17/09/2015
Tempo Comum -
Anos Ímpares - XXIV Semana - Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: 1 Timóteo 4, 12-16
Caríssimo: ninguém escarneça da tua juventude;
antes, sê modelo dos fiéis, na palavra, na conduta, no amor, na fé, na
castidade. 13Enquanto aguardas a minha chegada, aplica-te à leitura, à
exortação, ao ensino. 14Não descures o carisma que está em ti, e que te foi
dado através de uma profecia, com a imposição das mãos dos presbíteros. 15Toma
a peito estas coisas e persevera nelas, a fim de que o teu progresso seja
manifesto a todos. 16Cuida de ti mesmo e da doutrina, persevera nestas coisas,
porque, agindo assim, salvar-te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem.
A instituição eclesial é carismática. O
ministério, em si, é já um carisma, isto é, um «dom espiritual que (o ministro)
recebeu e lhe foi concedido pela intervenção profética, com a imposição das
mãos do presbitério». No Antigo Testamento, a imposição das mãos era usada para
transmitir poderes ou encargos (cf. Dt 34, 9). No Novo Testamento, para além do
significado de bênção, de cura o de dom do Espírito Santo a pessoas já
baptizadas, tem o significado de consagração de determinados indivíduos em
vista de funções públicas (cf. Act 6, 6; 14, 23; 13, 3).
Além da consagração propriamente dita, há o conferir de um “carisma”, isto é, de um dom gratuito e permanente («que está em ti»), que pode enfraquecer ou mesmo extinguir-se se não for cuidado e alimentado. Em termos teológicos, é o que hoje se chama “graça sacramental”, aquela que dá as ajudas necessárias àquele que foi consagrado para um ministério na Igreja, em vista do cumprimento dos deveres do próprio estado.
Paulo recorda a Timóteo, homem tímido e reservado, que, quanto mais se esforçar por ser modelo de virtudes para os fiéis, maior autoridade terá sobre eles. Além disso, lembra que a salvação do apóstolo está condicionada à salvação dos outros (cf. v. 16), daqueles em favor dos quais exerce o seu ministério.
Além da consagração propriamente dita, há o conferir de um “carisma”, isto é, de um dom gratuito e permanente («que está em ti»), que pode enfraquecer ou mesmo extinguir-se se não for cuidado e alimentado. Em termos teológicos, é o que hoje se chama “graça sacramental”, aquela que dá as ajudas necessárias àquele que foi consagrado para um ministério na Igreja, em vista do cumprimento dos deveres do próprio estado.
Paulo recorda a Timóteo, homem tímido e reservado, que, quanto mais se esforçar por ser modelo de virtudes para os fiéis, maior autoridade terá sobre eles. Além disso, lembra que a salvação do apóstolo está condicionada à salvação dos outros (cf. v. 16), daqueles em favor dos quais exerce o seu ministério.
Evangelho: Lucas 7, 36-50
Naquele tempo, um fariseu convidou Jesus para
comer consigo. Entrou em casa do fariseu, e pôs-se à mesa. 37Ora certa mulher,
conhecida naquela cidade como pecadora, ao saber que Ele estava à mesa em casa
do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. 38Colocando-se por
detrás dele e chorando, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas; enxugava-os
com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume. 39Vendo isto, o fariseu
que o convidara disse para consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia quem
é e de que espécie é a mulher que lhe está a tocar, porque é uma pecadora!»
40Então, Jesus disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa para te dizer.» «Fala,
Mestre» - respondeu ele. 41«Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe
quinhentos denários e o outro cinquenta. 42Não tendo eles com que pagar,
perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?» 43Simão respondeu: «Aquele a quem
perdoou mais, creio eu.» Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.» 44E, voltando-se para
a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste
água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e
enxugou-os com os seus cabelos. 45Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou,
não deixou de beijar-me os pés. 46Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela
ungiu-me os pés com perfume. 47Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus
muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco
ama.» 48Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.» 49Começaram,
então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?»
50E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.»
No evangelho de hoje, cruzam-se dois temas de
fundo: em tom polémico, a oposição de Jesus a um fariseu; em tom de proposta, a
relação entre Jesus e a pecadora. Mas, observando melhor, vemos que os dois
temas se cruzam e se iluminam mutuamente. Ao fariseu, Jesus quer ensinar que
uma pessoa não se considera só a partir do exterior, ou das suas experiências
passadas. Uma mulher, notoriamente pecadora, é sempre capaz de tomar um novo
rumo. Precisa apenas de encontrar irmãos, não hipercríticos e invejosos, mas
alguém que a compreenda e redima. Jesus veio para isso! À mulher, Jesus quer
ajudar a compreender que a vida vale, não pela soma das experiências passadas,
ainda por cima negativas e deletérias, mas pelo encontro central e decisivo com
a Sua pessoa, que não é só capaz de compreender e de perdoar, mas também de resgatar
e de renovar. Foi para isso que Ele veio!
A nós, destinatários do Evangelho, Jesus quer fazer-nos compreender que é a fé que nos salva: a fé n´Ele, verdadeiro homem, amigos dos homens, sobretudo dos pecadores, e verdadeiro Deus, feito homem, feito amigo dos publicanos, dos pecadores e das meretrizes, Deus capaz de remeter todos os nossos pecados, um Deus com uma palavra consoladora e eficaz para cada um de nós: «A tua fé salvou‑te. Vai em paz.» (v. 50).
A nós, destinatários do Evangelho, Jesus quer fazer-nos compreender que é a fé que nos salva: a fé n´Ele, verdadeiro homem, amigos dos homens, sobretudo dos pecadores, e verdadeiro Deus, feito homem, feito amigo dos publicanos, dos pecadores e das meretrizes, Deus capaz de remeter todos os nossos pecados, um Deus com uma palavra consoladora e eficaz para cada um de nós: «A tua fé salvou‑te. Vai em paz.» (v. 50).
Meditatio
A primeira leitura leva-nos a rezar pelos
sacerdotes, para que estejam cada vez mais conscientes do carisma da ordenação
sacerdotal, o estimem e o cuidem na intimidade com Deus e no serviço aos
irmãos: «Não descures o carisma que está em ti, e que te foi dado através de
uma profecia, com a imposição das mãos dos presbíteros» (v. 14). Mas também é
importante rezar pelos fiéis, para que prezem o carisma do sacerdócio, apoiem
aqueles que o receberam com a sua oração, com a sua amizade, com a partilha dos
bens necessários para a sua subsistência.
No evangelho, Jesus, depois de ter curado o servo do centurião e ressuscitado o filho da viúva de Naim, realiza uma cura existencial, dando o perdão a uma pecadora desconhecida. Neste texto, convém sublinhar um ponto em que nem sempre reparamos, porque não compreendemos bem a palavra do Senhor: o amor de Deus chega sempre primeiro de que tudo quanto possamos fazer.
O fariseu Simão está cheio de si. Não reconhece os dons de Deus e até está convencido de que Lhe pode dar alguma coisa. Não ama a Deus. A pecadora, pelo contrário, sabe ter recebido muito, porque a sua dívida era grande. Perdoada por Jesus, pode amar muito. É este o sentido da parábola. Quem é que ama mais? Aquele a quem Deus mais perdoou. Isto não significa, como por vezes se diz, que a pecadora obteve o perdão dos pecados por ter amado muito. É tudo o contrário. O seu amor é sinal de que recebeu o grande dom de Deus, o per-dão. O problema do fariseu era: «Se este homem fosse profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que lhe está a tocar, porque é uma pecadora!» (v. 39). Ora Jesus não reconheceu na mulher apenas «uma pecadora»; reconheceu nela «uma pecadora perdoada», ao verificar o seu grande amor. Antes há o perdão de Deus, que nos faz compreender o seu infinito amor e suscita a resposta do nosso amor. A afirmação, «aquele a quem pouco se perdoa pouco ama» (v. 47), confirma a primeira. Não somos nós que amamos por primeiro, mas é Deus. O nosso primeiro dever é reconhecer o seu amor no perdão e em todos os outros dons que nos faz. Se assim não fizermos, cairemos no erro do fariseu, que pensava ser ele a dar a Deus, sem nos darmos conta do seu amor, e sem O amarmos.
A experiência de fé do Pe. Dehon pode resumir-se a três breves fórmulas: «A presença activa» do amor de Cristo na sua vida (Cst 2); a sensibilidade «ao pecado como recusa do amor de Cristo» (Cst 4); a vontade de dar uma resposta ao «amor não acolhido» com «uma união íntima ao Coração de Cristo que provém da intimidade do coração» (Cst 4-5) . Esta experiência de fé está naturalmente centrada no culto ao Coração de Cristo, no amor oblativo, na reparação, na imolação, no apostolado, com todas as cambiantes, muito importantes, do amor puro, do abandono, da vida de vítima… Mas o fundamento dessa experiência de fé é a «presença activa» do amor de Cristo na sua vida (Cst 2).
No evangelho, Jesus, depois de ter curado o servo do centurião e ressuscitado o filho da viúva de Naim, realiza uma cura existencial, dando o perdão a uma pecadora desconhecida. Neste texto, convém sublinhar um ponto em que nem sempre reparamos, porque não compreendemos bem a palavra do Senhor: o amor de Deus chega sempre primeiro de que tudo quanto possamos fazer.
O fariseu Simão está cheio de si. Não reconhece os dons de Deus e até está convencido de que Lhe pode dar alguma coisa. Não ama a Deus. A pecadora, pelo contrário, sabe ter recebido muito, porque a sua dívida era grande. Perdoada por Jesus, pode amar muito. É este o sentido da parábola. Quem é que ama mais? Aquele a quem Deus mais perdoou. Isto não significa, como por vezes se diz, que a pecadora obteve o perdão dos pecados por ter amado muito. É tudo o contrário. O seu amor é sinal de que recebeu o grande dom de Deus, o per-dão. O problema do fariseu era: «Se este homem fosse profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que lhe está a tocar, porque é uma pecadora!» (v. 39). Ora Jesus não reconheceu na mulher apenas «uma pecadora»; reconheceu nela «uma pecadora perdoada», ao verificar o seu grande amor. Antes há o perdão de Deus, que nos faz compreender o seu infinito amor e suscita a resposta do nosso amor. A afirmação, «aquele a quem pouco se perdoa pouco ama» (v. 47), confirma a primeira. Não somos nós que amamos por primeiro, mas é Deus. O nosso primeiro dever é reconhecer o seu amor no perdão e em todos os outros dons que nos faz. Se assim não fizermos, cairemos no erro do fariseu, que pensava ser ele a dar a Deus, sem nos darmos conta do seu amor, e sem O amarmos.
A experiência de fé do Pe. Dehon pode resumir-se a três breves fórmulas: «A presença activa» do amor de Cristo na sua vida (Cst 2); a sensibilidade «ao pecado como recusa do amor de Cristo» (Cst 4); a vontade de dar uma resposta ao «amor não acolhido» com «uma união íntima ao Coração de Cristo que provém da intimidade do coração» (Cst 4-5) . Esta experiência de fé está naturalmente centrada no culto ao Coração de Cristo, no amor oblativo, na reparação, na imolação, no apostolado, com todas as cambiantes, muito importantes, do amor puro, do abandono, da vida de vítima… Mas o fundamento dessa experiência de fé é a «presença activa» do amor de Cristo na sua vida (Cst 2).
Oratio
Senhor, dá-me a graça de saber reconhecer que
o teu amor e a tua generosidade por mim, precedem toda e qualquer resposta da
minha parte. Dá-me a sabedoria do coração, para que saiba reconhecer as visitas
do teu perdão. Torna-me compreensivo e misericordioso para com os irmãos. Que
jamais os julgue a partir de preconceitos ou simples critérios morais, mas os
saiba olhar a partir da tua perspectiva de Pai compassivo e misericordioso, a
exemplo do teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. Amen.
Contemplatio
É no amor de Deus que o amor do próximo tem a
sua fonte. Se amamos a Deus, nosso Pai, daí se seguirá que amaremos todos os
seus filhos nossos irmãos. «Quem ama o Pai, diz S. João, amará também aqueles
que ele gerou» (Jo 5, 1). Ora, onde é que se terá amado mais o Pai que em
Nazaré! Jesus ama infinitamente o seu Pai, como é que não amaria sem medida
Maria e José que são tão caros ao seu Pai, e todos os homens pelos quais o seu
Pai o enviou à terra! Maria e José amam Jesus como ao seu Deus, ao mesmo tempo
que o amam como seu filho. Assim, neste santuário abençoado de Nazaré, o amor
vai sem cessar do coração de Jesus aos corações de José e de Maria para voltar
do coração da Mãe e do pai ao coração do Filho. E este amor transbordante
derrama-se sobre o próximo, sobre todos aqueles que estão em relação com a
Sagrada Família. (Leão Dehon, OSP 3, p. 198s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Não descures o carisma que está em ti,» (1 Tm 4, 14).
«Não descures o carisma que está em ti,» (1 Tm 4, 14).
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