quarta-feira, 15 de novembro de 2017

TALENTOS OU DONS A SERVIÇO DO BEM – Maria de Lourdes Cury Macedo.


Domingo, 19 de novembro de 2017.
Evangelho de São Mt 25, 14-30.

Este Evangelho conhecido como a parábola dos talentos é o penúltimo do ano litúrgico, antes da Festa de Cristo Rei. Estes últimos Evangelhos do ano litúrgico nos falam do fim dos tempos, do acerto de contas que um dia teremos com Deus.
Jesus contava muitas parábolas para ensinar o povo. Elas sempre continham um ensinamento, uma mensagem. Esta parábola é dirigida aos discípulos, isto é, a cada um de nós que somos seus discípulos hoje e que nos comprometemos em transformar a sociedade, em fazê-la melhor de acordo com o que Jesus ensinou.
Esta parábola dos talentos fala do patrão que deu grande soma de dinheiro (talentos) aos empregados e foi viajar.
- O patrão ou o senhor dos empregados da parábola é o próprio Jesus que um dia vai voltar para nos pedir contas.
- Os empregados sãos os cristãos que esperam pela volta de Jesus.
- O Talento era uma grande soma de dinheiro na época de Jesus. Para nós hoje entendemos como bens, dons, qualidades e virtudes que Deus nos dá. 
Esta parábola quer nos mostrar como devemos agir, nós cristãos, que nos sentimos responsáveis pela missão que Jesus nos confiou de continuar o Reino de justiça que Ele instalou aqui na terra e o que vai acontecer conosco na hora do acerto de contas, na volta de Jesus.
O que fazer agora, hoje enquanto Jesus não chega, não volta para nos pedir contas? Como devemos esperar? Devemos esperar Jesus, vigilantes, trabalhando, não parados e de braços cruzados, mas, vivendo, fazendo alguma coisa. Sabemos que um dia Jesus voltará e nos pedirá contas, mas não sabemos quando virá Jesus, e nem quando morreremos. Quem sabe?!!!... Só o Pai do céu sabe o dia e a hora!!
 Deus confiou seus bens, a cada um de nós segundo a nossa capacidade: “A um deu cinco talentos, a outro dois, e um ao terceiro”.
No acerto de contas vemos a questão do merecimento. O que recebeu cinco e lucrou mais cinco, e o que recebeu dois e lucrou mais dois, receberam a mesma resposta do patrão: “Muito bem, empregado bom e fiel! Como você foi fiel na administração de tão pouco, eu lhe confiarei muito mais. Venha participar da minha alegria!” Não é porque recebeu mais, ou recebeu menos que haverá diferença, mas haverá diferença sim, no uso que fez dos talentos. Se multiplicou-os, ou se enterrou-os.
Aos que multiplicaram Deus os chama de “empregado bom e fiel” e continua hoje chamando a todos que lutam que trabalham pelo Reino de Deus...
No entanto o que recebeu um só talento ficou com medo do risco de perder e enterrou-o. Naquela época guardava-se dinheiro, tesouros no chão, era o meio mais seguro de guardar dinheiro, riquezas. Muitas vezes o medo do risco nos deixa inertes, ficamos parados, não fazemos nada e até temos uma ideia falsa de Deus como aquele servo: “Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste  e ceifas onde não semeaste”. Era mais cômodo enterrar o talento do que investir, trabalhar... multiplicar...  fazer render. Investir é sempre um risco, mas sem risco não há crescimento, não há avanço e não há melhoria de vida. Jesus exige criatividade, coragem, esforço não somente no serviço do reino de Deus, mas também no mundo do trabalho, da economia para que favoreça o maior número possível de pessoas. Quem faz alguma coisa está sujeito a errar, às vezes, mas quem nada faz em favor de alguém erra sempre.
Não podemos passar pela vida desperdiçando saúde, estudo, qualidades, virtudes...  Tudo deve ter uma finalidade, um objetivo: aplicar os dons para o crescimento próprio, da comunidade e da sociedade.
Os três servos da parábola que Jesus contou receberam diferentes valores, diferentes números de talentos: um recebeu cinco, outro recebeu dois e o outro um. O 1º e o 2º trabalharam e fizeram render seus talentos cem por cento e receberam iguais recompensas. Aquele que, preguiçosamente, escondeu seu talento e não o fez render, perdeu até o que tinha e foi castigado. Por que? Não trabalhou. Não usou o dom que Deus lhe entregou. Pecou. Ofendeu a Deus. Quebrou o plano divino.
O grande ensinamento desta parábola é uma advertência ao cristão preguiçoso, mostra claramente que a OMISSÃO, isto é, deixar de trabalhar, ficar parado é reprovado por Jesus. Ele quer nos sacudir da nossa apatia, preguiça e desânimo, quer renovar em nós a capacidade de entrega e de doação.
Todos nós recebemos de Deus muitos dons e talentos que são nossas capacidades, nossas habilidades, nossas qualidades, nossa saúde.
Meu irmão e minha irmã, pensemos nos dons que nós recebemos de Deus. Vejam quantos dons temos: nossa capacidade para fazer coisas simples e complicadas; o dom de estudar, de fazer novas descobertas; dom de ensinar, (facilidade de fazer o outro aprender); o dom de evangelizar; o dom da saúde; o dom da habilidade manual; o dom musical (dom de tocar algum instrumento, ou cantar afinado e bonito); a facilidade nos estudos; a nossa inteligência; a facilidade de relacionar-se com os outros;  de liderar;  o dom da oração, de rezar pelos outros; de escutar o irmão que precisa de desabafar; o dom de aconselhar; muitos e muitos dons, enfim o grande dom que Deus nos deu a VIDA, e tudo o mais que Deus nos deu. São muitos dons, infinitos dons que todos nós temos, não é mesmo?
Deus nos confiou muitas coisas. Ele quer que usemos, administremos bem todos esses seus dons, para que haja lucro, pois só havendo lucro é que receberemos a recompensa. Deus criou o mundo, mas deixou muito trabalho para nós, a fim de que completássemos sua obra da criação. Usando nossa força, nossa inteligência, nosso corpo, em qualquer trabalho, estaremos tornando sempre melhor o mundo que Deus nos deu e conquistando a recompensa eterna.
“Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1Jo 4,16). Deus é um verdadeiro Pai que só procura nossa felicidade, mesmo quando o desprezamos. Quando estamos em pecado, ele nos procura, querendo que voltemos para junto dele. Um filho não teme, mas ama seu pai. Assim deve ser nossa atitude diante de Deus, de amor e não de medo.
Devemos trabalhar, colocar nossas qualidades em prática não por medo de Deus, mas por amor. Se aquele terceiro servo tivesse trabalhado ao menos por temor (respeito) ou até por medo de Deus, teria também recebido sua recompensa.
Deus dá o dom que Ele quer, a quem quer e na medida em que quer. Cabe a cada um usar e administrar esses dons para render, para assim receber a recompensa.
Não importa a quantidade de dons ou talentos que recebemos, o que importa é que precisamos trabalhar com todos os talentos recebidos de Deus para multiplicá-los.  Não podemos nos esquecer que um dia teremos que “prestar contas” de tudo o que recebemos.
Não podemos enterrar nossos talentos, usando sempre desculpas: não sei, não tenho tempo, o outro sabe melhor do que eu, deixando-se levar pelo comodismo e pela preguiça. Muitos facilmente arrumam desculpas achando que não têm qualidade alguma ou que não vale a pena o seu esforço, ou que já fez muito pela comunidade e por isso pode cruzar os braços. Não podemos ser egoístas, pensar só em nós, pois os dons ou talentos que recebemos de Deus são para usar em benefício e para o bem dos outros, da comunidade, da Igreja de Jesus.
Não podemos viver invejando o talento do outro. Só desejamos os dons dos outros e nos esquecemos que também temos os nossos, pois Deus dotou a todos de muitos dons.
Somos responsáveis pelos talentos ou dons que recebemos de Deus e por eles seremos cobrados. Deus nos recompensa conforme nossos méritos. Mas não podemos nos esquecer de que nossa recompensa será infinitamente maior do que aquilo que realmente merecemos, porque só por nossos merecimentos, não mereceríamos o céu. Nossa verdadeira recompensa é Deus quem nos dá, e gratuitamente, tratando-nos como filhos amados e queridos. Tudo o que fizermos tem muito valor diante de Deus. Até um copo d’água dado por amor Deus nos recompensará.
O plano de Deus é que multipliquemos os dons que Ele nos deu. O servo bom foi compensado porque cooperou com Deus, colocou em ação o dom que lhe foi confiado. O servo preguiçoso foi castigado porque não usou os dons emprestados por Deus.
Precisamos examinar nossa consciência para nos conhecermos, verificarmos quais os dons que Deus nos deu para colocá-los a serviço. Deus nos presenteia com dons para nós colocarmos a serviço dos irmãos, a serviço da comunidade, a serviço da Igreja a serviço do Reino de Deus.
Cada um de nós é um tijolinho na construção do Reino de Deus. Cada um tem o seu valor, tem a sua importância. Deus precisa de todos, somos todos colaboradores de Deus para que o mundo seja sempre melhor. É na transformação desse mundo que o cristão deve investir seus talentos.
Nem todos recebemos os mesmos dons. Recebemos dons diferentes, o que é muito bom, para que o mundo se desenvolva, cresça. O importante é aplicar bem, em seu devido lugar, aquilo que recebemos.  Somos responsáveis pelos dons que recebemos de Deus por isso devemos multiplicá-los e não enterrá-los.
O mais importante e o maior talento que recebemos de Deus é a graça, a amizade de Deus, o seu amor. Deus em nós e nós em Deus.
Deus nos ama como pai. Precisamos multiplicar e partilhar esse amor de Deus para os nossos irmãos. É isso o que Deus espera de cada um de nós.
Queridos irmãos e irmãos pensem, reflitam seriamente: O que estou fazendo com os dons, com os talentos recebidos de Deus? Como estou administrando esses talentos? Sou servo bom e fiel ou servo mau e preguiçoso?
Abraços em Cristo!

Maria de Lourdes

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