29/01/2016
- 6ª. feira –III Semana comum - 2 Samuel
11, 1-10.13-17 – “a sedução foi maior que a razão”
Davi que
fora ungido pelo Senhor para ser o Rei de Israel, a quem o Senhor prometera uma
dinastia e um reino estáveis, assim como também uma vida tranquila e uma
descendência que nunca seria abandonada!
Aquele que é-nos apresentado como
um rei exemplar e que provou ser cheio de fé em Deus quando enfrentou e
derrotou o gigante Golias tendo como arma apenas uma funda e cinco pedrinhas! O
mesmo que soube respeitar os seus inimigos quando teve a vida de Saul em suas
mãos e, podendo matá-lo não o fez. O rei
Davi que sempre nos pareceu ser alguém irrepreensível levado pela
concupiscência cometeu um pecado monstruoso! Pôs abaixo toda a sua reputação
deixando de cumprir com a sua missão de rei quando não partiu para a
guerra e enviou apenas os seus oficiais para enfrentar o inimigo. Ficando em
Jerusalém para descansar, e passeando no jardim viu a bela mulher de Urias e se
“encantou” por ela. Daí foi só dar asas aos seus desejos e maquinações, para
cair estupidamente nas armadilhas do inimigo. O mesmo David que não atentou
contra a vida de Saul mandou matar de forma expressa e covarde o seu subalterno
Urias para se apossar da sua mulher. Mandou matar para esconder o que fez. Intervém na vida daquela família, separando
os que estavam unidos pelo matrimônio. Desrespeita a si próprio. Davi chega ao
auge da prepotência e da presunção quando abusa da sua autoridade, para ver
realizado o seu intento. Quando lemos esta história, apesar de “crucificarmos o
rei Davi”, podemos refletir sobre as nossas ações para perceber que tudo isso
também pode acontecer conosco. Como Davi nós também podemos ser um guerreiro bem-sucedido, mas um dia
nos descuidarmos das nossas atribuições, ou deixarmos de nos dedicar à missão que
Deus nos destinou relaxando nos nossos deveres, colocando outras pessoas para
em nosso lugar enfrentar o inimigo transferindo os nossos encargos pra ficarmos
mais “descansados”. É nesses momentos que também damos brecha ao Inimigo, e
cairmos nas concupiscências que moram em nós, os sentimentos puramente carnais
e os desejos próprios da nossa humanidade decaída. O pecado é isto: sabemos que
uma coisa é mal, mas fazemo-la assim mesmo! A nossa infidelidade a Deus a nossa
omissão e a ociosidade nos fazem procurar os lugares errados e lá nos deparar
com o fruto proibido, alimentar pensamentos impuros, nos envolver em coisas
erradas, mentir, e até maquinar a morte de alguém. Por isso, terminamos por
fazer o que nem queríamos: ir contra a lei de Deus. E tudo isto porque no
início a sedução foi maior que a razão e não tivemos como voltar atrás. Nunca podemos achar que estamos “blindados”
para as seduções do mundo, ainda que tenhamos um comportamento irrepreensível.
Por outro lado também não nos podemos “admirar” do pecado de alguém e apontar o
dedo para quem errou. A história de Davi nos edifica e nos faz ficar mais
conscientes da nossa miséria humana para confiar plenamente na misericórdia de
Deus. – Você também se revolta com esta história de pecado? – Você acha que não
seria capaz de fazer o que fez David? – Você se acha uma pessoa muito
equilibrada e firme? – Em quem você confia para não cometer os mesmos
erros? - Você costuma apontar o dedo
para os erros dos políticos? – E os seus?
Salmo 50 – “Misericórdia, ó Senhor,
porque pecamos!”
O nosso
ser pecador tem necessidade de implorar por misericórdia a todo instante. Mesmo
que não tenhamos cometido conscientemente nenhuma má ação a nossa alma se
ressente por que o nosso pecado está sempre à nossa frente. Por isso, é nosso
dever reconhecer a nossa iniquidade e, assim como fez o salmista, orar ao
Senhor: “Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!” A misericórdia de Deus atinge a
nossa miséria e só quando nós nos reconhecemos miseráveis nós podemos abraçar o
amor misericordioso do Pai.
Evangelho – Marcos 4, 26-34 - “o crescimento do reino dentro de nós ”
O próprio Jesus nos ensina
que o crescimento do reino dentro de nós é tal qual uma semente espalhada na
terra que por si só, vai germinando e crescendo sem se sabermos como isso
acontece. Este é o processo de conversão e maturidade espiritual que ocorre
quando acolhemos a Palavra de Deus como uma semente com a consciência de que é
Ele próprio quem nos fala e nos oferece salvação e conversão. Assim, então, começa
a acontecer em nós o processo de germinação e fecundação do reino de Deus, uma
vida nova que iremos oferecer ao mundo. É Deus quem no nosso próprio coração
vai fazendo brotar a Sua mentalidade sem que nem nós mesmos percebamos. A cada
dia, mais e mais vamos ficando plenos do
poder do Espírito Santo que opera em nós mudando os nossos valores e as nossas
concepções, nossos pensamentos e as nossas ações fazendo com que cada vez mais
nos afeiçoemos a Jesus. O tempo da
colheita é quando estamos tão cheios de alegria, paz e felicidade que não dá
mais para conter, por isso, é imperioso que o levemos ao mundo às outras
pessoas que ainda não tiveram a mesma experiência. O reino de Deus também se
manifesta em nós quando, mesmo que ainda nem entendamos a Sua Palavra, nós
experimentamos apenas uma gotinha do Seu amor e da Sua misericórdia. Às vezes, em momentos de sofrimento, de
dificuldades, de provação, o terreno do nosso coração fica mais acessível para
acolher o amor de Deus. E, assim acontece como a semente de mostarda que é a
menor de todas, mas é capaz de crescer tornar-se uma grande árvore e abrigar os
pássaros do céu. Quando a terra do nosso coração acolhe a semente da Palavra e
do Amor de Deus e nós a deixamos germinar, como consequência nós vivemos uma
vida frutuosa, plena de abundante utilidade. Mesmo que tenhamos pouca fé, Deus vai realizando em nós o grande milagre
do amor. E ninguém que haja sido tocado pelo Amor de Deus, poderá ficar
estagnado, infeliz e descrente. A Palavra de Deus nos fará ser árvore que dá
abrigo a muitas pessoas e a nossa luz brilhará nas trevas do
mundo. Assim nós haveremos de sair semeando a semente do amor
por onde passarmos. - Você tem notado o crescimento do reino de Deus em você? - Quais as mudanças que aconteceram em
você? - Você se sente mais feliz, hoje do que antes? - Você já está sendo
árvore que dá sombra? – Você se sente amado (a) por Deus?
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