terça-feira, 1 de junho de 2021

-Por isso serão julgados com mais rigor-José Salviano

 

05 de Junho de 2021-Ano B

 

Evangelho Mc 12,38-44

 


Evangelho

Evangelho - Mc 12,38-44

Esta viúva pobre deu mais do que todos os outros.

 

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 12,38-44


Naquele tempo:
Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande multidão:
'Tomai cuidado com os doutores da Lei!
Eles gostam de andar com roupas vistosas,
de ser cumprimentados nas praças públicas;
gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas
e dos melhores lugares nos banquetes.
Eles devoram as casas das viúvas,
fingindo fazer longas oraçðes.
Por isso eles receberão a pior condenação'.
Jesus estava sentado no Templo,
diante do cofre das esmolas,
e observava como a multidão depositava
suas moedas no cofre.
Muitos ricos depositavam grandes quantias.
Então chegou uma pobre viúva
que deu duas pequenas moedas,
que não valiam quase nada.
Jesus chamou os discípulos e disse:
'Em verdade vos digo,
esta pobre viúva deu mais do que todos os outros
que ofereceram esmolas.
Todos deram do que tinham de sobra,
enquanto ela, na sua pobreza,
ofereceu tudo aquilo que possuía para viver'.
Palavra da Salvação.

 

Reflexão

Os escribas faziam parte da elite religiosa, e tinham grande poder de influência,  como  dirigentes e líderes.  No entanto, eles se faziam passar por santos, quando na realidade, a coisa  não era bem assim.  E Jesus os desmascarou revelando toda a verdade inclusive  o  escândalo  das ditas longas orações nas casas das viúvas. Pois Jesus, sendo Deus, sabia de tudo o que acontecia por lá.

E então Jesus disse que por isso eles  seriam julgados com mais rigor. 

Então, meus irmãos e irmãs, nós que somos católicos, ou mesmo líderes de outras religiões e que nos apresentamos como santos diante dos outros, precisamos tomar mais cuidado com o nosso comportamento nas horas vagas, nas horas que ninguém estiver vendo. Não nos esquecemos de que Deus vê tudo.

Pois poderá acontecer, que  aproveitemos alguma oportunidade para cometer algum tipo de pecado, ou praticar algum tipo de vício, e um dia SEREMOS JULGADOS COM MUITO MAIS RIGOR do que os outros pecadores normais. Isto por que, nós que sabemos  o que devemos fazer, nós que conhecemos os mandamentos e os ensinamentos de Jesus, temos muito mais responsabilidades do que os demais que tem um conhecimento superficial da palavra de Deus.  A nossa responsabilidade é muito maior, e por isso o nosso pecado se transforma e em um “pecadão”. Ao passo, que os pecados dos outros, terão uma punição mais atenuada.

E isto se explica pelo fato de que quando sabemos de que uma coisa é crime ou pecado grave e a cometemos, o nosso erro se torna muito mais pesado, por pequei conscientemente. Ao passo se eu não sei que uma coisa é crime ou pecado e eu a faço, a minha pena será mais branda. Pois não fiz o mal por querer, não pequei conscientemente como alguém que já conhecia a Lei, e pecou de forma conscientemente.

Jesus sem nenhum medo denunciava os defeitos dos escribas e doutores da Lei, aqueles que diante dos homens se apresentavam como puros e santos, porém nas horas vagas faziam coisas contrárias a tudo que ensinavam e se mostravam ser. Gostavam de aparecer, e se aproveitavam das viúvas, e por isso Jesus prometeu a eles a pior condenação.

 

Depois, Jesus estava sentado no Templo com os discípulos, e viram que muitos ricos depositavam grandes quantias como esmolas. Então chegou uma pobre viúva
que deu apenas duas pequenas moedas. Então Jesus disse aos discípulos:
“Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”.

Jesus havia ordenado aos  seus discípulos que O preferissem acima de  tudo e lhes propôs que renunciassem a todos os bens por  causa dele e do Evangelho. Para fortalecer esta proposta de entrega total a Deus, Jesus mostrou como exemplo de doação, aquela pobre viúva de Jerusalém que, de sua indigência, deu tudo o que possuía para viver, sem se preocupar com o dia de amanhã, pois depositava toda sua confiança e esperança na proteção de Deus.

Prezados irmãos. Se não optarmos pelo desprendimento das riquezas não conseguiremos entrar no Reino dos céus. Pois se somos fiéis ao seguimento de Cristo devemos dirigir retamente nossas preferências vitais de forma que, por causa do uso das coisas mundanas, dos bens materiais, do deleito ao conforto,  por causa do apego às riquezas contra o espírito da pobreza evangélica, não sejamos impedidos de tender à perfeição da caridade, e de um dia merecer a eterna glória.

 

Jesus destacou o comportamento daquela pobre viúva, elogiando-a pelo seu gesto de total entrega, mostrando aos discípulos e a nós hoje, que a verdadeira felicidade não reside na riqueza, mais sim na pobreza de espírito.

Bem-aventurados os pobres em espírito" (Mt 5,3). As bem-aventuranças revelam uma ordem de felicidade, de gra­ça, de beleza e de paz. Jesus celebra a alegria dos pobres, a quem já pertence o Reino. É o antegozo das alegrias celestiais, por causa da sua decisão de preferir as riquezas espirituais, em vez das riquezas materiais.

Os ricos deram o dinheiro que eles tinham de sobra. Enquanto aquela pobre viúva deu tudo o que possuía, e por isso fez o melhor investimento. Os ricos que encontram sua alegria nos seus bens procuram o poder terreno, ao passo que o pobre de espírito busca em primeiro lugar, o reino do céu, como fez aquela viúva, investindo na vida eterna. Ela abandonou-se nas mãos de Deus, sem nenhuma reserva. Confiou plenamente na providência do Pai, depositando tudo o que tinham, sem nenhuma preocupação se iria ficar  sem nada no dia de amanhã. Isso é confiança total em Deus a qual nos predispõe para a bem-aventurança por sermos pobres. Por isso veremos a Deus.

A viúva, ao contrário dos ricos, era, portanto, pobre em espírito, pois a "pobreza em espírito" é uma  humildade voluntária de uma pessoa que se entrega a Deus em atitude de  renúncia plena, como deveria ser a renúncia dos discípulos, dos sacerdotes, e de cada um de nós que realmente atendemos ao chamado de Deus para libertar o mundo da escravidão do pecado, através da catequese. Agindo assim, estaremos imitando a  Cristo, O Filho de Deus que se despojou de seu poder, de sua riqueza, se fazendo pobre como nós, para nos enriquecer em graças e santidade.

 

O mundo de hoje através da mídia nos apresenta uma felicidade falsa, mediante o consumo desenfreado de celulares, computadores, câmeras, jogos, e outros produtos de curta duração, para acelerar a economia, e o pleno emprego. Porém, somente o  desejo da felicidade verdadeira liberta o homem do apego imoderado aos bens deste mundo. Felicidade que se realizará na visão e na bem-aventurança de Deus. "A promessa de ver a Deus ultra­passa todas as bem-aventuranças. Na Escritura, ver é possuir. Aquele que Vê a Deus obteve todos os bens que podemos imaginar.

Para nós, os escolhidos, resta-nos lutar, com a graça do Alto, para alcançar os bens que Deus promete. Para contemplar a Deus, os fiéis de Cristo mortificam sua concupiscência e supe­ram, com a graça de Deus, as seduções da riqueza, do conforto e do poder.

Não se trata de abandonar tudo e ir morar em uma caverna. Porque precisamos e merecemos uma vida digna, com alimentação e moradia decentes; porém, o que o Evangelho nos fala hoje, é para não nos apegar exageradamente à riqueza e ao conforto nos esquecendo que tudo isso é passageiro como o faz os ricos.

Podemos até ser ricos. Porém sem nunca nos esquecer que  o desapego das riquezas é necessário para entrar no Reino dos Céus. Pois Bem-aventurados são os pobres de espírito.

 

Fica com Deus. José Salviao.

 

 

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