07 de Abril- Sexta - Evangelho - Jo 10,31-42
Procuravam prender Jesus, mas ele escapou-lhes das mãos.
Este Evangelho narra mais uma vez a total rejeição das autoridades
a Jesus. E ele não queria morrer, por isso que lhes escapou das mãos. Mas ele
tinha outro desejo mais forte: ser fiel à missão que recebera do Pai.
“Por que me acusais de blasfêmia, quando eu digo que Filho de
Deus?” Aí está o motivo central da condenação de Jesus: ele se considera Filho
de Deus, não só ele, mas nós também, como ele disse várias vezes, e, no Pai
Nosso, ensinou-nos a chamar Deus de Pai.
Se Jesus dissesse que os ricos e mandantes de povo eram filhos de
Deus, não seria blasfêmia. O problema é que ele, pobre, e o povo que o seguia,
também pobres, não podiam ser considerados filhos e filhas de Deus. Pobre não
pode ser filho de Deus.
Hoje a desigualdade e a recusa aos pobres continua a mesma. “Todos
são iguais; entretanto, alguns são mais iguais que os outros”. “Todos têm
direito aos bens necessários a uma vida digna; entretanto, alguns têm mais
direito que os outros”. E se alguém quer “virar essa mesa”, seja no campo ou na
cidade, logo é eliminado. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, pobre nem
fico, todos vós sois um em Cristo (Cf S. Paulo).
“Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados
filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não
conhecer o Pai. Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se
manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos
semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é.”
Se realmente acreditarmos que somos filhos queridos de Deus, não
nos preocuparemos com o dia de amanhã nem com o dia de ontem. Deus cuida dos
dois. Cabe a nós dedicar-nos ao momento presente.
Certa vez, uma criança estava com medo de dormir sozinha no quarto.
Então a mãe lhe disse: “Você não vai dormir sozinho. Vocês serão seis aqui no
quarto: você, o Pai, o Filho, o Espírito Santo, o Anjo da Guarda e Nossa
Senhora!” E o bom é que, apesar de tantos dormindo juntos, a cama não se
quebra.
Diante dessa grande dignidade nossa, de sermos filhos e filhas de
Deus, S. Pedro conclui: “Por isso, dedicai todo o esforço em juntar à vossa fé
a fortaleza, à fortaleza o conhecimento, ao conhecimento o domínio próprio, ao
domínio próprio a constância, à constância a piedade, à piedade a fraternidade,
e à fraternidade, o amor. Se essas qualidades existirem e crescerem em vós, não
vos deixarão vazios... Por isso, irmãos, cuidai cada vez mais de confirmar a
vossa vocação e eleição. Procedendo assim, jamais tropeçareis” (2Pd 1,5-10).
Certa vez, um grupo de jovens foi passear numa montanha. Para o
lanche, levaram apenas um frango, que a mãe de um deles tinha assado.
Ao meio dia, quando todos já estavam mortos de fome, reuniram-se
para comer o frango. A turma se ajuntou em cima do frango, cada um arrancando
um pedaço. Um rapaz que estava lá atrás e não conseguia chegar até o frango,
gritou logo: “Êi! Eu também sou filho de Deus!”
É interessante: nessas horas a gente se lembra que é filho de Deus.
Vamos nos lembrar dessa maravilha durante a nossa vida inteira, e agradecer a
Jesus o presente que nos deu.
Campanha da fraternidade.
O Profeta Isaías anuncia que o Messias será o Príncipe da Paz (cf.
Is9, 1-5). De fato, a vida de Jesus foi marcada pelo sofrimento, pela
perseguição e, conseqüentemente, pela insegurança. Por seus pais não
encontrarem lugar na hospedaria de Belém, Jesus nasceu na estrebaria (cf. Lc 2,7).
Seus pais precisaram fugir com ele para o Egito por causa da perseguição de
Herodes, que queria matá-lo, sendo que os Santos Inocentes morreram por causa
dele (cf. Mt 2,13-18). O temor pela sua vida continuou presente em seus pais
quando Herodes, após sua morte, foi sucedido por seu filho Arquelau e, por
isso, vão para a Galiléia (cf. Mt 2,19-23). Quando Jesus começou sua vida
pública, foi expulso da Sinagoga de Nazaré e seus concidadãos quiseram matá-lo
no precipício (cf. Lc 4,23-30). Daí para a frente, a sua vida foi sempre
ameaçada. Quando Jesus, na sinagoga e em dia de sábado, curou o homem de mão
seca, os fariseus tomaram a decisão de matá-lo (cf. Mt 12,9-14). Por fim, foi
traído, preso, julgado e executado. Ele foi acusado injustamente de diversos delitos
e, quando respondia, era tratado com violência: “Se falei mal, mostra em que
errei, mas se falei certo por que me bates bates?” (Jo 18,23). Apesar de tudo
isso, o Príncipe da Paz afirma do alto da cruz: “Pai, perdoa-lhes! Eles não
sabem o que fazem!” (Lc 23,34).
Maria Santíssima ganha de nós de longe, porque ela é filha de Deus
Pai, Mãe de Deus Filho e esposa do Deus Espírito Santo. Que ela nos ajude a
sermos bons filhos e filhas de Deus.
Procuravam prender Jesus, mas ele escapou-lhes das mãos.
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