II Domingo do TC 17/01/2016
1ª Leitura Isaias 62, 1-5
Salmo 95 “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, manifestai os seus
prodígios entre os povos”
2ª Leitura 1Cor 12, 4-11
Evangelho João 2, 1-11
Não sei
dizer a razão pela qual faltou o vinho nas Bodas de Cana, talvez a família não
tivesse muitos recursos e fez uma festa bem modesta, só para os mais íntimos.
Também pode ser que o Encarregado da cozinha, tenha errado no cálculo, ou
então, porque havia um número excessivo de “penetras”. Só sei que os convidados
das bodas de Canaã ficaram admirados com a qualidade e o sabor inigualável
daquele vinho que serviram na última hora, quando muitos já estavam até
embriagados. Os discípulos e os que serviam estavam de boca aberta, pois só
eles sabiam que todo aquele vinho delicioso fora tirado de seis talhas de
barro, cheias de água. Um prodígio promissor para Jesus iniciar seu ministério!
Em Israel
muita gente andava descontente com a religião, porque transformaram o Deus da
Aliança, tão rico em bondade e misericórdia, em um legislador implacável,
alguém frio que passava os dias observando atentamente quem ousava desrespeitar
a lei de Moisés. As pessoas iam ao templo ou nas sinagogas com o coração
pesado, por medo do que pudesse acontecer, se deixassem de observar alguma das
mais de seiscentas leis e prescrições da religião. Existiam para os faltosos a
possibilidade de se livrarem da culpa, cumprindo os rituais de purificação
feitos com água, mas que também era complicado pois naquele tempo não se tinha
a facilidade da água encanada como hoje.
Às vezes a
prática da religião se torna um peso quase insuportável, as vezes ao receber um
sacramento, ou ao término de alguma celebração, há quem dê um suspiro de alívio
“Arre ! já cumpri minha obrigação e estou livre!” para curtir o domingão. Certa
ocasião depois da celebração de crisma, um adolescente em frente a igreja dava
pulos e esmurrava o ar festejando quando alguém perguntou; “ feliz com a crisma
recebida?” . ---Muito feliz --- desabafou o jovem – pois agora não preciso mais
vir à igreja e estou livre!
Para ir a
uma festa, um dia antes já estamos na expectativa, já para ir à igreja,
chegamos na última hora e ás vezes, se a celebração se alongar um pouco, saímos
antes da bênção final pois só temos paciência para agüentar a missa por uma
hora. Precisamos rever o que está errado, nossas liturgias não podem resumir-se
ao “oba-oba” mas temos que lhe dar vivacidade para que as pessoas saiam
convencidas da graça de Deus e cheias de coragem para dar testemunho.
Não vale a
pena praticar esse tipo de religião meramente cultual ! Nas bodas de canã
Jesus, ao transformar a água da purificação em vinho da melhor qualidade,
acabou com essa “chatice religiosa” mas muitos ainda hoje insistem em beber
desse vinho azedo de uma religião angustiante, que bota freios no ser humano e
coloca em seus olhos uma “viseira” para somente enxergar na direção que aponta
os dirigentes “iluminados” sendo terminantemente proibido olhar em outra
direção.
A
verdadeira religião supõe liberdade e uma alegria incontida pelo fato de se
tomar conhecimento de que Deus, apaixonado pelo homem, manifestou o seu amor no
seu filho Jesus, que ao chegar a sua hora, a hora de mostrar a que veio, em um
gesto de loucura aos olhos de muitos, derramou até a última gota do seu sangue
na cruz do calvário, para que nós pudéssemos ser felizes e ter uma vida nova
como homens livres.
É este o
pensamento que deve nortear a nossa relação com Deus no âmbito da Igreja, uma
alegria de saber que ele nos ama tanto, que ele só quer o nosso bem em seu
sentido mais pleno, um amor que nos ama sem exigir nada, sem cara feia, sem mau
humor, sem palavras amargas e sem nenhuma censura – Deus é amor infinito,
bondade eterna e misericórdia para sempre! É essa, portanto, a novidade que
Jesus traz ao mundo nas bodas de canã, ele é na verdade o noivo apaixonado pela
noiva que é a Igreja, assembléia de todos os que crêem. Uma noiva não muito
bela e nem sempre fiel, que às vezes se deixa seduzir por outros “amantes”.
Entendida
e aceita essa verdade, a Palavra de Deus celebrada e proclamada em nossas
comunidades, é uma carta de amor que ouvimos com o coração aos pinotes, e a
eucaristia se transforma em um jantar a luz de velas com Cristo Jesus, o amado
de nossa vida , ao sabor do vinho novo da graça santificante que nos salva e
liberta. Irradiar este amor a todos com o testemunho de vida, é a única forma
de transformar a sociedade e não adianta se buscar outras alternativas, pois
somente assim a glória de Cristo será manifestada semeando a fé no coração dos
descrentes! (Diácono
José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP- E-mail cruzsm@uol.com.br) )
Nossa fé é nossa alegria; brindamos o banquete de de Canaá hoje e sempre com a Santa Eucaristia que nos alimenta e nos alegra no Senhor!!!
ResponderExcluirValmir Carminatti
Muito boa reflexão.
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