domingo, 22 de janeiro de 2017

A luz deve ficar no alto-Dehonianos

Tempo Comum – Anos Ímpares – III Semana – Quinta-feira
26 Janeiro 2017
Tempo Comum – Anos Ímpares – III Semana – Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: Hebreus 10, 19-25
Irmãos, 19temos plena liberdade para a entrada no santuário por meio do sangue de Jesus. 20Ele abriu para nós um caminho novo e vivo através do véu, isto é, da sua humanidade 21e, tendo um Sumo Sacerdote à frente da casa de Deus, 22aproximemo-nos dele com um coração sincero, com a plena segurança da fé, com os corações purificados da má consciência e o corpo lavado com água pura. 23Conservemos firmemente a profissão da nossa esperança, pois aquele que fez a promessa é fiel. 24Estejamos atentos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, 25sem abandonarmos a nossa assembleia – como é costume de alguns – mas animando-nos, tanto mais quanto mais próximo vedes o Dia.
O autor da Carta aos Hebreus fez, até aqui, uma exposição exaustiva dogmático-teológica sobre o sacerdócio de Cristo. Nesta secção, expõe a reacção do homem diante da obra de Cristo, e tira consequências práticas dos princípios doutrinais afirmados. Começa por chamar «irmãos» aos seus interlocutores. Agora podem compreender melhor o significado cristão desse nome. Podem ser chamados «irmãos» porque todos foram redimidos pelo sangue de Cristo, podem entrar em comunhão vital com Ele e uns com os outros. O acesso a Deus foi viabilizado pelo sangue de Cristo, pela sua obra em nosso benefício. Temos um caminho novo e vivo para Deus, aberto através do véu da carne de Alguém que é sacerdote, que é caminho. A própria pessoa de Jesus é o caminho que havemos de percorrer pela conversão, pela conformação com Ele. Por isso, devemos aproximar-nos d´Ele com as devidas disposições interiores, tais como a pureza do corpo e do espírito conferida pelo baptismo, mas também com «fé» e «esperança». Nas tribulações de vida, o cristão deve dar testemunho de que está apoiado, sem hesitações, num Deus cujo nome é «fiel e verdadeiro» (Ap 3, 14). Mas tudo isto não há-de ser vivido como busca de perfeição individual. Por isso, há-de ser vivida no exercício da caridade: é preciso ser uns pelos outros no exemplo, no estímulo, no apoio.


Evangelho: Mc 4, 21-25
Naquele tempo, disse Jesus à multdão: «21Põe-se, porventura, a candeia debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é para ser colocada no candelabro? 22Porque não há nada escondido que não venha a descobrir-se, nem há nada oculto que não venha à luz. 23Se alguém tem ouvidos para ouvir, oiça.» 24E prosseguiu: «Tomai sentido no que ouvis. Com a medida que empregardes para medir é que sereis medidos, e ainda vos será acrescentado. 25Pois àquele que tem, será dado; e ao que não tem, mesmo aquilo que tem lhe será tirado.»
Depois da parábola do semeador, Marcos apresenta-nos dois pares de breves sentenças. O Evangelho é para todos na comunidade. Por isso, deve ser colocado «no candelabro». Se alguém cair na tentação de o guardar ciosamente para si, então ser-lhe-á tirado. A Sagrada Escritura não é privilégio só para alguns, mas é para todos. Por isso, deve ser posta ao alcance de todos. A fé recebida por mim deve ser posta ao serviço da minha comunidade e de todos os homens.
No primeiro par de sentenças, a imagem da lâmpada que deve ser exposta sobre o candelabro é desenvolvida por duas antíteses paralelas: o que está escondido há-de ser descoberto, o que está oculto há-de vir à luz. O Reino, ainda que, por enquanto, seja anunciado em parábolas, depressa virá à luz na sua glória, e o Evangelho será anunciado a todos os povos.
No segundo par de sentenças, a antítese volta-se para a condição interna da comunidade: a imagem da medida insinua a proibição de julgar os outros; a segunda sentença está mais ligada à parábola do semeador: «aquele que tem» corresponde à «boa terra», que acolhe a palavra e lhe permite produzir fruto.
Meditatio
O autor da Carta aos Hebreus faz-nos entrever o mistério de Jesus Cristo, que transformou a situação do homem. Depois de se detido a apresentar esse mistério, e o sacrifício agradável Si mesmo, que Cristo ofereceu ao Pai, obtendo-nos a salvação, o autor manifesta o seu espanto pela transformação que esse mesmo sacrifício operou em nós. Implicitamente, o autor da Carta compara a nossa situação com a do Antigo Testamento, quando as relações com Deus estavam sujeitas a limitações e a obstáculos de toda a espécie. Só o Sumo Sacerdote podia entrar no santuário uma vez por ano. O povo tinha que ficar fora dele, e não tinha caminhos para chegar a Deus. Na verdade, os próprios sacerdotes eram imperfeitos, e os Sumos Sacerdotes eram pecadores que deviam oferecer sacrifícios de expiação por si mesmos. Mas estes sacrifícios eram ineficazes e não os tornavam dignos de se aproximarem de Deus. Nós, os cristãos, pelo contrário temos plena liberdade para entrar no santuário «no santuário por meio do sangue de Jesus. Ele abriu para nós um caminho novo e vivo através do véu, isto é, da sua humanidade» (v. 20). Através da humanidade de Cristo, podemos chegar a Deus, tendo uma guia para nos acompanhar no caminho «um Sumo Sacerdote à frente da casa de Deus» (v. 21).
Este texto aplica-se bem à Eucaristia. Para penetrarmos no santuário, havemos de caminhar por meio do sangue de Cristo neste caminho novo e vivo, que Ele mesmo inaugurou. E não podemos avançar sem Ele. Por Ele, com Ele e n´Ele, avançamos para Deus com toda a confiança, porque Cristo Lhe é agradável. As disposições com que havemos de caminhar são a fé, a esperança e a caridade: «aproximemo-nos dele com um coração sincero, com a plena segurança da fé, com os corações purificados da má consciência e o corpo lavado com água pura. Conservemos firmemente a profissão da nossa esperança, pois aquele que fez a promessa é fiel. Estejamos atentos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (vv. 22-24). O caminho que, desde já nos leva a Deus, no sacramento, há-de levar-nos definitivamente a Ele para além da morte. Percorremos este caminho em comunidade, em Igreja. Daí que, depois da fé e da esperança, seja recomendada a caridade e a celebração comunitária da Eucaristia: «sem abandonarmos a nossa assembleia – como é costume de alguns – mas animando-nos, tanto mais quanto mais próximo vedes o Dia» (v. 25).
Louvemos o Senhor e agradeçamos-Lhe tudo quanto fez por nós em Jesus Cristo morto e ressuscitado. Segundo a Carta aos Romanos, o Pai destinou Cristo a servir de expiação, «como propiciatório» (ilasterion), com o Seu sangue, pelos nossos pecado
s (cf. Rm 3, 26). Na Segunda Carta aos Coríntios, Paulo afirma: «Aquele que não havia conhecido pecado (Cristo), Deus O fez pecado por nós para que nos tornássemos n´Ele justiça de Deus» (5, 21), isto é, Cristo assumiu uma carne pecadora, para se tornar vítima pelo pecado na carne pecadora, para que nós fôssemos justificados diante de Deus. Assim Cristo é a «vítima de expiação», imolada em holocausto pelo fogo do Espírito (cf. Heb 9, 14) «pelos nossos pecados”» (1 Jo 2, 2). Pode-se perfeitamente afirmar do Seu sangue aquilo que o Levítico diz do antigo holocausto que «consumado pelo fogo» era «perfume suave para o Senhor» (1, 17); esta imagem é retomada por Paulo: «Cristo amou-nos e Se entregou por nós a Deus, como oferenda e sacrifício de agradável odor» (Ef 5,2).
Oratio
Senhor Jesus, contemplamos com fé o Teu lado aberto do qual nascem rios de água viva para a nossa aridez e sangue precioso para uma Redenção Eterna. Tu és o verdadeiro sumo sacerdote, que entrando uma só vez no santuário, com o teu próprio sangue, ofereceste tudo o que era necessário para a nossa redenção. Tu és o sacerdote, o sacrifício e o templo, mas quiseste associar-nos a ti pela graça do baptismo. Por isso, queremos unir-nos à tua oblação. Dá-nos um espírito generoso e agradecido para te consagrarmos a nossa vida com obras de misericórdia. Amen.
Contemplatio
Jesus começou a dar o seu sangue, desde a aurora da sua vida, na circuncisão. O seu sangue correu de todos os seus membros durante a sua agonia no jardim das Oliveiras. Era o lagar anunciado por Isaías (Is 63), onde o sangue do Salvador corria como o vinho, quando os bagos são esmagados aos pés. O sangue correu do corpo adorável do Salvador durante a flagelação cruel e prolongada que sofreu. Correu da sua cabeça adorável na coroação de espinhos. Jesus perdia o seu sangue precioso levando a sua cruz até ao Calvário. Derramou-o abundantemente das suas mãos e dos seus pés, quando foi pregado à cruz, e estas fontes não se fecharam mais até ao esgotamento das veias do Salvador. Jesus deu as últimas gotas do seu sangue quando o seu Coração foi aberto pela lança. Mas a dizer a verdade, foi sempre o seu Coração que deu o seu sangue. Derramava-o de boamente, dava-o com o seu sangue. Derramava-o de boamente, dava-o com amor. Oferecia-o ao seu Pai por todas as suas chagas como por tantas bocas suplicantes. No Antigo Testamento, o sumo sacerdote levava ao Santo dos santos num vaso precioso os sangue dos vitelos e dos cabritos para o holocausto e a reparação. Jesus ofereceu no vaso do seu divino Coração todo o seu sangue precioso ao seu Pai. Derramou-o no Calvário, como Aarão e os seus filhos o derramavam no Santo dos santos; e agora no céu Jesus apresenta sempre o seu sangue ao seu Pai como um sacrifício único que basta a tudo, ao holocausto, à acção de graças, à reparação e à impetração. (Leão Dehon, OSP 3, p. 19).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Cristo entregou-Se por nós a Deus, como oferenda e sacrifício de agradável odor» (Ef 5,2).



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