DIA 24 SEXTA -Mc 3,13-19
Chamou os que ele quis, para que
ficassem com ele e para enviá-los.
Este Evangelho narra o chamado dos doze
Apóstolos, palavra de origem grega que significa “enviados”. O número doze
evoca as doze tribos de Israel.
O texto começa dizendo que Jesus “subiu
ao monte”. É uma expressão com reminiscências bíblicas muito marcantes. Os
montes da Bíblia, mais que acidente topográfico, são lugares de teofania, isto
é, de presença, revelação e ação de Deus. Por exemplo, o monte Sinai, o monte
Horeb, o monte das bem-aventuranças, o da transfiguração... Este citado no
Evangelho de hoje se tornou o monte da investidura apostólica.
A intenção de Jesus não foi criar um
grupo separado do povo, mas guias para a Igreja, o novo Povo de Deus, que ele
começava a fundar.
“Chamou os que ele quis.” A vocação é de
iniciativa divina. Por que Deus chama a este e não aquele ou aquela, é mistério
que não entendemos. O certo é que, para uma missão ou outra, todos somos
chamados. E a gente só é feliz, vivendo na vocação que Deus nos deu.
“Chamou-os para que ficassem com ele e
para enviá-los.” Primeiro, nós ficamos junto de Jesus, a fim de aprender dele a
Boa Nova do Reino de Deus. Aprender e viver. Depois é que somos enviados. Foi o
que aconteceu com esses Apóstolos. Só mais tarde é que foram enviados a pregar.
E mesmo depois de enviados, Jesus sempre os chamava para um descanso,
confraternização e oração juntos. Se não fazemos isso, nós nos esvaziamos;
ninguém dá o que não tem. “Como é bom, como é agradável os irmãos viverem
juntos!” (Sl 133,1).
“Deu-lhes autoridade para expulsar
demônios.” Ao enviá-los, Jesus os capacitou para a missão, dando-lhes todos os
recursos e condições necessárias para cumprirem bem a tarefa.
Na lista dos Apóstolos, aparece em
primeiro lugar Pedro, que é o chefe, o centro de unidade do grupo e de toda a
Igreja. Judas Iscariotes aparece em último lugar porque foi o traidor. É
importante pensar bem, antes de assumir uma vocação, porque precisamos
perseverar até a morte, como fizeram os onze Apóstolos.
No grupo dos Apóstolos havia grande
diversidade de caracteres, de temperamentos, de culturas, de mentalidades, de
origem... São as diferenças que fazem a riqueza de um grupo. A convivência se
torna, às vezes, difícil, mas é preferível.
Consta-nos que quatro deles eram
pescadores: Pedro e André, Tiago e João. Mateus era funcionário público. Simão,
o zelota, foi membro da resistência aos romanos. Filipe era um judeu aberto.
Tiago era, ao contrário, muito conservador. E os outros eram gente simples e
desconhecida do povo. Nenhum foi influente na sociedade nem intelectual. Como
se vê, para realizar a sua obra, Jesus preferiu gente que não tinha peso
social, para que se manifestasse melhor a ação e a força salvadora de Deus.
O Pe. Pedro Donders viveu no Séc. XIX no
Suriname. Ele era diretor espiritual de um leprosário chamado Batávia, uma vila
que abrigava quatrocentos doentes. Donders conhecia a todos e era amigo deles.
Um dia, o governo mandou que fossem
retiradas da vila todas as crianças, para que não fossem contaminadas.
Os pais protestaram. Em toda parte, só
se ouvia gritos e choro, e impediam a saída dos seus filhos. Nem a polícia deu
conta de retirá-los.
Pediram a ajuda do Padre Donders. Ele
reuniu os pais rebeldes e mostrou-lhes que se tratava da saúde dos seus filhos.
Depois, com bondade e acolhimento, procurou ouvir cada um, resolvendo as dúvidas
e esclarecendo. Resultado: o povo caiu em si, acalmou-se e permitiu a saída das
crianças.
Sobrou apenas um senhor que havia fugido
para o mato, prometendo se matar, se levassem o seu filho. Donders foi atrás
dele e o convenceu. O homem voltou e entregou-lhe seu filho.
Donders é redentorista e foi
beatificado. É o bem-aventurado Pedro Donders.
Quando Deus chama uma pessoa para
determinada missão, capacita-a e dá-lhe todas as condições para exercer bem a
sua vocação.
Quando Jesus subiu para o céu, os Apóstolos
se sentiram muito confusos e até meio perdidos. Maria Santíssima foi ficar com
eles, aguardando a vinda do Espírito Santo (Cf At 1,14). Que Maria nos ajude
também a vivermos a nossa vocação, especialmente nas horas difíceis.
Chamou os que ele quis, para que
ficassem com ele e para enviá-los.
Pe. Queiroz
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