quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Este é João Batista-Dehonianos

2 Fevereiro 2018
Tempo Comum – Anos Pares
IV Semana – Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura: Sir 47, 2-13
2Assim como a gordura da vítima se separa da carne, assim David foi separado dentre os filhos de Israel. 3Brincou com os leões, como se fossem cabritos, e tratou os ursos como cordeirinhos. 4Não foi ele quem, na sua mocidade, matou o gigante e tirou o opróbrio do seu povo, levantando a mão, com a pedra da sua funda e abatendo a arrogância de Golias? 5Invocou, na realidade, o Senhor Altíssimo, o qual deu à sua dextra força para derrubar o temível guerreiro e, assim, exaltar o poder do seu povo. 6Também foi celebrado por causa da morte dos dez mil homens; tornou-se ilustre com as bênçãos do Senhor e foi-lhe oferecida uma coroa de glória. 7Porque desbaratou os inimigos de todas as partes e exterminou os filisteus, seus adversários, destruindo, até ao dia de hoje, o seu poder. 8Em todas as suas obras, deu graças ao Santo, ao Altíssimo com palavras de louvor. Com todo o seu coração cantou hinos e amou aquele que o tinha criado. 9Estabeleceu cantores diante do altar entoando, com as suas vozes, doces melodias, dia a dia louvando-o com seus cantos. 10Deu esplendor às festividades, brilho perfeito aos dias solenes, para que louvassem o santo nome do Senhor e fizessem ressoar o santuário desde a aurora. 11O Senhor perdoou-lhe os seus pecados, engrandeceu o seu poder para sempre e assegurou-lhe, por sua aliança, a realeza e um trono de glória em Israel. 12Depois, sucedeu-lhe seu filho, cheio de sabedoria; por amor dele, teve um vasto e pacífico reino. 13Salomão reinou em dias de paz. Deus circundou-o de tranquilidade, para que levantasse um templo ao seu nome e lhe preparasse um santuário eterno.
O livro de Bem Sirá foi provavelmente composto no começo do século II a. C. Trata-se de um livro sapiencial que, na última parte, mostra como a Sabedoria de Deus se realizou na história de Israel. O nosso texto fala-nos do cuidado e predilecção com que David foi eleito por Deus (cf. 1 Sam 16, 4-13).
A força e a bravura de David tornaram-se lendárias: para ele, os leões eram como cabritos e os ursos como cordeiros. Enfrentou Golias e abateu a arrogância dos filisteus com a sua funda de pastor, retirando a afronta do povo de Israel (1 Sam 17).
A grandeza de David consistiu em submeter-se ao Senhor e invocar a sua protecção: «Invocou, na realidade, o Senhor Altíssimo, o qual deu à sua dextra força para derrubar o temível guerreiro e, assim, exaltar o poder do seu povo (v. 5)… Estabeleceu cantores diante do altar» (v. 9).
Foi a fidelidade de David, e não a sua força de guerreiro, que lhe alcançou o perdão dos pecados, o trono de Israel (v. 11) e a descendência messiânica, fazendo dele o rei ideal.
Evangelho: Mc 6, 14-29
14Naquele tempo, o rei Herodes ouviu falar de Jesus, pois o seu nome se tornara célebre; e dizia-se: «Este é João Baptista, que ressuscitou de entre os mortos e, por isso, manifesta-se nele o poder de fazer milagres»; 15outros diziam: «É Elias»; outros afirmavam: «É um profeta como um dos outros profetas.» 16Mas Herodes, ouvindo isto, dizia: «É João, a quem eu degolei, que ressuscitou.»
17Na verdade, tinha sido Herodes quem mandara prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara. 18Porque João dizia a Herodes: «Não te é lícito ter contigo a mulher do teu irmão.» 19Herodíade tinha-lhe rancor e queria dar-lhe a morte, mas não podia, 20porque Herodes temia João e, sabendo que era homem justo e santo, protegia-o; quando o ouvia, ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. 21Mas chegou o dia oportuno, quando Herodes, pelo seu aniversário, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e aos principais da Galileia. 22Tendo entrado e dançado, a filha de Herodíade agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to darei.» 23E acrescentou, jurando: «Dar-te-ei tudo o que me pedires, nem que seja metade do meu reino.» 24Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?» A mãe respondeu: «A cabeça de João Baptista.» 25Voltando a entrar apressadamente, fez o seu pedido ao rei, dizendo: «Quero que me dês imediatamente, num prato, a cabeça de João Baptista.» 26O rei ficou desolado; mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar. 27Sem demora, mandou um guarda com a ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi e decapitou-o na prisão; 28depois, trouxe a cabeça num prato e entregou-a à jovem, que a deu à mãe. 29Tendo conhecimento disto, os discípulos de João foram buscar o seu corpo e depositaram-no num sepulcro.
Flávio José diz-nos que Herodes Antipas, temendo possíveis desordens políticas desencadeadas pelo movimento de João Baptista, prendeu o profeta em Maqueronte, onde o mandou executar. O relato de Marcos, mais subjectivo, e menos exacto, levou a ver João Baptista apenas como vítima da vingança de uma mulher irritada.
O segundo evangelho apresenta-nos Herodes que, atormentado pelos remorsos, julga reconhecer em Jesus o profeta que mandara matar (v. 16). E assim começa a narrativa do martírio de João, mais longa que a de Mateus ou a de Lucas: prisão, acusação, denúncia corajosa do rei pelo profeta (vv. 18-20), trama de Herodíades que usa Salomé, fraqueza de Herodes, sentença de morte e execução da mesma (vv. 26-28). Mas o remorso persegue o rei. O relato termina com um toque de piedade: o corpo do profeta é entregue aos discípulos que lhe dão sepultura (v. 29).
Esta narrativa popular realça a atitude ridícula de Herodes, por um lado, escravo das suas paixões, e, por outro, interessado na figura austera de João Baptista. Para Marcos, o martírio de João, e a liquidação do seu movimento, indica que a comunidade cristã, criada por Jesus, era completamente nova, ainda que conservasse a memória veneranda do maior de todos os profetas.
Meditatio
Para Ben Sirá, a grandeza de um homem mede-se pela sua coragem e fidelidade à Lei do Senhor. Neste sentido, as figuras de David e de João Baptista aproximam-se. Ambos são corajosos: David vence os inimigos, especialmente Golias, e vence a si mesmo quando reconhece o seu pecado. João Baptista enfrenta Herodes, denunciando a situação de pecado em que o rei se encontra. David mantém-se fiel ao Senhor, mesmo nas provações; João Baptista, fiel à sua missão profética, enfrenta a prisão e a morte.
Também Jesus juntou em si a coragem e a piedade. Manifestou a sua coragem, não matando os outros, como David, mas deixando-se matar, como João Baptista. Assim se tornou o «cordeiro de Deus».
Na última Ceia, à oferta de si mesmo, Jesus acrescentou a acção de graças. Ofereceu a sua vida num movimento de acção de graças. Na Eucaristia, a acção de graças, o dom da vida, a morte sacrificial e a glorificação de Deus estão de tal modo un
idos que não se distinguem.
Como cristãos, e como religiosos dehonianos, somos educados nesta escola. Em Cristo, também a nossa oferta se torna sacrifício e acção de graças ao Pai: «O culto eucarístico torna-nos atentos ao amor e à fidelidade do Senhor» (Cst 84), estimulando a nossa própria fidelidade e a coragem necessária para a realizarmos a nossa missão, mesmo com sacrifício, mesmo que tenhamos de enfrentar a morte. A oblação pode chegar à imolação.
A fé é um dom ao mesmo tempo frágil e pesado. É frágil porque é preciso pouco para a sufocar em nós; é pesado porque implica uma mudança radical dos nossos critérios e de toda a nossa vida. Crer tem consequências que não podemos ignorar ou escamotear. Ao dom da fé só podemos responder com o dom de nós mesmos, até ao ponto que a nossa fidelidade a Deus e à missão que nos confia exigirem. Por isso, pode ser um dom pesado. Mas o termo pesado, em hebraico, tem a mesma raiz que o termo glória. A glória do Senhor que acolhe David e João Baptista, é a contrapartida de um «peso» levado com alegria, porque é «um jugo suave e a carga leve» (cf. Mt 11, 30).
Oratio
Senhor, confirma a minha fé e a minha fidelidade. Dá-me a coragem e a fortaleza de João Baptista para dar testemunho de Ti diante do mundo, que pretende ignorar-Te e caminhar fora da tua Lei. Que, perante as dificuldades e as oposições, saiba manter-me coerente e fiel à tua vontade. Que, diante da fraqueza dos Herodes, do oportunismo das Herodíades, e da superficialidade das Salomés, saiba manter-me do lado de João Baptista, do lado da vida. Que não dê mais valor à minha cabeça do que à tua palavra de vida. Amen.
Contemplatio
Que energia neste adolescente! A força de alma é o seu carácter próprio. Não é uma cana, é um carvalho ou um cedro: «Aquele que fostes ver ao deserto, diz o Salvador, não é uma cana agitada pelo vento em todos os sentidos». Não é um homem inconstante, ligeiro, frívolo, hoje cheio de ardor pela verdade e pelo bem, e amanhã inclinado do lado oposto pelo sopro da opinião ou da paixão.
É um homem grave, sério e firme, que compreendeu, quis, e que permanece imutavelmente agarrado à sua convicção e à sua resolução.
«Não é um homem molemente vestido», um homem sensual, amigo dos salões e dos lugares de prazeres; é o maior dos filhos nascidos da mulher. – Desde os dias de João Baptista, o Reino dos céus é tomado de assalto; os bravos arrebatam-no» (Mt 11).
Jesus faz-se o panegirista da força de alma de João Baptista. Que lição de energia nos dão os dois! As grandes obras, os grandes empreendimentos e o reino dos céus não são para as canas, mas para os cedros. A energia e o carácter temperam-se na vida austera, no hábito de se vencer a si mesmo, no desapego do mundo, das suas vaidades e da sua moleza. O Coração de Jesus e o de João Baptista foram mais fortes do que a morte.
É este o caminho que segui até aqui? Que é que tenho de fazer para superar a corrente de uma vida mole e tíbia? Não é preciso bruscamente romper com um hábito ou uma relação?
E pelas almas para as quais tenho uma missão de educação, que fiz até ao presente? Formei-as para a obediência, para a austeridade, para o sacrifício? Tomarei conta das suas vidas como da minha (Leão Dehon, OSP 3, p. 208).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Em tudo deu graças ao Altíssimo» (cf. Sir 47, 8).
| Fernando Fonseca, scj |


E Jesus começou a enviá-los dois a dois-Dehonianos

1 Fevereiro 2018
IV Semana – Quinta-feira -Tempo Comum – Anos Pares
Lectio
Primeira leitura: 1 Reis 2, 1-4.10-12
1Ao aproximar-se o dia da sua morte, David deu a seu filho Salomão as ordens seguintes: 2«Eu avanço pelo caminho por onde vai toda a gente; tem coragem e sê um homem! 3Observa os mandamentos do Senhor, teu Deus, andando nos seus caminhos, guardando as suas leis, seus preceitos, seus costumes e exigências, conforme está escrito na Lei de Moisés; assim terás êxito em todos os teus planos e acções. 4Assim o Senhor fará cumprir a sua palavra que me dirigiu quando disse: ‘Se os teus filhos velarem pela sua conduta e andarem na minha presença com lealdade, com todo o seu coração e toda a sua alma, então sim, jamais algum dos teus filhos deixará de se sentar sobre o trono de Israel.’
10David morreu, juntando-se a seus pais e foi sepultado na cidade de David. 11A duração do reinado de David sobre Israel foi de quarenta anos. Em Hebron reinou sete anos e em Jerusalém trinta e três. 12Salomão sentou-se no trono de David, seu pai, e o seu reinado consolidou-se enormemente.
Tal como os patriarcas e os grandes chefes de Israel, David, ao ver aproximar-se a morte, reúne os seus filhos para lhes ditar as últimas vontades e pronunciar sobre eles a bênção final (Gn 49; Dt 33; Jos 23-34; 1 Sam 12). Apesar dos seus erros e pecados, David «seguiu os caminhos do Senhor» e pôde juntar-se aos seus pais, de acordo com as expressões do Deuteronómio de dos livros históricos (v. 10). A escola deuteronomista deu forma literária ao testamento de David e deixou nele sinais da sua teologia. A permanência de Salomão no trono fica condicionada à observância dos mandamentos e preceitos da Lei de Moisés, enquanto na formulação da profecia de Natan não havia quaisquer condições (cf. 2 Sam 7, 14-16). Deduz-se, por isso, que o nosso texto foi composto durante o exílio e constitui um chamamento implícito à conversão. Os desterrados deviam saber que a restauração da monarquia, e a continuidade dinástica estavam condicionadas ao cumprimento das cláusulas da Aliança.
Evangelho: Mc 6, 7-13
7Naquele Tempo, Jesus chamou os Doze e começou a enviá-los dois a dois e deu-lhes poder sobre os espíritos malignos. 8Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser um cajado: nem pão, nem alforge, nem dinheiro no cinto; 9que fossem calçados com sandálias e não levassem duas túnicas. 10E disse-lhes também: «Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela até partirdes dali. 11E se não fordes recebidos numa localidade, se os seus habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles.» 12Eles partiram e pregavam o arrependimento, 13expulsavam numerosos demónios, ungiam com óleo muitos doentes e curavam-nos.
A proclamação do reino não se faz de modo ocasional. Jesus cria uma «instituição» que põe em movimento e planifica o anúncio da Boa Nova. São os Doze que, depois da visita a Nazaré, Jesus envia em missão, dando-lhes os seus próprios poderes (cf. v. 7).
Distinguimos no texto três momentos: no primeiro, Jesus dá orientações quanto ao estilo de vida dos missionários: não devem levar provisões, mas confiar na generosidade daqueles a quem se dirigem; no segundo, define o método de pregação: deter-se em casa de quem os acolhe, mas abandonar sem lamentações as daqueles que os não recebam; o terceiro momento é o da execução: os discípulos partem, pregam a conversão, fazem exorcismos e curas com sucesso (vv. 12s.).
Contentar-se com o essencial da vida, que se apoia na absoluta confiança no Senhor, é condição indispensável para estar ao serviço da Palavra. Isto tem a ver com cada um dos missionários, mas também com a própria Igreja que, não só há-de ser Igreja dos pobres, mas também Igreja pobre.
Meditatio
David, antes de dar ao filho Salomão orientações sobre o modo de tratar os inimigos do reino, recomenda-lhe a obediência fiel aos preceitos da Lei, única condição para o sucesso de qualquer empresa em que se venha a meter.
Num mundo que pretende organizar-se como se Deus não existisse, os crentes hão-de fazer-se eco desta advertência de David a Salomão. Num mundo de abundância, é fácil, para os próprios crentes, esquecer-se do essencial. A pressão dos media também pode levar-nos a orientar a nossa vida pelos lugares comuns em voga, ou a deixar-nos guiar por sondagens televisivas, quando ordenamos a nossa escala de valores.
Bem diferentes são os parâmetros propostos pelas leituras de hoje. Escutámos as recomendações de David a Salomão. Mas também Jesus, no evangelho, manda aos discípulos dispensar coisas que nos parecem indispensáveis. Nas suas viagens missionárias não hão-de levar «nem pão, nem alforge, nem dinheiro no cinto». Podem ir «calçados com sandálias» mas não devem levar «duas túnicas» (cf. Mc 6, 8-9).
É verdade que precisamos de alimentação e de umas tantas coisas para sobrevivermos. É verdade que a saúde, a família e o trabalho são importantes. Mas nada disso se há-de sobrepor a Deus. Nada disso se há-de sobrepor ao Reino e à missão que nele nos é confiada. Nada disso é condição indispensável para ser discípulos do Senhor ou para O servir. Em vez de nos desculparmos com essas necessidades e com esses valores para não nos comprometermos no voluntariado, para não darmos o devido tempo à oração, para não nos dedicarmos o tempo ao serviço dos irmãos e ao apostolado, procuremos primeiro a palavra do Senhor, e tudo o resto virá por acréscimo.
O valor do homem não está em "ter" muito, mas no "ser", e o "ser" do homem é tanto mais perfeito quanto mais experimenta que «só Deus basta» e vive na sua intimidade: "Procurai primeiro o Reino dos Céus e tudo o resto vos será dado por acréscimo" (Mt 6, 33).
Este ensinamento de Jesus torna-se eficaz quando é testemunhado com a vida, quando um cristão demonstra, com a sua existência, que se torna cada vez mais pessoa humana, prescindindo de tantos bens, que os homens consideram indispensáveis. Se esse cristão for também religioso e missionário, o absoluto de Deus, o desapego dos bens e a confiança na Providência divina, não só devem ser realidades, mas também aparecer como tais aos olhos dos outros cristãos. Se assim não for, o religioso, o missionário, podem tornar-se contra-testemunho.
E também não basta o testemunho pessoal deste ou daquele religioso, deste ou daquele missionário. É indispensável o testemunho comunitário, o testemunho das próprias comunidades eclesiais.
Oratio
Senhor, quando devo partir em missão, faço uma lista de muitas coisas a levar, porque as julgo nec
essárias. Hoje, Tu confundes-me, apresentando-me uma lista… do que não devo levar. Eu sei que não me queres desmazelado, mas apenas ensinar-me que não devo preocupar-me com demasiadas coisas… para não esquecer a confiança em Ti. Além disso, se aqueles a quem me envias me vissem excessivamente preocupado comigo mesmo, a minha pregação seria um contra-testemunho. Se me vissem utilizar meios poderosos, poderia tornar-se menos visível o poder da tua graça. Por isso, Te peço: afasta de mim a tentação de pôr a segurança da minha vida e o êxito da minha missão nas coisas ou nos meios a utilizar. Que eu me abra a Ti com um coração cada vez mais livre. Amen.
Contemplatio
Nosso Senhor indica aos apóstolos três condições requeridas para o sucesso da sua missão. A primeira é o espírito de desinteresse. «Recebestes gratuitamente, dai gratuitamente». Que os vossos ouvintes vejam que não é por ganho, mas pela salvação das almas e pela felicidade dos homens que trabalhais.
A segunda é o desapego das coisas da terra e o amor da santa pobreza: «Não leveis convosco nem ouro nem provisões».
A terceira é a mais inteira confiança nos cuidados e na protecção da divina Providência: «O trabalhador tem direito ao seu alimento».
Estas condições são ainda hoje as do sucesso.
Nosso Senhor previne depois os seus discípulos contra as perseguições que virão, e é para o ministério apostólico do futuro que os instrui, porque as perseguições não deviam surgir para eles senão depois do Pentecostes. «Envio-vos, diz-lhes, como cordeiros para o meio de lobos. Sede simples como as pombas, pela vossa doçura e pela vossa caridade, mas também sede prudentes como serpentes para evitardes as armadilhas que vos serão armadas… Não vos inquieteis com o que tereis de responder, se vos conduzirem diante dos juízes, o Espírito Santo assistir-vos-á… Não enfrenteis temerariamente a perseguição, fugi antes para outra cidade… As perseguições não devem, aliás, assustar-vos, elas hão-de preparar-vos uma recompensa incomparável. Quem perseverar será salvo, e em recompensa de sofrimentos passageiros, receberá a eterna felicidade dos céus e um peso imenso de glória (Leão Dehon, OSP 4, p. 267s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Procurai primeiro o Reino dos Céus e tudo o resto vos será dado por acréscimo» (Mt 6, 33).
| Fernando Fonseca, scj |


5o Domingo do Tempo Comum-Jorge Lorente

Evangelhos Dominicais Comentados

04/fevereiro/2018  --  5o Domingo do Tempo Comum

Evangelho: (Mc 1, 29-39)

Jesus saiu da sinagoga e foi para a casa de Simão e André, junto com Tiago e João. A sogra de Simão estava de cama, com febre, e logo eles contaram isso a Jesus. Jesus foi aonde ela estava, segurou sua mão e ajudou-a a se levantar. Então a febre deixou a mulher, e ela começou a servi-los. À tarde, depois do pôr-do-sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que estavam possuídos pelo demônio. A cidade inteira se reuniu na frente da casa. Jesus curou muitas pessoas de vários tipos de doença e expulsou muitos demônios. Os demônios sabiam quem era Jesus, e por isso Jesus não deixava que eles falassem. De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. Simão e seus companheiros foram atrás de Jesus e, quando o encontraram, disseram: «Todos estão te procurando.» Jesus respondeu: «Vamos para outros lugares, às aldeias da redondeza. Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim.» E Jesus andava por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas e expulsando os demônios.

COMENTÁRIO

Neste Evangelho, mais uma vez, Jesus nos mostra a sua ação libertadora. Onde está Jesus, lá está a felicidade, lá está a alegria. Sua presença modifica o ambiente, tudo muda. Com Jesus ao nosso lado, sentimo-nos fortes e protegidos.

Jesus sai da sinagoga, entra na casa de seu amigo e cura a sogra de Pedro que estava acamada, com febre. Aquela que estava doente foi curada e, para demonstrar sua alegria e gratidão, imediatamente começou a servi-los.

Quantos exemplos nós encontramos no Evangelho de hoje. Mostra que a oração está presente na vida de Jesus. Marcos inicia mostrando Jesus saindo da sinagoga, onde, certamente, estava ensinando e orando. Jesus quer nos mostrar que, também ele, encontra forças na oração para cumprir sua missão.
 
Observe que Jesus não foi sozinho à sinagoga. Convidou seus amigos Tiago e João para acompanhá-lo. Esse exemplo deve ser seguido. Precisamos convidar e trazer todos nossos amigos para a casa do Senhor. 



Ao sair da sinagoga Jesus foi visitar Simão e André. O enviado do Pai não fica parado, está sempre a procura das pessoas. Sabe como é importante a presença amiga. Devia estar preocupado e se perguntando por que esses seus amigos não teriam ido à sinagoga naquele dia?

Preocupado, Jesus foi à casa do amigo. Quando lá chegou, encontrou a sogra de Pedro acamada e com febre. Aproximou-se, segurou sua mão e curou-a. Esse gesto de Jesus é totalmente contrário aos costumes da época. Tocar em uma mulher sã, já não era normal, quanto mais estando doente. Qualquer judeu observante da lei teria se afastado dela.

Mais um exemplo, mais uma lição. Além da compaixão pelos enfermos, sem usar nenhuma palavra, Jesus deixou claro que não pode haver discriminação e pede mudanças. Isto vale também para os dias de hoje. A mulher, sempre marginalizada pela sociedade, tem direito a igualdade, dignidade e respeito.

Outra lição que nós aprendemos, foi com a sogra de Pedro; assim que se viu curada, passou a servi-lo. Ela soube agradecer o benefício recebido. Imediatamente colocou-se a serviço. Quantas vezes recorremos a Deus. Quantas curas nós alcançamos, quantas graças recebemos sem nunca nos lembrarmos de agradecer.

Jesus andava por toda Galiléia, curando pessoas e expulsando demônios. Pouco se importava com o número de habitantes. Pregava em todos os lugares, em todas as aldeias. "É para isso que eu vim", dizia ele. Queria mostrar que, por menor que seja o lugar, mesmo que lá habite uma só pessoa, o evangelizador tem que se fazer presente.

Resumindo: Jesus acolhe a todos sem distinção de sexo, raça ou cor. Seu carinho e atenção para com a mulher e com o enfermo são claras demonstrações de amor e igualdade.

Levantar-se de madrugada para orar, é um recado direto para quem quer segui-lo. Ninguém está dispensado de orar. A oração faz parte da atividade apostólica. É ela que dá sentido e força para a ação missionária. Por tudo isso, vamos rezar para que jamais faltem boas notícias, como esta.

(2920)   



“Chegou a hora da missão!” - Claudinei M. Oliveira.


Quinta feira, 01  de fevereiro  de 2018.
Evangelho: Mc 6,7-13

         De expectadores para a prática missionária. Jesus envia seus discípulos para o trabalho no campo, assumindo a vertente da boa nova, colocando em prática aquilo que aprendeu com Jesus. Chegou a hora de levar a Palavra que liberta e dá nova vida para os excluídos e despossuídos de bens.
         Jesus foi um professor exemplar para seus alunos. Ensinou que não basta falar de amor ou ficar fazendo belos discursos para encher os corações de esperança. É preciso ir além das palavras, precisa praticar aquilo que faz. Quer-se justiça? Aprenda a fazer justiça. Quer-se falar de amor? Pratica o amor na caridade e na ajuda com os irmãos. Quer-se liberdade para o povo? Mostre como funciona a liberdade ao expulsar demônios, curar os enfermos, dar luz aos olhos dos cegos, fazer os coxos andarem, enfim, Jesus usou da pedagogia libertadora de uma ação impressionante.
         Às vezes pensamos que para ser um anunciador do Evangelho precisamos de muitas coisas. Na verdade Jesus ensina que não é preciso de um aparto grandioso, basta ter disponibilidade, coragem e determinação. Os bens materiais nada contribuem para a eficácia  da evangelização.  Para os discípulos Jesus recomendou que não levasse nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Orientou que andasse de sandálias e que não  levassem duas túnicas.
         Isso significa a humildade e a pobreza material. Para fazer o Reino de Deus tornar-se conhecido  somente é necessário seguir os ensinamentos de Cristo. Para que o Reino se propagasse os discípulos deveriam expulsar os demônios, curar os doentes, ungindo-os com óleo.
         Portanto, ao enviar dois em dois para a missão Jesus provoca o trabalho comunitário, não individual,  um deve ajudar o outro nas suas atividades,  não sendo um trabalho de promoção pessoal, querendo representar maior que o outro.  Uma comunidade unida tem força para enfrentar o mau, proteger os cristãos dos ataques do demônio e fazer brotar a felicidade com muita alegria.  Sejamos um missionário amigo de Jesus e ajudando o Reino a crescer. Amém.
                  Abraços
Claudinei M. Oliveira



“Simeão aguardava o Salvador!” - Claudinei M. Oliveira.


Sexta feira, 02  de fevereiro  de 2018.
Evangelho: Lc 2,22-40

         Os pais de Jesus tiveram preocupação com Jesus desde o nascimento. Nada deixou faltar para que o menino crescesse saudável e cheio de sabedoria. Tanto que levou o menino ao templo conforme determinava a lei do Senhor: “todo  primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor” (Lc 2, 23).
         Quem estava aguardando o Messias era Simeão, um homem justo e piedoso que esperava a consolidação do povo de Israel; o espírito que estava com ele havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 
         No templo Simeão recebeu o menino nos braços e   bendisse a Deus dizendo: “agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel” (Lc 2, 29-32)
         Simeão tinha fé. Estava à espera do cumprimento da profecia de que o salvador nasceria junto ao povo para dar novo rumo ao Reino. Isso aconteceu aos olhos do homem que amava as coisas do alto e tinha um coração piedoso. Assim, a vida do novo tempo brotou nos braços de Simeão dando glória e benfazeja  Ele poderia morrer em paz porque o Messias veio libertar o povo de Israel.
         Sabemos que a prática de Jesus nada era tão fácil. Suas atividades provocariam furor e ódio em muitos detentores de poder. Jesus tinha uma linda mensagem de vida e de esperança para o povo sofrido. Claro que essa ideia contrariava os “mandões” da época. Mas Jesus teve a coragem e a ousadia de seguir o projeto do Pai Celestial. Pagou caro sua ousadia, foi morto com o propósito de fazer a justiça acontecer.
Esse menino que seria a contradição  fez jus às palavras de Simeão. Deu orgulho aos seus pais e a seus irmãos.  Contudo, a admiração de José e de Maria é o espanto maravilhado dos pobres que se descobrem como instrumento do Deus que salva.
         Entretanto, na frente de Jesus os crentes terão de fazer uma escolha decisiva: aceitar ou rejeitar Jesus, com sérias consequências para a vida inteira. Assim, ou as pessoas aceitam participar da história nova, em que a justiça liberta os pobres para a vida, ou se condenam na velha história comandada pela injustiça, que desfigura a vida e acaba produzindo a morte para todos (Ivo Storniolo).
         Como Simeão que aguardou a vida de Jesus para ver a Luz iluminar o povo de Israel, nós que temos a certeza dessa Luz, devemos renovar o espírito santo para evangelizar com fervor o novo Reino nas graças de Deus. Amém.
                  Abraços
Claudinei M. Oliveira



“Um missionário não descansa!” - Claudinei M. Oliveira.


Sábado, 03  de fevereiro  de 2018.
Evangelho: Mc 6,30-34

         Impressionante a atitude de Jesus! Mesmo com seus discípulos, cansados depois de um trabalho árduo, acolheram a multidão e ensinaram coisas maravilhosas. Não tem como não encantar com Jesus! Ele é um verdadeiro pastor que conduz suas ovelhas com gratidão e misericórdia. Um exemplo para ser seguido e vivido em toda a vida.
         Os discípulos tinham acabado de chegar  do envio de Jesus de dois em dois. Tinham muitas novidades para contar. Queriam ficar a sós com o Mestre para sentir o calor da ausência. Logo veio a proposta: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco” (Mc 6,31). Isso ocorreu porque o povo ficou eufórico com a chegada dos discípulos: aqueles que Jesus tinham  preparados para a missão retornaram com uma vivacidade grandiosa. Mas a euforia era tanta que nem deixou os missionários quietos. Todos correram onde eles estavam; queriam ouvir mais deles, necessitavam de novas reflexões.
         Jesus teve compaixão e começou a ensinar. Jesus tinha uma maneira delicada com seu povo, não permitia que ficasse isolado, sozinho ou sedento de palavras que libertasse. Jesus percebeu que era um povo sem um pastor. Um povo desolado que não tinha um norte para seguir. Esse povo desolado era explorado pelos dirigentes dos templos e dos fariseus.  Era um povo pobre, de mãos calejadas e rosto queimado do sol, que suava para sustentar uma minoria, enfim, era um povo que precisava sentir o calor e o amor de um homem que tinha um projeto de vida.
         Assim, mesmo no momento de descanso  Jesus continuava a pregar e ensinar . Marcos não deixa claro o que Jesus ensinava, porque ele quer ressaltar o grande ensinamento que vem a seguir, que se fundamenta numa prática de vida.
         Caros leitores, no mundo em que vivemos muitas pessoas não tem orientação para a salvação. São pessoas sedentas de palavras e práticas de amor. Muitas dessas pessoas vivem desiludidas e sem perspectivas futuras. Neste caso falta gente como Jesus para levar a esperança e o consolo de dias melhores. Caso contrário, essas pessoas caem em mãos de lobos em pele de carneiros. São os aproveitadores que prometem cura, promoção de uma vida farta, livramento de vícios. Mas nada disso acontece; pura enganação. Trapaceia o povo de Deus, aproveita deles e deixa marca de um sofrimento sem fim.
         Contudo, nós crentes devemos não acomodar-se com o trabalho de evangelização. Devemos ficar atentos para novos desafios. Levar um reino que liberta as pessoas e não aprisionem e nem façam refém de aproveitadores. Devemos  ficar vigilantes  para que o amor de Cristo renasce a todo instante no coração de cada pessoa que busca Deus libertador.
                  Abraços
Claudinei M. Oliveira



A Fé não tem rótulo-Diac. José da Cruz


QUINTA FEIRA DA 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM 08/02/2018
1ª Leitura 1 Reis 11, 4-13
Salmo 105/106, 4ª “Lembrai-vos de mim, senhor”
Evangelho Marcos 7, 24-30
"A Fé não tem rótulo..."
A Fé em Jesus, nosso Deus e Senhor, Redentor e Salvador, nunca teve e nem terá rótulo ou marca diferenciada, pois ela é um dom que Deus concede a quem Ele quiser, seja Católico, Evangélico, Pentecostal, Espírita ou Kardecista e vai por aí afora. Não podemos confundir expressão de Fé com a Fé em si, pois são coisas diferentes, e nem se pode dizer que esta  é mais eficiente do que aquela, a expressão de Fé Católica tem sua raiz apostólica, e os elementos embrionários da Fé Cristã, transmitidos pelo próprio Jesus, mas isso não nos dá o direito de julgar que a Fé dos que não pertencem á nossa Igreja, não é autentica.
Jesus e seus discípulos se encontram em uma terra pagã, na região de Tiro e Sidônia, ali uma mulher Fenícia caiu a seus pés suplicando pela Filha que estava possessa de um espírito imundo, a mulher acredita em se coração que Jesus é maior do que o demônio que oprime a filha, portanto vê nele o libertador e clama por esta ação libertadora de sua parte.
Sendo Judeu, primeiro Jesus manifesta o modo de pensar do Judeu "pela ordem estabelecida os Judeus são os primeiros a serem beneficiados com a ação libertadora do Messias, os pagãos são de segunda categoria e por isso mesmo denominados "cães", em palavras mais simples, Jesus está dizendo aqui, que não se deve queimar vela  com máu defunto.
A mulher concorda que está inferiorizada em relação aos judeus, Raça escolhida e Nação Santa, mas Jesus é tão importante em sua vida, que qualquer gesto ou palavra que vier dele, trará a ela os efeitos da Graça da qual ele é portador, isso é o que ela crê com sinceridade. E Jesus não resistiu a tão grande Fé, e saindo do contexto judaico, proclama que a Fé é universal e não têm rótulo, "por causa dessa palavra, vai-te, que saiu o demônio da sua filha".
Quem crê em Cristo e se compromete com Ele, vendo-o como libertador e vivendo nessa liberdade de Filhos de Deus, jamais estará preso ou escravo do demônio, presente em certas estruturas humanas, que escravizam e alienam o ser humano, em vez de o libertá-lo. Portanto, essa experiência libertadora com Jesus em nossa vida, não depende da fachada religiosa que ostentamos, é algo íntimo e pessoal, que começa com o nosso desejo e abertura de coração, mas se realiza unicamente por iniciativa dele. Essa mulher, que não era religiosa, abriu seu coração para essa possibilidade e assim mudou a sua vida....( Diácono José da Cruz – E-mail jotacruz3051@gmail.com)



Importa o que está dentro-Diac. José da Cruz


QUARTA FEIRA DA 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM 07/02/2018
1ª Leitura 1 Reis 10, 1-10
Salmo 36, 30 a “A boca do Justo fala sabedoria”
Evangelho Marcos 7, 14-23
                                                 "Importa o que está dentro..."

O tema é o mesmo do evangelho refletido ontem, porém envolve a questão da alimentação e o órgão onde inicia-se o processo digestivo: a nossa boca, que pode ser fonte de vida ou de morte!
A Lei de Moisés, dada quando o povo atravessava o deserto, tinha muitas normas de segurança e preservação da saúde, e a questão dos alimentos impuros que poderiam contaminar as pessoas era uma delas. Preocupação com a contaminação é algo que faz parte do nosso dia a dia, mas que não nos deve tornar excessivamente escrupulosos senão torna-se uma doença. Mas para os Judeus a contaminação tinha um caráter fortemente religioso onde quem é impuro está longe de Deus e da sua Salvação prometida.
Esse modo perverso de se relacionar com Deus, acaba gerando divisões por conta dos preconceitos e Jesus corrige esse modo de pensar colocando as coisas em seu devido lugar, as coisas externas inclusive alimentação que entra pela boca do homem, não o afetam em sua espiritualidade ( pode sim transmitir alguma enfermidade) e nesse sentido, o próprio organismo do homem, criado com perfeição por Deus, tem seus mecanismos que após o metabolismo, expele aquilo que é impuro ou danoso ao corpo, este é um processo natural que os próprios órgãos digestivos realizam independem da nossa vontade.
Mas quando se fala de algo que possa manchar a dignidade do ser humano, a primeira coisa é a vontade humana, ninguém faz uma calúnia, ou diz uma ofensa moral a outro, de maneira involuntária, ninguém sente inveja, ciúme, cólera ou mágoa, de maneira involuntária. É por decisão e vontade que se peca. É isso que Jesus quer dizer quando fala que são as coisas que saem de dentro do homem que o tornam impuro, e não as que entram nele.
O coração humano no pensamento bíblico é o centro das decisões e morada permanente de Deus, o cerne da lei, que é o amor a Deus, é proclamado solenemente....amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração....." .Portanto a nossa dignidade de Filhos e Filhas de Deus torna-se sempre mais visível quando externamos o Deus manifestado em Jesus, que está dentro de nós. Nossas ações tornam-se todas puras e sagradas em sua essência....(Diácono José da Cruz – E-mail jotacruz3051@gmail.com)


Contrariando a Tradição-Diac. José da Cruz


TERÇA FEIRA DA 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM 06/02/2018
1ª Leitura 1 Reis 8, 22-23.27-30
Salmo 83/84 2 “Como são amáveis as vossas moradas, senhor dos exércitos”
Evangelho Marcos 7, 1-13
                                                   "Contrariando a Tradição..."
Tradição em si não é coisa ruim que causa algum mal, ao contrário, a tradição é uma riqueza para a nossa vida e a nossa cultura, é no fundo, a preservação de valores considerados importantes como elementos sócio culturais na vida de uma nação.
Jesus não é inimigo da tradição, aliás, em relação a Lei Mosaica, que está no centro da tradição religiosa de Israel, ele irá dizer "Não vim para abolir a lei, mas para leva-la á plenitude" isso é, mostrar o seu real significado. O que ele critica na conduta dos Fariseus e Escribas é exatamente esta má compreensão daquilo que na lei é essencial. Vamos dar um, exemplo, alguém que comemora o aniversário, faz bolo, realiza uma festa, chama os amigos, canta-se o Parabéns á Você mas esta pessoa não dá valor ao dom da vida, vive de maneira irresponsável, não preservando a saúde, ingere bebidas alcoólicas e outras drogas, está sempre infeliz e deprimido. Para estes a festa de aniversário que estão fazendo ou que outros fizeram, não passa de um mero ritual ou formalismo social, porque o sentido verdadeiro da comemoração foi deixado de lado.
Assim faziam os Escribas e Fariseus, praticavam ou ensinavam a prática meticulosa de toda lei, entretanto não se davam conta de que aquele que é o verdadeiro sentido da Vida já está no meio deles. Comer com as mãos sujas ou contaminadas, e o judeu não usava talher, poderia no máximo contaminar-se com alguma doença provocada por algum vírus ou bactéria, mas nada tem a ver com uma conduta religiosa quando Aquele que irá purificar a toda humanidade já está no meio deles.
O homem não pode ser macaco de imitação, em uma liturgia, por exemplo, tem que se conhecer o sentido e o significado de cada gesto, ficar em pé, ajoelhar-se, inclinar-se, sentar-se, dar as mãos, dar o ósculo da paz, tudo isso não são apenas gestos, mas há por trás dele um significado muito rico que não pode ser ignorado por aquele que o faz, senão o que é símbolo sagrado torna-se ridículo e um preceito meramente humano, como nos diz o evangelho.
Em resumo, Jesus transmite uma religião intimista, presente no coração do homem em sua relação sincera com Deus, e ao mesmo tempo condena o formalismo religioso, hoje muito presente em alguns sacramentos onde os cristãos que os recebem têm também esse comportamento farisaico, haja visto nossos crismandos e batizados, que somem da comunidade ou só aparecem em algumas ocasiões, levando uma vida totalmente desconectada com o evangelho, nessa mesma linha entram os Casamentos no Religioso onde ninguém quer mais compromisso e depois da cerimonia e da festa, cada um vive como quer e faz o que quer.....
Como se percebe, escribas e fariseus é uma raça que se perpetuou e ainda está presente em n osso tempo infestando nossas comunidades, dizendo-se membros de uma Igreja, com a qual nunca se comprometeram, e portadores de uma Fé marcada pela superstição e magia. (Diácono José da Cruz – E-mail jotacruz3051@gmail.com)



Curando os doentes da Galiléia-Diac. José da Cruz


SEGUNDA FEIRA DA 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM 05/02/2018
1ª Leitura 1 Reis 8, 1-7.9-13
Salmo 131/132, 8ª “Levantai-vos, Senhor, para vir ao vosso repouso”
Evangelho Marcos 6, 53-56

                                                     "Curando os doentes da Galiléia..."

O evangelista Marcos nos apresenta nesse evangelho um Jesus que faria o maior sucesso em nossos dias entre os "Milagreiros de Plantão". Com Jesus por perto não precisava de SUS ou planos de Saúde, pois, sem filas, nem senhas, nem longas esperas, bastava o enfermo tocar na barra da sua túnica e a doença sumia na hora.
Claro que a sua fama se espalhou rapidamente e Ele não tinha mais sossego, onde ia havia uma multidão de enfermos á sua espera e todos eram curados, sem receitas de medicamentos caros, “nadica” de nada, custo zero e benefício de cem por cento. “Hoje em dia há líderes Religiosos “Picaretas” que só trabalham nesse esquema, cura de enfermidades e “cartão vermelho para o Diabo”, e quando a cura não acontece o Controle de Qualidade da igreja” logo alerta que é falta de Fé do doentinho.....E o nosso povo sofrido, com mil e um problemas de saúde e de doenças psicossomáticas, torna-se uma presa fácil na mão de tantos "Vigaristas de Jesus".
Mas como podemos fazer uma reflexão que contesta esses milagres que Marcos faz questão de relatar? O problema não está em Jesus, mas sim nesta relação equivocada que muitos têm para com ele. Podem reparar que, alguns poucos que foram curados, tornam-se seguidores de Jesus, mas bem poucos, pois o restante, uma vez curado voltava para a mesma vidinha de antes....Se alguém duvidar, basta nos lembrar dos dez leprosos onde só um voltou.
Onde estão os curados de hoje? Estão firmes na Fé, com a vida transformada, ou viraram apenas marqueteiros de algumas igrejas e seus "pastores com pele de Lobo". Para quem eles estão á serviço? A Jesus Cristo, seu reino e seu evangelho? Talvez alguns poucos vivem sinceramente a sua vida de Fé, transformados por essa experiência profunda com Jesus.
Jesus não é um simples curandeiro que menospreza a medicina e dispensa o atendimento médico hospitalar, tem cristão iludido que pensa assim e morre antes da hora porque abandonou o tratamento acreditando estar curado por causa de alguma "revelação" feita por alguém em quem ele acredita piamente....
O poder de Jesus vem de Deus que é Vida para todos, mas Jesus não quer formar um exército de pessoas curadas que se tornam suas escravas e agora têm que ficar permanentemente sob seu domínio. Jesus não precisa nem ontem e nem hoje de marqueteiros para venderem sua imagem poderosa e assim aumentar sempre o seu ibope.
Jesus quer seguidores fiéis, que tenham o seu evangelho no coração e o vivam com fidelidade, ajudando a construir o Reino de Deus em meio aos homens, com um testemunho concreto marcado pela ética e pela moral cristã, a partir dos valores que ele pregou, viveu e ensinou a todos. Ser curado de uma enfermidade física é graça Divina concedida a alguns, mas pôde também não significar nada se a pessoa curada não ter uma Fé comprometida com a Vida....( Diacono José da Cruz – E-mail jotacruz3051@gmail.com)


A PERIGOSA FÉ DA MAGIA-Diac. José da Cruz

   V DOMINGO DO TEMPO COMUM 04/02/2018
1ª Leitura Jó 7, 1-4. 6-7
Salmo 146/147,3ª “Ele cura os que tem o coração ferido”
2ª Leitura 1 Cor 9, 16-19;22-23
Evangelho Marcos 1, 29-39
"A PERIGOSA FÉ DA MAGIA..."
Gosto muito de ouvir histórias de pessoas que montaram um pequeno negócio, e após muito esforço foram bem sucedidas, tornando-se gestores de grandes empresas, agindo sempre com ética e honestidade. O bom empreendedor é sempre ousado e pensa “grande”, tendo uma visão audaciosa do futuro, atitude muitas vezes até criticada e questionada pelos acomodados que pensam “pequeno”, porque têm medo de arriscar. Se o empreendorismo  é fator dos mais importantes no desenvolvimento de uma nação, de uma empresa ou de qualquer negócio, no reino de Deus não poderia ser diferente, porém, é preciso ter os pés no chão, trabalhando a cada dia com vistas à grandiosidade que se vislumbra, pois o homem de fé, mais do que ser otimista, já vai construindo no hoje da história, o reino de Deus alicerçado pelo próprio Cristo.
No evangelho desse quinto domingo do tempo comum, podemos perceber nitidamente essa diferença no modo de pensar e agir, entre Jesus e os seus discípulos. Enquanto o mestre pensa em algo grandioso, querendo expandir o projeto recém-iniciado, os discípulos estão seguros de que já alcançaram o sucesso e demonstram grande interesse em montar ali, na casa de Simão, uma “Tenda dos Milagres”, pois o carisma de Jesus já tinha atraído uma grande e imensa clientela, ao curar os enfermos e expulsar os demônios, por isso aonde ele ia, a multidão maravilhada com os sinais prodigiosos, o seguia.
Há nesta fé da magia, a perspectiva de um negócio altamente lucrativo em todos os sentidos, pois Jesus tem o perfil do Messias esperado, poderia ser ele o salvador da pátria, capaz de dar a grande virada na história de Israel, e um populismo assim, era tudo que eles queriam para concretizar a libertação com que sonhavam. Não conseguiam vislumbrar em Jesus algo além dos seus ideais humanos, que também eram importantes e tinham o seu valor, mas Jesus não veio para ser o Rei dos Milagreiros, nem para ser um libertador político, pensar assim é pensar “pequeno”, ter uma fé com essa expectativa de um Cristo prodigioso, que interfere com seu poder na vida das pessoas, quando essas fazem por merecer, realizando milagres e curas inexplicáveis, é menosprezar toda a obra da Salvação, é fazer da Igreja uma simples tenda dos milagres, é abusar de certos carismas recebidos, explorando assim a boa-fé das pessoas, e Cristianismo não é isso.
Curas de enfermidades o Cristo as realizou ontem, e realiza também hoje, mas estas são simples sinais de algo maior, de um empreendimento mais arrojado, com o qual todos têm de se comprometer, acreditar, deixar de ser um torcedor para entrar em campo e “suar a camisa” por aquilo em que se acredita. E como é que podemos, com nossas limitações e fraquezas, sermos parceiros de Deus nesse projeto tão arrojado, que plenifica e ao mesmo tempo transcende, qualquer empreendimento humano?
O evangelho responde em seu início, logo que Jesus sai da sinagoga e vai á casa de Simão, onde os discípulos correm para lhe falar que a sogra de Pedro estava acamada e com muita febre. Era uma pessoa debilitada, entregue ao desânimo, que muitas vezes chega à vida de alguém, que doença seria essa? O comodismo e o desânimo, o egocentrismo, a indiferença na relação com as pessoas, nas comunidades cristãs há pessoas assim, que precisam de ajuda, para cair na realidade. Jesus não diz uma só palavra, mas apenas estende a mão e a ajuda a levantar-se do seu leito. Como é bom quando sentimos que o outro nos estende a mão, em um grandioso gesto de ajuda...
Como é bom agarrar com firmeza a mão amiga, que nos permite levantar e dar a volta por cima, diante de tantas situações difíceis da nossa vida. Amor que se traduz em gestos de solidariedade, um toque de mão que transmite segurança, afeto, ânimo e esperança, sem muito ritual pomposo, sem êxtases arrebatadores. Como resultado desse gesto de ajuda, a mulher se levanta a febre a deixa e agora se põe a servir a comunidade. É na oração íntima com Deus Pai, que Jesus de Nazaré fortalece a sua missão, cumprindo a vontade daquele que o enviou, pois sem a oração, a nossa igreja seria apenas um Posto de atendimento de serviço religioso ou balcão de Sacramentos.
É na oração que acontece este colóquio com o Pai, aonde vai se descortinando para nós a plenitude do Reino, que humildemente vamos construindo com gestos simples como o de Jesus, capaz de erguer as pessoas que estão ao nosso lado.
Os discípulos, encantados com o carisma e o Poder do mestre, querem urgentemente abrir um “pequeno negócio”, um salãozinho de fundo de quintal, onde eles teriam naturalmente o monopólio sobre Jesus e seus milagres, mas o Mestre pensa grande, ele não veio para que as pessoas o buscassem, mas para ir ao encontro delas, curando de suas enfermidades e as libertando dos males físicos e espirituais, como um sinal da libertação plena.
É esse o Cristo que devemos anunciar como Igreja missionária, pois qualquer outra imagem diferente da que nos apresenta o evangelho, seria apenas uma caricatura grotesca, uma cópia falsificada de um mero “Salvador da pátria”, desses que vez ou outra, o povo gosta de aclamar como Rei...( Diácono José da Cruz – E-mail jotacruz3051@gmail.com)



Religião não tem férias?-Diac. José da Cruz


SÁBADO DA 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM 03/02/2018
1ª Leitura 1 Reis 3, 4-12
Salmo 118/119, 12 b “Ensinai-me vossas leis”
Evangelho Marcos 6, 30-34

Nas atividades profissionais é justo e necessário que se tenha folga e um período de férias. Mas na vida religiosa, embora isso seja também necessário, é preciso tomar cuidado com as necessidades das pessoas. A necessidade de um atendimento não tem dia e hora marcada para acontecer, os problemas não esperam para se manifestar. O Código do Direito Canônico até prevê que os sacerdotes e Diáconos também tenham um período de descanso, é muito justo.
Até Jesus pensava desta forma. No evangelho de hoje, os discípulos voltam de uma missão bastante entusiasmados e prontos para outra, mas Jesus viu a necessidade de um descanso e os convoca para irem a um lugar deserto, onde possam estar a sós e conversarem. O descanso é preciso...
Mas esqueceram de colocar um aviso na porta da comunidade: “Estamos de Folga”, e uma multidão sequiosa por ouvir Jesus e buscar seus prodígios, descobriu onde ele estava com os  seus discípulos, e cortando caminho, chegaram lá antes deles. Jesus não reclama sobre o seu direito de ter uma folga, não pediu que o procurassem outro dia, com data e horário devidamente agendado, mas movido pela compaixão falou as multidões ensinando-as.
A multidão estava faminta de ensinamento! As nossas comunidades deveriam ser saciadas por seus pastores, nesta questão. Dar formação e ensinar é obrigação primeira dos que Deus coloca á frente de nossas paróquias, nossos Ministros ordenados. Ovelhas sem pastor é um povo que perdeu o rumo, para onde ir, e o sentido da sua existência. Se a nossa Igreja não acolher essas pessoas dando-lhes o ensinamento necessário e devido, o qual elas têm todo direito, estará havendo omissão e elas irão atrás de outras vozes e ensinamentos, muitas vezes alheios a doutrina da Fé. Mas o critério não pode ser a Obrigação, mas sim a compaixão, exatamente o que Jesus sentiu pela multidão, e que o levou a cancelar o dia de Folga.  ( Diácono José da Cruz – jotacruz3051@gmail.com)



Dor e alegria tão juntas-Diac. José da Cruz


APRESENTAÇÃO DO SENHOR 02/02/2018
1ª Leitura Malaquias 3, 1-4
Salmo 23/24,10b “É o Senhor dos Exércitos!”
Evangelho Lucas 2, 22-40  - Festa da apresentação do Senhor
"Dor e alegria tão juntas..."
No natal cantamos uma bela música que traz em um de seus versos essa afirmativa tão profunda "Dor e alegria tão juntas, nosso Deus conheceu...". Ali na porta do templo, o velho Simeão que aguardava com toda esperança, junto com seu povo, a chegada do Salvador, pode enfim contemplá-lo e vai fazer esta profecia tão solene, o menino será causa de muita alegria para muitos mas uma espada de dor irá traspassar o coração de Maria. Ninguém irá dizer a uma mãe no dia do batizado do seu filho, que ela vai sofrer muito na vida, por causa daquela criança. Simeão não era um velho agourento mas alguém que tem uma Fé bem madura, capaz de interpretar os acontecimentos da vida à luz da Revelação Divina onde o sofrimento e a dor não estão excluídos. Imaginar um cristianismo sem a cruz, sem dores e sofrimentos, sem incompreensões e perseguições, seria uma grande fantasia, é em meio as dores e tribulações desta vida que o reino vai se concretizando. Maria, que também vive uma Fé madura e responsável, não maldiz sua sorte, ao contrário renova o seu sim e segue em frente, sempre confiante   no seu Deus.
Cada vez ia ficando mais claro para os pais de Jesus o desígnio de Deus a respeito daquela criança. Confiar sempre em Deus, quando tudo vai bem e caminha para um final feliz, não é coisa tão difícil, mas confiar nele e renovar esta fidelidade mesmo quando há possibilidade de um grande fracasso e humilhação, aí é que se vê o tamanho da nossa Fé. Pois nenhum dos dois quis voltar atrás diante de certas revelações que iam acontecendo, sempre misteriosas como aquela profecia de Simeão ali na porta do templo, mas tocaram a vida em frente, voltaram a Nazaré onde o menino crescia em graça e sabedoria.
Dor e alegria, decepções, contrariedades e realizações, fazem parte da nossa vida e o cristianismo não nos isenta dessa realidade. O importante é que a cada momento renovemos a nossa Fé e tenhamos confiança plena nas ações que Deus vai realizando em nossa vida pessoal e de comunidade, ainda que nem sempre as entendamos muito bem…pois a Fé não tem resposta para tudo….(Diácono José da Cruz – E-mail jotacruz3051@gmail.com)