terça-feira, 25 de junho de 2013

Precisamos de mais padres- Diac. José da Cruz


14º DOMINGO DO TC 07/07/2013
1ª Leitura Isaias 66, 10-14
Almo 65(66),1 “Aclamai a Deus toda a terra”
2ª Leitura Gálatas 6, 14-18
Evangelho Lucas 10, 1-12. 17-20

Na Igreja dos anos 60, anterior ao Concílio Vaticano II, a palavra “Missão” evocava a imagem quase heroica de padres e religiosos que atuavam em terras distantes, dominadas pelom paganismo ou regimes políticos que nãom contemplavam o Cristianismo, ou vivendo em meio a povos indígenas que nunca tinham ouvido falar em Deus. Em uma sociedade Teocêntrica a nossa Igreja não estava acostumada a sair para vender o seu “Peixe”, isso é, para fazer o anúncio do evangelho, porque aos domingos, bastava o toque dos sinos e as pessoas vinham todas para a Igreja, buscar os sacramentos, a Missa e tudo o mais que ela oferecia na esfera do Sagrado.
A realidade hoje, dentro de um pluralismo religioso e cultura paganizada, passamos há muito tempo do teocentrismo ao Antropocentrismo, onde o homem vai ocupando cada vez mais na v ida da humanidade o lugar que pertence a Deus, ou tentando fazer o seu papel e até competindo com ele na missão de salvar a humanidade. E assim, Jesus Cristo tornou-se mais um produto na vitrine do nosso Consumismo.
A Palavra de Deus é imutável, desde que se encarnou entre nós no Verbo Divino, ela é poderosa, eficiente, transformadora e essencialmente libertadora, porém, o método de se evangelizar quem que ser constantemente renovado, a igreja perdeu muito desse espírito missionário e está se empenhando para resgatá-lo, a partir do Documento de Aparecida, tentando motivar os Cristãos a sair da Igreja para ir até as pessoas, resgatando em primeiro lugar os noventa e nove por cento dos católicos, que abandonaram a Igreja nos grandes centros urbanos, ou a trocaram por outra, que talvez usou um método evangelizador mais convincente.
O evangelho de hoje oferece uma rica oportunidade para que cada um de nós cristãos façamos um chek-list quanto ao método que estamos usando para evangelizar, método ensinado pelo maior de todos os mestres, Cristo Jesus, o “Comunicador do Pai”, que treinou e capacitou a sua comunidade para fazer esse anúncio, com tal eficiência, que mesmo decorridos três milênios de história, o anúncio ecoa forte no coração de quem o acolhe.
Revestido desse espírito missionário confiado pelo próprio Senhor, o discípulo missionário é antes de tudo anunciador e portador da Paz, com poder sobrenatural de atingir o coração do seu ouvinte, seja em uma assembleia numerosa ou em um corpo a corpo, que é a estratégia apresentada neste evangelho, isso naturalmente supõe a abertura e o acolhimento de quem ouve, pois o anúncio dessa Paz, cuja palavra é a semente, vem como uma proposta e nunca como uma imposição.
O anúncio é para todos, e no envio dos setenta manifesta-se claramente esse universalismo, simbolizado na multiplicidade do discipulado, justamente para atender a demanda da messe, que é muito grande mas os operários são poucos. Também fica claro que a missão não é iniciativa do homem mas obediência a um mandato divino, é o próprio Senhor da Messe que envia os operários.
Enfim, Jesus ensina aos seus discípulos o seu próprio método e estratégia para anunciar o novo Reino e isso merece de cada um de nós uma atenção especial pois o mundo também tem seus métodos, sempre impostos a partir do poder e da força que lembra o lobo, que de início até consegue resultado imediato, mas aos poucos perdem sua eficácia e em nada contribuem para o crescimento e a realização do ser humano.
É precisamente neste ambiente hostil que a Igreja tem de estar sempre presente, através de cada discípulo missionário, para falar do Reino inaugurado por Jesus e que será sempre inédito e revolucionário, pelo conteúdo que apresenta e oferece a todos, oferecendo libertação e Vida Plena. Jesus realizou a obra da Salvação comportando-se como cordeiro e não lobo, fez uma proposta, um chamado, convidando os homens a, em sua total liberdade, a buscarem o Pai, que ama e quer salvar a todos os homens.
E finalmente a última e a mais importante de todas as lições: o perigo do entusiasmo inicial que poderá comprometer toda a missão! Os discípulos voltaram contentes, afirmando que no nome de Jesus até os Demônios obedecem. A tarefa de evangelizar é sempre árdua e requer paciência e perseverança por parte do missionário, que não estará livre das dificuldades, rejeições e forças contrárias, nem sempre terão êxito porém, são sempre animados pela esperança de que,  nada há neste mundo que conseguirá impedir o crescimento e a manifestação do Reino  do qual fazem parte todos os discípulos enviados e isso sim, deve ser a causa de sua alegria.

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