Terça-feira, 16 de Outubro
Lc 11,37-41
Dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro
para vós.
Este Evangelho conta que um fariseu convidou Jesus
para jantar na sua casa, mas ficou pensando mal dele, porque não lavou as mãos
antes da refeição. Lavar as mãos antes da refeição, o que era um rito religioso
deles, nascido da tradição.
Jesus é claro com o fariseu: “Vós limpais o copo e
o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades”.
Deus quer a nossa pureza completa, e é da interior
que nasce a exterior. Mudando o nosso coração, isto é, as nossas intenções e
desejos, vai mudar o nosso agir.
Quem segue a Jesus não tem malícia, maldades, nem
segundas intenções. Não é falso nem engana ninguém, mas é verdadeiro e
transparente.
“Felizes os puros de coração, porque verão a Deus”
(Mt 5,8). Quem é puro de coração é honesto, sem fingimento e sem máscaras.
Essas pessoas são parecidas com Deus, por isso o verão, e nelas podemos
confiar, porque falam a verdade. Uma sociedade feita de pessoas assim seria bem
mais feliz.
“Dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro
para vós.” A esmola nos deixa muito mais puros do que as repetidas e inúteis
purificações. Isso porque, quando partilhamos os nossos bens com os
necessitados, atraímos sobre nós a bênção de Deus, que nos purifica.
Os ritos fazem parte da nossa relação com Deus. O perigo
é absolutizá-los, colocando-os na frente dos mandamentos de Deus. Foi isso que
fizeram os mestres religiosos do povo judeu do tempo de Jesus. De tal modo
deram a primazia aos ritos, como este de lavar as mãos antes da refeição, que
se esqueceram do principal, que é amar a Deus e ao próximo.
“Eu farei uma nova aliança com a casa de Israel...
Colocarei a minha lei no seu coração. Serei o Deus deles e eles serão o meu
povo (Jr 31,31-33). É isso que Deus quer conosco, já que vivemos na Nova
Aliança. A Lei escrita no nosso coração nos dá liberdade para escolher o que é
melhor. Em vez da letra da Lei, passamos a obedecer ao espírito da Lei.
Conta uma lenda que certo dia um bezerro precisou
atravessar uma floresta virgem para voltar ao seu pasto. Sendo ele um animal
irracional, abriu uma trilha tortuosa, cheia de curvas, subidas e descidas
inúteis.
No dia seguinte, um cão que passava por ali usou
esta trilha para atravessar a floresta. Depois foi a vez do carneiro, líder de
um rebanho, que fez seus companheiros seguirem pela trilha torta.
Mais tarde, os homens começaram a usar aquele
caminho. Viravam à direita e à esquerda, abaixavam-se para não bater nos
troncos de árvores, reclamavam, mas nada faziam para mudar a trilha. Depois de
tanto uso, a trilha acabou virando uma estrada onde os animais se cansavam sob
as cargas pesadas, sendo obrigados a percorrer em três horas um caminho que
podia ser feito em uma hora.
Muitos anos se passaram e a estrada tornou-se a rua
de uma vida e depois a avenida principal de uma cidade. Eram milhares de
pessoas que seguiam a trilha do bezerro.
Os homens infelizmente têm a tendência de seguir
cegamente tradições de pessoas que nem sempre conheciam o caminho que estavam
traçando. Existem mentalidades ou modos de viver, antigos ou novos, que nem
sempre combinam com o principal, que é amar a Deus e ao próximo.
Maria Santíssima era todinha de Deus. Sua
obediência era livre e brotava do coração. Que ela nos ajude a evitar a
hipocrisia e a tomar cuidado com o fermento dos fariseus (Lc 12,1).
Dai
esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós.
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