6 de Outubro - Segunda -
Evangelho - Lc 10,25-37
Os antigos, para saber qual o
caminho a seguir em suas vidas e conhecer a vontade de Deus, recorriam a
bruxos, adivinhos, astrólogos e sacerdotes. Hoje em dia, muitos continuam
buscando esses mesmos caminhos para descobrir a vontade do Senhor em suas
vidas.
Todavia, o cristão de verdade sempre
buscou e buscará saber o caminho a seguir – na vontade de Deus Pai– mergulhando
sua vida na Palavra de Deus; a qual nos assegura que devemos estar sempre
no caminho e na vontade de Deus, que é a verdade.
Na liturgia de hoje, a partir do
livro de Deuteronômio, nosso Senhor quer nos ensinar que existe outra forma,
muito eficaz, para que possamos descobrir, em nossa vida, a vontade, o caminho
de Deus a seguir. Esta forma é escutando a voz do coração. É Deus quem nos diz
que o caminho a seguir não está fora, no Céu, distante de nós; ele está muito
acessível a cada um de nós, pois está em nosso coração, em nossa boca. Basta
que a ouçamos e obedeçamos.
Esta palavra, este caminho, que está
tão em nós, é caminho de vida eterna, de felicidade.
O judeu piedoso
pergunta a Jesus o que deve fazer para receber a vida eterna e Cristo lhe
responde: “Amar o Senhor teu Deus de todo o coração e o teu próximo como a ti
mesmo” (Lc 10,27). Mas o judeu teve dúvidas: “Quem é o meu próximo?”
Quem é o nosso
próximo? Pergunta não feita somente ao judeu, mas a cada um de nós, cuja
resposta deve ser dada com a vida, com atitudes concretas e não somente com os
lábios. Cristo traz o fato de uma pessoa que cai nas mãos de assaltantes e
estes quase o matam. Todos os justos passaram pelo caminho, pelo irmão
convalescente, mas ninguém foi capaz de ajudá-lo, exceto o pecador, o impuro, o
indigno para os judeus: o samaritano.
Muitas e muitas
vezes, agimos da mesma forma: nos achamos muito cristãos, muito santos, muito
dignos, muito tudo. Somos sim acolhedores, mas apenas daqueles que nos fazem
bem, daqueles que nós amamos, dos limpos e cheirosos, daqueles que nos
admiram. No entanto, a pergunta é:
somos capazes de acolher aqueles que não conhecemos, aqueles que nos fazem o
mal, que não suportamos, que não têm nada a ver com a nossa vida? O
amor de verdade, único caminho de salvação e vida eterna, de felicidade, passa
pelo amor concreto, a começar por aqueles que passam pela nossa vida. Amar os
que queremos bem e que nos querem bem é conveniência, estratégia,
puxa-saquismo; o amor de verdade é demonstrado quando amamos aqueles que não
merecem nosso amor, aqueles que se encontram distante de nós, os impuros em
todos os sentidos.
A Palavra de Deus para nós hoje é duríssima!
Como se encontra o nosso amor no concreto da vida hoje? Estou dando hospedaria,
acolhimento aos pecadores e pobres de corpo e alma, ou estou excluindo-os da
minha vida e de minha companhia? Estou derramando o óleo do carinho e da
compreensão sobre as feridas dos outros ou estou apontando e apertando as suas
feridas com as minhas mãos e o meu coração? Estou dando montaria aos que sofrem
ou estou pisando neles, frente às suas feridas e pecados? Proporcionar cuidado
a quem nos ama, sim; mas e aos outros, àqueles que não merecem meu amor? É aqui
que se difere o cristão!
Padre Pacheco
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