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de Novembro - Segunda - Evangelho - Lc
14,12-14
Quando deres uma festa, convida os pobres... Então
serás feliz!
Neste Evangelho, mais do que uma parábola, Jesus
nos faz um pedido muito claro: Quando dermos uma festa, não convidemos os
nossos parentes, ou amigos, ou vizinhos ricos. Pois estes poderão nos
retribuir, convidando-nos também. Pelo contrário, que convidemos os pobres, os
aleijados, os coxos, os cegos... Porque estes não nos poderão retribuir, e
receberemos a recompensa de Deus, na ressurreição dos justos.
O pedido de Jesus é facílimo de entender, porque
todos nós fazemos festinhas, de vez em quando, seja de aniversário natalício,
de casamento, de batizado, por ocasião do Natal... O problema é que a fé ainda
não penetrou tanto em nós, a ponto de nos mover a atender o pedido de Jesus.
Alguns fazem até uma “releitura”, dizendo que Jesus não quis dizer isso que ele
disse, mas outra coisa. Tudo para escapar do pedido dele, que é muito forte.
Sabemos que a recompensa de Deus é infinitamente
mais generosa que a de qualquer ser humano. É o que disse Jesus em outra
ocasião: “Dai e vos será dado. Uma medida boa, socada, sacudida e transbordante
será colocada na dobra da vossa veste, pois a medida que usardes para os
outros, servirá também para vós” (Lc 6,38). Naquele tempo, o povo usava
túnicas, também os homens; e costumavam medir cereais na dobra da própria
túnica.
Como é distante a vida que levamos, da vida que
Jesus nos propõe! Este é apenas um exemplo; há muitos outros ensinamentos dele
que têm a mesma radicalidade. Por exemplo:
- Os que se casam, “já não são dois, mas uma só
carne. O que Deus uniu, o homem não separe” (Mt 19,6).
- “Se alguém te der uma bofetada na face direita,
oferece-lhe também a outra” (Mt 5,39).
- “Se alguém quiser abrir um processo para tomar a
tua túnica, dá-lhe também o manto!” (Mt 5,40).
- “Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um
quilômetro, caminha dois com ele!” (Mt 5,41). Etc.
Jesus cita o almoço porque eles estavam almoçando.
Foi apenas um exemplo. O que ele quer é uma mudança de coração. Quando o nosso
coração muda, muda todo o nosso comportamento.
Neste Evangelho, Jesus nos pede para dar
preferência aos mais pobres e excluídos. No início de sua vida pública, ao
apresentar seu programa de vida, ele disse: “O Espírito do Senhor está sobre
mim, pois ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres.
Enviou-me para proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da
vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do
Senhor” (Lc 4,18-19).
Isso foi opção de Deus Pai. O mesmo Deus que
escolheu uma mãe para seu Filho, escolheu também uma classe social para ele
viver, a fim de mostrar ao mundo de que lado Deus está.
Jesus disse que continuaria presente na terra, em
quatro situações: 1) Na Eucaristia: “Isto é o meu corpo”. 2) Na Igreja: “Onde
dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei aí no meio deles”. 3)
Nas crianças: “Quem acolher em meu nome uma criança como esta, estará acolhendo
a mim mesmo” (Mt 18,5). 4) E nos pobres: “Todas as vezes que fizestes isso a um
destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt
25,40).
No Evangelho de hoje, após nos pedir para convidar
os pobres para o almoço, Jesus diz: “Então serás feliz!” Realmente, é indizível
a alegria que sente uma pessoa que tem a coragem de atender a este pedido de
Jesus.
Fica para nós a pergunta: A nossa Comunidade tem o
mesmo coração de Jesus? Ela atende a esse pedido dele? “Queremos ver Jesus,
caminho, verdade e vida.” Que mostremos ao povo do terceiro milênio o
verdadeiro rosto de Jesus!
Certa vez, estava se aproximando o Natal, e as
catequistas de uma Comunidade resolveram armar o presépio de forma comunitária.
Cada criança devia trazer, ou sugerir, aquilo que ela acha que devia haver no
presépio.
Um menino trouxe de casa um recorte de revista,
contendo a foto de moradores de rua, entre eles várias crianças, e colocou no
presépio.
A catequista lhe perguntou por quê, e ele explicou:
“Eu acho que Jesus está no meio dessas pessoas, e quer que elas tenham
moradia”.
Esse garoto demonstrou um profundo conhecimento de
Jesus e do seu Evangelho.
Nossa Senhora seguiu à risca o Evangelho do seu
Filho. Além de viver no meio dos pobres, ela, no hino Magnificat, criticou duramente
os ricos. “Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias.” Que
ela nos ajude a viver com coragem o que seu Filho ensinou, mesmo estando no
meio de uma sociedade que segue, muitas vezes, o caminho contrário.
Quando deres uma festa, convida os pobres... Então
serás feliz!
Boa noite, Vera
ResponderExcluirMuito linda sua reflexão, principalmente quando vc. citou as quatro situações. em que Jesus continua presente na terra.
Edevaldo