11- Sexta
- Evangelho - Lc 6,39-42
Neste
Evangelho, Jesus dá um forte recado a todos e todas que têm o encargo de
orientar ou formar outras pessoas. Ninguém dá aquilo que não tem.
Quem
carrega uma trave no próprio olho, isto é, comete grandes faltas, não tem
condições de enxergar bem para tirar o cisco (pequenas faltas) do olho do
irmão, do filho, da filha, do aluno, do formando, do súdito...
As
pessoas que vivem no pecado, além de não ter bom discernimento para orientar
espiritualmente outras pessoas, ainda cometem o pecado da hipócrita, porque dão
uma de santos e de exemplos diante do irmão.
“Hipócrita!
Tira primeiro a trave do teu olho...” Jesus não quer que as pessoas erradas
parem de orientar outras; quer que elas se convertam, tirando a trave do
próprio olho.
A
palavra convence, o exemplo arrasta. Nós precisamos muito mais de pessoas que
vivem corretamente do que de pessoas que falam bonito.
A
correção fraterna é boa quando é mediação da caridade, e feita com humildade,
sem julgar o interior do outro, pois o coração só Deus conhece.
Uma
das traves no nosso olho é a soberba, que gera a intolerância diante das
fraquezas do nosso próximo. Essa trave impede-nos da análise pessoal e nos leva
a crer que somos melhores que os outros. “Não condeneis e não sereis
condenados; perdoai e sereis perdoados”. A soberba nos torna cegos e portanto
incapazes de guiar outros cegos.
Se
“um discípulo não é maior do que o mestre”, nós devemos ter a atitude compreensiva
de Jesus, que acolhia a todos, apesar dos defeitos de cada um, a começar pelos
os seus Apóstolos. Deus nos ama e nos aceita a todos do jeito que somos, com
defeito e tudo. Essa é a atitude do nosso Mestre, que devemos imitar, tendo um
amor universal e sem fronteiras.
Esta
parábola é muito parecida com a do fariseu e do publicano. O publicano julgava
a si mesmo, o fariseu julgava os outros (Cf Lc 18,9-14).
Certa
vez, um dos monges de um mosteiro cometeu uma falta grave. Chamaram, então, o
ermitão mais sábio da região, para ir até o mosteiro julgá-lo. O ermitão se
recusou. Mas, insistiram tanto que ele terminou por ir.
Antes,
porém, pegou um balde e fez vários furos embaixo. Ao chegar perto do mosteiro,
encheu o balde de areia e foi caminhando, enquanto a areia escorria pelos furos
e caía no chão.
Os
monges o avistaram e vieram ao seu encontro. Um deles lhe perguntou o que era
aquilo. O ermitão respondeu: “Vim julgar o meu próximo. Meus pecados estão
escorrendo atrás de mim, como a areia que escorre deste balde. Mas, como eu não
olho para trás e não me dou conta dos meus próprios erros, fui chamado para
julgar o meu próximo”. Diante disso, os monges desistiram da punição ao pobre
infrator.
Nossos
pecados escorrem atrás de nós como a areia daquele balde. “Por que vês tu o
cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que está no teu próprio
olho?... Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar
bem para tirar o cisco do olho do teu irmão”. Caso semelhante está na cena da mulher
adúltera: “Aquele que não tiver pecado, atire a primeira pedra”.
Maria
Santíssima é a Rainha dos educadores, pois criou e formou o próprio Filho de
Deus e nosso grande educador. Que ela nos ajude a tirar a trave que carregamos
em nossos olhos, a fim de termos condições de ajudar os nossos irmãos e irmãs a
tirarem o cisco de seus olhos.
Pode
um cego guiar outro cego?
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