13/05/2016
Nossa Senhora de
Fátima – Páscoa
A
13 de Maio de 1917, Nossa Senhora apareceu aos Três Pastorinhos, Lúcia,
Francisco e Jacinta. Nos meses seguintes, até Outubro inclusive, a Virgem Maria
voltaria a manifestar-se nos dias 13, exceto em Agosto, quando se manifestou no
dia 19, nos Valinhos. Nesses encontros, Nossa Senhora recordou, em linguagem
muito simples, acessível aos pastorinhos, as verdades fundamentais do
Evangelho. A sua mensagem pode resumir-se nos termos de “oração e penitência”,
oração e conversão. As aparições foram reconhecidas pela Igreja como dignas de
fé. Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI foram peregrinos de Fátima.
Lectio
Primeira
leitura: Apocalipse 21, 1-5a
Eu, João, vi, então,
um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham
desaparecido e o mar já não existia. 2E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa,
a nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para o seu esposo. 3E ouvi uma voz potente
que vinha do trono e dizia:«Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele
habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles e
será o seu Deus. 4Ele
enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; e não haverá mais morte, nem luto,
nem pranto, nem dor. Porque as primeiras coisas passaram.» 5O que estava sentado no
trono afirmou: «Eu renovo todas as coisas.»
A grande utopia da
ressurreição do homem e do mundo chegará a ser realidade. A cidade nova não tem
nada da antiga: nem da Jerusalém israelita, nem sequer da Igreja cristã. É algo
de novo que integra aquilo que o antigo tinha de melhor numa espécie de
continuidade descontínua. João admira-se de não haver templo na cidade nova.
Para o cristianismo, todo o universo é templo: Deus pode revelar-se onde
quiser.
A liturgia aplica este
texto a Maria. Deus revelou-se nela. Ela foi a verdadeira Arca de Deus no meio
do seu povo. Glorificada no Céu, não esquece aqueles que lhe foram confiados
como filhos. Daí, as suas numerosas intervenções ao longo da história, como as
de Fátima, em 1917. Ela faz tudo para que, em cada um dos seus filhos, se
realize o que já se realizou n´Ela.
Evangelho:
João 19, 25-27
Naquele tempo, estavam
junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a
mulher de Clopas, e Maria Madalena. 26Então,
Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe:
«Mulher, eis o teu filho!» 27Depois,
disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo
acolheu-a como sua.
A mãe de Jesus aparece
no princípio e no fim da vida pública de Jesus, ou seja, nas bodas de caná (Jo
2, 1ss.) e junto à cruz do Senhor (Jo 19, 1ss.). Nas bodas de Caná, Jesus
dirige-lhe palavras que devem entender-se no sentido de separação: Jesus diz-lhe
que não intervenha na fase da sua vida pública, que estava a iniciar. A partir
desse momento, Maria como que desaparece de cena. Mas, agora que chegou a hora
de Jesus, Maria reaparece, pois é também a sua hora. Em ambas as situações
Jesus se lhe dirige chamando-a “mulher” e não mãe, como seria normal. O Senhor
parece querer apresentá-la como a mulher estreitamente unida a Ele na
realização da obra da redenção, a mulher de que se fala no Génesis (Gn 3, 15) e
no Apocalipse (Ap 12). As palavras que Jesus dirige a Maria: “Eis o teu filho!”
têm um sentido mais profundo do que o imediatamente literal. A Igreja
encarregou-se de aprofundá-lo. O afeto e a relação maternal – a maternidade
espiritual de Maria – concentrar-se-ão naqueles por quem o seu Filho está a dar
a vida. João personifica todos os seguidores de Jesus. Segundo a teologia
paulina, os crentes são “irmãos” de Cristo, participantes da sua filiação.
Meditatio
“Por ocasião das
cerimónias religiosas que têm lugar nestes dias em Fátima, Portugal, em honra
da Virgem Mãe de Deus, onde acorrem numerosas multidões de fiéis para venerarem
o seu coração maternal e compassivo, desejamos mais uma vez chamar a atenção de
todos os filhos da Igreja para o inseparável vínculo que existe entre a
maternidade espiritual de Maria e os deveres que têm para com Ela os homens
resgatados. Julgamos ser de grande utilidade para as almas dos fiéis considerar
duas verdades muito importantes para a renovação da vida cristã. A primeira
verdade é esta: Maria é Mãe da Igreja, não só por ser Mãe de Jesus Cristo e sua
íntima colaboradora na nova economia da graça, quando o Filho de Deus n’Ela
assumiu a natureza humana para libertar o homem do pecado mediante os mistérios
da sua carne, mas também porque brilha à comunidade dos eleitos como admirável
modelo de virtude. Depois de ter participado no sacrifício redentor de seu
Filho, e de maneira tão íntima que mereceu ser por Ele proclamada Mãe não
somente do discípulo João, mas – seja consentido afirmá-lo – do género humano,
por este de algum modo representado, Ela continua agora no Céu a desempenhar a
sua função materna de cooperadora no nascimento e desenvolvimento da vida
divina em cada alma dos homens remidos. Mas de que modo coopera Maria no
crescimento da vida da graça nos membros do Corpo Místico? Antes de tudo, pela
sua oração incessante, inspirada por uma ardentíssima caridade. A Virgem Santa,
de facto, gozando embora da contemplação da Santíssima Trindade, não esquece os
seus filhos que caminham, como Ela outrora, na peregrinação da fé; pelo
contrário, contemplando-os em Deus e conhecendo bem as suas necessidades, em
comunhão com Jesus Cristo que está sempre vivo para interceder por nós, deles
se constitui Advogada, Auxiliadora, Amparo e Medianeira. No entanto, a
cooperação da Mãe da Igreja no desenvolvimento da vida divina nas almas não
consiste apenas na sua intercessão junto do Filho. Ela exerce sobre os homens
remidos outra influência importantíssima, a do exemplo, segundo a conhecida
máxima: as palavras movem, o exemplo arrasta. Realmente, tal como os
ensinamentos dos pais adquirem maior eficácia quando são acompanhados pelo
exemplo duma vida conforme as normas da prudência humana e cristã, assim também
a suavidade e o encanto das excelsas virtudes da Imaculada Mãe de Deus atraem
irresistivelmente as almas para a imitação do divino modelo, Jesus Cristo, de
que Ela foi a mais perfeita imagem. Mas nem a graça do divino Redentor nem a
poderosa intercessão de sua e nossa Mãe espiritual poderiam conduzir-nos ao
porto da salvação, se a tudo isso não correspondesse a nossa perseverante
vontade de honrar Jesus Cristo e a Virgem Mãe de Deus com a fiel imitação das
suas sublimes virtudes. É, pois, dever de todos os cristãos imitar
religiosamente os exemplos de bondade que lhes deixou a Mãe do Céu. É esta a
segunda verdade sobre a qual nos agrada chamar a vossa atenção. É em Maria que
os cristãos podem admirar o exemplo que lhes mostra como realizar, com
humildade e magnanimidade, a missão que Deus confiou a cada um neste mundo, em
ordem à sua eterna salvação e à do próximo. Uma mensagem de suma utilidade
parece chegar hoje aos fiéis da parte d’Aquela que é a Imaculada, a toda santa,
a cooperadora do Filho na restauração da vida sobrenatural das almas. A santa
contemplação de Maria incita-os, de facto, à oração confiante, à prática da
penitência, ao santo temor de Deus, e recorda-lhes com frequência aquelas
palavras com que Jesus Cristo anunciava estar perto o reino dos Céus:
Arrependei-vos e acreditai no Evangelho, bem como a sua severa advertência: Se
não vos arrependerdes, perecereis todos de maneira semelhante. Comemorando-se
este ano o vigésimo quinto aniversário da solene consagração da Igreja a Maria
Mãe de Deus e ao seu Coração Imaculado, feita pelo Nosso Predecessor Pio XII no
dia 31 de Outubro de 1942, por ocasião da Radiomensagem à Nação Portuguesa –
consagração que Nós mesmo renovámos no dia 21 de Novembro de 1964 – exortamos
todos os filhos da Igreja a renovar pessoalmente a sua própria consagração ao
Coração Imaculado da Mãe da Igreja e a viver este nobilíssimo ato de culto com
uma vida cada vez mais conforme à vontade divina, em espírito de serviço filial
e devota imitação da sua celeste Rainha. (Paulo VI, 13 de Maio de 1967).
Oratio
Pai Santo, nós vos
louvamos e bendizemos, ao celebrarmos a festa da Virgem Santa Maria. Recebendo
o vosso Verbo em seu Coração Imaculado, ela mereceu concebê-lo em seu seio
virginal e, dando à luz o Criador do universo, preparou o nascimento da Igreja.
Junto à cruz, aceitou o testamento da caridade divina e recebeu todos os homens
como seus filhos, pela morte de Cristo gerados para a vida eterna. Enquanto
esperava, com os Apóstolos, a vinda do Espírito Santo, associando-se às preces
dos discípulos, tornou-se modelo admirável da Igreja em oração. Elevada à
glória do Céu, assiste com amor materno a Igreja ainda peregrina sobre a terra,
protegendo misericordiosamente os seus passos a caminho da pátria celeste,
enquanto espera a vinda gloriosa do Senhor. Nós vos louvamos e bendizemos,
Senhor! Ámen. (cf. Prefácio da Missa).
Contemplatio
Ó Coração sagrado do
meu Jesus, eu vos adoro e vos dou graças infinitas por terdes dirigido para a
minha salvação o martírio que suportastes à vista dos sofrimentos do santíssimo
Coração de Maria ao pé da cruz, porque ma destes como soberana e como mãe. Tal
é o vosso amor por mim que lhe pedistes para me tomar como seu filho em vosso
lugar, para me amar, para ter compaixão das minhas misérias, para me assistir,
para me proteger, para me guardar e para me governar como seu filho. Talvez, ó
meu Salvador, não encontrastes maior consolação para a vossa divina Mãe do que
dar-lhe filhos perversos e pecadores, a fim de que ela empregue o seu poder e a
imensa caridade do seu Coração em conseguir a sua conversão e salvação. Sede
bendito e louvado para sempre, ó Coração sagrado do meu Redentor, por terdes
querido que nenhum dos vossos sofrimentos, e os de vossa santa Mãe, fosse
perdido por mim, mas que todos servissem para curar as minhas feridas e
enriquecer-me com verdadeiros bens.(Leão Dehon, OSP 4, p. 262s.).
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
“Esta é a morada de
Deus entre os homens.” (Ap 21, 3).
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Nossa Senhora de
Fátima (13 Maio)
Que beleza, amanhecer o dia e encontrar um texto desses. Lindo, comovedor, consolador. Adoro vocês, Dehonianos.
ResponderExcluirQue beleza, amanhecer o dia e encontrar um texto desses. Lindo, comovedor, consolador. Adoro vocês, Dehonianos.
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