10/08/2015
S. Lourenço,
diácono e mártir
Natural
de Huesca, na Península Ibérica, onde nasceu por volta do ano 230, Lourenço foi
acolhido em Roma pelo Papa Sixto II, que o fez arquidiácono. Serviu a igreja de
Roma durante a perseguição. Quando o Papa foi martirizado, com quatro dos seus
diáconos, a 6 de Agosto, recomendou-lhe a distribuição dos bens da igreja aos
pobres e profetizou-lhe o martírio, que aconteceu no dia 10 do mesmo mês. O
imperador Valeriano fê-lo queimar sobre uma grelha. Os seus restos mortais
repousam na basílica que lhe foi dedicada, S. Lourenço Fora dos Muros.
Lectio
Primeira
leitura: 2 Coríntios 9, 6-10
Irmãos: Lembrai-vos:
Quem pouco semeia, também pouco colherá; mas quem semeia com generosidade, com
generosidade também colherá.7Cada
um dê como dispôs em seu coração, sem tristeza nem constrangimento, pois Deus
ama quem dá com alegria. 8E
Deus tem poder para vos cumular de toda a espécie de graça, para que, tendo
sempre e em tudo quanto vos é necessário, ainda vos sobre para as boas obras de
todo o género. 9Como
está escrito: Distribuiu, deu aos pobres; a sua justiça permanece para
sempre. 10Aquele
que dá a semente ao semeador e o pão em alimento, também vos dará a semente em
abundância e multiplicará os frutos da vossa justiça.
São muitas as formas
de pobreza humana: a espiritual, a material, a cultural, a moral. Mas qualquer
uma delas pode ser ultrapassada pela caridade. Deus é caridade e é o dador de
todos os bens. As criaturas são apenas seus instrumentos. Quanto mais generosos
forem com os outros, maiores favores receberão de Deus. Por isso, quem repartir
com generosidade recolherá com generosidade.
Evangelho:
João 12, 24-26
Naquele tempo, disse
Jesus aos seus discípulos: Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo,
lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto. 25Quem se ama a si mesmo,
perde-se; quem se despreza a si mesmo, neste mundo, assegura para si a vida
eterna. 26Se
alguém me serve, que me siga, e onde Eu estiver, aí estará também o meu servo.
Se alguém me servir, o Pai há-de honrá-lo.
Quem vive em união com
Cristo, entra no dinamismo do seu amor, e torna-se uma só coisa com o Pai. Servir
o Filho é reinar com Ele no coração do Pai. Servir o Filho é associar-se a Ele
na obra da redenção. O amor pelo Pai e pelo homem levaram Jesus a entregar-se
até à morte, até ao dom da própria vida, para que todos tivéssemos vida. O grão
de trigo, quando morre na terra, gera vida e torna-se fecundo. O discípulo de
Jesus é chamado a viver o mesmo mistério de morte para gerar a vida e ser
fecundo em favor dos seus irmãos.
Meditatio
S. Lourenço,
arquidiácono da igreja de Roma, no tempo do Papa Sisto II (séc. III), era a
segunda figura da hierarquia eclesiástica, logo após o Papa, e era natural que
lhe viesse a suceder. Sendo os diáconos os conselheiros e colaboradores do
Papa, num serviço idêntico ao que hoje prestam os cardeais da cúria romana, o arquidiácono
administrava os bens da Igreja: dirigia a construção dos cemitérios, recebia as
esmolas e conservava os arquivos. Em grande parte, dependiam dele o clero
romano, os confessores da fé, as viúvas, os órfãos e os pobres. Quando o
imperador o mandou entregar os bens da Igreja, Lourenço apresentou-se diante do
juiz com os pobres de Roma, e declarou: “Aqui estão os tesouros da Igreja!”. O
juiz mandou-o imediatamente torturar e executar. A sua Passio (paixão) narra
que, intimado a sacrificar aos deuses, respondeu: “Ofereço-me a Deus em
sacrifício de suave odor, porque um espírito contrito é um sacrifício para
Deus”. O Papa S. Dâmaso (+ 384) escreveu na inscrição que mandou colocar na
basílica que lhe é dedicada: “Só a fé de Lourenço conseguiu vencer os flagelos
do algoz, as chamas, os tormentos, as cadeias. Dâmaso suplicante enche de dons
estes altares, admirando os méritos do glorioso mártir”.
Ao fazer memória dos
mártires do século XX, João Paulo II, ao comentar Jo 12, 25, dizia no Coliseu,
a 7 de Maio do ano 2000: “Trata-se de uma verdade que o mundo contemporâneo
muitas vezes recusa e despreza, fazendo do amor por si mesmos o critério
supremo da existência. Mas as testemunhas da fé não consideravam a sua
vantagem, o seu bem-estar, a sua sobrevivência como valores maiores que a
fidelidade ao Evangelho. Apesar da sua fraqueza, opuseram corajosa resistência
ao mal. Na sua debilidade refulgiu a força da fé e da graça do Senhor”. É o
tesouro da Igreja na caridade suprema.
“Se nem todos são
chamados ao estado de vítima mística – afirmava o P. Dehon -, todos podem e
devem ser vítimas práticas, por meio da docilidade em seguir a graça, por meio
da fidelidade no cumprimento do próprio dever, por meio da generosidade em
aceitar o sacrifício” (DSP, parte III, c. V, § 3, p. 116).
Oratio
O Soberano e Senhor
deu-te, ó mártir, como ajuda, o carvão em brasa: queimado por ele, tu
rapidamente depuseste a tenda de barro e herdaste a vida e o reino imortais.
Por isso, jubilosamente festejamos a tua memória, ó beatíssimo Lourenço
coroado.
Resplandecendo pelo
Espírito divino, como carvão em brasa, queimaste a sarça do engano, Lourenço
vitorioso, arquidiácono de Cristo: por isso, foste oferecido em holocausto como
incenso racional Àquele que te exaltou, atingindo a perfeição pelo fogo.
Protege, pois, de toda a ameaça quantos te honram, ó homem de mente divina. (De
um antigo texto da Igreja bizantina).
Contemplatio
O imperador
furioso mandou despojar o santo dos seus vestidos e ordenou que lhe
dilacerassem o corpo com açoites e unhas de ferro. O mártir rezava, com o
sorriso nos lábios… À noite, o imperador mandou estendê-lo sobre uma grelha de
ferro sob a qual acenderam um fogo de carvões para o queimarem lentamente… O
mártir virando-se para o tirano disse-lhe: «Estes fogos não são para mim senão
refrigerantes, mas não será o mesmo daqueles que te atormentarão no inferno».
Ao carrasco, dizia heroicamente: «Não vês que a minha carne está bastante
grelhada deste lado, volta-me do outro». O santo, tendo rezado pela conversão
de Roma e agradecido a Deus pela graça do martírio, expirou serenamente… O
segredo desta coragem é o amor pelo Salvador. S. Lourenço desejava dar a Jesus
amor por amor e sacrifício por sacrifício. Era feliz por se imolar pela
conversão dos pagãos. Tinha pressa em ir para o céu encontrar o Salvador
bem-amado. Deus não nos pedirá um semelhante martírio, mas o Sagrado Coração de
Jesus espera de nós uma grande generosidade nos sacrifícios
quotidianos. (Leão Dehon, OSP 4, p. 145s.).
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
“Onde Eu estiver, aí
estará também o meu servo” (Jo 12, 26)
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S. Lourenço, Diácono
(10 Agosto)
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