22/01/2016
Tempo Comum - Anos Pares
II Semana - Sábado
Lectio
II Semana - Sábado
Lectio
Primeira leitura: 2 Samuel 1,
1-4.11-12.19.23-27
Naqueles dias, David regressou da derrota que
infligiu aos amalecitas e esteve dois dias em Ciclag. 2Ao terceiro dia,
apareceu um homem que vinha do acampamento de Saul, com as vestes rasgadas e a
cabeça coberta de pó. Chegando perto de David, prostrou-se por terra e fez-lhe
uma profunda reverência. 3David perguntou: «De onde vens?» Respondeu ele:
«Escapei do acampamento de Israel.» 4Disse-lhe David: «Que aconteceu? Conta-me
tudo.» Ele respondeu: «As tropas fugiram do campo de batalha, muitos tombaram,
e Saul assim como seu filho Jónatas pereceram.» 11Então, David rasgou as suas
vestes, e todos os que estavam com ele o imitaram. 12E prantearam, choraram e
jejuaram até à tarde, por amor de Saul, de seu filho Jónatas, do povo do Senhor
e do povo de Israel, porque tinham sido passados ao fio da espada. 19«A Honra
de Israel pereceu sobre as colinas! Tombaram os heróis! 23Saul e Jónatas,
amados e gloriosos, jamais se separaram, nem na vida nem na morte, mais velozes
do que as águias, mais fortes do que os leões. 24Filhas de Israel, chorai sobre
Saul! Ele vestia-vos de púrpura sumptuosa e ornava de ouro as vossas
vestes.25Tombaram os heróis no campo de batalha! Jónatas, morto sobre as tuas
colinas! 26Jónatas, meu irmão, que angústia sofro por ti! Como eu te amava! O
teu amor era uma maravilha para mim mais excelente que o das mulheres. 27Como
tombaram os heróis e se destruíram as armas de guerra!»
Saul é o fundo negro em que ressalta a figura
de David. Já o vimos várias vezes. Hoje verificamo-lo novamente.
Saul, devido à sua má conduta, foi abandonado e recusado por Deus (1 Sam 15). Hoje, executa-se a sentença (1 Sam 31). É o fim trágico de uma vida marcada por um destino sinistro e fatídico. David chora sinceramente a desgraça de Saul e do seu amigo Jónatas. Parece uma elegia guerreira, sem referências religiosas. Na verdade, todos estes factos ilustram as vicissitudes do Povo de Israel, libertado do Egipto por Deus e sempre suspenso no fio da sua graça e do seu julgamento. A lamentação de David é uma tomada de consciência da não-redenção em que o povo, vítima dos filisteus, vive naquele momento.
Por outro lado, a elegia revela a nobreza de alma do eleito do Senhor, preocupado com o seu povo, admitindo a relativa grandeza do seu adversário, capaz de ternura para com o amigo Jónatas. O Senhor escuta a lamentação como uma sentida invocação em momento de prova.
Saul, devido à sua má conduta, foi abandonado e recusado por Deus (1 Sam 15). Hoje, executa-se a sentença (1 Sam 31). É o fim trágico de uma vida marcada por um destino sinistro e fatídico. David chora sinceramente a desgraça de Saul e do seu amigo Jónatas. Parece uma elegia guerreira, sem referências religiosas. Na verdade, todos estes factos ilustram as vicissitudes do Povo de Israel, libertado do Egipto por Deus e sempre suspenso no fio da sua graça e do seu julgamento. A lamentação de David é uma tomada de consciência da não-redenção em que o povo, vítima dos filisteus, vive naquele momento.
Por outro lado, a elegia revela a nobreza de alma do eleito do Senhor, preocupado com o seu povo, admitindo a relativa grandeza do seu adversário, capaz de ternura para com o amigo Jónatas. O Senhor escuta a lamentação como uma sentida invocação em momento de prova.
Evangelho: Mc 3, 20-21
Naquele temo, 20Jesus chegou a casa com os
seus discípulos. E de novo a multidão acorreu, de tal maneira que nem podiam
comer. 21E quando os seus familiares ouviram isto, saíram a ter mão nele, pois
diziam: «Está fora de si!»
A presença e a actividade de Jesus adquirem
notável ressonância. Mas essa ressonância não leva necessariamente à fé. Jesus
tem de enfrentar as primeiras recusas, a começar pela dos seus familiares que
decidem tomar medidas drásticas contra os embaraços que lhes estava a causar. A
consanguinidade não é suficiente para criar sintonia com o Evangelho. O
discípulo de Jesus também está sujeito a ser isolado e hostilizado, até pelos seus
familiares.
Meditatio
A primeira leitura, tendo como pano de fundo o
ódio e a crueldade de Saul, realça a magnanimidade e a lealdade de David, um
homem segundo o coração de Deus (cfr. Act 13, 13). Um mensageiro anuncia a
David a morte de Saul e de Jónatas numa batalha contra os filisteus travada no
monte Gelboé. Havia mais de um ano que David fugia de Saul, que via nele um
perigoso rival, andando de terra em terra, e acabando por se refugiar na
própria região dos inimigos de Israel, que eram os filisteus. Nesse momento,
encontrava-se em Ciclag. A notícia da morte de Saul devia enchê-lo de alegria.
Todavia David reage com uma dor profunda e sincera. Rasga as vestes em sinal de
luto, chora, jejua, e entoa uma emocionante elegia: «A Honra de Israel pereceu
sobre as colinas! Tombaram os heróis!... Saul e Jónatas, amados e
gloriosos…tombaram… no campo de batalha! » (cfr. 2 Sam 1, 19-24).
O sofrimento de David com a morte de Saul e de Jónatas vem na linha do respeito, da lealdade e da fidelidade ao rei, «ungido do Senhor», e da sincera amizade por Jónatas. Jamais o jovem filho de Jessé respondeu ao ódio com o ódio, à crueldade com a crueldade. Jónatas tornou-se o mais caro amigo de David: «Jónatas, meu irmão, que angústia sofro por ti! Como eu te amava! O teu amor era uma maravilha para mim mais excelente que o das mulheres» (2 Sam 1, 26). A verdadeira amizade tem como preço o dom de si mesmo e tem como ganho a experiência do amor. David, com a sua generosidade, com a sua magnanimidade, ensina-nos a viver como homens e mulheres «segundo o coração de Deus».
O amor cristão não é algo de genérico, de vago. Dirige-se a pessoas muito concretas, com limites, defeitos e pecados. O próximo são aqueles que encontramos no caminho, talvez caídos e cobertos de chagas. O amor cristão vai até aos próprios inimigos: «Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem» (Mt 5, 44).
Também quem professa a castidade consagrada não pode viver um amor desencarnado, um amor que corra o risco de não amar ninguém. A Sagrada Escritura diz-nos: "A doçura de um amigo dá segurança à alma" (Prov. 27, 9); "Um amigo fiel é uma protecção" (Sir 6, 5); "Por um amigo, podes perder dinheiro" (Sir 29, 20). Pensemos na amizade de Jónatas, que amava David como a si mesmo (cf. 1 Sam 18, 1-5; 20, 1-41). Pensemos no discípulo que Jesus amava (cf. Jo 13, 23). E pensemos em "Jesus (que) amava Marta, a sua irmã e Lázaro" (Jo 11, 5).
O sofrimento de David com a morte de Saul e de Jónatas vem na linha do respeito, da lealdade e da fidelidade ao rei, «ungido do Senhor», e da sincera amizade por Jónatas. Jamais o jovem filho de Jessé respondeu ao ódio com o ódio, à crueldade com a crueldade. Jónatas tornou-se o mais caro amigo de David: «Jónatas, meu irmão, que angústia sofro por ti! Como eu te amava! O teu amor era uma maravilha para mim mais excelente que o das mulheres» (2 Sam 1, 26). A verdadeira amizade tem como preço o dom de si mesmo e tem como ganho a experiência do amor. David, com a sua generosidade, com a sua magnanimidade, ensina-nos a viver como homens e mulheres «segundo o coração de Deus».
O amor cristão não é algo de genérico, de vago. Dirige-se a pessoas muito concretas, com limites, defeitos e pecados. O próximo são aqueles que encontramos no caminho, talvez caídos e cobertos de chagas. O amor cristão vai até aos próprios inimigos: «Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem» (Mt 5, 44).
Também quem professa a castidade consagrada não pode viver um amor desencarnado, um amor que corra o risco de não amar ninguém. A Sagrada Escritura diz-nos: "A doçura de um amigo dá segurança à alma" (Prov. 27, 9); "Um amigo fiel é uma protecção" (Sir 6, 5); "Por um amigo, podes perder dinheiro" (Sir 29, 20). Pensemos na amizade de Jónatas, que amava David como a si mesmo (cf. 1 Sam 18, 1-5; 20, 1-41). Pensemos no discípulo que Jesus amava (cf. Jo 13, 23). E pensemos em "Jesus (que) amava Marta, a sua irmã e Lázaro" (Jo 11, 5).
Oratio
Obrigado, Senhor, porque Te declaras meu amigo
e me permites tratar-Te como amigo: «Já não vos chamo servos, mas amigos» (Jo
15, 15).
Obrigado por todos os amigos que me tens dado e por todos quantos me convidas a amar, homens e mulheres. Os amigos fazem-me conhecer a mim mesmo, e fazem-me conhecer-Te a Ti.
Obrigado pelas alegrias e pelos sofrimentos que vivemos juntos. Com eles, aprendi que a partilha multiplica os dons e que, dando generosamente, recebemos com abundância.
Obrigado por cada um dos meus amigos, que têm sido presenças de luz e de esperança na minha vida.
Lembra-te daqueles que ainda não experimentaram a amizade, ou que se sentiram atraiçoados pelos amigos. Que todos possam experimentar-Te como Amigo, sempre presente e fiel, sempre leal e generoso. Amen.
Obrigado por todos os amigos que me tens dado e por todos quantos me convidas a amar, homens e mulheres. Os amigos fazem-me conhecer a mim mesmo, e fazem-me conhecer-Te a Ti.
Obrigado pelas alegrias e pelos sofrimentos que vivemos juntos. Com eles, aprendi que a partilha multiplica os dons e que, dando generosamente, recebemos com abundância.
Obrigado por cada um dos meus amigos, que têm sido presenças de luz e de esperança na minha vida.
Lembra-te daqueles que ainda não experimentaram a amizade, ou que se sentiram atraiçoados pelos amigos. Que todos possam experimentar-Te como Amigo, sempre presente e fiel, sempre leal e generoso. Amen.
Contemplatio
Nosso Senhor deseja que nós vamos ter com ele
com simplicidade. – O discípulo: Senhor, começo com um acto de simplicidade
pedindo-vos hoje que vós mesmo faleis comigo. – O Salvador: Compreendei a santa
liberdade e simplicidade com as quais deveis viver comigo: «Sede simples como
pombas» (Mt 10). Não peço uma tensão penosa do espírito para estar atento a
pensar em mim em todo o instante. Quando tiverdes passado algum tempo sem me
produzirdes actos de amor, em vez de desesperardes e de crerdes que jamais
podereis fazer o que espero de vós, vinde ter comigo simplesmente. Dizei-me com
uma ternura cheia de abandono, que me amais; pedi-me perdão por me haverdes
esquecido e não penseis mais nisso. Agi da mesma maneira nestas mil pequenas
fraquezas de que os vossos dias estão cheios.
Não vos desoleis por não terdes feito melhor do que o não podeis. Oferecei-me todos os pequenos sacrifícios que quiserdes, mas guardai-vos de passar o vosso tempo a contar tudo o que fazeis. Os pequenos sacrifícios que eu peço devem ser-me oferecidos espontaneamente: Deus ama aquele que dá com alegria (2Cor 9,7).
Falai-me como um amigo fala ao seu amigo, um filho a sua mãe. «Já não vos chamo servos, mas amigos», dizia aos meus discípulos. «Recebestes o espírito de adopção de filhos», diz-vos S. Paulo (Rom 8). Imaginai que sois um menino admitido junto de mim em Nazaré e comportai-vos comigo como faríeis se esta imaginação fosse realidade. O meu coração faz as suas delícias com estas efusões cheias de candura e de simplicidade: As minhas delícias são estar com os filhos dos homens. (Leão Dehon, OSP 3, p. 44).
Não vos desoleis por não terdes feito melhor do que o não podeis. Oferecei-me todos os pequenos sacrifícios que quiserdes, mas guardai-vos de passar o vosso tempo a contar tudo o que fazeis. Os pequenos sacrifícios que eu peço devem ser-me oferecidos espontaneamente: Deus ama aquele que dá com alegria (2Cor 9,7).
Falai-me como um amigo fala ao seu amigo, um filho a sua mãe. «Já não vos chamo servos, mas amigos», dizia aos meus discípulos. «Recebestes o espírito de adopção de filhos», diz-vos S. Paulo (Rom 8). Imaginai que sois um menino admitido junto de mim em Nazaré e comportai-vos comigo como faríeis se esta imaginação fosse realidade. O meu coração faz as suas delícias com estas efusões cheias de candura e de simplicidade: As minhas delícias são estar com os filhos dos homens. (Leão Dehon, OSP 3, p. 44).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Um amigo fiel é uma protecção» (Sir 6, 5)»
«Um amigo fiel é uma protecção» (Sir 6, 5)»
| Fernando Fonseca, scj |
Me perdoem, mas, as datas e as leituras não estão corretas. Está sempre um dia antecipado nesta semana. Rocha
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