Sexta-feira, 12 de outubro
Evangelho - Jo 2,1-11
Alexandre Soledade
Bom dia!
O que seria desse milagre sem a intercessão de
Maria? O que seria desse milagre se os funcionários não tivessem a ouvido? O
que seria desse milagre se não tivessem enchido os potes até a boca?
Um milagre normalmente brota de algo que existe e
poucas vezes ele surge do nada, por isso a intercessão de Maria bem como a ação
dos funcionários (ou empregados) foi tão vital para que ele acontecesse. Sim! O
milagre poderia acontecer apenas com o toque de Deus, mas Deus não se intromete
nas questões humanas em respeito ao livre arbítrio.
Maria é a grande intercessora desse milagre, bem
como de outras situações que conhecemos ou já ouvimos, mas de que vale a sua
intercessão se não acreditarmos? Que vale a intercessão dos santos se não
enchermos nossas talhas de fé, tentando e acreditando, até o máximo da nossa
capacidade?
O mundo hoje é tão cético e em alguns momentos
devoto de tudo. Um povo que não acredita em nada se choca com outro que
acredita em tudo e no meio desses “dois mundos” estão aqueles que têm fé. Os
céticos preferem não acreditar e depender do que conhecem, sabem, vêem e podem
controlar e explicar; os que em tudo acreditam põem Deus num patamar idêntico
aos anjos, imagens , figuras, baguás, trevos, pés de coelho e elefantinhos
virados para porta, mas os que tem fé são aqueles que estão dispostos de
acreditar e agir.
“(…) Por ora, todavia, “caminhamos pela fé, não
pela visão” (2Cor 5,7), e conhecemos a Deus “como que em um espelho, de uma
forma confusa…, imperfeita” (1Cor 13,12). Luminosa em virtude daquele em que
ela crê, a fé é muitas vezes vivida na obscuridade. A fé pode ser posta à
prova. O mundo em que vivemos muitas vezes parece estar bem longe daquilo que a
fé nos assegura; as experiências do mal e do sofrimento, das injustiças e da
morte parecem contradizer a Boa Nova; podem abalar a fé e tornar-se para ela uma
tentação”. (Catecismo da Igreja Católica § 164)
O milagre que espero que aconteça precisa começar
pela minha tentativa insistente e resistente para que ocorra. É acreditar do
fundo do coração que aquilo dará certo, mesmo sabendo que nem tudo depende de
nossa vontade; é acreditar, sem saber o porquê e encher as talhas. O milagre
não surgirá do nada, será preciso bater na rocha e acreditar que Deus estará à
frente, mas por ventura ele não ocorrer, nunca deixar de acreditar que mesmo
assim Deus sempre esteve perto.
“(…) O Senhor respondeu a Moisés: ‘Passa adiante do
povo, e leva contigo alguns dos anciãos de Israel; toma na mão tua vara, com
que feriste o Nilo, e vai. Eis que estarei ali diante de ti, sobre o rochedo do
monte Horeb. Ferirás o rochedo e a água jorrará dele: assim o povo poderá
beber’. Isso fez Moisés em presença dos anciãos de Israel. Chamaram esse lugar
Massá e Meribá, por causa da contenda que os israelitas tiveram com ele, e
porque tinham provocado o Senhor, dizendo: ‘O Senhor está ou não no meio de
nós’?” (Êxodo 17, 5-7)
Jesus inicia seu trabalho em Caná, um trabalho que
três anos depois o levaria ao calvário e a nossa salvação pessoal. Desde que
foi informada por Simeão no templo que um flecha transpassaria seu coração,
será que Maria, que hoje é lembrada sua aparição em Lourdes, não pedia em
silêncio um milagre: que seu filho não sofresse o martírio que viria ter? Por
que não? Ela era sua mãe! Mas algo fez Maria ser diferente: Sempre acreditou no
projeto de Deus e que sua dor seria premiada com um vinho novo e de melhor
sabor. “(…) Todos costumam servir primeiro o vinho bom e, depois que os
convidados já beberam muito, servem o vinho comum. Mas você guardou até agora o
melhor vinho”.
Durante sua vida Maria sempre encheu suas talhas
até a boca.
E nós? O quanto me empenho em acreditar e no que
acredito?
Nossa Senhora de Lourdes, roga por nós!
Um imenso abraço fraterno.
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