DIA 23 QUINTA -Mc 3,7-12
Os espíritos maus gritavam: “Tu és o
Filho de Deus!” Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.
Este Evangelho narra que grandes
multidões, vinda de toda a Palestina, se reuniam em torno de Jesus. Isto é um
prelúdio da fundação de Igreja, o novo Povo de Deus, que Jesus iniciará logo a
seguir, com a instituição dos doze Apóstolos. A presença de pagãos, gente de
Tiro e Sidônia, indica a universalidade da Igreja.
O assédio da multidão, comprimindo
Jesus, indica que o que o povo queria não era tanto ouvir a Boa Nova para se
converter, mas receber milagres. Este não é o ambiente propício para se revelar
que Jesus é o Messias, pois haveria o perigo de um mal-entendido, identificando
o Messias com um simples curandeiro, tão distante do Messias sofredor. O
próprio significado dos milagres corria o perigo de ser distorcido, pois estes
eram feitos em função do Reino de Deus, não simplesmente cura por cura.
Por isso Cristo não se entusiasma com o
fervor popular, e até “pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca,
por causa da multidão, para que não o comprimisse..., pois as pessoas
jogavam-se sobre ele para tocá-lo”, atitudes que cheiram fanatismo e delírio.
Marcos cita frequentemente a presença de
demônios, porque eles são os únicos que descobrem que Jesus é o Messias, pois
percebem que Jesus não se dobra às suas armadilhas e está acima deles, podendo
assim destruir a influência deles sobre o povo.
O Reino de Deus é mais eficácia que
triunfalismo. O nosso desafio, nas Comunidades cristãs, é passar de uma
multidão gregária para um Povo de Deus consciente, que confia, não tanto em
seus líderes, mas na força da própria união e organização, com Cristo no meio.
Certa vez, um pai de família bem idoso,
que estava às portas da morte, chamou seus filhos e disse-lhes: “Vão e
tragam-me cada um, uma vara”.
Quando os filhos trouxeram as varas, o
pai as ajuntou-as num só feixe, e disse aos filhos: “Quero ver qual de você
quebra este molho, sem desatar as varas”.
O mais velho tentou fazê-lo, mas não
conseguiu. O mais novo, de pulso forte, colocou o feixe no joelho, mas nem
assim conseguiu. Assim, todos tentaram, mas não conseguiram quebrar o feixe de
varas.
Então o pai desatou o molho e, tomando
as varas uma por uma, quebrou todas, apesar da sua fraqueza.
Depois explicou a lição aos filhos: “Se
vocês forem unidos como essas varas, ninguém os vencerá. Se viverem separados,
serão facilmente vencidos”.
A Comunidade é povo unido; a multidão
são pessoas separadas, apesar de estarem uma ao lado da outra. Que formemos
Comunidades unidas, conscientes, organizadas e de muita fé.
Que Maria Santíssima, a Mãe da família
de Nazaré e da Igreja, nos faça cada vez mais membros conscientes de nossa
Comunidade.
Os espíritos maus gritavam: “Tu és o
Filho de Deus!” Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.
Padre Queiroz
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