25- Sexta
- Evangelho - Lc 9,18-22
Tu
és o Cristo de Deus. O Filho do Homem deve sofrer muito.
Este
Evangelho narra três coisas: a sondagem de Jesus sobre a opinião que a multidão
e que os discípulos tinham dele; a profissão de fé de Pedro; e o anuncio da
paixão, que corrige a visão que os judeus e os próprios discípulos tinham a
respeito do Messias, como o glorioso restaurador político do reino de Davi.
Quem
sou eu para você? Essa pergunta feita aos discípulos, Jesus a faz a cada um de
nós. E quer uma resposta, não teórica apenas, mas vivencial: qual a resposta
que damos a essa pergunta com a nossa vida?
Muitos
dizem: para mim, Cristo é um amigo, o meu melhor amigo. Está bom. Mas de vez em
quando não viramos as costas para ele? Que tipo de amigos somos de Jesus? O
verdadeiro amigo não busca o outro só quando precisa dele (amigo interesseiro),
mas lhe é fiel sempre. O amigo sabe ouvir. Jesus nos fala através dos
Evangelhos e dos pastores da santa Igreja. Os amigos costumam ter os mesmos
ideais. Se somos amigos de Jesus, os sonhos dele são os nossos sonhos.
Depois
que Jesus fez o pacto de amizade com os discípulos, revela-lhes o seu mistério:
é o Messias sim, mas um Messias sofredor, que foi anunciado pelos profetas e
bem diferente das expectativas do povo. Aqueles discípulos que eram verdadeiros
amigos de Jesus entenderam, por o amigo lê no coração, sabe entender o outro.
Jesus
é o próprio Deus encarnado para nos salvar. Através dele, todos nós recebemos a
plenitude da vida. Mas para isso precisamos acolhê-lo com generosidade, pois
ele é o nosso caminho, verdade e vida. Mais ainda, precisamos continuar a sua
missão na terra: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21).
Diante
da resposta correta de Pedro, Jesus pediu a todos que não contassem a ninguém
quem ele realmente é, para que ele pudesse sofrer a sorte comum de todo ser
humano que quer viver segundo o plano de Deus, no meio dessa geração depravada.
Ser
amigo de Jesus é caminhar com ele e como ele, participando inclusive dos seus
sofrimentos. Nós às vezes caímos. Mas Jesus também caiu várias vezes no caminho
do Calvário. O importante é, à imitação dele, levantar-nos sempre e continuar
carregando a cruz.
Jesus
sempre caminhou, aproveitando ao máximo os seus dias na terra. Nós também
caminhamos. Cada dia de manhã, desarmamos a nossa tenda e vamos mais à frente,
como o povo hebreu no deserto. Se alguém dica parado, não está sendo igual a
Jesus.
A
esperança é como o arco-íris, que está sempre na nossa frente mas nunca a
atingimos. Só no céu, o nosso arca-íris será plenamente atingido por nós.
Faz
parte da nossa missão, convidar outros para caminharem junto conosco. “Vem,
entra na roda com a gente. Também você é muito importante, vem!”
Só
podemos dizer que Jesus é o nosso verdadeiro amigo quando falamos com ele,
dialogamos com ele. “Orai sempre”, pediu Jesus.
“Eis
que estou à porta e bato. Se alguém me abrir a porta, e ouvir a minha voz, eu
entrarei e vou cear com ele “ (Ap 3,20). Jesus hoje convida você a ser amigo,
amiga dele, amigo que dialoga, amigo que abre o coração, amigo para sempre.
Dia
13/08/2000, faleceu em Santo André – SP, o Pe. Alfredinho Kunz. Por opção, ele
escolheu morar no Estado do Ceará, em Tauá, uma das cidades mais pobres do
Estado. Nesta cidade, a casa mais pobre era a do Pe. Alfredinho.
Ali
ele fundou um movimento chamado PAF (Porta Aberta ao Faminto), pois ele não
suportava ver pobres com fome. Sua influência foi tão grande que perto de duas
mil casas no Ceará tinham na porta a sigla PAF.
Apesar
de ser um escritor e ter livros traduzidos em vários idiomas, Pe. Alfredinho
andava sempre com roupas de mendigo.
Um
dia, ele foi convidado para pregar o retiro para o clero de uma diocese. O
retiro aconteceu numa casa própria para encontros. Quinze minutos antes da
abertura, quando todos os padres já estavam reunidos esperando o pregador, ele
chegou a apertou a campainha. O caseiro foi atender, ele se apresentou
direitinho como o Pe. Alfredinho que veio pregar o retiro, mas o caseiro não
acreditou e pediu que ele ficasse esperando do lado de fora do portão. Até que
o próprio bispo ficou sabendo, veio e o acolheu.
Em
1988, Pe. Alfredinho mudou-se para Santo André, onde foi morar num barraco de
favela. Ali viveu até o fim da vida, dedicando-se à sua paróquia e ao movimento
PAF. Mas nunca deixou de usar roupas de mendigo.
“O
Filho do Homem deve sofrer muito”. Assim como Cristo, também o cristão que quer
viver integralmente o Evangelho acaba sofrendo incompreensões e mal-entendidos.
Isso porque ele ou ela não suporta viver em paz, ao lado de famintos e de
pessoas que sofrem injustiças.
Maria
Santíssima, conhecia bem o seu Filho e nunca o fez sofrer. Que ela nos ensine.
“Salve Maria, tu és a estrela virginal de Nazaré! És a mais bela entre as
mulheres, cheia de graça, esposa de Jose”.
Tu
és o Cristo de Deus. O Filho do Homem deve sofrer muito.
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