segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

-COMENTANDO A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2013 - J. Salviano



CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2013

Fraternidade e juventude
Introdução
            Todos os anos a Igreja através da Campanha da Fraternidade nos propõe uma reflexão séria sobre algum setor da sociedade em que a fraternidade está sendo ferida, deixada de lado e por causa disso, colhemos sérias consequências. É o caso da nossa juventude, a qual está jogada para as traças.
            Os textos da C.F. são muito bem elaborados, embasados em pesquisas, e portanto, ninguém poderá dizer que se trata de afirmações ingênuas e inconsequentes, saídas das mentes de seus elaboradores, na base do "achismo".
            Infelizmente, temos de lamentar um fato muito triste, que vem acontecendo há alguns anos. Durante a Quaresma, na hora do sermão, dificilmente se ouve uma frase, uma palavrinha a respeito da Campanha da Fraternidade do ano. Um fato muito lamentável. A falta de tempo do celebrante o impede de preparar e encaixar em sua homilia, pelo menos um breve comentário sobre o tema da C.F. do referido ano litúrgico.
            Como o nosso objetivo primeiro é ajudar os catequistas, vamos apresentar agora um breve comentário sobre o texto da C.F. 2013, para facilitar ou ajudar o seu sermão dominical.
FRATERNIDADE E JUVENTUDE
         Lendo o texto da C.F. 2013 a partir da página 85, terceira parte, Indicações para ações transformadoras, podemos concluir que precisamos de muita coragem para mudar as estruturas pastorais obsoletas da nossa Igreja, e adaptá-las aos tempos modernos, se quisermos atrair os jovens para as nossas pastorais. Como podemos constatar  em nossas missas, o jovem está fora da Igreja por causa das estruturas pastorais obsoletas, ultrapassadas, que não têm nada a ver com as mudanças rápidas dos tempos atuais, e com o modo de ser da juventude.
            PRECISAMOS ATUALIZAR PARA O JOVEM PARAR DE DEBANDAR.
            E essa debandada dos jovens está acontecendo porque muitas de nossas estruturas eclesiais não abrem suas portas para acolher a  juventude, com sua linguagem, com seu jeito de ser, suas aspirações, seus problemas, etc.  Porque é muito mais fácil manter uma catequese conservadora, falar a linguagem dos idosos, os quais pelo medo do inferno, pois a morte está próxima, escuta com muita atenção. E os jovens? Como ficam? Vão continuar se desviando do caminho de Deus rumo ao inferno? E amanhã? Quem serão os nossos beatos? As nossas beatas? Simplesmente eles não existirão, se continuarmos ignorando os jovens desse jeito.
            Quando se fala em abrir as portas para os jovens, não se trata de ser coniventes com os absurdos que afligem essa faixa etária. Abrir as  portas para acolher o jovem não significa que estamos de acordo com o sexo livre, com a aplicação do aborto para a gravidez indesejável, nem muito menos queremos com isso dizer que aprovamos casamentos de pessoas do mesmo sexo. 
            O texto da C.F. na página 87 afirma que "é importante ir ao encontro daqueles que estão em grave situação de risco..."   Sim. É missão nossa ir ao encontro das ovelhas perdidas. Mais como a palavra diz, em muitos casos, já são casos perdidos, e precisamos correr pois o tempo é curto. Precisamos impedir que os bons jovens, aqueles que ainda acreditam em Deus, que aspiram vencer na vida, se tornem também ovelhas perdidas.
            Do mesmo modo, tomemos cuidado com as pastorais de recuperação de drogados.  Já aconteceu de muitos professores sofrerem violências por estarem atacando, batendo de frente com  o mundo das drogas...   
            Prezados irmãos. A verdade é que precisamos fazer alguma coisa com a devida prudência. "Sede simples como uma pomba e prudentes como a serpente" . E a hora é agora. Estudemos o texto da C.F. 2013, e vamos a luta. Comente em seus encontros catequéticos, em suas homilias, não fique aí parado. Os nossos jovens estão se naufragando em mar de lama, e a pior consequência é que no futuro, quem serão os nossos governantes, os nossos padres, os nossos fiéis? Com essa juventude que está aí o futuro da humanidade está seriamente ameaçado.
            Precisamos urgentemente encontrar um meio atual, agradável, atraente, e inteligente de atrair os nossos jovens para a Igreja! Ainda existem muitos bons jovens que sedentos de Deus, poderiam nos ajudar. Tais bons jovens só estão fora das missas, por vergonha, por medo do que os seus amigos possam dizer. Então, vamos pedir ao Espírito Santo em nossas orações, ardentemente que nos iluminem no sentido de conseguir usar os recursos modernos como a internet, para trazer de volta as nossas ovelhas desgarradas...
            Vamos trocar  ou deixar de lado por uns tempos, a Pastoral da Conservação para iniciar uma pastoral Moderna e realmente Missionária atual e atuante!  Vamos receber, os nossos jovens com suas feridas, suas frustrações, mas com sua beleza, sua linguagem que apesar de assustar as beatas, é a linguagem da hora. Tá ligada, Vó? 
            O  jovem tem muita potencialidade, muita criatividade. O  que precisamos é canalizar   essa energia para a construção de um novo mundo. E para isso, precisamos muito da colaboração dos pais desses mesmos jovens. Precisamos do apoio das suas famílias, pois sem um bom e santo empurrão dos pais, o jovem vai ficar escutando satanás pela boca de seus colegas e amigos que o critica de estar indo à Igreja! Vamos todos colaborar, vamos sair do comodismo e da Pastoral da Conservação, e partir para uma Pastoral da Transformação do Mundo.  Sabemos que a coisa não é fácil. Porém, não nos esqueçamos de que Jesus prometeu estar conosco até o fim dos tempos. E ainda, que as portas dos infernos nunca se prevalecerão contra nós, que somos a Igreja de Jesus Cristo.  O que está faltando é iniciativa da nossa parte. Largar o comodismo, e buscar soluções. Escutar a voz de Deus após muita oração, pois com certeza Ele vai nos orientar, nos mostrar os  métodos práticos de atrair os jovens. Acreditem!
            Repetindo, existem no mundo muitos bons jovens que, ao contrário do que se pensa, não são ou não estão indiferentes diante das injustiças causadoras de violências. Estes mesmos jovens se atraídos para uma nova Pastoral da juventude, poderiam atrair outros jovens.  Que tal se  investíssemos esforços do tipo estudar como arrebanhar a juventude para a Igreja? Isto porque a coisa é mais séria do que estamos pensando! Hoje temos uma assembléia de adultos e idosos atuantes nas pastorais. E amanhã? Quem serão eles? Será que estamos pensando no futuro mesmo? 
            A nossa sociedade aplica medidas repressoras diante da violência, especialmente nos assaltos, e invasões de residências semelhante a receitar analgésicos para aliviar a dor de uma úlcera.  Nunca vamos curar esta ferida da sociedade, atacando o efeito, em vez de cuidarmos das causas do mal que nos cerca a cada dia com maior intensidade.  Precisamos diagnosticar e prescrever a medicação certa para a causa das feridas no estômago, em vez de ficarmos tomando analgésicos para nos livrar da dor, ou do efeito da úlcera estomacal,  deixando as feridas se proliferar .
            Isso gera uma guerra social, uma guerra urbana, vivemos com medo, e com ódio dos que nos roubam pois nos tornamos presas fáceis.  Por exemplo:
            Em um assalto.   É muito fácil se revoltar, se indignar e querer se vingar de um jovem que lhe assalta no sinal vermelho, da estrada que passa ao lado de uma favela. Você pensa tudo de ruim a respeito daquele que empunhando uma arma, lhe tira os seus pertences.  Mas se ponha no lugar dele. Onde ele mora? Não mora. Ele se esconde atrás de umas tábuas no sue barraco, ou no máximo numa espécie de casa com paredes de tijolos sem reboco, numa área chamada  favela, onde tudo é ruim: desconforto, mal cheiro, intrigas, brigas, por que onde não se tem o pão, todos brigam e nenhum tem razão.
            Agora veja a causa da revolta daquele jovem contra a sua pessoa que passa por ele bem vestido, e dentro de um carrão: A televisão mostra nas novelas, todo mundo vestido com roupa de primeiro mundo, tudo no maior luxo, levando uma vida acima da nossa realidade, e muito além da triste realidade das favelas. E ele assiste isso lá na favela. E para acrescentar, na T.V. da favela, este mesmo adolescente assiste nos comerciais, aqueles tênis lindos, aquelas blusas da hora, e muito mais que ele nem pode pensar em comprar, a menos que decida roubar.
            Esta é a causa da violência. Esta é a causa geradora dos assaltos. Uma economia onde existe uma grande disparidade na distribuição da renda, onde uma minoria vive no luxo e na ostentação do poder econômico, e tem de passar ao lado das favelas, onde estão os "ZÉS NINGUÉM "  da vida, para os quais as  novelas dizem que temos de ser gente fina, os comerciais dizem que temos de consumir, e portanto aquela gente levam uma vida sem sentido, uma vida de revolta, uma vida que ninguém merece.
            Não estamos defendendo aqueles que assaltam! Só estamos buscando ou mostrando o por que dos assaltos, para que os doutores dirigentes  da nossa sociedade comecem a pensar na medicação certa para esta grande ferida social.  Para os legisladores deste país comecem a atacar as causas em vez de atacar as consequências das nossas ulcerações  sociais.
            Para evitar a violência estamos investindo em mais armas, e mais policiais, os quais estão sendo mortos por jovens protegidos  pelo  Estatuto do Menor e do Adolescente . Talvez tenhamos de pensar em policiais robóticos.
            Na verdade estamos deixando de lado o cuidado que deveríamos ter com causas da violência. Nossos jovens precisam do emprego que a globalização, a informática e os "pegue e pague" do comércio lhes tirou, e por isso têm de se submeterem a empreguinhos com remunerações  insignificantes . Com um salário de 700,00 reais, por exemplo, o nosso jovem nunca pode pensar em construir uma família.  Nossos jovens precisam de estar preparados para o mercado de trabalho através de cursos profissionalizantes. Nossos jovens precisam de lazer sadios, de estímulos aos esportes, pois se ficam ao Deus dará,  se ficam à deriva num mar de espertos navegantes, o resultado é o que estamos vendo aí.  Sem emprego e sem chances de vencer na vida, o que você acha que um jovem vai pensar? Ele vai pensar em um atalho para chegar lá, vai pensar num jeito fácil de conseguir sua sobrevivência. E esse atalho é roubar, assaltar, já que as nossas leis são muito maneiras, suaves, e boazinhas. Já que a impunidade é uma realidade social do nosso país, para que esquentar a cabeça? Assim pensa o nosso jovem!    
            Conclusão: Precisamos investir na nossa juventude, e mudar as leis acabando com a impunidade. Pois mesmo os poderosos que não fazem nada a respeito disso,  por se acharem protegidos pelo poder material, se enganam. Pois entrar e sair de suas residências, eles são tão indefesos, vulneráveis e expostos ao perigo  como qualquer outro mortal. Desculpem. Nada contra os poderosos. Só estamos tentando mostrar o outro lado da moeda.
            Porque de nada adianta: câmeras, e todo aquele aparato eletrônico e humano na segurança de nossas residências, diante do poder de fogo dos invasores. Isso é um exemplo de se enfrentar o problema pelos seus efeitos, em vez de encarar, ou cuidar das suas reais causas. Causas sociais. Causas injustas, causas causadoras das feridas sociais, que nos impedem de viver em paz, de viver em abundância. Em outras palavras, A MAIS PROFUNDA CAUSA DE TUDO ISSO É A AUSÊNCIA DE DEUS NA MENTE DO HOMEM. 
(Pretendemos continuar este comentário...)
José Salviano


4 comentários:

  1. Palavras Sábias e verdadeiras. Deus o abençoe. Divulgarei no face este comentário. Com o seu nome é claro. Fique na paz de Deus!

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  2. Belo texto.Acredito que realmente é isto que está acontecendo em nossa sociedade.Cabe a nós,cristãos,mudar tbém a nossa maneira de evangelizar para que possamos atigir a junventude

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