2016-10 de janeiro – Quem foi padrinho
no batismo de Jesus?
(comentários
Prof.Fernando*)
1 Por que Jesus procurou o batismo
de João
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A instituição de padrinhos e
madrinhas obviamente não é do tempo de Jesus e seu batismo no Jordão não é o
mesmo conhecido pelos cristãos ao longo dos séculos como sinal da entrada na
comunidade dos discípulos do novo Reino. Isto deve ser lembrado porque
confunde-se com frequência o rito de conversão proposto por João no rio Jordão com
o batismo que nós conhecemos. Chega-se mesmo a discutir entre cristãos se o
batismo atual deveria ser sempre seguindo o ritual do Batista, mergulhando a
pessoa numa piscina ou nas águas de um rio. No limite todos teriam que viajar
até o rio Jordão na Palestina... é preciso reler o que disse o Batista: eu vos
“mergulho” na água, mas Ele vos fará “mergulhar” no fogo e no Espírito. A
diferença é que o de João é apenas na
água. O batismo de Jesus será definitivo, por ser ação de Deus que traz a
salvação (Espírito Santo) e julgamento (fogo, como imagem que se refere ao
processo de separar o trigo – que são grãos – da palha, que o vento leva e mais
tarde é queimada).
·
Jesus entra na fila (Lucas
apresenta após este episódio, a genealogia de Jesus, remontando sua ascendência
ao início de toda a humanidade na figura de Adão). Jesus mistura-se à multidão
dos que ouvem o Batista, dos que querem se preparar para a vinda do Reino que
se aproxima. Ora, Jesus é o Reino. Nele se concretiza tudo o que o profeta João
anuncia. Nossa perplexidade é justificada. O próprio João reclama: como vens a
mim se eu é que devia ser batizado por ti? Jesus submetendo-se ao rito de João
declara-se em primeiro lugar um ser humano entre os seus irmãos humanos. A
celebração deste domingo continua a meditação do mesmo Mistério que contemplamos
no Natal: a Encarnação de Deus na História humana. Em segundo lugar o Batismo é
o momento de apresentação de Jesus como Filho de Deus que vem tirar o Pecado do
Mundo. Eis o Cordeiro de Deus que tira o
Pecado, anuncia o Batista. O Batismo de Jesus é descrito no texto
evangélico, com toda sua carga de mensagens e símbolos. A voz que vem do Céu é
o Pai que declara publicamente que aquele homem de Nazaré é verdadeiramente seu
Filho cumulado de todo seu amor; o Espírito “desce” sobre aquele homem que
entrou na fila dos que buscam aproximar-se do Deus que se aproxima torna-se
visível aos presentes sob a forma de uma pomba. O mergulho nas águas é o
mergulho de Deus na realidade da matéria deste mundo (a carta aos Hebreus
lembra: tu me deste um corpo), histórica, corporal, na qual o homem de Nazaré
sofrerá a fome e a sede e a morte.
2 A celebração desta festa após a
“Epifania” (dia de Reis)
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Nos primeiros séculos do
cristianismo celebravam-se três grandes festas todo ano: a “Epifania, a Páscoa
e Pentecostes, que correspondem aos três momentos da Salvação: a Revelação de
Deus em Jesus Cristo (que nasce, cresce até apresentar-se ao mundo a partir do
rio Jordão); a prisão e condenação injusta de Jesus que o leva à morte que em
seguida é por ele destgruída com a Ressurreição; a difusão do seu Espírito no
íntimo dos corações que torna seus discípulos anunciadores dos novos tempos,
momento em que começa o “tempo da Igreja” na
continuidade da proclamação da Boa Notícia iniciada por Jesus de Nazaré.
·
Estamos portanto comemorando o
primeiro momento da apresentação do Cristo ao mundo. Não mais no simbolismo dos
pastores, os mais pobres e humildes que recebem o aviso dos anjos. Não mais no
simbolismo dos sábios do Oriente que representam a abertura da Salvação, antes
conhecida apenas pelo Povo Eleito de Israel, agora recebendo também todas as
nações que procuram a verdade e do bem. Não mais no simbolismo do Menino que
discute com os estudiosos no Templo a interpretação dos textos sagrados. Agora na
esteira do movimento público do Batista (que de tanto assustar os poderosos da
época levou João à prisão e à decapitação por Herodes) surge a figura pública
de Jesus de Nazaré caminhando pelas estradas da Galileia e da Judéia, trazendo
uma Boa Notícia: todos são amados por Deus e o caminho do Bem é o caminho do
Reino, e as obras da religião são relativizadas pois é mais importante o amor,
a solidariedade, a misericórdia, a compaixão, a ajuda ao samaritano espancado,
a atenção dada aos que choram a morte de seus filhos, a oração dos que se
reconhecem pecadores. O Reino novo é privilegiar o que Deus prefere em vez de
viver no medo de não fazer tudo “certinho” como os fariseus se gabavam de
fazer, cumprindo todas as regras e tradições de sua religião.
3 Os sinais do novo tempo (Reino)
cujo anúncio público começa hoje
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O discurso de Pedro (2ªleitura de
hoje) resume a “novidade” do “Reino”: “Em verdade reconheço que
Deus não faz distinção de pessoas, mas em toda nação lhe é agradável aquele que
o temer e fizer o que é justo”. É o anúncio da salvação universal: Deus procura todos e cada um,
mesmo que cada grupo, cultura, igreja, religião, procure cada qual a seu modo
esteja procurando Deus.
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Comparemos o episódio do “Batismo
de Jesus por João” com o texto tirado de Isaías 42 da primeira leitura de hoje.
Ele corresponde, no estilo profético e centenas de anos antes de Cristo, ao
anúncio que João, o último dos profetas, resumiu nesta frase: Eis o Cordeiro de Deus, aquele que vem tirar
o Pecado do Mundo. Cordeiro, porque figura o justo inocente que seria morto
como os animais no altar, sacrificados em lugar dos injustos que acorriam ao
Templo. O Pecado, porque tudo o que produz o mal e violenta serão gritos
silenciados pela serenidade do Cristo. Do mundo, porque abrange o ser humano e
seu Habitat, seu universo, sua casa, sua história, todos os povos e todos os
tempos.
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O texto dispensa comentários pois
é um poema cujas imagens imediatamente entendidas. A descrição de Isaías deste
“servo de Jahwé” é a mesma apresentação do homem de Nazaré e a indicação de seu
Programa (a Boa Notícia) anunciado a todo o mundo.
Tem sido este o nosso programa de vida?
Eis o meu escolhido em quem tenho toda
alegria,
Eu lhe dei o meu sopro (espírito), ele
trará justiça às nações.
Ele não grita, não levanta a voz nem a
fará ouvir pelas ruas.
Não quebra o caniço rachado e não apaga a
mecha que ainda fumega.
Eu sou o [Senhor] que te chamei para a
justiça, segurei tua mão, eu te formei
Eu te dei como aliança de povos, como luz
das nações,
para abrir os olhos cegos, para tirar do
cativeiro o prisioneiro
e para fora da prisão os que viviam na
angústia da escuridão.
O senhor Jesus Cristo e o Salvador de todas homanidade
ResponderExcluirAmém
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