23 de Outubro - Evangelho - Lc 12,49-53
Poderíamos começar a nossa reflexão
parafraseando as palavras de Jesus. “Não vim trazer a paz, mas a divisão.”
Jesus era consciente de que um efeito – ainda que não desejado – do seu trabalho
ia ser causa de divisão entre os partidários do imobilismo e os que lutam por
um mundo novo. Por isso, inflamou a ira dos funcionários do Templo e de todos
os que se consideravam donos da verdade.
O fogo da Palavra de Deus não era para funcionários lúgubres
saturados de doutrinas e sedentos de poder. O fogo de Jesus não é o fogo das
paixões políticas. É o fogo do Espírito que tem que ser aprovado na entrega
total, no batismo da doação pessoal. É um fogo que prende aí onde se
abandonaram os interesses pessoais e se busca um mundo de irmãos. Jesus
ensinava as multidões em Jerusalém, durante a festa das Tendas. Muitos aderem
às suas palavras. E aclamam que, na verdade, Jesus era um Profeta que tinha
surgido no meio deles. Outros, que esperavam um Messias glorioso, ficam céticos
diante da origem de Jesus, da Galileia. Pois, segundo eles, o Messias que
esperavam não se saberia de onde é. E de Jesus sabiam pois conheciam os seus
pais. Embora soubessem pelas Escrituras que diz que Ele seria descendente de Davi
e que haveria de nascer em Belém, cidade de Davi.
Pelo sim ou pelo não, Ele é o Messias que devia vir ao mundo. A
hostilidade crescente dos dirigentes judeus se concretiza em ação, mandando
prender Jesus.
Os próprios guardas reconhecem a autenticidade das palavras de
Jesus e se recusam a prendê-lo. Os fariseus, censurando os guardas, mostram o
desprezo que tinham pelo povo, considerando-o ignorante, maldito e pecador.
Um dos fariseus, Nicodemos, procura defender Jesus e é também
censurado. A origem de Jesus não é a de um Messias poderoso, mas é o próprio
Deus de misericórdia que a todos acolhe em seu eterno amor. É o Deus presente
na história da minha vida marcada por quedas e muitas vezes por fracassos. Ele
veio para me reerguer e fortalecer dando-me uma dignidade igual à d’Ele. É
urgente que o fogo trazido por Ele se ateie o quanto antes no meu coração.
Padre Bantu Mendonça
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