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de Janeiro-Evangelho - Lc 4,14-22ª
Hoje
se cumpriu esta palavra da Escritura.
Este
Evangelho narra o começo da vida pública de Jesus. Nele Jesus apresenta o seu
programa. Em poucas palavras, ele resume toda a sua missão. Jesus veio à terra
para “anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos e aos
cegos a recuperação da vista, para libertar os oprimidos e para proclamar um
ano da graça do Senhor”.
O
amor de Deus é uma sinfonia em dois movimentos que se completam e interferem
mutuamente. Em primeiro lugar, o amor é um movimento vertical, ascendente e
descendente. Jesus se referiu a esse movimento, quando disse que veio “anunciar
a Boa Nova aos pobres... e proclamar o ano da graça do Senhor”.
O
segundo movimento da sinfonia é horizontal, o relacionamento entre nós, que
concretiza e realiza o vertical. “Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas odeia o
seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá
amar a Deus, a quem não vê. Este é o mandamento que dele recebemos: quem ama a
Deus, ame também seu irmão” (1Jo 4,20-21). Esse movimento horizontal, às vezes
se torna vertical, sendo um verdadeiro “culto” a Deus.
Uma
religião que quisesse chegar diretamente a Deus, sem passar pelo próximo, é uma
ilusão, uma alienação espiritual, uma mentira.
Jesus
privilegia os excluídos pela sociedade: Os pobres, os cativos, os cegos e os
oprimidos... Isso significa andar na contramão da sociedade, que privilegia os
não excluídos.
O
“ano da graça do Senhor”, lá no profeta Isaías (Is 61,1-2), está expresso como
“ano do agrado do Senhor”. Portanto é viver bem com Deus, obedecendo os seus
mandamentos e fazendo a sua vontade.
No
dia do nosso Batismo, nós também assumimos esse programa de Jesus como o nosso
programa.
Os
primeiros cristãos procuraram por em prática esse programa integralmente.
Foi
o cumprimento desse programa que custou a morte para Jesus, e para milhares de
mártires da História de Igreja. Apesar disso, a Igreja não desiste de colocá-lo
em prática e de lutar para que ele assumido por toda a sociedade.
Está
aí o grande desafio para nós, a fim de que aconteça no mundo o Natal. Em outras
palavras, para que aconteça a Epifania de Cristo.
Jesus
mistura a dedicação ao corpo e a dedicação à alma. Ele não separa as duas
atividades. Naturalmente, quer que nós também não as separemos. De fato, quem
ama verdadeiramente uma pessoa, não ama só a alma ou só o corpo dela, mas a
pessoa inteira. E esse amor inclui também a proteção à natureza.
Diz
uma fábula que certa vez Buda estava sentado no chão, ao pé de uma árvore, em
oração. Ele tinha as pernas encolhidas e cruzadas, como fazem os orientais
quando vão rezar.
Nisto
chegou uma rolinha. Ela estava cansada de tanto voar, porque um gavião estava
correndo atrás dela, querendo devorá-la.
Buda,
mais que depressa, pegou a rolinha e a escondeu dentro do seu paletó. Nisto
chegou o gavião e disse a ele: “Dê-me essa rolinha. Eu sou carnívoro e preciso
dela para comer”.
Buda
pensou: É verdade a rolinha faz parte da cadeia alimentar desse gavião. Mas ele
queria salvar a rolinha; então disse ao gavião: “Vamos fazer uma troca: eu dou
para você uma parte do meu corpo correspondente à esta rolinha”. O gavião
concordou.
Apareceu
uma balança, daquelas de dois pratos, e Buda pôs a rolinha num prato e a sua
pesada mão no outro. Mas, para surpresa sua, a balança continuou caída para o
lado da rolinha. Então ele pôs o seu braço o braço todo no prato... Nada.
Colocou o outro braço... Também nada.
Então
Buda sentou-se no prato da balança. Aí ela se equilibrou: os dois pratos
ficaram na mesma altura.
Nesta
hora, Buda disse ao gavião: “Sou todo seu. Pode levar-me. Mas não toque na
rolinha”.
A
nossa felicidade, a nossa vida, custou a morte de Jesus, como oferta total dele
por nós. Amar não é dar coisas ao próximo, mas buscar a sua felicidade, mesmo
que para isso precisemos sacrificar a nossa vida. “Ninguém tem maior amor do
que aquele dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).
O
amor só é verdadeiro se inclui, desde o começo, uma doação da vida. O amor, ou
é total, ou não é amor. Amor parcial não existe, é apenas caricatura de amor.
Quando vemos um mendigo na rua e lhe damos um trocado, ou apenas um sorriso,
não estamos dando apenas um trocado ou um sorriso a ele, mas nesses gestos está
embutida a nossa vida toda, doada a ele ou ela, se precisar. Na hora lhe damos
apenas um trocado ou um sorriso, por é só disso que o mendigo precisa.
Maria
Santíssima, a discípula fiel do Senhor, viveu de corpo e alma esse programa de
Jesus e nosso. Que ela nos ajude!
Hoje
se cumpriu esta palavra da Escritura.
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