Segunda-feira, 15 de Outubro
Lc 11,29-32
Padre Antonio Queiroz
Os judeus pediam um sinal a Jesus, uma prova de que
ele é mesmo o enviado de Deus. Jesus responde que não lhes será dado outro
sinal, a não ser o sinal de Jonas.
Jonas, como sabemos, foi atirado no mar, em seguida
uma baleia o engoliu e três dias depois o vomitou vivo na praia (Cf Jn
1,15.2,1-11).
Jesus se refere ao seu sepultamento, em que ficou
também três dias debaixo da terra e depois ressuscitou vivo. Esta foi uma
grande prova da sua divindade. Mas foi também uma prova da radicalização do
pecado dos judeus: Mataram o Filho de Deus.
De fato, não tinha cabimento pedir sinal a Jesus,
pois fazia milagres todos os dias. Só quem era cego não via.
Acontece que a nossa fé é proporcional à nossa
obediência a Deus. Quem não segue os mandamentos, fica como que cego e não vê
as passagens de Deus pela sua vida. Por isso acaba se desviando da fé
verdadeira.
A nossa desobediência a Deus começa com pequenas falhas.
Se não nos convertemos, elas vão aumentando aos poucos. De repente nós caímos
num pecado grande, e levamos um susto. Esse susto é convite de Deus, sinal do
amor dele a nós. Muitos tomam um copo de cerveja para esquecer o susto e
continua a vida. Esses vão acabar fazendo pecados ainda maiores, como os judeus
do tempo de Jesus, que o mataram.
“Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me
ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a
ele” (Jo 14,21). Por outro lado, quem não obedece os mandamentos, acaba
escondendo-se de Deus, como aconteceu com Adão e Eva.
“Assim como o corpo sem o espírito é morto, assim
também a fé, sem a prática, é morta” (Tg 2,26).
No Evangelho, Jesus lembra também o exemplo bonito
da Rainha de Sabá: Ao ficar sabendo da sabedoria de Salomão, veio de tão longe
para ouvi-lo (Cf 1Rs 10,1-10). E Jesus, muito maior que Salomão, estava ali no
meio daqueles chefes e eles não o ouviam.
Jesus chamou os judeus do seu tempo de geração má,
quer dizer, uma geração que pratica obras más. As obras más endurecem o nosso
coração para o amor a Deus e ao próximo e o fecham para a fé verdadeira. Quem
pratica obras más torna-se presa fácil de seitas.
Nós buscamos instintivamente a coerência entre as
várias dimensões da nossa pessoa. Se a nossa vida prática não segue o que
acreditamos, passamos a acreditar naquilo que combina com a nossa vida prática.
“Josué disse ao povo: Não podeis servir ao Senhor,
pois ele é um Deus santo, um Deus ciumento, que não suportará vossas
transgressões e pecados” (Js 24,19).
Logo que Jesus morreu, o centurião disse: “Este era
verdadeiramente Filho de Deus!” (Mt 27,54). Que nós não cheguemos a esse ponto,
de só “acordar” depois que cometemos um pecado horrível. Para isso, precisamos
ser menos críticos e mais dóceis diante da Palavra de Deus. Que o bom Deus tire
o nosso coração de pedra e coloque no lugar um coração de carne, mais sensível
aos sinais que ele nos manda.
Certa vez um rapaz procurou o padre, querendo
resolver umas dúvidas de fé. O padre levou-o para a sala de atendimento, os
dois se sentaram e o padre foi logo perguntando: “Quanto tempo faz que você não
se confessa?” O rapaz respondeu: “Não é isso, padre, o meu problema são dúvidas
de fé!” “Sim, respondeu o padre, mas eu gostaria que você antes se confessasse.
Depois a gente conversa sobre a fé”. Depois de muita conversa, o padre, com sua
bondade, conseguiu convencer o jovem a se confessar. Foi uma confissão longa e
o jovem até se emocionou. Terminada, o padre lhe disse: “Agora vamos conversar
sobre a fé. Pode apresentar as suas dúvidas. “Não tenho mais dúvidas, respondeu
o moço. Muito obrigado, senhor padre!” E deu-lhe um abraço.
É sempre assim. A vida de pecado interfere na nossa
fé. Existe uma relação: Vida de pecado = Dúvidas de fé. Prática das virtudes =
Aumento de fé.
A nossa fé cresce junto com a nossa obediência a
Deus.
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