Tempo Comum – Anos Ímpares – III Semana
– Sexta-feira
27 Janeiro 2017
Tempo Comum – Anos
Ímpares – III Semana – Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura:
Hebreus 10, 32-39
Irmãos, 32Recordai os
primeiros dias nos quais, depois de terdes sido iluminados, 33suportastes a
grande luta dos sofrimentos, tanto sendo expostos publicamente a insultos e
tribulações, como sendo solidários com os que assim eram tratados. 34Tomastes
parte nos sofrimentos dos encarcerados, aceitastes com alegria a confiscação
dos vossos bens, sabendo que possuís bens melhores e mais duradouros. 35Não
percais, pois, a vossa confiança, à qual está reservada uma grande recompensa.
36Na realidade, tendes necessidade de perseverança, para que, tendo cumprido a
vontade de Deus, alcanceis a promessa. 37Pois ainda um pouco, de facto, um
pouco apenas, e o que há-de vir, virá e não tardará. 38O meu justo viverá pela
fé, mas, se ele voltar atrás, a minha alma não encontrará nele satisfação. 39Nós,
porém, não somos daqueles que voltam atrás para a perdição, mas homens de fé
para a salvação da nossa alma.
Consciente do delicado
momento por que passa a comunidade judeo-cristã a que se dirige, o autor da
Carta aos Hebreus, revelando profundo conhecimento do coração humano e grande
capacidade de discernimento na orientação espiritual das almas, oferece-nos uma
página cheia de sabedoria pastoral. Serpeia na comunidade a ameaça da tibieza
que muitas vezes degenera em apostasia aberta ou em vida pecaminosa contrária à
fé. Embora denuncie o perigo, o nosso autor não condena abertamente nem
repreende com dureza. Prefere usar a exortação. Lembra que o passado de uma fé
inquebrantável deve servir de estímulo para o presente. «Recordai os primeiros
dias nos quais, depois de terdes sido iluminados, suportastes a grande luta dos
sofrimentos» (v. 32-33). Entrevemos uma comunidade que deu provas de grande
fortaleza e caridade, uma comunidade capaz de enfrentar as perseguições e as
mais graves humilhações sem recuar. Até foi solidária com quem estava em
provações! Era, pois, uma comunidade plenamente cristã, animada de verdadeiro
amor fraterno, porque a sua fé estava apoiada pela certeza dos bens futuros. No
actual momento de crise, há que reavivar essa fé, alimentando-a na palavra de
Deus.
Evangelho: Mc 4, 26-34
Naquele tempo, disse
Jesus à multidão: 26Dizia ainda: «O Reino de Deus é como um homem que lançou a
semente à terra. 27Quer esteja a dormir, quer se levante, de noite e de dia, a
semente germina e cresce, sem ele saber como. 28A terra produz por si, primeiro
o caule, depois a espiga e, finalmente, o trigo perfeito na espiga. 29E, quando
o fruto amadurece, logo ele lhe mete a foice, porque chegou o tempo da ceifa.»
30Dizia também: «Com que havemos de comparar o Reino de Deus? Ou com qual
parábola o representaremos? 31É como um grão de mostarda que, ao ser deitado à
terra, é a mais pequena de todas as sementes que existem; 32mas, uma vez
semeado, cresce, transforma-se na maior de todas as plantas do horto e estende
tanto os ramos, que as aves do céu se podem abrigar à sua sombra.» 33Com muitas
parábolas como estas, pregava-lhes a Palavra, conforme eram capazes de
compreender. 34Não lhes falava senão em parábolas; mas explicava tudo aos
discípulos, em particular.
As duas parábolas, que
Marcos põe na boca de Jesus, ilustram dois aspectos da inevitável tensão
dialéctica do reino de Deus na história.
A parábola da semente, que cresce sem a intervenção do agricultor, diz-nos que o Reino é uma iniciativa de Deus, que deve permanecer sempre acima de toda a tentativa humana para guiar o curso do seu crescimento e maturação. É claro que Deus conta com a colaboração humana: «O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra» (v. 26). Para sublinhar a acção de Deus, a parábola esquece diversos trabalhos necessários, à sementeira, à limpeza, à rega, etc. Mas alude ao acto de semear. É essa a tarefa dos discípulos que, depois, devem aguardar, com paciência, que a Palavra actue pela força que tem em si mesma e dê fruto no tempo e no modo que Deus quiser.
A segunda parábola apresenta o reino como um grão de mostarda, que dá origem a um grande arbusto. Também aqui encontramos uma importante mensagem de confiança para a comunidade primitiva e para nós. Não havemos de preocupar-nos por sermos poucos e pequenos: a Palavra de Deus dará frutos incomensuráveis, não por nosso mérito, mas pela graça.
Os vv. 33 e 34 retomam o tema das parábolas para o grande público e das explicações privadas aos discípulos.
A parábola da semente, que cresce sem a intervenção do agricultor, diz-nos que o Reino é uma iniciativa de Deus, que deve permanecer sempre acima de toda a tentativa humana para guiar o curso do seu crescimento e maturação. É claro que Deus conta com a colaboração humana: «O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra» (v. 26). Para sublinhar a acção de Deus, a parábola esquece diversos trabalhos necessários, à sementeira, à limpeza, à rega, etc. Mas alude ao acto de semear. É essa a tarefa dos discípulos que, depois, devem aguardar, com paciência, que a Palavra actue pela força que tem em si mesma e dê fruto no tempo e no modo que Deus quiser.
A segunda parábola apresenta o reino como um grão de mostarda, que dá origem a um grande arbusto. Também aqui encontramos uma importante mensagem de confiança para a comunidade primitiva e para nós. Não havemos de preocupar-nos por sermos poucos e pequenos: a Palavra de Deus dará frutos incomensuráveis, não por nosso mérito, mas pela graça.
Os vv. 33 e 34 retomam o tema das parábolas para o grande público e das explicações privadas aos discípulos.
Meditatio
Podemos imaginar a
alegria dos primeiros judeo-cristãos quando, iluminados pela graça,
reconheceram em Jesus o Messias, o Esperado de todos os povos, o Salvador
prometido. Essa descoberta surpreendente levou-os a entrar jubilosamente e a
percorrer com entusiasmo e fervor o «caminho novo e vivo» que Deus lhes oferece
em Jesus. Mas rapidamente se deram conta de que esse caminho é longo e duro e,
à exaltação inicial, seguiu o cansaço e o desânimo. Era a hora da provação em
que era preciso resistir com paciência. O autor da Carta aos Hebreus exorta os
seus interlocutores à perseverança. Ainda que a paisagem se apresente desolada,
cada passo aproxima-nos da meta. Na vida de cada um de nós há momentos em que
precisamos de nos agarrar com todas as forças à esperança. Essa virtude é como
que o bordão do peregrino a caminho do reino dos céus.
No evangelho, o Senhor ensina-nos a fé e a humildade, mas também a esperança. O crescimento espiritual não depende de nós, mas da Palavra de Deus semeada em nós. Só ela pode salvar a nossa vida. É bom desejar crescer e caminhar espiritualmente. É bom fazer por isso. Mas não basta a nossa boa vontade, não chegam os nossos esforços. O agricultor que lança a semente à terra, e procura rodeá-la das condições adequadas, não pode pretender fazê-la germinar e crescer. Esse poder não está nas suas mãos, mas nas de Deus.
O Senhor ensina-nos o abandono confiante a Deus na esperança. Como a terra acolhe a semente, assim devemos acolher a Palavra. E ela crescerá sem sabermos como. O abandono confiante a Deus e a esperança tornam suportável o tempo que vai da sementeira à colheita. Essa esperança baseia-se na experiência dos peregrinos de Emaús, na certeza de que Aquele que nos chama para a meta é também nosso silencioso companheiro de viagem. Quanto mais o caminho é difícil, mais Ele se faz presente.
Há pois que evitar a pressa de ver resultados, também no nosso itinerário espiritual. S. Francisco de Sales era severo com aqueles que se deixavam tomar por ela. Trabalhava muito mas ensinava que é preciso fazer tudo pacientemente: agir pacientemente, rezar pacientemente, sofrer pacientemente, lutar pacientemente. Se nos apoiarmos no Senhor verificaremos que Ele faz crescer em tudo, muitas vezes mais lentamente do que desejamos, mas outras vezes de m
odo mais belo e mais rápido do que esperamos. Não temos o metro para medir o crescimento, nem sequer o nosso. Por isso, precisamos de fé, de confiança, de paciência: o poder de fazer crescer pertence somente a Deus.
A vida de oblação que corresponde ao voto de vítima tão caro ao Pe. Dehon e aos nossos primeiros religiosos, passa pela aceitação das cruzes e canseiras de cada dia, no nosso itinerário espiritual, e também pela irradiação dos frutos do Espírito: a caridade, com os sinais da alegria e da paz; a paciência, a bondade e a benevolência; com as condições para viver os frutos do Espírito: a mansidão e a humildade do coração, o apego a Cristo, o deixar-se guiar nos pensamentos, desejos, projectos, afectos, palavras e acções, não pelo nosso eu, muitas vezes egoísta e apressado, mas pelo Espírito de Deus, que tudo cria e faz crescer ao ritmo que bem Lhe apraz. Vivendo assim, manifestamos aquele estilo de vida, aqueles comportamentos que caracterizaram o Pe. Dehon, por todos conhecido como o «Très bon Père», confiadamente abandonado e paciente em todas as circunstâncias da sua vida e do seu apostolado.
No evangelho, o Senhor ensina-nos a fé e a humildade, mas também a esperança. O crescimento espiritual não depende de nós, mas da Palavra de Deus semeada em nós. Só ela pode salvar a nossa vida. É bom desejar crescer e caminhar espiritualmente. É bom fazer por isso. Mas não basta a nossa boa vontade, não chegam os nossos esforços. O agricultor que lança a semente à terra, e procura rodeá-la das condições adequadas, não pode pretender fazê-la germinar e crescer. Esse poder não está nas suas mãos, mas nas de Deus.
O Senhor ensina-nos o abandono confiante a Deus na esperança. Como a terra acolhe a semente, assim devemos acolher a Palavra. E ela crescerá sem sabermos como. O abandono confiante a Deus e a esperança tornam suportável o tempo que vai da sementeira à colheita. Essa esperança baseia-se na experiência dos peregrinos de Emaús, na certeza de que Aquele que nos chama para a meta é também nosso silencioso companheiro de viagem. Quanto mais o caminho é difícil, mais Ele se faz presente.
Há pois que evitar a pressa de ver resultados, também no nosso itinerário espiritual. S. Francisco de Sales era severo com aqueles que se deixavam tomar por ela. Trabalhava muito mas ensinava que é preciso fazer tudo pacientemente: agir pacientemente, rezar pacientemente, sofrer pacientemente, lutar pacientemente. Se nos apoiarmos no Senhor verificaremos que Ele faz crescer em tudo, muitas vezes mais lentamente do que desejamos, mas outras vezes de m
odo mais belo e mais rápido do que esperamos. Não temos o metro para medir o crescimento, nem sequer o nosso. Por isso, precisamos de fé, de confiança, de paciência: o poder de fazer crescer pertence somente a Deus.
A vida de oblação que corresponde ao voto de vítima tão caro ao Pe. Dehon e aos nossos primeiros religiosos, passa pela aceitação das cruzes e canseiras de cada dia, no nosso itinerário espiritual, e também pela irradiação dos frutos do Espírito: a caridade, com os sinais da alegria e da paz; a paciência, a bondade e a benevolência; com as condições para viver os frutos do Espírito: a mansidão e a humildade do coração, o apego a Cristo, o deixar-se guiar nos pensamentos, desejos, projectos, afectos, palavras e acções, não pelo nosso eu, muitas vezes egoísta e apressado, mas pelo Espírito de Deus, que tudo cria e faz crescer ao ritmo que bem Lhe apraz. Vivendo assim, manifestamos aquele estilo de vida, aqueles comportamentos que caracterizaram o Pe. Dehon, por todos conhecido como o «Très bon Père», confiadamente abandonado e paciente em todas as circunstâncias da sua vida e do seu apostolado.
Oratio
Senhor, Tu és a nossa
única esperança. Escondido na nossa fragilidade humana, experimentaste a
perseguição, a solidão e a pobreza. Por nosso amor, aceitaste voluntariamente a
morte, fizeste-Te nosso pão da vida, sustento do nosso caminho. Conheces o
nosso coração e o nosso cansaço no esforço por conservar a fé e a esperança.
Perdoa-nos se deixámos arrefecer o ardor e o entusiasmo do nosso primeiro amor,
dos nossos primeiros passos no caminho para Ti. Faz-nos recordar o amor e o
encanto com que optámos por Ti e Te seguimos na nossa juventude. Está connosco
na tribulação e dá-nos o teu Espírito Santo para Te sermos fiéis até à morte.
Amen.
Contemplatio
Nosso Senhor dá-nos o
exemplo. Aceita as perseguições, as zombarias, as calúnias, para nos consolar
nas nossas provações, para nos encorajar e para nos ensinar também que a
paciência tem diante de Deus um grande valor. «A paciência, diz S. Paulo, é a
provação, mas a provação prepara a esperança» (Rm 5,4). Nosso Senhor quis ser
julgado e condenado e sucumbir vítima da justiça humana, para nos ensinar o
desprezo das acusações falsas, das zombarias, dos juízos falsos e temerários.
São tantas provas que se tornam também esperanças e fontes de graças, se as
suportarmos em espírito de fé. O «seja crucificado» de Jesus, é a minha
salvação, obtida pela sua paciência, pelos seus sofrimentos, pelas suas
expiações, pelo amor do seu Coração. O seja crucificado da minha má natureza, é
ainda a salvação obtida pelo sacrifício, pela mortificação, pela paciência.
Obrigado a Nosso Senhor, pela sua adorável paciência, que é para mim a salvação
e o exemplo a seguir. (Leão Dehon, OSP 3, p. 347s.).
Actio
Repete frequentemente
e vive hoje a palavra:
«Não percais a vossa confiança» (Heb 10, 35).
«Não percais a vossa confiança» (Heb 10, 35).
Obrigado!!!
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