domingo, 15 de junho de 2014

A PERIGOSA FÉ DAS APARÊNCIAS - -Diac. José da Cruz

QUINTA FEIRA DA XII SEMANA DO TC 26/06/2014
1ª Leitura 2 Reis 24,8-17
Salmo 78(79), 9b “Livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados pelo amor do vosso nome”
Evangelho Mateus 7, 21-29

A PERIGOSA FÉ DAS APARÊNCIAS

Nada mais frustrante nesta vida do que quando uma pessoa nos decepciona, porque aparentava ser uma coisa e era outra. Isso é algo que pode ocorrer na vida conjugal-familiar, no âmbito profissional, comércio, negócios, no mundo da política, esportes e nas artes em geral, as pessoas vendem uma imagem que nos cativa e depois um dia se revelam realmente quem são. Pais que se desencantam com os filhos, maridos que se frustram com as esposas, esposas com os maridos, amizades sinceras que de repente se rompem, sociedades sólidas que acabam de maneira inesperada, sonhos que se desmoronam, belos projetos que se acabam da noite para o dia, ideais nobres que se banalizam, crentes que perdem a fé, cristãos que abandonam suas igrejas, amores que se vão. Enfim, do ser humano pode se esperar tudo, pois o homem nem sempre é aquilo que aparenta ser.
Jesus neste evangelho de São Mateus ensina que a nossa relação com Deus não pode ser apenas de aparência, mas tem que estar bem enraizada em nossas entranhas, como dizia Moisés ao seu povo, que a lei de Deus deverá ser escrita no coração, no mais profundo do ser humano.
A primeira interpretação desse evangelho nos leva a pensar que Jesus está falando da necessidade de termos uma fé bem consistente, para que possamos “aguentar firme” os trancos da vida, os problemas, os maus momentos, as tribulações, as crises e tudo mais que possa nos desestabilizar, mas será que a nossa fé é apenas isso: um amortecedor para diminuir o impacto das revezes dessa vida? Será que crer, significa apenas ter em nós uma força misteriosa que neutraliza a natureza humana dos impactos inesperados desta vida? Parece que não!
O catecismo da Igreja define o ato de crer, como uma resposta do homem a Deus que o convida à uma comunhão de vida, “pela Fé” o homem submete completamente sua inteligência e sua vontade a Deus. Com todo o seu ser, o homem dá seu assentimento ao Deus Revelador. A Sagrada Escritura denomina “obediência da Fé” esta resposta do homem ao Deus que se revela, que não pode se resumir a uma bela expressão verbal, ou em uma aparência religiosa, para convencer o próximo de que se pertence a Cristo e tudo se faz em nome dele, mas sim em ouvir a palavra de Deus e colocá-lo em prática.

Há muitos que se iludem, achando que para ter fé, basta ouvir a Palavra de Deus de vez em quando, em meio a tantos compromissos quando na verdade, é fazer tudo a partir da palavra. Nas Bodas de Cana, Maria disse aos que serviam “Fazei tudo o que ele disser”. Portanto, é “Tudo” e não um ou outro texto mais tocante para nós. Vida e Palavra têm de estar sempre juntas, pois a palavra de Deus em nossa vida não pode ser apenas uma decoração na parede, mas sim o alicerce, a rocha de sustentação.
Por isso não basta dizer “Senhor...Senhor!” para se entrar no reino de Deus, mas colocar toda nossa vida nas mãos do nosso Senhor, cuja vontade tem que ser para nós soberana, como foi a vontade do Pai na vida de Jesus. Senhor significa “Nosso Dono”, no sentido estrito de submissão.
Haverá um dia em que toda humanidade estará diante de Deus, quando o seu reino tornar-se visível e todo o mistério de Deus e do homem for então revelado. Esse dia será desolador para quem edificou sua vida sobre a mentira, pois não irá resistir ao impacto da Verdade de Deus, e a casa irá cair... convicções, princípios e ideologias humanas, que não estiverem em sintonia com o projeto de Deus, irão sucumbir para sempre, e todos os que alimentaram o mal oculto em seu coração, irão se sentir envergonhados e desmascarados. “Não vos conheço, afastai-vos de mim”!
Mas os que construíram sua vida e sua razão de ser em Jesus Cristo, caminho, verdade e vida, cujos atos coerentes revelaram o ser cristão em todos os momentos e ocasiões, estes ao contrário, se alegrarão com a Verdade, pois serão confirmados na regeneração, com a ressurreição prometida e preparada para os justos desde toda eternidade.
Perguntemo-nos então, se a nossa casa, isso é, a nossa vida em todas as suas dimensões, mesmo aquelas mais ocultas e inacessíveis para os homens, está solidamente construída sobre a rocha firme que é Jesus Cristo, ou se a nossa casa, apesar de aparentar tão bela, foi construída sobre a areia. Nesse caso, ainda dá tempo de demolir e fazer outra fundação, com uma conversão sincera e profunda, e assim, iremos não só resistir à Verdade de Deus, como também s experimentaremos uma incontida alegria diante dela, quando chegar o grande dia.


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