QUARTA FEIRA DEPOIS DA EPIFANIA 06/01/2015
1ª Leitura 1Jo 4, 11-18
Salmo 71 (72) “ As Nações de toda terra, hão de adorar-vos, ó
Senhor”
Evangelho Mc 6, 45-52
No versículo final desse evangelho, há uma afirmação de que “Os
discípulos não tinham compreendido nada a respeito dos pães, e que o coração
deles estava endurecido”
A travessia para Betsaida foi logo após a multiplicação dos pães.
Tem-se a impressão de que os discípulos não estavam muito a fim de fazer a
travessia e Jesus os obrigou a entrarem na barca. Não compreender o milagre da
multiplicação dos pães, é não compreender que a base da comunidade é a partilha
do “pouco”. “Dai-lhes vós mesmos de comer...”Jesus havia dito a eles. Não
significa que o discípulo deve fazer tudo sozinho, do seu jeito, mas fazer com
Jesus, pois ele, antes de mandar distribuir os pães, os abençoou e só depois
mandou distribuí-los. Quando não se compreende esse princípio fundante da vida
em comunidade, sempre vai predominar o medo, a insegurança e a incerteza, sobre
aquilo que está se fazendo, e qual vai ser o resultado.
O resultado disso, quando vemos os trabalhos pastorais apenas como
um empreendimento humano, é exatamente o quadro que aparece nesse evangelho,
sente-se o efeito dos ventos contrários, “Paertilha do Pouco” e a comunhão com
nosso Deus manifestado em Jesus, o mundo, ao contrário, o muito para satisfazer
as ambições de poucos, concentração de riquezas nas mãos de poucos...Que nenhum
cristão se iluda, os princípios e valores do evangelho nunca vão coincidir com
o que o mundo nos ensina.
Então, a presença de Jesus é
sempre fantasmagórica em uma comunidade que pensa assim, Jesus é uma vaga
lembrança, uma evocação do passado, mas que nada pode fazer nos desafios do
presente...”Coragem, não tenham medo, sou eu!”
A Fé que crê na vida de partilha, não terá essa dificuldade, pois
sabe que o Senhor caminha com os seus, e o nosso “pouco” oferecido aos irmãos e
irmãs, vai se tornando no “muito”. Interessante que Jesus faz questão de entrar
com eles na barca, não fica de fora para realizar algum milagre, mas entra na
barca, e quando assim o faz, os ventos contrários cessam de soprar sobre a
tênue barquinha.
Outros ventos soprarão impetuosos, assim será até o final dos
tempos, mas o Senhor caminha com a sua Igreja, não fora, lá de cima,
monitorando a situação e vendo o “apuro” dos cristãos, mas dentro da igreja,
ele não transforma a vida de comunidade em um “mar de rosas”, mas garante que
estará sempre caminhando lado a lado com todos os que crêm Nele.
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