Domingo, 8 de setembro de 2019.
Evangelho de São Lucas 14, 25-33.
Quando Jesus caminhava muita gente o seguia, vários eram os
motivos, uns queriam conseguir graças e favores, tanto no plano espiritual como
no material. Outros queriam ver os milagres que Jesus realizava, os doentes que
esperavam por uma cura, muitos por curiosidade, pela atração que Ele exercia,
havia também aqueles que iam atrás dele movidos por suas palavras, seus ensinamentos.
Caminhando Jesus
ia sempre ensinando a todos a sua mensagem. Nesse evangelho Ele disse que
devemos amar em primeiro lugar a Deus sem restrições. Nada deve ser colocado em
primeiro lugar a não ser Deus. Ele ensina que o amor a Deus tem que ser maior
que o amor aos outros. Nenhum amor justifica colocar Deus em segundo plano, até
a própria vida. Jesus queria ensinar que quem ama a vida deste mundo em
primeiro lugar, quem se prende às coisas e bens do mundo como a riqueza,
prazeres, luxo, fazendo de tudo para conservá-las, esquecendo-se das coisas de
Deus, este anda por caminhos contrários aos de Deus, este não estará amando a
Deus a cima de tudo.
Jesus
explica que segui-lo é mais importante, mas não basta segui-Lo de longe, a
proximidade com ele é que possibilita as mudanças necessárias em nossa vida. Jesus
não dispensa o amor à família e à vida. Porque quem segue Jesus, vai amar mais
a família e cuidar melhor da vida, pois vencerá os pecados que destroem os
dois. Jesus que tanto pregava o amor, não vai propor o ódio à família e à vida,
pelo contrário ele valoriza a família e a vida.
Aqui o Senhor não está desprezando a família, mas Ele quer que coloquemos as
coisas em seus devidos lugares. A família, o trabalho, não pode ocupar o lugar
que pertence a Deus, se Jesus é o Senhor da minha vida, também será Senhor dos
meus bens e daqueles que são importantes para mim.
Hora alguma Jesus disse que segui-Lo seria fácil, seguir seus
passos, agir como Ele, enfrentar os obstáculos, as pessoas contrárias ao seu ensinamento,
seria difícil, seria carregar a cruz. A vida de Jesus não foi fácil, Ele
carregou sua cruz durante toda sua vida por amor ao Pai e aos irmãos, até à
cruz que O levou a morte. Carregar a nossa cruz é aceitar e enfrentar os
desafios da vida, as dificuldades que passamos todos os dias, as mudanças que
teremos de fazer nos nossos hábitos, costumes, mesmo que venha doer na carne. A
vida de cada um tem suas cruzes, mas é preciso carregá-la com amor, paciência,
perdão, esperança.
Seguir Jesus não é somente seguir seus passos, mas viver como Ele viveu,
pensar, falar, agir como Ele. Não se trata de sofrimento, mas de vida doada por
amor, para a redenção do mundo.
Jesus não força e nem obriga ninguém segui-Lo, mas o único caminho
para segui-Lo é o caminho da abnegação, da mortificação, do desprendimento das
coisas deste mundo, da renúncia da vontade própria. Carregar a nossa cruz sendo
fiel a Jesus, aos nossos deveres e procurar compreender e participar dos
sofrimentos do nosso próximo, sendo solidário, fraterno, amoroso.
Jesus nos ensina que em primeiro lugar devemos amar a Deus, e uma
forma de amar a Deus é amar o próximo. Todas as vezes que eu amar meu irmão,
estarei amando a Deus.
Muitos querem seguir Jesus, para esses, Jesus ensina o caminho:
renunciar a si mesmo, a vontade própria, renunciar o egoísmo, o individualismo,
o comodismo e aceitar e enfrentar as dificuldades do caminho como Jesus aceitou
e enfrentou. O seguimento de Cristo nos impõe trabalhos, renúncias, sacrifícios
contínuos e
luta diária pelo Reino de Deus. Quem sonha com um cristianismo cômodo está totalmente enganado.
Muitas vezes terá que sacrificar a própria comodidade. O que Jesus propõe é
fidelidade, perseverança. Não é seguidor de Cristo quem quer segui-Lo só até
certo ponto, de acordo com as suas conveniências. O seguimento a Jesus tem que
ser doação total, muito amor e isso tem consequências. Por isso muitos não
perseveram porque não querem romper com situações que exigem mudanças radicais.
Seguir a Jesus é ser discípulo comprometido com Ele e com os irmãos.
Todos os que seguem a Cristo
têm de abraçar a cruz e o único caminho para quem quer colaborar com o Reino de
Jesus é viver intensamente o amor, é se comprometer com Ele. É testemunhar todos os dias que Jesus é
o Senhor de sua vida e com a força do Espírito Santo será capaz de ser fiel e
amar sem medida a Deus e ao próximo. Senão vai
ser como o rei que saiu para uma guerra sem estar preparado para enfrentar o
inimigo. Na certa será derrotado ou terá que se entregar e negociar a paz. Ou
como o outro que começou a construir uma torre e não calculou o quanto iria
gastar e não foi capaz de terminar a obra. É preciso antes calcular, pensar,
refazer os cálculos. Do mesmo modo deve agir quem quer seguir Jesus: ver aonde
Jesus vai e assumir para valer. Para
se construir uma casa ou fazer guerra, de acordo com as duas parábolas,
precisamos analisar se temos como acabar o que foi iniciado, mas para construir
o Reino, a condição é apenas desapegar de tudo, renunciar a vida mundana, ter
um coração despojado dos bens materiais. “Aquele que iniciou em vós esta obra
excelente lhe dará o acabamento” (Fp 1,6). Jesus envia o Espírito Santo para
todos que desejam ser fieis e perseverantes na construção do Reino de Deus.
Trabalhar para o Reino de Deus trás uma alegria interior tão grande, uma imensa
felicidade que só quem sente sabe avaliar a grandeza e a beleza de anunciar
Jesus a todos.
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
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