DIA 18 SÁBADO -Mc 2,13-17
Eu não vim para chamar justos, mas sim
pecadores.
Este Evangelho narra a vocação do
Apóstolo e Evangelista S. Mateus, que era chamado também de Levi. Além da
generosidade e prontidão em acolher o chamado, Mateus mostrou a sua alegria,
convidando Jesus e sua comitiva para uma refeição em sua casa.
E havia na comitiva de Jesus muitos
cobradores de impostos, que os fariseus consideravam impuros porque tocavam em
moeda estrangeira, e consideravam também traidores do povo, porque eram judeus
que trabalhavam para o império romano.
Havia também muitos “pecadores”: pessoas
pobres que não conseguiam comprar determinados animais e oferecê-los no Templo
para a purificação de seus pecados. Esses pecados eram desobediência à Torá, o
livro das prescrições religiosas judaicas. Jesus não excluía essa gente, por
isso elas o seguiam com alegria.
Mas os doutores da Lei protestaram: “Por
que ele come com cobradores de impostos e pecadores?” Doutores da Lei eram como
os nossos atuais catequistas das Comunidades. Eles eram entendidos em coisas de
religião, e admiravam a doutrina de Jesus, por isso gostavam de ouvi-lo, mas
não se atreviam a considerar-se discípulos dele. Jesus explicou: “Eu não vim
para chamar justos, mas sim pecadores”.
Jesus várias vezes criticou essas leis
que olhavam apenas o lado externo e não o coração da pessoa. E ele não as
seguia, pelo contrário, dava preferência às pessoas marginalizadas pela sociedade
do seu tempo. Imagine Jesus no meio dessa gente! E ainda tomando refeição, o
que significa união e amizade!
Para entrar na Família de Deus, temos de
empregar alguns meios, que talvez custem, mas estão facilmente ao nosso
alcance. O primeiro é libertar-nos do preconceito de classe. Que deixemos de
dividir o povo entre bons e maus, entre os que podemos cumprimentar e os que
não podemos, entre os que devemos amar e os que não devemos. Que aprendamos que
Deus não odeia nem os ricos, nem os mal educados, nem os de esquerda ou de
direita, e que seu plano misericordioso contempla a salvação de todos e todas.
As nossas Comunidades são chamadas a
continuar essa atitude de Jesus, de não ter preconceito de ninguém, acolher a
todos e todas, especialmente os excluídos. “Eu não vim para chamar justos, mas
sim pecadores”.
Como é bom ser misericordioso, isto é,
amar uma pessoa que vive de forma errada! Não amamos o erro, mas a pessoa.
Afinal, nós também somos pecadores. Um
dia Jesus reclamou daqueles que vêem um cisco no olho do irmão, e não vêem a
trave no próprio olho. Se olharmos sinceramente para nós mesmos, com certeza
seremos mais misericordiosos para com os que erram.
Certa vez, um grupo de rãs estava
pulando distraidamente num campo, e caíram numa cisterna velha. Pronto, não
conseguiram mais sair dali. Como havia água no fundo da cisterna, elas não
morreram.
Com o passar do tempo, elas se
reproduziram e contaram a história para seus filhotes: “Nós estamos aqui porque
caímos. Existe, lá fora, um mundo muito mais bonito. Tem sol, flores,
borboletas, centopéias...”
Entretanto, quando elas morreram, e os
seus filhotes foram contar para seus filhos, estes já não acreditaram muito.
Pensavam que aquilo era uma invenção, uma fantasia. O mundo era mesmo redondo e
escuro, exatamente como o fundo da cisterna.
E assim, com o passar das gerações,
aquelas histórias viraram contos de fadas.
Muitas vezes, acontece algo semelhante
em relação à Redenção. As pessoas falam: “Felicidade não existe. O mundo é
triste mesmo, só tem mentira, corrupção e violência!”
Falam isso porque não conhecem aquele
outro mundo que Adão e Eva perderam e que Jesus recuperou para nós. É um mundo
mais bonito, e possível de ser construído, porque está presente nas Comunidades
cristãs. Basta acreditar no sonho e fazê-lo virar realidade. “A fé é a
demonstração de realidades que não se vêem” (Hb 11,1).
Precisamos, como Jesus, ir atrás das
pessoas que estão mergulhadas no pecado, e convidá-las para esse novo mundo.
A mãe não exclui nenhum filho, e se
preocupa mais com os afastados, rebeldes e problemáticos. Que ela nos ajude a
imitar o seu Filho.
Eu não vim para chamar justos, mas sim
pecadores.
Padre Queiroz
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