como aconteceu na minha presença, mas agora com
muito mais razão na minha ausência – trabalhai com temor e tremor pela vossa
salvação. 13Pois é Deus quem, segundo o seu desígnio, opera em vós o querer e o
agir. 14Fazei tudo sem murmurações nem discussões, 15para serdes
irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem mancha, no meio de uma geração
perversa e corrompida; nela brilhais como astros no mundo. 16Conservai a
palavra da vida. Para mim será um motivo de glória para o dia de Cristo, por
não ter corrido em vão nem me ter esforçado em vão. 17Mas alegro-me até mesmo
se o meu sangue tiver de ser derramado em sacrifício e oferta pela vossa fé;
sim, com todos vós me alegro. 18Do mesmo modo, alegrai-vos também vós; sim,
alegrai-vos comigo.
Paulo dirige algumas recomendações aos
cristãos de Filipos. Cada uma tem a sua motivação e explicação.
Em primeiro lugar, os cristãos devem dedicar-se com temor e tremor à sua salvação (v. 12); ao mesmo tempo, devem lembrar-se de que só Deus pode suscitar neles a capacidade de viver de acordo com a sua vontade (v. 13).
Em segundo lugar, os cristãos devem resplandecer como astros no mundo (v. 15); não para se exibirem, mas para conservarem «a palavra da vida» (v. 16ª).
Em terceiro lugar, os cristãos hão-de contribuir para o crescimento da alegria do Apóstolo, na medida em que se dispuserem a oferecer a vida em sacrifício agradável a Deus, em oblação; isto, não por simples satisfação pessoal, mas para se assemelharem a Cristo Jesus e se disporem para a comunhão com o Pai (v. 16b-17).
Em primeiro lugar, os cristãos devem dedicar-se com temor e tremor à sua salvação (v. 12); ao mesmo tempo, devem lembrar-se de que só Deus pode suscitar neles a capacidade de viver de acordo com a sua vontade (v. 13).
Em segundo lugar, os cristãos devem resplandecer como astros no mundo (v. 15); não para se exibirem, mas para conservarem «a palavra da vida» (v. 16ª).
Em terceiro lugar, os cristãos hão-de contribuir para o crescimento da alegria do Apóstolo, na medida em que se dispuserem a oferecer a vida em sacrifício agradável a Deus, em oblação; isto, não por simples satisfação pessoal, mas para se assemelharem a Cristo Jesus e se disporem para a comunhão com o Pai (v. 16b-17).
Evangelho: Lucas 14, 25-33
Naquele tempo, 25Seguiam com ele grandes
multidões; e Jesus, voltando-se para elas, disse-lhes: 26«Se alguém vem ter
comigo e não me tem mais amor que ao seu pai, à sua mãe, à sua esposa, aos seus
filhos, aos seus irmãos, às suas irmãs e até à própria vida, não pode ser meu
discípulo. 27Quem não tomar a sua cruz para me seguir não pode ser meu
discípulo. 28Quem dentre vós, querendo construir uma torre, não se senta
primeiro para calcular a despesa e ver se tem com que a concluir? 29Não suceda
que, depois de assentar os alicerces, não a podendo acabar, todos os que virem
comecem a troçar dele, 30dizendo: ‘Este homem começou a construir e não pôde
acabar.’ 31Ou qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se
senta primeiro para examinar se lhe é possível com dez mil homens opor-se
àquele que vem contra ele com vinte mil? 32Se não pode, estando o outro ainda
longe, manda-lhe embaixadores a pedir a paz. 33Assim, qualquer de vós, que não
renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo.»
Depois de deixar a casa do fariseu, Jesus
encontra-se com a multidão. E o seu discurso torna-se mais íntimo e radical. No
texto de hoje, temos duas parábolas (vv. 28-32), precedidas (vv. 25-27) e
seguidas por dois convites à renúncia (v. 33). Ambas as parábolas convidam à
reflexão antes de empreender qualquer iniciativa, para nos darmos conta se
temos capacidade para as terminar. Há que evitar a ligeireza e a temeridade.
Uma vez que se decidiu, também é preciso avançar com fidelidade: um fracasso
devido à indecisão ou à saudade seria imperdoável. Também o seguimento de
Jesus, no caminho que o leva decididamente para Jerusalém e para o Calvário, é
uma empresa muito exigente pela qual é preciso jogar toda a vida. É sobre esta
realidade que se fundamenta o convite inicial e final desta página evangélica,
onde lemos uma das mais radicais exigências de Jesus.
“Odiar” o pai e a mãe, carregar a cruz e seguir Jesus, renunciar a todos os bens (vv. 26s., e 33), são algumas das exigências que não deixam margem para dúvidas. Pelo contrário, o seu carácter paradoxal fere a nossa sensibilidade e leva-nos a gritar de escândalo. Mas isso seria um modo, mais ou menos elegante, de nos subtrairmos ao convite de Jesus, para continuarmos a fazer o que nos é mais fácil.
“Odiar” o pai e a mãe, carregar a cruz e seguir Jesus, renunciar a todos os bens (vv. 26s., e 33), são algumas das exigências que não deixam margem para dúvidas. Pelo contrário, o seu carácter paradoxal fere a nossa sensibilidade e leva-nos a gritar de escândalo. Mas isso seria um modo, mais ou menos elegante, de nos subtrairmos ao convite de Jesus, para continuarmos a fazer o que nos é mais fácil.
Meditatio
A acção e as palavras de Jesus nada a ver com
uma campanha eleitoral, como as que nós conhecemos, onde o candidato promete
mundos e fundos: tudo será melhor, não haverá problemas, a vida será mais fácil
e feliz para todos… Jesus, pelo contrário, sendo seguido por «uma grande
multidão» – e, portanto, tendo sucesso – não lhe alimenta ilusões, mas
dirige-lhe algumas das palavras mais duras que Lhe saíram da boca. Apresenta
claramente a exigência da radicalidade evangélica de que falámos na lectio.
Essa radicalidade não é genérica nem irracional. O seu convite implica opções
que deixam transparecer as grandes motivações da radicalidade que Jesus exige
aos discípulos.
A primeira das opções recai sobre a própria pessoa de Jesus: «Se alguém vem ter comigo… Quem não tomar a sua cruz para me seguir não pode ser meu discípulo» (vv. 26-27). A renúncia aos bens e às pessoas não é fim em si mesma, mas tem em Jesus, mestre e salvador, a sua primeira e última motivação. Não se deixa a família e os bens só por deixar. Deixa-se para alcançar Aquele que nos alcançou. Poder tornar-se discípulo de Jesus é um ganho tão grande que vale a pena deixar tudo e todos por causa d´Ele. O amor a Jesus Cristo é a grande motivação de todas as nossas renúncias, incluindo, se tal for preciso, a renúncia à própria vida. A opção por Cristo implica renúncias que não apresentam uma racionalidade simplesmente humana, mas uma razão que acabará por trazer a definitiva satisfação à mente e ao coração do discípulo.
É especialmente Lucas que recolhe estes ensinamentos de Jesus. Escrevia para uma comunidade que precisava de ser incentivada a crescer na sua adesão ao essencial do Evangelho. Precisa de evitar distracções com coisas secundárias como preocupações terrenas e desculpas fúteis. Algo de muito actual também para nós.
«Na Igreja, fomos iniciados na Boa Nova de Jesus Cristo: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem" (1 Jo 4,16). Recebemos o dom da fé que dá fundamento à nossa esperança… orienta a nossa vida e nos inspira a deixar tudo para seguir a Cristo…» (Cst n. 9).
A nossa experiência de fé pode resumir-se em três pontos: é uma «adesão total e alegre à Pessoa de Jesus» (Cst n. 14); é uma «união com Cristo no seu amor pelo Pai e pelos homens» (Cst n. 17), por meio da oblação de amor, segundo as exigências de
uma vocação reparadora, que comporta a experiência da cruz (cf. Cst nn. 17-25); é uma participação na «missão da Igreja» no mundo de hoje (Cst nn. 26-39). Note-se o radicalismo desta fé: adesão de toda a nossa vida à vida de Cristo, isto é, uma fé que «orienta a nossa vida e nos inspira a deixar tudo para seguir a Cristo» (Cst 9; cf. Cst nn. 13-14). Cristo é a motivação fundamental das nossas opções pessoais e comunitárias. É, de verdade, a mais definitiva razão das nossas renúncias e o baricentro da nossa vida.
A primeira das opções recai sobre a própria pessoa de Jesus: «Se alguém vem ter comigo… Quem não tomar a sua cruz para me seguir não pode ser meu discípulo» (vv. 26-27). A renúncia aos bens e às pessoas não é fim em si mesma, mas tem em Jesus, mestre e salvador, a sua primeira e última motivação. Não se deixa a família e os bens só por deixar. Deixa-se para alcançar Aquele que nos alcançou. Poder tornar-se discípulo de Jesus é um ganho tão grande que vale a pena deixar tudo e todos por causa d´Ele. O amor a Jesus Cristo é a grande motivação de todas as nossas renúncias, incluindo, se tal for preciso, a renúncia à própria vida. A opção por Cristo implica renúncias que não apresentam uma racionalidade simplesmente humana, mas uma razão que acabará por trazer a definitiva satisfação à mente e ao coração do discípulo.
É especialmente Lucas que recolhe estes ensinamentos de Jesus. Escrevia para uma comunidade que precisava de ser incentivada a crescer na sua adesão ao essencial do Evangelho. Precisa de evitar distracções com coisas secundárias como preocupações terrenas e desculpas fúteis. Algo de muito actual também para nós.
«Na Igreja, fomos iniciados na Boa Nova de Jesus Cristo: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem" (1 Jo 4,16). Recebemos o dom da fé que dá fundamento à nossa esperança… orienta a nossa vida e nos inspira a deixar tudo para seguir a Cristo…» (Cst n. 9).
A nossa experiência de fé pode resumir-se em três pontos: é uma «adesão total e alegre à Pessoa de Jesus» (Cst n. 14); é uma «união com Cristo no seu amor pelo Pai e pelos homens» (Cst n. 17), por meio da oblação de amor, segundo as exigências de
uma vocação reparadora, que comporta a experiência da cruz (cf. Cst nn. 17-25); é uma participação na «missão da Igreja» no mundo de hoje (Cst nn. 26-39). Note-se o radicalismo desta fé: adesão de toda a nossa vida à vida de Cristo, isto é, uma fé que «orienta a nossa vida e nos inspira a deixar tudo para seguir a Cristo» (Cst 9; cf. Cst nn. 13-14). Cristo é a motivação fundamental das nossas opções pessoais e comunitárias. É, de verdade, a mais definitiva razão das nossas renúncias e o baricentro da nossa vida.
Oratio
Senhor, Tu és a Verdade. Não Te enganas, nem
nos enganas. E indicas-nos claramente as condições da felicidade que nos
prometes: queres-nos pobres, pobres nos afectos, pobres nas coisas materiais,
pobres naquilo que pensaríamos dar-nos uma vida feliz.
As tuas palavras chocam-nos. Não nos mandaste amar-nos uns aos outros como Tu mesmo nos amas? Porque nos mandas, agora, odiar pai e mãe e a nossa própria vida? Queres com isso dizer-nos que havemos de renunciar a todo o amor possessivo para avançarmos no caminho do amor oblativo, apoiando-nos em Ti. Envia sobre nós o teu Santo Espírito que nos faça compreender que é bastante rico quem te possui a Ti e que só é pobre de afectos quem Te recusa. Infunde em nós o teu Santo Espírito, que faça crescer em nós a caridade verdadeira, e nos dê a força necessária para que, carregando a nossa cruz, sigamos os teus passos. Amen.
As tuas palavras chocam-nos. Não nos mandaste amar-nos uns aos outros como Tu mesmo nos amas? Porque nos mandas, agora, odiar pai e mãe e a nossa própria vida? Queres com isso dizer-nos que havemos de renunciar a todo o amor possessivo para avançarmos no caminho do amor oblativo, apoiando-nos em Ti. Envia sobre nós o teu Santo Espírito que nos faça compreender que é bastante rico quem te possui a Ti e que só é pobre de afectos quem Te recusa. Infunde em nós o teu Santo Espírito, que faça crescer em nós a caridade verdadeira, e nos dê a força necessária para que, carregando a nossa cruz, sigamos os teus passos. Amen.
Contemplatio
Quem está no sacrário? É a pedra preciosa,
junto da qual o ouro não é nada. O reino dos céus, diz Nosso Senhor (Mt 13), é
semelhante a uma pedra preciosa que um negociante descobre. Vende tudo o que
tem para a conseguir. Nós temos no tabernáculo o Rei dos reis.
Está à nossa disposição com o seu reino que é a sua graça sobre a terra aguardando a sua glória no céu. Não deveríamos deixar tudo e tudo sacrificar por este reino?
Infelizmente deixei muitas vezes a Eucaristia e o Coração de Jesus pelas criaturas, como o povo de Israel que sacrificava o serviço de Deus por um bocado de pão (Ez 13, 19).
Mas a pedra preciosa não está longe. Ainda é tempo. Posso encontrá-la e comprá-la, se faço os sacrifícios necessários. A Eucaristia está lá, o Coração de Jesus está lá no tabernáculo. Mas Nosso Senhor fixa-me um preço de resgate, é o tal sacrifício que é preciso fazer, é o tal apego que é preciso romper. Conheço este preço pelo meu exame particular, conheço-o pelas minhas confissões habituais. Sei o que é preciso sacrificar, mas a coragem falta-me.
Senhor, ajudai-me, peço-vos pela bondade do vosso coração e pela intercessão de Maria. (Leão Dehon, OSP 3, p. 632).
Está à nossa disposição com o seu reino que é a sua graça sobre a terra aguardando a sua glória no céu. Não deveríamos deixar tudo e tudo sacrificar por este reino?
Infelizmente deixei muitas vezes a Eucaristia e o Coração de Jesus pelas criaturas, como o povo de Israel que sacrificava o serviço de Deus por um bocado de pão (Ez 13, 19).
Mas a pedra preciosa não está longe. Ainda é tempo. Posso encontrá-la e comprá-la, se faço os sacrifícios necessários. A Eucaristia está lá, o Coração de Jesus está lá no tabernáculo. Mas Nosso Senhor fixa-me um preço de resgate, é o tal sacrifício que é preciso fazer, é o tal apego que é preciso romper. Conheço este preço pelo meu exame particular, conheço-o pelas minhas confissões habituais. Sei o que é preciso sacrificar, mas a coragem falta-me.
Senhor, ajudai-me, peço-vos pela bondade do vosso coração e pela intercessão de Maria. (Leão Dehon, OSP 3, p. 632).
Actio
Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
«Brilhai como astros no mundo» (cfr. Filip 2, 15s.)
«Brilhai como astros no mundo» (cfr. Filip 2, 15s.)
| Fernando Fonseca, scj |
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