domingo, 20 de julho de 2014

No dia do julgamento...Padre Antonio Queiroz

Padre Antonio Queiroz


No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra essa geração.
Este Evangelho começa dizendo que alguns mestres da Lei e fariseus pediram a Jesus um sinal, uma prova de que ele era o enviado de Deus, o Messias. Jesus lhes responde dizendo claro: “Uma geração má e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas”.
E Jesus mesmo explica em que consiste o sinal de Jonas: “Assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem estará três dias e três noite no seio da terra”. Trata-se, portanto, da ressurreição de Jesus, a prova maior de que ele é o enviado de Deus.
Jonas, como sabemos, foi atirado no mar, em seguida uma baleia o engoliu, e três dias depois a baleia o vomitou vivo na praia (Cf Jn 1,15.2,1-11). Os habitantes de Nínive, que até aquele momento não queriam ouvi-lo, ficaram assustados e a cidade em peso de converteu (Cf Jn 3,5-9).
A ressurreição de Jesus, três dias após ser enterrado, foi um portento parecido. Mas foi também uma prova da radicalização da incredulidade dos judeus, pois mataram o Filho de Deus!
De fato, não tinha cabimento pedir sinal a Jesus, pois ele fazia milagres todos os dias. Só quem era cego não via. Acontece que a nossa fé é proporcional à nossa fidelidade. Quem não segue os mandamentos de Deus, fica como que cego e acaba perdendo a fé. Quanta gente deixa a Igreja, inventando mil motivos, mas no fundo é porque entrou numa situação permanente de pecado!
Jesus lembra também o exemplo bonito da Rainha de Sabá: Ao ficar sabendo da sabedoria de Salomão, ela veio de tão longe para ouvi-lo
(Cf 1Rs 10,1-10). E Jesus, muito maior que Salomão, estava ali no meio daquele povo, e não o escutavam! Por isso, “no dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra essa geração e a condenará”.
“Uma geração má e adúltera busca um sinal.” Geração má porque praticavam obras más. Adúltera porque traíram a aliança com Deus, que na Bíblia é comparada com o matrimônio. Esses procedimentos – maldade e adultério – endurecem o nosso coração para o amor a Deus e ao próximo, e nos levam a perder a fé.
A “geração má e adúltera” torna-se presa fácil das seitas. Se a nossa vida prática não segue o que acreditamos, passamos a acreditar naquilo que combina com a nossa vida prática. É a necessidade que temos de coerência entre as várias dimensões da nossa pessoa: intelectual, física, espiritual...
Logo que Jesus morreu, o centurião disse: “Este era verdadeiramente Filho de Deus!” (Mt 27,54). “Era” porque já está morto, e não mais será“uma brasa na nossa cabeça”. Que nós não cheguemos a esse ponto, de só “acordar” depois que cometemos um pecado grande, como foi este de matar o Filho de Deus! Que o bom Deus arranque o nosso coração de pedra e coloque no lugar um coração de carne, mais sensível aos sinais que ele nos manda.
A nossa desobediência a Deus começa com pequenas infidelidades. Se não as combatemos, elas vão crescendo e, de repente, caímos num pecado grande, sem às vezes nem perceber, como as autoridades do País de Jesus, que o mataram sem nem perceber o pecado que faziam.
“Josué disse ao povo: Não podeis servir ao Senhor, pois ele é um Deus santo, um Deus ciumento, que não suportará vossas transgressões e pecados” (Js 24,19).
“Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14,21). Deus se manifesta a quem observa os seus mandamentos. Por outro lado, Deus esconde o seu rosto de quem lhe desobedece.
“Assim como o corpo sem o espírito é morto, assim também a fé, sem a prática, é morta” (Tg 2,26). Uma fé sem boas obras vai definhando, e acaba desaparecendo.
Maria Santíssima foi sempre obediente aos mandamentos de Deus. Por isso sua fé era grande. “Bem-aventurada aquela que acreditou!”
No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra essa geração.




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