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domingo, 29 de novembro de 2015

NEM TODOS QUE ME DIZ: ‘SENHOR, SENHOR’ ENTRARÁ NO REINO DOS CÉUS... - Olívia Coutinho

 

Dia 03 de Dezembro de 2015

 
Evangelho de Mt 7,21.24-27
 
Para que a palavra de Deus  frutifique no mundo através de nós,  é preciso que ela ganhe vida em nós!
Quando enraizada no nosso coração, a palavra de Deus  é como um vulcão em constante erupção, num movimento constante suave e belo, como as gigantescas labaredas de fogo a iluminar e a aquecer muitos corações sombrios!
Ouvir a palavra de Deus, não corresponde apenas na nossa audição física, sem entrar no nosso coração, esta palavra de vida, cai no vazio, é facilmente levada pelo vento!
O evangelho que a liturgia de hoje, coloca diante de nós, chama a nossa atenção sobre a importância de sermos  coerentes, de  vivermos a fé que professamos  edificando  a nossa vida sobre o alicerce firme dos valores do evangelho!
 “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos céus, mas o que põe em pratica a vontade de meu Pai que estás nos céus”.
Com estas palavras, Jesus reafirma a condição de permanecermos Nele e Ele em nós! Não são com palavras bonitas, que vamos demonstrar o nosso amor a  Deus, e sim, com as nossas ações do dia a dia!   De nada adianta erguermos as nossas mãos para louvar o Senhor  se não enxergamos o nosso irmão que está no chão!´
Mais do que  admiradores das palavras de Jesus, precisamos coloca-las  em prática,  pautando a nossa vida no seu exemplo, colocando-nos à serviço do outro, prioritariamente dos esquecidos por uma sociedade que não os enxerga como pessoas criadas a imagem e semelhança de Deus!
Temos que ter responsabilidade com a palavra de Deus! Como portador e anunciador desta palavra, não podemos olhar o “mundo” da janela como meros espectadores, vendo as coisas acontecer lá fora e nada fazer! Precisamos sair do nosso comodismo,  abrir as portas do nosso coração e nos disponibilizar a fazer algo em favor de um mundo melhor! É dentro de nós, que está, às vezes adormecido, o "material" eficaz para uma construção resistente a todos os vendavais, que é o amor que Deus infundiu em nossos corações! É com este “material” que iremos construir a nossa morada no céu!
Construir uma casa segura é firmar os nossos passos nos valores irrenunciáveis do evangelho: o amor e a justiça!  É alicerçados nestes  valores, que devemos  assentar a nossa vida, afinal, nenhuma tempestade destruirá o que foi construído sob o olhar atento do construtor maior que é Jesus!
 
FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olívia Coutinho
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"EU TE LOUVO, PAI, SENHOR DO CÉU E DA TERRA..." – Olivia Coutinho.

 
Dia 1º de Dezembro de 2015
 
Evangelho de Lc10,21-24

Quando nos colocamos diante de Deus como servos, Ele vai nos moldando de acordo com as nossas aptidões e quando nos damos conta, já estamos inseridos no meio do mundo, realizando proezas que jamais imaginávamos realizar!
É importante termos em mente, que o que nos capacita a trabalhar pelo reino de Deus, não é o saber humano, e sim, o Espírito Santo de Deus em nós! Da nossa parte, basta apenas, a abertura  do coração e a disposição em servir!
Ninguém precisa sentir-se fraco, incapaz de realizar algo em favor do Reino, pois, se estamos a disposição de Deus, Ele abre caminhos! Foi o que aconteceu com os 72 discípulos enviados por Jesus em missão! Certamente aqueles discípulos não imaginavam que dariam conta de realizar uma missão tão grande e de tamanha magnitude!
O texto que antecede o evangelho de hoje (Lc 10,17) fala da alegria destes discípulos ao prestar conta a Jesus, da missão que eles haviam realizado com sucesso! Jesus se alegra, ao constatar que o projeto de Deus começava a se desenvolver através dos pequenos! “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos.”
O testemunho destes discípulos, que se abriram a ação do Espírito Santo, dever retirar de nós, o  receio de dizer sim ao chamado de Deus! 
Como sabemos, a escolha destes 72 discípulos, não caíra sobre homens especiais, e sim, sobre pessoas simples, limitadas, pessoas dotadas de virtudes e defeitos, o que nos mostra a diferença entre os critérios de Deus e os critérios do mundo: o mundo escolhe pessoas capacitadas para exercer cargos, Deus capacita os escolhidos, revestindo-os da sabedoria divina, possibilitando-os a exercer o cargo mais importante de todo o universo: ser um servidor do Reino!
A todo instante, somos chamados a sermos propagadores da Boa Nova Do Reino! Os pequenos, ou seja, os que se esvaziam de si mesmo para se encherem  da graça de Deus, são os primeiros a aceitar o chamado de Deus sem questionar!
Quem se deixa iluminar pela Luz de Cristo, dá testemunho de Jesus em qualquer circunstancia, irradia alegria por onde passa, uma alegria contagiante que não se resume num sentimento superficial, inconsistente, pelo contrário, a alegria de quem se deixa iluminar pela Luz de Cristo, é uma alegria duradora, consistente, de origem Divina que nada assemelha as alegrias momentâneas proporcionadas pelo mundo! 
Quando Deus nos chama para uma missão, o primeiro passo tem que ser nosso, os demais, Deus caminha conosco. 

FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olivia Coutinho
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2º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO-Dehonianos


06/12/2015
02º Domingo do Tempo do Advento - Ano C

ANO C
2º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO
 

Tema do 2º Domingo do Tempo do Advento
Podemos situar o tema deste domingo à volta da missão profética. Ela é um apelo à conversão, à renovação, no sentido de eliminar todos os obstáculos que impedem a chegada do Senhor ao nosso mundo e ao coração dos homens. Esta missão é uma exigência que é feita a todos os baptizados, chamados – neste tempo em especial – a dar testemunho da salvação/libertação que Jesus Cristo veio trazer.
O Evangelho apresenta-nos o profeta João Baptista, que convida os homens a uma transformação total quanto à forma de pensar e de agir, quanto aos valores e às prioridades da vida. Para que Jesus possa caminhar ao encontro de cada homem e apresentar-lhe uma proposta de salvação, é necessário que os corações estejam livres e disponíveis para acolher a Boa Nova do Reino. É esta missão profética que Deus continua, hoje, a confiar-nos.
A primeira leitura sugere que este “caminho” de conversão é um verdadeiro êxodo da terra da escravidão para a terra da felicidade e da liberdade. Durante o percurso, somos convidados a despir-nos de todas as cadeias que nos impedem de acolher a proposta libertadora que Deus nos faz. A leitura convida-nos, ainda, a viver este tempo numa serena alegria, confiantes no Deus que não desiste de nos apresentar uma proposta de salvação, apesar dos nossos erros e dificuldades.
A segunda leitura chama a atenção para o facto de a comunidade se dever preocupar com o anúncio profético e dever manifestar, em concreto, a sua solidariedade para com todos aqueles que fazem sua a causa do Evangelho. Sugere, também, que a comunidade deve dar um verdadeiro testemunho de caridade, banindo as divisões e os conflitos: só assim ela dará testemunho do Senhor que vem.

LEITURA I – Bar 5,1-9
Leitura do Livro de Baruc
Jerusalém, deixa a tua veste de luto e aflição
e reveste para sempre a beleza da glória que vem de Deus.
Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus
e coloca sobre a cabeça o diadema da glória do Eterno.
Deus vai mostrar o teu esplendor
a toda a criatura que há debaixo do céu;
Deus te dará para sempre este nome:
«Paz da justiça e glória da piedade».
Levanta-te, Jerusalém,
sobe ao alto e olha para o Oriente:
vê os teus filhos reunidos desde o Poente ao Nascente,
por ordem do Deus Santo,
felizes por Deus Se ter lembrado deles.
Tinham-te deixado, caminhando a pé, levados pelos inimigos;
mas agora é Deus que os reconduz a ti,
trazidos em triunfo, como filhos de reis.
Deus decidiu abater todos os altos montes e as colinas seculares
e encher os vales, para se aplanar a terra,
a fim de que Israel possa caminhar em segurança,
na glória de Deus.
Também os bosques e todas as árvores aromáticas
darão sombra a Israel, por ordem de Deus,
porque Deus conduzirá Israel na alegria,
à luz da sua glória,
com a misericórdia e a justiça que d’Ele procedem.
AMBIENTE
O “livro de Baruc” é um texto de autor desconhecido, embora se apresente como tendo sido redigido por Baruc, “secretário” de Jeremias, durante o exílio na Babilónia (cf. Bar 1,1-2). No entanto, a crítica interna revela (pelos dados pessoais que não quadram com aquilo que conhecemos de Jeremias, bem como pelo desenvolvimento de ideias e de perspectivas que são claramente posteriores à época do exílio) que é impossível atribuir esta obra ao “secretário” de Jeremias. O mais provável é que seja um texto escrito durante o séc. II a.C. na diáspora judaica. O autor convida os habitantes de Jerusalém a celebrar uma liturgia penitencial e exorta-os à reconciliação com Jahwéh.
O texto que nos é proposto está inserido na 4ª parte do livro, integrado numa exortação e consolação a Jerusalém – muito ao estilo do Deutero-Isaías. Depois de convidar à confissão dos pecados (cf. Bar 1,15-3,8), o autor manifesta a certeza de que Israel, iluminado pela luz da sabedoria, voltará ao “temor de Deus” (cf. Bar 3,9-4,4). Seguir-se-á o perdão; por isso, o profeta convida Jerusalém a ter coragem (cf. Bar 4,5-37) e a alegrar-se com a atitude misericordiosa de Jahwéh, em favor do seu Povo pecador (cf. Bar 5,1-9).
MENSAGEM
O profeta começa por comparar Jerusalém infiel a uma mulher de luto, desanimada e aflita, sem razões para ter esperança. No entanto, a mensagem fundamental deste texto é: “esse tempo de luto terminou; Deus perdoou-te todas as tuas faltas e quer devolver-te a vida e a esperança”. Para dar corpo a essa promessa de um futuro novo, o autor fala do regresso dos “filhos” exilados, utilizando a linguagem do Deutero-Isaías e apresentando esse regresso como um novo êxodo da terra da escravidão (do pecado?) para a Jerusalém nova da justiça e da piedade. Tal acção resulta – apenas – do amor de Deus, sempre disposto a perdoar o afastamento dos filhos rebeldes e a reatar com eles uma história de libertação e de salvação.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão sobre este texto pode fazer-se de acordo com as seguintes coordenadas:
• O Advento é um tempo favorável para o êxodo da terra da escravidão para a terra da liberdade. Neste tempo somos especialmente confrontados com as cadeias que ainda nos prendem e convidados a percorrer esse caminho de regresso que a bondade e a ternura de Deus vão aplanar, a fim de que possamos regressar à cidade nova da alegria e da liberdade. Em termos pessoais, quais são as escravidões que ainda nos prendem e nos impedem de acolher o Senhor que vem?
• As nossas comunidades são, verdadeiramente, oásis de justiça, de fraternidade, de comunhão, de partilha e de serviço? Que falta fazer, a nível comunitário, para acolher o dom de Deus e tornar realidade essa cidade da justiça e da piedade?
• “Vê os teus filhos… estão cheios de alegria porque Deus se lembrou deles” (Bar 5,5). É nesta atmosfera de alegria e de confiança serena na acção salvadora do nosso Deus que somos convidados a viver este tempo de mudança e a preparar a vinda do Senhor às nossas vidas.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 125 (126)
Refrão 1: Grandes maravilhas fez por nós o Senhor:
por isso exultamos de alegria.
Refrão 2: O Senhor fez maravilhas em favor do seu povo.
Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião,
parecia-nos viver um sonho.
Da nossa boca brotavam expressões de alegria
e de nossos lábios cânticos de júbilo.
Diziam então os pagãos:
«O Senhor fez por eles grandes coisas».
Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor,
estamos exultantes de alegria.
Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos,
como as torrentes do deserto.
Os que semeiam em lágrimas
recolhem com alegria.
À ida, vão a chorar,
levando as sementes;
à volta, vêm a cantar,
trazendo os molhos de espigas.

LEITURA II – Filip 1,4-6.8-11
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Irmãos:
Em todas as minhas orações,
peço sempre com alegria por todos vós,
recordando-me da parte que tomastes na causa do Evangelho,
desde o primeiro dia até ao presente.
Tenho plena confiança
de que Aquele que começou em vós tão boa obra
há-de levá-la a bom termo até ao dia de Cristo Jesus.
Deus é testemunha
de que vos amo a todos no coração de Cristo Jesus.
Por isso Lhe peço que a vossa caridade
cresça cada vez mais em ciência e discernimento,
para que possais distinguir o que é melhor
e vos torneis puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo,
na plenitude dos frutos de justiça
que se obtêm por Jesus Cristo,
para louvor e glória de Deus.
AMBIENTE
A Carta aos Filipenses é, talvez, a mais afectuosa das cartas de Paulo. É dirigida a uma comunidade a que Paulo se afeiçoou, que ama Paulo, que o ajuda e que se preocupa com ele.
No momento em que escreve, Paulo está na prisão (em Éfeso?). Dos Filipenses, recebeu dinheiro e o envio de Epafrodito, um membro da comunidade, encarregado de ajudar Paulo em tudo o que fosse necessário. Enviando de volta Epafrodito, Paulo agradece, dá notícias, informa a comunidade sobre a sua própria sorte e exorta os Filipenses à fidelidade ao Evangelho.
O texto da segunda leitura faz parte da “acção de graças” com que Paulo inicia a carta: ele agradece a Deus a fidelidade dos Filipenses e o seu empenho na difusão do Evangelho.
MENSAGEM
Paulo começa por manifestar a sua comoção pelo empenho dos Filipenses na difusão do Evangelho e na ajuda àqueles que se empenham no anúncio da Boa Nova (e de forma especial ao próprio Paulo, prisioneiro por causa do seu testemunho). Paulo sente uma grande ternura por esta comunidade atenta às necessidades dos evangelizadores, solidária com todos os que dão a sua vida à causa do Evangelho.
Depois, Paulo pede a Deus que aumente a caridade dos Filipenses (apesar de ser uma comunidade modelo, nem tudo era perfeito a este nível: Paulo tem que pedir a duas senhoras para fazerem as pazes e não dividirem a comunidade – cf. Flp 4,2-3). A vivência da caridade é fundamental para que os Filipenses possam aguardar, puros e irrepreensíveis, o dia da vinda de Cristo.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão sobre o texto da segunda leitura pode ter em conta os seguintes pontos:
• A essência da Igreja de Jesus é ser missionária. “Ide e anunciai” – diz Jesus. Para que Jesus venha, para que a sua proposta de salvação chegue a todos os povos da terra, é necessário este compromisso contínuo com a evangelização. As nossas comunidades sentem este imperativo missionário? Sentem a necessidade de fazer Jesus nascer para todos os povos? Estão atentas às necessidades e são solidárias com aqueles que dão a sua vida à causa do anúncio de Jesus? É com ternura e carinho que acolhemos os catequistas das crianças, dos jovens, dos adultos da nossa comunidade?
• Só é possível acolher, com um coração puro e irrepreensível, o Senhor que vem se a caridade for, entre nós, uma realidade viva. Mas, frequentemente, a vida das nossas comunidades cristãs é marcada pelas divisões, pelas murmurações, pelas lutas pelo poder, pelas tentativas de manipular, pelos interesses mesquinhos e egoístas, pelas guerras de sacristia… Será possível “esperar com coração puro e irrepreensível o Senhor que vem” num contexto de divisão? Será possível à comunidade ser o espaço onde Jesus nasce, se não se aceitam todas as pessoas e em especial os pequenos e os pobres?
• É possível que a nossa comunidade não seja, ainda, um modelo de perfeição: somos um grupo de irmãos com os nossos limites e defeitos… Sem desânimo, devemos ter presente que somos uma comunidade “a caminho”, em processo de construção. O que é importante é que saibamos acolher o Senhor que vem e deixar que Ele nos conduza à plenitude da vida e do amor.

ALELUIA – Lc 3,4.6
Aleluia. Aleluia.
Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas
e toda a criatura verá a salvação de Deus.

EVANGELHO – Lc 3,1-6
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério,
quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia,
Herodes tetrarca da Galileia,
seu irmão Filipe tetrarca da região da Itureia e Traconítide
e Lisânias tetrarca de Abilene,
no pontificado de Anás e Caifás,
foi dirigida a palavra de Deus
a João, filho de Zacarias, no deserto.
E ele percorreu toda a zona do rio Jordão,
pregando um baptismo de penitência
para a remissão dos pecados,
como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías:
«Uma voz clama no deserto:
‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
Sejam alteados todos os vales
e abatidos os montes e as colinas;
endireitem-se os caminhos tortuosos
e aplanem-se as veredas escarpadas;
e toda a criatura verá a salvação de Deus’».
AMBIENTE
O texto de hoje segue-se imediatamente ao “evangelho da infância”, na versão lucana. Aqui começa, oficialmente, o Evangelho – isto é, o anúncio da Boa Nova de Jesus. Antes de começar a descrever a acção libertadora e salvadora de Jesus no meio dos homens, Lucas vai apresentar João Baptista, o profeta que veio preparar a chegada do Messias de Deus.
MENSAGEM
Lucas, como compete a alguém que “tudo investigou cuidadosamente desde a origem” (Lc 1,3), começa por situar o quadro de João Baptista num determinado enquadramento histórico. Nomeia 7 personagens (desde o imperador Tibério César, até ao sumo sacerdote Caifás), num esforço de situar no tempo os acontecimentos da salvação (estaremos aí pelos anos 27/28). Ele sugere, assim, que esta aventura do Deus que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar um projecto de salvação e de felicidade não é uma lenda, perdida nas brumas do tempo e da memória dos homens… Mas é uma história concreta, com acontecimentos concretos, que podem ser ligados a um determinado momento histórico e a uma terra concreta.
Num segundo momento, Lucas apresenta a figura de João Baptista. Ele é “uma voz que grita no deserto” e que convida a preparar os caminhos do coração para que Jesus, o Messias de Deus, possa ir ao encontro de cada homem. Lucas começa por sugerir que a missão profética de João lhe é confiada por Deus: o chamamento de João é apresentado com as mesmas palavras do chamamento de Jeremias (cf. Jer 1,1, no texto grego), para marcar o carácter profético do seu anúncio. Depois, Lucas situa num espaço geográfico a actividade profética de João: ele prega em “toda a zona do rio Jordão” (Mateus e Marcos, situam-no no deserto)… Trata-se de uma região bastante povoada, sobretudo depois das construções de Herodes e de Arquelau: o anúncio profético de João destina-se aos homens, que são convidados a acolher o Messias que está para fazer a sua aparição no mundo. Finalmente, concretiza-se o âmbito da missão: João “proclama um baptismo de conversão (“baptisma metanoias”), para a remissão dos pecados”… A palavra “metanoias” sugere uma revolução total da mentalidade que leva a uma transformação total da forma de pensar e de agir… Para acolher o Messias que está para chegar, é necessário um processo de conversão que leve a um re-equacionar a vida, as prioridades, os valores; só nos corações verdadeiramente transformados, o Messias encontrará lugar.
O Evangelho de hoje conclui-se com uma citação tomada do Deutero-Isaías (cf. Is 40,3-5), onde serve para anunciar aos exilados na Babilónia a libertação e o regresso a casa, num novo e triunfal êxodo. Lucas sugere, desta forma, que está para chegar a libertação: é necessário, no entanto, que os destinatários do projecto libertador de Deus aceitem percorrer esse caminho, se deixem transformar e acolham “a salvação de Deus”.
ACTUALIZAÇÃO
Elementos para a reflexão e a actualização da Palavra:
• João é o profeta, cujo anúncio prepara o coração dos homens para acolher o Messias. A dimensão profética está sempre presente na comunidade dos baptizados. A todos nós, constituídos profetas pelo baptismo, Deus chama a dar testemunho de que o Senhor vem e a preparar os caminhos por meio dos quais Jesus há-de chegar ao coração do mundo e dos homens.
• Preparar o caminho do Senhor é convidar a uma conversão urgente, que elimine o egoísmo, que destrua os esquemas de injustiça e de opressão, que derrote as cadeias que mantêm os homens prisioneiros do pecado… Preparar o caminho do Senhor é um re-orientar a vida para Deus, de forma a que Deus e os seus valores passem a ocupar o primeiro lugar no nosso coração e nas nossas prioridades de vida.
• Esse processo de conversão é um verdadeiro êxodo, que nos transportará da terra da opressão para a terra nova da liberdade, da graça e da paz. Só quem aceita percorrer esse “caminho” experimentará a “salvação de Deus”.
• A preocupação de Lucas em situar concretamente, no espaço e no tempo, os acontecimentos da salvação chama a atenção aos profetas que anunciam a “vinda do Senhor”, no sentido de encarnar o seu anúncio no contexto cultural e político onde estão inseridos, a ir ao encontro do homem concreto, com a sua linguagem, os seus problemas concretos, as suas ânsias, os seus dramas, sonhos e esperanças. A linguagem com que o profeta anuncia a salvação não pode ser uma linguagem desencarnada, mas tem se ser uma linguagem viva, questionante, interpelativa.

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 2º DOMINGO DO ADVENTO
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 2º Domingo do Advento, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
2. GESTO PARA O INÍCIO DA CELEBRAÇÃO.
Para sublinhar o apelo à conversão, bem presente no Evangelho, pode-se escolher a aspersão como rito penitencial. O cântico de entrada poderá acompanhar também o rito de aspersão com água benzida, em sinal de conversão e penitência.
3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.
No final da primeira leitura:
“Deus de alegria, de justiça e de paz, bendito és Tu, porque nunca Te esqueces. Não esqueceste as tuas promessas, mas realizaste-as plenamente pela missão do teu Filho Jesus, que nos reúne na nova Jerusalém.
Nós Te pedimos: conduz as tuas comunidades na alegria, à luz da tua glória, dá-nos como segurança a tua misericórdia e a tua justiça”.
No final da segunda leitura:
“Pai, nós Te damos graças pela acção que começaste nas nossas comunidades e em cada um de nós, e que Tu continuas fielmente até ao dia de Cristo.
Nós Te pedimos: que o teu Espírito nos guie, para que possamos caminhar sem vacilar até ao dia de Cristo, que Ele nos faça progredir no conhecimento da tua vontade”.
No final do Evangelho:
“Deus fiel, proclamamos a infinita paciência que puseste em acção ao longo dos séculos para preparar a vinda do teu Filho à nossa humanidade. Nós Te damos graças pelo envio dos profetas até João Baptista.
Nós Te pedimos por todas as nossas comunidades: aplanai os caminhos que nos ligam uns aos outros e nos abrem o caminho para Ti”.
4. BILHETE DE EVANGELHO.
No ano 15 do Reino de Tibério, o povo de Israel tinha sido bem posto à prova… Quantos caminhos de ocupação! Quantas ravinas de divisões! Quantas montanhas de incompreensões! João Baptista anuncia um futuro melhor, mas pede que se participe na sua realização: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas… e toda a criatura verá a salvação de Deus”. Assim, João Baptista revela o verdadeiro rosto de Deus que vem salvar a humanidade, mas quer ter necessidade desta humanidade para que ela coopere na sua salvação. E a conversão, que é apelo de Deus, é ao mesmo tempo apelo do homem. O profeta é o enviado de Deus, é o seu porta-voz. João Baptista, o último dos profetas da Antiga Aliança, é ao mesmo tempo o precursor do Salvador, prepara o caminho da sua vinda, convida os homens a preparar o seu coração para acolher Aquele que vem fazer novas todas as coisas, Aquele que vem mudar a paisagem do mundo e, sobretudo, o coração do homem.
5. À ESCUTA DA PALAVRA.
A enumeração é solene. Todos os grandes responsáveis estão em cena: o poder central, com o imperador Tibério e o seu prefeito Pôncio Pilatos; o poder local, com Herodes, Filipe e Lisânias; o poder religioso, com os sumo-sacerdotes Anás e Caifás. Em face deles, um homem semi-nu, sem qualquer poder humano. Um homem que será joguete do poder, João, filho de Zacarias. Três anos mais tarde, um outro homem, semi-nu, em face dos mesmos poderosos, as mãos trespassadas pelos pregos, Jesus, filho de Maria. Que resta dos poderosos de então? Nada, apenas ruínas, recordações dos seus nomes e, mesmo assim, não por causa deles, mas de João e de Jesus, que cruzaram os seus caminhos. Em face, João. Morto, ele também. Mas um dia, a Palavra de Deus foi-lhe dirigida no deserto: “Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas”. Esta voz ressoa nos nossos ouvidos, não já nos desertos de areia, mas no deserto dos nossos corações, muitas vezes demasiado desertos de esperança, de alegria, de amor. Há sempre entre os homens passagens tortuosas que tornam tão difícil a comunhão, montanhas demasiado altas que impedem de nos vermos, ravinas demasiado profundas que impedem a reconciliação e a paz. A voz de João ressoa ainda nos nossos ouvidos, para que a Palavra possa penetrar sempre nos nossos corações. João desapareceu, mas a Palavra, eterna, feita carne, está sempre presente, porque Jesus ressuscitou, está vivo para sempre. Sobre ele a morte não tem mais nenhum poder, nem qualquer outro poder, político, militar, económico e mesmo religioso! Esta Palavra é dada a nós, hoje. Quando deixamos a Palavra iluminar o nosso caminho e comemos o Pão da Vida – as duas mesas da liturgia eucarística – é Jesus vivo que vem endireitar os nossos caminhos, preencher as nossas ravinas interiores. Então, tornamo-nos porta-vozes da Palavra. Vendo-nos, os homens podem pressentir, pelo menos, a salvação de Deus.
6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a Oração Eucarística II. Exprime bem o tema do caminho, da marcha, presente nas leituras.
7. PALAVRAS PARA O CAMINHO…
Na primeira leitura, o profeta anuncia que Deus dará ao seu povo para sempre este nome: “Paz da justiça e glória da piedade”. Ao longo da próxima semana, procurar fazer a paz, construir a paz, fazer nascer a paz, no nosso coração e à nossa volta, procurar pronunciar muitas vezes palavras de paz e de esperança… Diz o salmista: “Da nossa boca brotavam expressões de alegria e de nossos lábios cânticos de júbilo”. Os nossos cânticos são pobres e vazios, se não transfigurarem a nossa vida no quotidiano…
Ajudemo-nos uns aos outros… “Discernir o mais importante” será mais fácil para alguns, em pequena equipa, que saberá partilhar na confiança. É uma maneira de nos ajudarmos uns aos outros a progredir espiritualmente, a prepararmo-nos para viver o Natal de outra maneira. Afinal, à maneira de Jesus!

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org





A cura do paralítico - Dehonianos

07/12/2015

Advento - Segunda Semana - Segunda-feira

Tempo do Advento Segunda Semana - Segunda-feira
Lectio
Primeira leitura: Isaías 3S, 1-10
1 *0 deserto e a terra árida alegrar-se-ão, a estepe exultará e dará flores belas como narcisos. 2Vai cobrir-se de flores e transbordar de júbilo e de alegria. Tem a glória do Líbano, a formosura do monte Carmelo e da planície de Saron. Verão a glória do Senhor, e o esplendor do nosso Deus.3Fortalecei as mãos débeis, robustecei os joelhos vacilantes. 4Dizei aos que têm o coração pusilânime: «Tomai ânimo, não temeist» Eis o vosso Deus, que vem para vos vingar. Deus vem em pessoa retribuir¬vos e salvar-vos. 5Então se abrirão os olhos do cego, os ouvidos do surdo ficarão a ouvir, 6*0 coxo saltará como um veado, e a língua do mudo dará gritos de alegria. Porque as águas jorraram no deserto e as torrentes na estepe. 7A terra queimada mudar-se-e em lago, e as fontes brotarão da terra seca. No covil onde repousavam os chacais, crescerão canas e juncos. 8Haverá ali uma estrada e um caminho que se chamará Via Sagrada. Nenhum impuro passará por ele; é para aqueles que por ele devem andar e os menos espertos não se perderão. 9ali não haverá leões, e nenhum animal feroz por ali passará. Apenas passarão os remidos. 1 DOs que o Senhor libertar é que passarão por ela. Chegarão a Sião entre cânticos de júbilo com a alegria estampada nos seus rostos, transbordando de gozo e de alegria; nos seus corações, não haverá mais tristeza nem aflição.
Isaías oferece-nos hoje um verdadeiro "hino à alegria" pela renovação do cosmos e, sobretudo, do próprio homem. Essa renovação é obra de Deus criador e salvador. Não estamos, pois, diante de uma simples celebração motivada pelo regresso de Babilónia, mas diante de uma proclamação de fé que reconhece na intervenção de Deus a realização dos mais profundos anseios do coração humano.
A alegria contrasta com a aridez do deserto e da estepe. É o contraste entre uma alegria que vem de Deus, que atravessa e vivifica toda a existência, e o sofrimento e a aflição que pesaram sobre o povo durante o exílio. O júbilo fundamenta-se, pois, na intervenção do Senhor, que deu uma volta à história, e que agora guia o seu povo por um caminho seguro. Por isso, até o coxo pode percorrê-lo aos saltos e o mudo pode gritar de alegria.
A beleza poética do texto, à luz do Novo Testamento, torna-se profunda teologia. Deus fez-se nosso próximo e carregou sobre Si as nossas misérias, dando uma volta à história do homem, morrendo por nós, restituindo-nos a vida, a alegria.

Evangelho: Lucas 5, 17-26
17*Certo dia, enquanto Jesus ensinava, estavam ali sentados alguns fariseus e doutores da Lei, que tinham vindo de todas as localidades da Galileia, da Judeia e de Jerusalém; e o poder do Senhor levava-o a realizar curas. 18Apareceram uns homens que traziam um paralítico num catre e procuravam fazê-lo entrar e colocá-lo diante dele. 19*Não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao tecto e, através das telhas, desceram-no com a enxerga, para o meio, em frente de Jesus. 20*Vendo a fé daqueles homens, disse: «Homem, os teus pecados estão perdoados.» 210s doutores da Lei e os fariseus começaram a murmurar, dizendo: «Quem é este que profere blasfémias? Quem pode perdoar pecados, a não ser Deus?» 22Mas Jesus, penetrando nos seus pensamentos, tomou a palavra e disse-lhes: «Que estais a pensar em vossos corações? 23Que é mais fácil dizer: 'Os teus pecados estão perdoados; ou dizer: 'Levanta-te e anda? 24*Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, o poder de perdoar pecados, ordeno-te -disse ao paralítico: Levanta-te, pega na enxerga e vai para tua casa.» 25*No mesmo instante, ergueu-se à vista deles, pegou na enxerga em que jazia e foi para a sua casa, glorificando a Deus. 26Todos ficaram estupefactos e glorificaram a Deus, dizendo cheios de temor: «Hoje vimos maravilhas!»
Jesus surpreendeu os que O rodeavam quando, em vez curar logo o doente que Lhe foi trazido de modo um tanto rocambolesco, lhe dirigiu palavras de perdão: «Homem, os teus pecados estão perdoedos» (v. 20). Mas o próprio texto sugere a razão porque Jesus agiu desse modo: «Vendo a fé daqueles homens ... » (v. 20). É a fé daqueles maqueiros que permite a Jesus falar como fala. Só quem tem fé é capaz de compreender que o maior problema do homem é o pecado, raiz de todos os males que o afligem.
O milagre que Jesus realiza é também uma tentativa de fazer compreender isso mesmo aos doutores da lei e aos fariseus. A sua objecção é teologicamente pertinente, mas também mascara a sua indiferença, a presunção de serem superiores aos outros. Jesus parece-lhes um blasfemo, por se arroga um poder que só a Deus pertence. Mas esse raciocínio interior, e o desafio a Jesus, impedem-nos de ver o verdadeiro mal que aflige aquele homem, e que Deus não é cioso do seu poder de perdoar. Com a chegada do Reino ao mundo, Deus quer instaurar uma praxe profunda e universal de perdão. O perdão que Jesus nos veio trazer (v. 24) é o modelo e a sua fonte dessa praxe, que suscita o espanto e a alegria entre o povo.

Meditatio
É no encontro com Deus que somos salvos. Deus vem salvar-nos, e nós havemos de ir ao seu encontro pelo caminho que Ele mesmo nos prepara: «Haverá ali uma estrada e um caminho que se chamará Via Sagrada ... é para aqueles que por ele devem andar e os menos espertos não se perderão. Apenas passarão os remidos». Mas, para ir ao encontro de alguém, é preciso caminhar. Por isso, as leituras insistem na cura daqueles que não podem caminhar: «o coxo saltará como um veado-; «Levanta-te ... e vai».
O Evangelho dá-nos uma lição de optimismo. São muitos os nossos males, as nossas carências. Mas são exactamente eles que nos levam a buscar o Senhor. Se aquele homem não fosse paralítico, talvez nunca tivesse encontrado a Cristo. Foi a sua limitação que o levou a procurar a Cristo. E Cristo correspondeu ao seu pedido, e ofereceu-lhe muito mais: «Homem, os teus pecados estão perdoedos». Pode surpreender-nos que Jesus tenha, em primeiro lugar, oferecido o perdão dos pecados, àquele que lhe pedia a cura da paralisia. É que o divino Mestre não faz uma leitura superficial dos males da humanidade. Vai ao fundo dos problemas e faz-nos compreender que a mais urgente necessidade é o perdão, pois o pecado é o pior mal, e a raiz de males que afligem a humanidade. O Reino de Deus manifesta-se, em primeiro lugar, como reconciliação do pecador com Deus, como nova possibilidade, oferecida pela graça, para retomar o caminho, depois da paralisia da sua liberdade provocada pela culpa.
Quem não tem fé, continua a pensar que os mais graves problemas da humanidade são outros: a saúde, a economia, a gestão do poder, o subdesenvolvimento, os desequilíbrios ecológicos ... A Palavra de Deus alerta-nos para outra dimensão mais profunda do mal do homem e, ao mesmo tempo, anuncia a salvação. É por isso que o deserto floresce e a estepe árida regurgita de nova vida. 
As nossas Constituições (n. 4) sublinham a sensibilidade teologal do Pe. Dehon.
O seu conhecimento dos males da sociedade não é fruto de simples análise sociológica. Leão Dehon vai mais ao fundo da questão, e dá-se conta de que a causa dos males da sociedade, e da própria Igreja, está no pecado visto como "recusa do amor de Cristo", como "amor não é acolhido". Para o Pe. Dehon, se o pecado, recusa do amor de Deus, é "mal de Deus ... mal do Coração de Jesus", é também "mal do homem". É a fonte dos "males da sociedade ... , a causa profunda" da "miséria humana". Por essa razão é que o Fundador, ao falar aos noviços, chega a afirmar que "a reparação por meio do amor puro é a salvação da Igreja e dos povos, é a solução da actual questão social" (CFL III, 46; 25.07.1888). Esta afirmação, desligada da experiência de vida, e especialmente do intenso apostolado social do Pe. Dehon, pode parecer espiritualismo abstracto. Mas, para o Fundador, ela tinha um sentido muito concreto e real: é a fonte espiritual onde se vão beber os meios concretos, as iniciativas mais adequadas para promover as pessoas, as famílias, os trabalhadores, para realizar a reino da justiça e da caridade (cf. NHV IX, 90-92; OSP 2, 29-69; OSP 3, 197-215). A reparação, por meio do amor, leva-o a comprometer-se no apostolado para eliminar, ou, pelo menos reduzir, o poder do pecado, "mal do homem" e, desse modo, reduzir o "mal de Deus e do Coração de Jesus". 
A "mística" ou "união íntima ao Coração de Cristo", que caracteriza a vida espiritual do Pe. Dehon, é a mesma "mística" que caracteriza o seu apostolado. A dimensão apostólica (oblação pelos homens) é essencial no carisma dehoniano bem entendido (cf. Cst. 5).
A sensibilidade do Pe. Dehon ao pecado como "causa ... profunda" da "miséria humana", tem pouco a ver com a análise do mal-estar social feita por um sociólogo. O Pe. Dehon não se limita às causas próximas e superficiais; vai à "causa mais profunda", a "recusa do amor de Cristo". Por isso, é preciso instaurar o "Seu Reino nas almas e nas sociedades" (Cf. RCJ: OS I, 5).

Oratio 
Senhor, Deus da liberdade e da paz, que no perdão dos pecados me dás o sinal da nova criação, faz com que toda a minha vida, reconciliada no teu amor, se torne louvor e anúncio da tua misericórdia.
Concede-me a graça de me juntar ao louvor e à acção de graças de todos aqueles e aquelas que, ao longo dos séculos, foram perdoados e curados como o paralítiCO de que fala o evangelho de hoje. Uma vez perdoado e curado, concede-me usar de compaixão e de solidariedade com todos os meus irmãos pecadores, para os conduzir a Ti, redentor da humanidade. Assim exercerei uma importante dimensão da minha vocação reparadora. O teu amor e a tua misericórdia farão florescer desertos, e estepes áridas serão irrigadas e tornadas fecundas ... para glória e alegria do teu coração de Pai. Amen.
Contemplatio 
o Coração de Jesus permanecerá sempre para nós o Coração de um amigo, de terno pai, de um esposo. Ele exercerá toda a sua comiseração para com aqueles que recorrerem a Ele com toda a confiança, sejam eles criminosos
como Judas; e Ele não punirá senão os infelizes que obstinadamente recusarem recorrer à sua misericórdia. Para fazer bem esta meditação, basta recordar-se das passagens magníficas nas quais Nosso Senhor proclama a sua misericórdia pelos pecadores: as parábolas tão tocantes do pastor que vai procurar a ovelha transviada no deserto e a traz de volta às costas, da dracma perdida, do filho pródigo e do bom samaritano. Consideremos também a bondade de Jesus em acção, para com os pecadores; Ele perdoa à mulher adúltera e à samaritana, a Madalena, ao ladrão, a S. Pedro.
Jesus e a bondade, são um todo. Jesus é todo coração mesmo pelos pecadores. Antes de proclamar esta misericórdia do seu Coração, Ele coloca-a perante os nossos olhos através de uma acção simbólica. Apresentam-lhe um paralítico. Ele não lhe diz: tu és um pecador, tu não mereces que eu te cure; começa por curá-lo da sua enfermidade espiritual e liberta-o em seguida da sua enfermidade corporal: «Vai, diz-lhe, os teus pecados estão perdoados», e acrescenta: «Toma a tua enxerga e volta para casa». Um momento depois, testemunha aos pobres pecadores, uma bondade, uma condescendência verdadeiramente espantosas. Vive familiarmente com eles, convida-os à sua mesa, e a sua indulgência vai até escandalizar os Fariseus. Estes interpelam os apóstolos e dizem-lhes: «Porque é que o vosso mestre come com os pecadores> Mas Jesus responde-lhes: «O médico não se inquieta com os que estão de saúde, mas sim com os doentes». Jesus tem por nós um coração de amigo e de médico, e não um coração de juiz (Leão Dehon, OSP 2, p. 272s.).

Actio 
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Coragem: Deus vem selver-nos» (cf. Is 35, 4)





 

...como ovelhas sem pastor.-Dhonianos

05/12/2015
Advento - Primeira Semana – Sábado
Tempo do Advento Primeira Semana - Sábado 
Lectio 
Primeira leitura: Is. 30, 19-21.23-26

19Povo de Sião, que habitas em Jerusalém, já não chorarás mais, porque o Senhor terá piedade de ti quando ouvir a tua súplica, e, mal te ouça, logo te responderá. 20Embora o Senhor te dê o pão da angústia e a água da tribulação, já não se esconderá mais o teu mestre. Tu o verás com os teus próprios olhos. 210uvirás atrás de ti esta palavra, quando tiveres de caminhar para a direita ou para a esquerda: «Este é o caminho a seguir.» 
23Então o Senhor te enviará as chuvas para a sementeira que semeares na terra, e o pão que a terra produzir será nutritivo e saboroso. Naquele dia, o teu gado pastará em amplas pastagens. 240s bois e os jumentos que lavrarem a terra comerão uma forragem salgada, remexida com a pá e a forquilha. 25No dia da grande mortandade, em que desabarão as fortalezas, haverá torrentes de água abundante em todas as montanhas e colinas. 26No dia em que o Senhor curar a ferida do seu povo, e tratar da chaga que lhe foi infligida, a lua refulgirá como um sol, e o sol brilhará sete vezes mais. 
o profeta assegura à comunidade reunida em acção culto, depois da tribulação, a eficácia da oração feita ao Senhor. Se souber esperar e confiar, será certamente ouvida. A súplica a Deus não livra de dificuldades. Mas fará experimentar a quem está atribulado a verdade do Deus do êxodo, um Deus atento, presente e actuante em favor do seu povo. 
A comunidade poderá viver na presença do Senhor, que está no meio dela, e que será o seu Mestre. Assim, não se deixará seduzir por falsas sabedorias, como acontecera muitas vezes no passado. O ensino do Senhor não excluirá uma dura disciplina, «o pão da angústia e a água da trtooteção. (v 20), como já aconteceu no deserto. A lei de Deus já não será vista como um peso, uma imposição, mas como uma guia segura no caminho da vida (v. 22) e como experiência de verdadeira libertação e de plenitude, expressa pelas imagens da abundância de pastagens e de água. 
O ensinamento divino levará a verificar como foi útil a correcção divina, que não deixa o povo da aliança nas trevas da falsidade, mas o cura com a luz do seu amor (v. 26).

Evangelho: Mt. 9, 35-10, 1.6-8

Naquele tempo: 35*Jesus percorria as cidades e as aldeias, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades e doenças. 36*Contemplando a multidão, encheu-se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. 37*Disse, então, aos seus discípulos: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe.»l* Depois chamou a Si os doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos malignos e de curar todas as enfermidades e doenças. 
6Ide, primeiramente, às ovelhas perdidas da casa de Israel. 7*Pelo caminho, proclamai que o Reino do Céu está perto. 8Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça. 
Jesus prepara os Doze para a missão, fazendo-os participar da sua compaixão pelas multidões que alimenta e pelos doentes que acolhe e cura, e ensinando-os a rezar para que o Dono da messe mande trabalhadores para a sua messe. Este mandato de oração há-de recordar aos discípulos que não são donos da messe, mas simples trabalhadores que partilham a missão que Jesus recebeu do Pai. Por isso, não devem ser presumidos nem desanimar, porque só o Dono da messe dispõe dos tempos e da fecundidade da missão. 
Depois de escolher os missionários (cf. Mt 10, 2-5), antes de os enviar, Jesus dá¬lhes instruções adequadas. O seu campo de acção deve limitar-se a Israel. Assim é significada a prioridade teológica de Israel enquanto povo da Promessa, que a Igreja deve respeitar. O seu estilo de acção deve ser o de Jesus: generosidade sem medida (v. 8b), em total sintonia com o seu Mestre. São enviados a proclamar a proximidade do reino dos céus (v. 7), a dar sinais concretos (curas, exorcismos: v. 8a) da libertação integral do homem, em nome d ' Aquele que realiza a vinda do reino de Deus à vida da humanidade.
Meditatio 
No mistério da Incarnação, que nos preparamos para celebrar, tornam-se realidade as palavras de Isaías: «já não se esconderá mais o teu mestre. Tu o verás com os teus próprios olho. (v. 20). O Invisível torna-se visível: «quem me vê, vê o Pe», diz Jesus. E tudo muda. Deus que antes falava da nuvem, do trovão. A sua presença era visualizada na nuvem que vinha e ia. Agora, Deus torna-se presente no meio de nós, de modo estável, na pessoa de Jesus, verdadeiro Emanuel, Deus connosco. 
Isaías lembra-nos que a prece dirigida a Deus é sempre ouvida. Jesus ensina¬nos a rezar, não só pelos nossos pequenos interesses, mas pelos interesses do seu coração. Rezamos, não para convencer a Deus, que sempre nos escuta, mas para nos dispormos para o encontro com Ele. Ele quer libertar-nos, renovar para nós as maravilhas do êxodo, fazer-se nosso bom samaritano para nos aliviar os sofrimentos, curar as feridas e reacender a esperança. 
Hoje convida-nos particularmente a pedir ceifeiros para a sua messe. E seu grande interesse é que a messe não se perca por falta de trabalhadores: «Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe. (v. 38). As necessidades da evangelização são enormes, e os recursos humanos das comunidades são geralmente muito escassos. Se soubermos ler a situação com os olhos de Jesus, não desanimaremos, mas sentir-nos-emos motivados a corresponder ao convite do Senhor. Perceberemos que a força da missão cristã não está nos recursos humanos, mas na oração confiante e perseverante, e na fidelidade ao mandato recebido. 


A oração também me ensinará que a missão não é propaganda de ideias e de certos costumes de vida, mas participação no anúncio e na praxe de libertação de Jesus, que torna visíveis no mundo as entranhas de misericórdia de Deus Pai. 
Para o Leão Dehon, e para nós, a actividade missionária assume particular importância (cf. Cst. 33); é um modo privilegiado de viver "o nosso carisma profético" que "nos coloca ao serviço da missão salvífica do Povo de Deus no mundo de hoje (cf. LG 12)" (Cst. 27) e nos insere no "movimento de amor redentor" (Cst. 21) "na missão eclesial", e nos permite, de modo muito especial, "desenvolver as riquezas da nossa vocação" (Cst. 34) de oblatos-reparadores. Por isso, damos a nossa quota-parte no serviço da messe, e estamos todos presentes ao "ministério de evangelização, pelo qual (os missionários) dão aos homens esta prova de amizade: estar no meio deles ao serviço da Boa Nova" (Cst. 33), para que haja Natal no coração de todos os homens e mulheres da terra. 
Oratio 
Senhor Jesus, acende em mim a compaixao do teu Coração diante das multidões, dos que sofrem no corpo ou no espírito, dos que jazem nas trevas ou andam dispersos como ovelhas sem pastor. 
É verdade que todos têm os seus pastores ou chefes políticos. Mas não têm pastores que lhes orientem as almas, que lhes apontem o Bom Pastor e os ajudem a chegar à luz da fé. Na verdade, a messe é grande e os trabalhadores são poucos. Que eu sinta a necessidade e a urgência de viver a dimensão missionária do meu baptismo, e da minha vocação específica, para cooperar na obra de redenção que realizas no coração do mundo. Abençoa o Santo Padre, os Bispos, os Sacerdotes, os Religiosos e os Leigos missionários para que cumpram com generosidade e fidelidade o mando de evangelizar. Concede à tua Igreja muitas e santas vocações missionárias. Amen.
Contemplatio 
Um dos deveres do padre é cultivar as vocações, favorecê-Ias, prepará-Ias. 
Nisto ainda o Coração sacerdotal de Jesus é o seu modelo. 
Jesus desejou e favoreceu as vocações 
E antes de mais, como desejou as vocações! Tinha percorrido as cidades e as aldeias, pregando nas sinagogas e curando os doentes. Tinha visto estas multidões sem educação, sem direcção. Tinha piedade delas. «São como um rebanho sem pastor», dizia. A miséria moral e física deprimia estas multidões. E Jesus dizia aos seus discípulos: «Como a seara é grande! Pedi pois ao Senhor para enviar trabalhadores para a sua seara». 
Ama as crianças, abençoa-as, e a sua bênção faz germinar vocações. 
Chama as crianças, testemunha-lhes amizade. «Deixai-as vir a mim», diz aos apóstolos. 
Um adolescente de boa família vem ter com Ele. Jesus queria fazer dele um apóstolo: «Vai, diz-lhe, vem o que tens e segue-me». O jovem resiste à graça e Jesus entristeceu-se (Mc 10). 
Um menino seguia Nosso Senhor e os apóstolos e levava as suas pequenas provisões. A tradição diz-nos que era Marcial, o apóstolo do Languedoc (Jo 6). 
Um dia, Nosso Senhor pega numa criança: «Eis o vosso modelo, sede simples como crianças». E acrescentava: 


«Quem receber as crianças em meu nome, a mim recebe». 
Que encorajamentos para nós para nos ocuparmos com as crianças, para nos dedicarmos a elas, para procurarmos entre elas as vocações e favorecê-Ias! Um padre que não se interessa pelas vocações tem verdadeiramente o espírito apostólico? (Leão Dehon, OSP 2, p. 567).

Actio 
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Mandai, Senhor, trabalhadores para a vossa messe» 
  

A cura dos dois cegos-Dehonianos

04/12/2015
Advento - Primeira Semana - Sexta-feira
Tempo do Advento Primeira Semana - Sexta-feira

Lectio 
Primeira leitura: Is. 29, 17-24

Assim fala o Senhor Deus:17Dentro de muito pouco tempo, o Líbano converter¬se-e em pomar, e o pomar será como uma floresta.18Nesse dia, os surdos ouvirão as palavras do livro, e, livres da obscuridade e das trevas, os olhos dos cegos verão.190s oprimidos voltarão a alegrar-se no Senhor, e os pobres exultarão no Santo de Israel. 20Foi eliminado o tirano e desapareceu o cínico, e todos os que buscam a iniquidade serão exterminados: 21 *os que acusam de crime os inocentes, os que procuram enganar o juiz, os que por uma coisa de nada condenam os outros. 22Por isso, o Senhor fala aos descendentes de Jacob -Ele que resgatou Abraão: «Daqui em diante, Jacob não será mais envergonhado, o seu rosto não mais ficará corado. 23Quando os seus filhos virem o que Eu fiz por eles, bendirão o meu nome, bendirão o Santo de Jacob e temerão o Deus de Israel. 240s espíritos desencaminhados compreenderão, e os que protestavam, aprenderão a lição.» 
A locução «nesse di~> (v. 18) introduz o anúncio de uma mudança profunda realizada pelo Senhor no seu povo que se tinha deixado perverter, caindo numa situação de cegueira e de incompreensão. Isaías canta essa mudança, essa passagem das trevas à luz, provocada pelas maravilhas que o Senhor realiza, destruindo os projectos escondidos em que o povo incrédulo baseava a sua sabedoria (cf. Is 29, 15). A acção de Deus realiza-se na natureza (v. 17), nas enfermidades físicas (v. 18) e no campo moral e religioso, onde reina a injustiça (vv. 19-21). 
A salvação provoca o júbilo dos «humíldes» (v. 19), isto ~ daqueles que confiam no Senhor e perseveram na espera da salvação que vem dele. Com a alegria dos carenciados e dos últimos, e com o desaparecimento dos violentos, dos cínicos e dos enganadores, a obra do Senhor atinge o vértice, porque nela os crentes reconhecem¬no como o redentor de Abraão e de Jacob: «livres da obscuridade e das trevas, os olhos dos cegos verão» (v. 18).

Evangelho: Mt. 9, 27-31

Naquele tempo: 27*Jesus pôs-se a caminho e seguiram-n 'O dois cegos, gritando: «Filho de David, tem misericórdia de nós» 28Ao chegar a casa, os cegos aproximaram-se dele, e Jesus disse-lhes: «Credes que tenho poder para fazer isso?» Responderam-lhe: «Cremos, Senhor!» 29Então, tocou-lhes nos olhos, dizendo: «Seja-vos feito segundo a vossa fé.» 30E os olhos abriram-se-Ihes. Jesus advertiu-os em tom severo: «Vede lá, que ninguém o saiba.» 31Mas eles, saindo, divulgaram a sua fama por toda aquela terra. 
Um dos sinais da salvação anunciada pelos profetas para indicar o Messias é dar vista aos cegos (cf. Is 29, 18ss; 35, 10). A narrativa da cura dos dois cegos revela a tendência de Mateus para reduzir os elementos descritivos e dar relevo ao tema da autoridade de Jesus e da fé do discípulo ou do miraculado. A fé daquele que procura a cura junto de Jesus manifesta-se, em primeiro lugar, no seguimento (v. 27) e torna-se súplica insistente, confiante. 
Os dois cegos devem entrar em casa para se aproximarem de Jesus, quase a sugerir que, para chegar à luz da fé, é preciso entrar na comunidade dos crentes. Aproximar-se de Jesus é necessariamente entrar em comunhão com a sua Pessoa e escutar a sua Palavra. Jesus faz como que um exame à fé dos cegos, isto é, à confiança que têm no seu poder salvador (v. 28). 
A palavra de cura que Jesus dirige aos cegos é semelhante à que dirigiu ao centurião (Mt 8, 13) e parece estabelecer uma certa proporcionalidade entre a fé e a cura. Mas oferece sobretudo um ensinamento à comunidade para que ultrapasse a necessária prova da fé na oração, reconhecendo que a ajuda concedida é resultado da escuta da súplica de um coração sincero.

Meditatio 
Isaías anunciou para os tempos messiânicos que, «livres da obscuridade e das trevas, os olhos dos cegos verão: Jesus realiza a palavra do profeta curando vários cegos, também os dois de que nos fala o evangelho de hoje. Ao recuperaram a vista, podem contemplar o mundo criado por Deus e as suas belezas. Mas aconteceu neles algo de mais profundo, uma verdadeira transformação, realizada pelo acolhimento da Boa Nova na fé: passaram a ver toda a realidade, e a si mesmos, com olhos novos. Antes de chegarem à fé, tinham uma visão distorcida do mundo, de si mesmos, dos outros e da história. A Boa Nova fê-los darem-se conta da sua cegueira e da necessidade que tinham de ser curados. 
Quem julga ver, permanece cego, permanece no pecado, como lembra João (9, 41). O Evangelho abre-me os olhos, faz-me tomar consciência de que não vejo. Mas, se tenho a dita de me encontrar com o Senhor, se acreditar n ' Ele e invocar a sua misericórdia para a minha cegueira, recebo d ' Ele o dom da vista. É a fé que me abre os olhos, e é a misericórdia de Cristo, isto é, o movimento do seu coração em direcção aos miseráveis, que O leva a fazer o milagre. A liturgia de hoje mostra-nos a relação entre olhos e coração. 
Quando chego à fé, começo a ver, inicialmente de modo algo confuso, mas, depois, cada vez mais claramente, a acção do Senhor na minha história e na dos meus irmãos e irmãs. A fé faz-se descobrir os sinais luminosos das visitas de Deus à minha vida, em todos os seus momentos, mesmo naqueles em que, à primeira vista, só vejo trevas e marcas negativas. 
Como os cegos do evangelho, vejo-me envolvido na compaixão de Cristo, acolhido na sua casa, tocado pela sua mão misericordiosa. Mas o evangelho também me faz ver, de modo diferente os outros e os acontecimentos, e ensina-me a estimar aquilo que o mundo espontaneamente não aprecia: os humildes, os pobres, os oprimidos. 
Lemos nas nossas Constituições: «Sequiosos de intimidade com o Senhor, procuramos os sinais da sua presença na vida dos homens, onde actua o seu amor salvador. Partilhando as nossas alegrias e sofrimentos, Cristo identificou-Se com os pequenos e com os pobres, aos quais anuncia a Boa Nova. ''Em verdade vos digo: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim que o fizestes" (Mt 25,40). "0 Espírito do Senhor está sobre Mim ... enviou-Me para anunciar a Boa Nova aos pobres, a libertação aos cativos, a vista aos cegos, a liberdade aos oprimidos, a proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 4,18-19) (n. 28). 
Este número, que nos orienta de maneira esplêndida, para o apostolado dos "pequenos" e dos "pobres", começa com uma experiência contemplativa: "Sequiosos de intimidade com Senhor". A fé, leva-nos a haurir o amor oblativo na sua fonte, no Coração de Cristo. Por meio da "oração de intimidade", reconhecemos (isto é, fazemos experiência de vida) e cremos (isto é, aderimos com todo o nosso ser) "ao amor que Deus tem por nós" (1 Jo 4, 16). E, se a experiência contemplativa for autêntica, sentimos a necessidade de irradiar este amor entre os irmãos, isto é, de viver "a oração perene" (ou caridade perene), de acordo com a exortação de Jesus: é preciso "rezar (= amar) sempre, sem desfalecer" (Lc 18, 1). É a passagem espontânea da contemplação à acção e o regresso da acção à contemplação, naquele único amor oblativo, que anima tanto a acção como a contemplação. É, pois, um desejo espontâneo de amor, que procura "os sinais da presença" do Senhor "na vida dos homens, onde actua o seu amor" (Cst. 28).

Oratio 
Pai misericordioso, cura o meu coração e ilumina-o pela graça do Espírito Santo. Tu és a luz; e, à tua luz, vemos a luz! 
Senhor Jesus Cristo, luz do mundo, cura a minha cegueira, para que possa contemplar as maravilhas do amor do Pai entre nós. 
Espírito santo, luz dos corações, renova os nossos olhos para compreendermos que não vês como nós vemos, mas o que Deus ama. 
Santíssima Trindade, dá-nos um olhar puro, para que possamos ver-Te, contemplar as tuas obras no nosso mundo e viver como filhos da luz. 
Meu Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, dá-nos um coração cheio do teu amor, um coração aberto aos pobres e aos humildes para que possamos louvar os teus desígnios de amor e de justiça. Amen. 
Contemplatio 
o Coração de Jesus transborda de ternura e de compaixão por todos os que sofrem, por todos os que penam, por todos os que têm fome, por todos os que estão doentes. É um coração de pai, um coração de mãe, um coração de pastor. 
Jesus é o nosso pai como Deus, como Salvador, mas é-o também como Pontífice, como padre. É nosso pastor, é o Bom Pastor por excelência. É o seu coração de padre que sofre quando nós sofremos. 
Mais do que S. Paulo, pode dizer: «Quem de vós está a sofrer sem que eu não esteja também?» (2Cor 11, 29). 
Isaías descreveu-o sob este aspecto: «Fui enviado, diz o Messias, para evangelizar os pobres, para consolar os aflitos, para levantar os que sucumbem sob o peso da fadiga e do sofrimento, para restituir a vista aos cegos e o ouvido aos surdos» (Is 61). 
Nosso Senhor tem o coração todo cheio do sentimento da sua missão. Chama a si todos os que sofrem: «Vinde a mim vós todos os que estais em aflição e Eu vos aliviarei» (Mt 11). 


Ele sabe o que é sofrer, conheceu o exílio, a perseguição, a fome; tem sempre diante dos olhos os grandes sofrimentos que lhe estão reservados para o fim da sua vida. 
Assim deve ser o padre. Deve procurar aqueles que sofrem, visitá-los, consolá¬los. Se não os pode curar, pode consolá-los, encorajá-los à paciência; pode dar-lhes um conselho de higiene e oferecer-lhe remédios. Deve estar para eles mais do que para os que têm saúde. (Leão Dehon, OSP 2, p. 564).


Actio 
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Filho de David, tem misericórdia de nos» 
  

Nem todo o que me diz: 'Senhor, Senhor'...-Dhonianos

03/12/2015
Advento - Primeira Semana - Quinta-feira

Tempo do Advento Primeira Semana - Quinta-feira 
Lectio 
Primeira leitura: Is. 26, 1-6

1Naquele dia será cantado este cântico na terra de Judá: «Temos uma cidade forte. Para a defender, o Senhor ergueu muralhas e baluartes. 2Abri as portas, para que entre um povo justo, que cumpre com os seus compromissos, 3que tem carácter firme e conserva a paz, porque põe a sua confiança em Deus. 4Confiai sempre no Senhor, porque o Senhor é a rocha perene: 5abateu os habitante das alturas e a cidade soberba; humilhou-a, derrubou-a por terra, reduziu-a a pó. 6E1a é calcada pelos pés dos humildes, pelos pés dos pobres.» 
Isaías apresenta um hino de acção de graças pela ajuda do Senhor que faz de Jerusalém uma cidade forte, em oposição a Babilónia. 
O hino é entoado pelos habitantes da cidade, que precisa de ser reconstruída e de muros que lhe garantam a segurança. Mas esses muros podem tornar-se uma defesa do bem-estar próprio, uma barreira contra os humildes. Por isso, é que o profeta convida a abrir as portas da cidade, para que os seus habitantes não se fechem nas suas próprias seguranças, mas estejam abertos ao mundo. Assim, a cidade tomar-se-é refúgio para outros, chamados «povo justo. (v. 2). A expressão sugere que os habitantes da cidade não são justos, nem fiéis. Mas, abrindo-se aos outros, aos pobres, pode encontrar a salvação.

Evangelho: Mt. 7, 21.24-27

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 21 *«Nem todo o que me diz: 'Senhor, Senhor' entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu. 24*«Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. 26Porém, todo aquele que escuta estas minhas palavras e não as põe em prática poderá comparar-se ao insensato que edificou a sua casa sobre a areia. 27Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se, e grande foi a sua ruína.» 
As imagens antitéticas do homem prudente e do insensato, e o diferente resultado do modo de agir de um e de outro correspondem às fórmulas da aliança de Deus com Israel que se concluem com as bênçãos e com as maldições. Tais bênçãos e maldições dependem da consistência do agir humano e do fundamento sobre que se apoiam. É certamente mais custoso construir sobre a rocha (v. 24) do que construir sobre a areia. Mas, a casa construída sobre a rocha é sólida e resiste aos temporais e às enxurradas, enquanto a que é construída sobre a areia facilmente se desmorona e 


cai em ruínas. A qualidade do fundamento é, pois, decisiva. A Palavra é o fundamento imperecível para apoiar as nossas obras e a nossa vida. Não são as emoções fáceis resultantes de milagres ou de manifestações espectaculares que dão fundamento seguro à nossa vida e à nossa realização pessoal, mas a obediência filial à vontade de Deus: «Nem todo o que me diz: 'Senhor, Senhor' entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no CéLP> (v. 21).

Meditatio 
o Advento é tempo de viver mais intensamente a esperança e de crescer na confiança, porque Deus prometeu e vem efectivamente salvar-nos. «Temos uma cidade forte ... o Senhor protege-nos, constrói para nós a paz ... é preciso pôr a nossa confiança no Senhor, porque Ele é a rocha segura ... É melhor refugiar-se no Senhor do que confiar no homem ... Abri-me as portas da justiça: quero entrar e dar graças ao Senhor». Estes são alguns dos gritos de confiança, que escutamos durante o advento, que nos dão coragem e criam à nossa volta uma atmosfera de tranquilidade e de segurança. 
O evangelho diz-nos qual é o verdadeiro fundamento do discipulado e da nossa confiança. Não são as coisas extraordinárias - os exorcismos, as curas, os milagres - mas na Palavra devidamente escutada e posta em prática. Não é suficiente dizer «Senhor; Senhor» para ser verdadeiro discípulo. É preciso obedecer à Palavra do Senhor encarnada na vida. Também não posso fundamentar a minha vida no excepcional. no aparente ou na vaidade das minhas realizações efémeras. Com isso só mascaro a inconsistência da minha vida, esquecendo-me de que, mesmo os mais pequenos gestos de bem, que eu possa realizar, são dom da graça, que exigem humildade e reconhecimento. E, se repentinamente me vejo confrontado com a minha fragilidade, deixo-me tomar pelo terror e pelo desespero, como quando cai uma casa, porque verifico que não tenho morada na «cidade torte-, habitada exclusivamente por «um povo justo, que cumpre com os seus compromissos» e fundamenta a sua existência no Senhor, rocha eterna. 
Diferente será a minha sorte, se apoiar a minha vida na Palavra do Senhor. Ela será para mim solidez e protecção. Talvez até possa esquecer as minhas boas obras, afastando-me de qualquer forma de auto complacência. Então, hei-de experimentar o que escreve o livro do Apocalipse: «Depois, ouvi uma voz que vinha do céu e me dizia: 
Descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanham» (cf. Apoc 14, 13). Quem se gloria unicamente na bondade do Senhor, vê abrirem-se-lhe as portas da «cidade torte-. E poderá entrar no Reino do Filho muito amado do Pai. 
O Advento é tempo de Maria. Ela é, para nós, modelo de esperança e de confiança em Deus. Ela ensina-nos a fundamentar a nossa vida na Palavra. A nossa preparação para o Natal deve acontecer em união com Maria. Escreve João Paulo II: 
"Maria apareceu cheia de Cristo no horizonte da história da salvação" (RM 3). "Na noite da espera, Maria é a estrela da manhã", é "a aurora" que anuncia o dia, o surgir do sol. Maria é espera cheia de esperança e amorosa confiança. É Ela que nos traz Jesus, a Palavra, o Verbo de Deus feito carne, sobre o Qual havemos de fundamentar a nossa vida: "Quem ouve as minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha ... " (Mt 7, 24). "Rocha", "Rochedo" são imagens típicas de Deus que exprimem solidez, segurança: "Deus é a rocha da minha defesa ... " (SI 62(61), 3): "Vós sois, meu Deus, a rocha da minha salvação ... " (SI 89(88), 27).

Oratio 


Ó Maria, Senhora da esperança, Senhora do Advento, ensina-me a acolher Jesus, a Palavra feita carne. Ajuda-me a fundamentar n ' Ele a minha vida e as minhas obras, para que sejam consistentes e seguras perante as investidas do naturalismo, do materialismo, do hedonismo e da sensualidade. Que o teu exemplo seja luz para os meus caminhos. Que eu jamais construa sobre as areias movediças de projectos que não tenham em conta o projecto do Pai. Que, como Tu, saiba pôr de parte os meus projectos para generosamente entrar nos projectos de Deus. Que jamais me deixe iludir por palavras que não levem à obediência amorosa e alegre à vontade do Pai. 
Senhora do Advento, apresenta ao Pai o meu coração arrependido e humilhado por tantas vezes ter querido mais aparecer do que ser. Com a tua ajuda, quero tornar¬me membro vivo do povo do Senhor e caminhar na humildade e na justiça, para encontrar morada na cidade santa de Deus. Amen.

Contemplatio 
Nosso Senhor não escolheu para seus apóstolos senão homens simples, pobres na sua maior parte, se bem que alguns fossem de estirpe real, mas cheios de boa vontade e de amor pelo seu Mestre. 
Mais tarde, chamará os ricos e os sábios; encontrará grandes e nobres em Roma, em Atenas, em Constantinopla; encontrará homens de ciência e de eloquência, como os Agostinhos, os Crisóstomos, os Tomás de Aquino; encontrará homens cujas obras poderão levantar o esplendor do seu nome e do seu culto; mas, no princípio, Ele não quer senão homens simples e de condição modesta. Se Ele tivesse chamado primeiro ricos e sábios, estes teriam julgado trazer a Nosso Senhor alguma coisa de grande, teriam querido agir pelas suas próprias forças, e, fiando-se da sua riqueza e da sua ciência, teriam construído a meias sobre a areia, em vez de construir unicamente sobre o fundamento do Coração de Jesus. 
Não tenhamos medo de admitir nas nossas escolas apostólicas crianças simples e pobres, desde que tenham coração, isto é, boa vontade e amor. 
Admiremos também a bondade incomparável de Nosso Senhor pelos seus apóstolos. Que admirável paciência para os suportar! Que doçura! Que ternura! Abraça-os, chama-os amigos, seus filhos, eles tão imperfeitos! Vai mesmo ao ponto de os louvar. Esquece-se por eles. Assim devem fazer os apóstolos do Sagrado Coração pelos seus discípulos. Que eles amem como o Sagrado Coração e como o apóstolo do Sagrado Coração! (Leão Dehon, OSP 2, p. 256s.)


Actio 
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: 
«Quem escuta estas minhas palavras e as põe em prática 
é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha »( cf. Mt 7, 
24).