Domingo, 29 de março de 2020.
Evangelho de Jo11,1-45.
A liturgia desse domingo nos aponta para o Deus da vida, Jesus restitui
a vida a Lázaro. Deus quer vida para todos, e vida em plenitude. (Jo10,10) Esta passagem do Evangelho é
uma das mais comoventes, Jesus mostra seu lado humano, sua amizade, seu amor fraterno, sua compaixão que O leva ao choro.
O Evangelho de João é intitulado como “O Livro dos Sinais”, ele não diz
milagre, mas Sinais realizados por Jesus. Um sinal aponta para algo mais além
do que um milagre, e os sinais relatados por João apontam para uma realidade
mais profunda – eles revelam a pessoa e missão de Jesus.
Os sete sinais relatados pelo
evangelista João são: a mudança da água em vinho, em Caná (2,1-11), a cura do
filho de um funcionário real (4,46-54), a cura do paralítico em Betesda
(5,1-18), a multiplicação e partilha dos pães, (6,1-15), o caminhar sobre as
águas (6,16-21), a cura do cego de nascença (9,1-41) e o sinal culminante, a
Ressurreição de Lázaro (11,1-45), que é o texto de hoje. Esse livro é “O Livro da Glorificação”.
Estamos chegando ao fim da nossa caminhada quaresmal em direção a
Páscoa, a maior festa do cristianismo, a ressurreição de Jesus. Jesus era amigo
de Marta, Maria e Lázaro, era na casa deles em Betânia que muitas vezes Jesus
se refugiava para descansar. João evangelista faz questão de mostrar o lado
humano de Jesus: era um homem que tinha amigos. Tinha um grande amor aos três
irmãos. Isso quer dizer que esse amor de Jesus é para todos os homens. É um
amor, que é a fonte da Vida e da Ressurreição.
Lázaro adoece e as duas
irmãs mandam avisar Jesus da doença de
seu irmão. Elas fazem isso porque são amigas de Jesus. Toda pessoa que ama
Jesus não tem receio de lhe pedir algo, pois está assim demonstrando sua fé e
confiança na bondade do Mestre. Por isso Marta e Maria, por amar muito a Jesus,
lhe mandaram dizer: “Senhor, aquele que amais está enfermo”. Essas palavras são
um ardente pedido, cheio de confiança, de esperança para que Jesus venha trazer
o restabelecimento a Lázaro.
Quando Jesus recebeu a notícia da doença de Lázaro, Jesus disse:
“Esta enfermidade não é de morte, mas para a glória de Deus, a fim de que o
Filho de Deus seja glorificado por ela”. Jesus amava seu amigo, mas esperou
ainda dois dias para ir visitá-lo. Isso porque a obra de Jesus tem “sua hora”.
Tudo deve ser feito para a glória do Pai, conforme seu plano.
No tempo de Jesus os judeus tinham uma crença de que a alma do falecido
permanecia durante três dias nas proximidades do cadáver. E só tinham certeza
da morte após o quarto dia.
Quando Marta soube que Jesus tinha vindo, foi ao seu encontro e
disse a ele: “Senhor, se tivesse estado aqui, meu irmão não teria morrido”! Ela
não estava decepcionada com Jesus, nem com rancor, mas suas palavras revelam
sua confiança ilimitada na pessoa de Jesus.
Qual será o sentido do diálogo de Marta com Jesus? (v. 22-27) Marta
a princípio, não pensa na possibilidade de uma ressurreição, a não ser a do
último dia. Esse diálogo entre eles leva Marta a um ato de fé mais perfeito.
Jesus explica: “Eu sou a ressurreição e a vida”. Esta expressão “Eu Sou” é o
nome de Deus, mostra a divindade de Jesus, porque Cristo é a Ressurreição e a
fonte de Vida, quem está com ele está vivo. Apesar de Marta não entender bem o
significado das palavras de Jesus, ela faz uma profissão de fé solene: “Sim,
Senhor, eu creio que tu és o Messias, o Filho de Deus vivo, aquele que deve vir
a este mundo”. (v.27)
Jesus mandou chamar Maria que também disse o mesmo que Marta disse
a Jesus. Quando Jesus a viu chorando e notou que também choravam os judeus que
tinham vindo com ela, comoveu-se profundamente e perguntou: onde o colocastes?
Vinde Senhor e vede. E Jesus chorou.
Antes de fazer o seu último e grande milagre, o da ressurreição de
Lázaro, diante da multidão dos judeus que o cercava, Jesus dirige ao Pai uma
oração de agradecimento e não de pedido. (V. 41-42) Agradecimento porque
naquela hora Jesus estava sendo glorificado. Depois da oração, Jesus chama
Lázaro para fora do túmulo. Jesus realiza aí a promessa da Ressurreição. Ele
prometeu a Ressurreição e agora dá um exemplo. Lázaro saiu amarrado com as
mortalhas, o que significa que ele ainda necessitava ser libertado das amarras
da morte e não estava livre da morte biológica, isto significa que um dia ele
voltaria ao túmulo, um dia iria morrer
para ressuscitar nos fins dos tempos para nunca mais morrer. Ao contrário de
Lázaro, Jesus quando ressuscitou, deixou os sinais de morte, o lençol e o
sudário no túmulo, nunca mais morreria, ele venceu a morte para sempre.
Com a realização desse milagre muitos creram nele, outros se
dirigiram às autoridades religiosas, fariseus e sacerdotes, a fim de saber
deles o que pensavam sobre o milagre que Cristo tinha realizado.
A narrativa da ressurreição de Lázaro é para nós mais um “sinal”,
que Jesus fez para despertar nossa fé. Se acreditamos em Cristo, podemos
confiar que ele nos libertará do sono do pecado e nos dará novamente a vida da
graça, a verdadeira vida. Nossa vida, nossa salvação e ressurreição não é
realidade longínqua, mas uma realidade presente hoje. Se não creio, estou
morto. Se minha fé for viva, estou unido a Cristo que é a fonte da Vida.
Aprendemos nessa passagem do evangelho uma grande lição, a lição do
amor. A lição daquele que recebeu o seguinte recado: “Senhor, aquele a quem
amais está doente”. Aprendamos a amar a todos e por todos seremos amados.
A exemplo, de Marta e Maria, professemos nossa fé em Cristo Jesus,
sigamos com ele até o fim, onde vislumbraremos a Páscoa, a ressurreição.
Que a liturgia desse domingo que promove a vida nos ensine e nos
ajude a promover a vida de todos os irmãos que vivem no sofrimento, na miséria,
na dor. Que possamos ajudar os Lázaros de hoje a sair de seus túmulos,
removendo os obstáculos, as amarras que os impedem de buscar a vida plena, a
caminhar com Jesus. E que cada um de nós pense, quais são nossos túmulos,
nossas amarras que nos atrapalham de sermos libertos para servirmos a Deus e ao
próximo com santidade.
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
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