terça-feira, 13 de agosto de 2013

Muitos tentarão entrar e não poderão.-Claretianos


Domingo, 25 de agosto de 2013
21º Domingo do Tempo Comum
São Luís, Rei de França (Memória facultativa). e São José de Calazans, Presbítero (Memória facultativa).
Outros Santos do Dia: Arédio de Limoges (abade), Ebba de Coldingham (abadessa), Eusébio, Ponciano, Vicente e Peregrino (mártires), Gerôncio (bispo, mártir), Genésio de Roma (comediante, mártir), Genésio de Arles (bispo, mártir), Gregório de Utrecht (bispo), Juliano da Síria (mártir), Lucila de Roma (virgem), Magin de Tarragona (mártir), Maria Michaela do SS. Sacramento (fundadora), Menas de Constantinopla (bispo), Nemésio de Roma (diácono), Patrícia de Nápolis (virgem).
Primeira leitura: Isaias 66,18-21
De todos os países trarão teus irmãos.  
Salmo responsorial: 116
Ide ao mundo inteiro e proclamem o Evangelho. 
Segunda leitura: Hebreus 12,5-7.11-13
O Senhor repreende aos que ama.  
Evangelho: Lucas 13,22-30
Muitos tentarão entrar e não poderão.
Jesus continua sua viagem a Jerusalém, passando por povos e aldeias nos quais ensinava. Nesse contexto nasce uma pergunta a Jesus: Senhor, são poucos aqueles que vão se salvar? A pergunta aponta para números: Quantos vamos alcançar a salvação, pouos ou muitos? A resposta de Jesus nos remete do “quantos” ao “como” nos salvamos. 
É a mesma atitude aparece no tema da parusia: os discípulos perguntam “quando” acontecerá o retorno do Filho do Homem e Jesus responde indicando o “como” preparar esse retorno, que fazer durante a espera (MT 24,3-4). Esta forma de agir de Jesus não é estranha nem pouco cortês; é a forma de agir de alguém que quer educar os discípulos e passar do plano da curiosidade para o da sabedoria, das perguntas ociosas que apaixonam o povo, aos verdadeiros problemas que levem ao Reino.
Então, neste evangelho Jesus aproveita a oportunidade para instruir os discípulos sobre os requisitos da salvação. Isto nos interessa a todos que estamos diante do mesmo problema. Pois bem, que diz Jesus a respeito da nossa salvação? Duas coisas: uma negativa e outra positiva; primeiro o que não serve e não basta, depois do que serve e basta para salvar-se. Não serve ou não basta para a salvação é o fato de pertencer a determinado povo, a determinada raça ou tradição, instituição, ainda que fosse o povo eleito do qual provém o Salvador: “Comemos e bebemos contigo e tu nos ensinaste em nossas praças... Não sei de onde sois”. 
No relato de Lucas, é evidente que os que falam e reivindicam privilégios são os judeus; no relato de Mateus, o panorama se amplia: estamos agora em um contexto de Igreja; aqui ouvimos cristãos que apresentam o mesmo tipo de pretensão: “Profetizamos em teu nome (ou seja em nome de Jesus), fizemos milagres... porém a resposta de Jesus é a mesma: não os conheço, afastem-se de mim (MT 7, 22-23).
Por isso, para salvar-se não basta o simples fato de ter conhecido a Jesus e pertencer à Igreja; é preciso mais coisas. Justamente esta “outra coisa” é a que Jesus pretende revelar com as palavras sobre a “porta estreita”. Estamos na resposta positiva, no que verdadeiramente assegura a salvação. O que leva à salvação não é um título de propriedade (não há título de propriedade para um dom como a salvação), mas uma decisão pessoal.
Isto é mais claro no texto de Mateus que propõe dois caminhos e duas portas – uma estreita e outra larga – que conduzem respectivamente uma à vida e outra à morte. Para construir essa imagem dos dois caminhos,  Jesus se inspira no Deuteronômio 30,15 e dos profetas (Jer 21,8); para os primeiros cristãos os dois caminhos foram espécie de código moral.
Há dois caminhos – lemos na Didaké -, um da vida e outro da morte; a diferença ente os dois caminhos é grande. Ao caminho da vida corresponde o amor a Deus e ao próximo: bendizer a quem maldiz, perdoar a quem te ofende, ser sincero, pobre; em suma, os mandamentos de Deus e a bem-aventuranças de Jesus. Ao caminho da morte correspondem, pelo contrario, a violência a hipocrisia, a opressão do pobre, a mentira; em outras palavras, o oposto, aos mandamentos e às bem-aventuranças. 
O ensino sobre o caminho estreito encontra um desenvolvimento muito pertinente na segunda leitura de hoje. “O Senhor corrigem ao que ama”. O caminho é estréio, não por algum motivo incompreensível ou por um capricho de Deus que se diverte fazendo-o dessa maneira, mas,  posto no meio do pecado, foi uma saída no meio de uma rebelião; o conflito da cruz é o meio pregado por Jesus e inaugurado por ele mesmo para remontar essa pendente e reverter essa rebelião e “tornar a entrar”. 
Porém, por que caminho “amplo” e caminho “estreito”? Acaso o caminho do mal é sempre fácil e agradável de percorrer e o caminho do bem sempre duro e fatigante? Aqui é importante agir com discernimento para não cair na mesma tentação do autor do salmo 73. Também a esse crente do primeiro testamento lhe havia parecido que não há sofrimento para os ímpios, que seu corpo está sempre sadio e satisfeito, que não se vêem agredidos pelos demais homens, mas que estão sempre tranqüilos, acumulando riquezas, como se Deus tivesse preferência por eles.
O salmista se escandaliza por isto, até o ponto de sentir-se tentado a abandonar seu caminho de inocência para fazer como os demais. Nesse estado de agitação, Jesus entra no templo e se põe a orar e, de repente, viu com toda a claridade: compreendeu “qual é sua finalidade”, ou seja, o fim dos ímpios e começou a louvar a Deus e a dar-lhe graças com alegria porque estava com ele. A luz se acende na oração e na reflexão sobre o das coisas e da própria vida. 
Retornemos ao fio do discurso; Jesus rompe o esquema e leva o tema ao plano pessoal e qualitativo. Não basta pertencer a uma determinada “comunidade”, ou estar ligado a uma serie de práticas religiosas que nos dão a garantia da salvação. O importante é atravessar a porta estreita, isto é, buscar um empenho serio e pessoal pela busca do reino de Deus, esta é a única garantia que nos dá a certeza de que se está no caminho que nos conduz à luz da salvação. Jesus repetiu muitas vezes este conceito: “Nem todos os que dizem Senhor, Senhor, entram no Reino dos céus, mas os que fazem a vontade do Pai que está nos céus”. 
Comer e beber o corpo e sangue do Senhor, escutar sua Palavra, multiplicar as orações... é importante, porém não é suficiente para alcançar a salvação, porque como afirma Deus por boca do profeta Isaías: “Deus não pode suportar falsidade e solenidade” (1,13). Ao rito se deve unir a vida, à religião deve-se impregnar toda a vida de oração, à liturgia deve-se ligar a prática da caridade; à liturgia deve abrir ainda à justiça e o bem, como falaram os profetas. O culto é hipócrita e é incapaz de levar-nos à salvação: o próprio Jesus afirma: “afastem-se de mim, operários da iniqüidade”. A importância maior está nas obras, expressão de uma vida coerente com a fé que professamos. 
A imagem que Jesus usa inicialmente é aquela da “porta estreita”, que representa muito bem o empenho necessário para alcançar a meta da salvação, o verbo grego usado por Lucas (agonizesthe) é traduzido por “esforçar-se”. Indica luta, uma espécie de agonia; inclui fadiga e sofrimento, que envolve a pessoa no caminho de fidelidade a Deus.  
A vida cristã inclui luta diária por elevar-se a um nível espiritual superior; é errôneo cruzar os braços e relaxar depois de ter assumido um compromisso pessoal com Cristo. Não podemos ficar parados em nossa fidelidade ao Reino de Deus.
Crer é uma atitude seria e radical e não se reduz a certos atos de devoção. Estes podem ser sinais de uma adesão radical; finalmente, ao Reino de Deus são admitidos todos os justos da terra que lutaram, que amaram e se esforçaram por sua fé com sinceridade de coração; isto significa que o cristianismo se abre a todas as raças, a todas as culturas, a todas as expressões sociais e pessoais, sem nenhuma restrição.
Oração: Ó Deus, vós quereis que todos os homens e mulheres se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade, inspirai-nos para que nos sintamos convictos de que vossa verdade é  mais ampla que a nossa, e ensinai-nos vossa paciência pedagógica, para que nosso testemunho de vós seja sempre amoroso, paciente, dialogante e disposto à escuta e ao aprendizado.


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