QUINTA-FEIRA, 21 DE JUNHO
Mt 6,7-15
Tira primeiro a trave do teu próprio olho.
Neste Evangelho, Jesus nos pede para não julgar as pessoas. E ele
apresenta como argumento o fato de nós também termos defeitos, às vezes maior
do que os da pessoa. Tão maiores quanto uma trave é maior que um cisco.
“Vós sereis julgados com o mesmo julgamento com que julgardes.” Isto
significa que os critérios que Jesus usará para nos julgar serão os mesmos que
nós usamos para julgar o nosso próximo. Quem é condescendente será julgado com
condescendência; quem é rigoroso será julgado com rigor.
É evidente que compensa sermos ultra condescendentes com o nosso
próximo, procurando enxergar sempre o seu lado bom.
Todas as pessoas têm um fundo bom, pois foi Deus que as criou e ele só
faz coisas boas. No caso, por exemplo, de uma criança delinqüente, foram as
pessoas que convivem com ela que a fizeram assim. O julgamento, portanto, deve
cair mais nessas pessoas do que na criança. A sociedade pecadora fabrica
marginais, drogados e criminosos. E nós fazemos parte desta sociedade.
Portanto, se jogarmos pedra em alguém, a pedra pode voltar a nós.
Ao vermos ou ouvirmos falar de defeitos de alguém, devemos ver o outro
lado, as qualidades da pessoa, e dizer: “ainda bem que ela é isso e mais
aquilo”, destacando alguma qualidade da pessoa. Para os maledicentes, é um jato
de água fria.
A imagem do cisco e da trave no olho nos mostra um aspecto importante do
julgamento: Ele é sempre subjetivo. Se uma pessoa nos é simpática, facilmente
aprovamos tudo o que ela faz. Se outro nos é antipática, reprovamos nela
aqueles mesmos atos que na outra eram qualidades.
O julgamento de Jesus foi subjetivo. Os verdadeiros motivos da sua
condenação foram totalmente outros, bem longe dos apresentados. Se as
autoridades tivessem “tirado a trave dos seus olhos”, teriam se tornado
discípulas de Jesus, em vez de condená-lo.
Se uma pessoa que cometeu um erro é acolhida e bem tratada, pode
tornar-se melhor do que era antes de cometer aquele erro. É importante lembrar
que o que vale é o que a pessoa é hoje, não o que foi no passado, pois uma
pessoa que no passado caiu, pode hoje estar mais madura e consciente,
conhecedora do mundo e de suas tentações, portanto, mais santa. “Se o ímpio se
arrepender... nenhum dos pecados que cometeu será lembrado” (Ez 18,21-22).
A Comunidade cristã é agente de inclusão dos excluídos. Ela deve
acolher, e acolher sempre. Perdoar, e perdoar sempre.
A gente acolhe o pecador, não o pecado que ele fez. Reprovamos todos os
erros e queremos extirpá-los da Comunidade, mas sem julgar as pessoas que os
fizeram, pois não conhecemos o interior de ninguém, não sabemos as verdadeiras
razões dos seus atos e as suas intenções ao praticá-los, e não conhecemos
direito o passado da pessoa, que a levou a fazer aquilo.
A sociedade, especialmente a mídia, criou uma palavra para taxar os que
fazem coisas erradas: “bandido”. Cada cidadão divide a sociedade em dois
grupos: bandidos e não bandidos. E se coloca do lado dos não bandidos, sendo
que pode ser pior que os outros, pois ajudou a fabricar a cultura que os levou
a praticar crimes. Conclusão: devemos ser como Deus que “faz nascer o sol sobre
maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45).
Na cena da mulher adúltera, Jesus simplesmente mostrou a trave que
estava no olho de cada fariseu que tinha nas mãos as pedras para apedrejá-la.
Certa vez, dois rapazes entraram numa loja de lembranças. Um deles era
muito crítico e começou logo a ver defeito em tudo. O vaso de flor estava feio,
o cavalinho não parecia cavalo... De repente chegaram a uma coruja. Ele logo
disse: “Eu conheço bem corujas. Não é assim. A cabeça não está proporcional ao
corpo, a pose dela não é essa...” Quando acabou de falar, a coruja virou a
cabeça e piscou para eles. Era uma coruja viva e ele pensava que estava vendo
uma imitação de coruja. O coitado ficou com a cara no chão.
É isso que dá ser negativo, pessimista e só ver defeitos.
Maria Santíssima é chamada, na Salve Rainha, Mãe de misericórdia. Que
ela nos ensine a ser humildes, misericordiosos e não julgar ninguém.
Tira primeiro a trave do teu próprio olho.
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