SÁBADO DA 21ª SEMANA DO TC 01/09/2012
1ª Leitura 1 Cor 1, 26-31
Salmo 32 (33), 12b “Feliz o povo que o Senhor escolheu para sua
herança”
Evangelho Mateus 25, 14-30
"LUCROS E PERDAS DA NOSSA FÉ" – Diac. José da Cruz
No penúltimo
domingo do tempo litúrgico do ano “C”, o evangelho nos coloca a parábola dos
talentos, que poderá ser mal compreendida, se não aprofundarmos a reflexão,
pois não estamos diante de um simples acerto de conta entre um patrão e seus
servos, mas diante de algo muito mais sério que é o sentido da nossa vida. A
grande pergunta que estará em nosso coração e em nossa mente, quando esta vida
estiver se esvaindo, é exatamente essa: Investimos a nossa existência em que? A
vida vale à pena?
Na contabilidade há
um demonstrativo em cada final de exercício, que mostra aos investidores e
acionistas, de que modo foi investido o capital por eles disponibilizado, esse
balanço final mostra o Ativo e o Passivo, os ganhos e perdas da empresa, seus
direitos e obrigações, seus valores a receber e suas contas a pagar, seu
acréscimo patrimonial ou suas perdas, caso houver. Esta visão permite ao
acionista decidir se continuará investindo ou se vai procurar outro negócio
mais rentável.
Ora, Deus Pai
investiu tudo em nós, o Filho pagou um alto preço, mais que todo o ouro, toda a
prata e todas as fortunas que há no mundo, é um direito Dele portanto, querer
saber no final de nossa vida, o que foi que fizemos com o nosso viver, com a
sua graça, com a vida nova que tivemos acesso, com a obra da salvação, uma
pessoa extremamente bondosa e amorosa para conosco, nunca nos cobra nada, pois
o seu amor é incondicional e gratuito, mas a gente se sente na obrigação de dar
um retorno, que pode ser uma grande alegria, como a dos dois primeiros servos,
que duplicaram os talentos que lhes foram confiados, ou então será um momento
de grande tensão e angústia, marcado pelo medo, por causa de uma relação
distorcida com o Patrão. Podemos perceber que os outros dois, não tiveram a
preocupação de justificar o porquê aplicaram bem o talento recebido, pois
independente do rigorismo e da exigência do Patrão, sentiram-se no dever de
corresponder à confiança neles depositada.
Deus reconhece as
nossas limitações, ele sabe muito bem que nem todos irão viver bem, descobrindo
o sentido da vida e vivendo na essência do seu amor, e por isso, diante dele é
válido todo e qualquer esforço de se viver segundo suas leis e sua santa
palavra. Podemos até dizer, que o talento dado, é a própria existência, visível
aos nossos olhos, e que os talentos adquiridos com um bom investimento, são as
graças sobrenaturais que antecipam em nosso caminhar, esta vida nova que Jesus
nos presenteou. Na hora certa, esta vida não nos será tirada, mas enriquecida
com os demais talentos ,quando vivemos bem a nossa vida terrena, entendendo que
ela é muito mais do que aquilo que se vê, São Paulo chama isso de caminhar na
Fé.
Porém, aquele que
se apegou a esta simples existência, limitando-se a viver apenas na visão,
alimentando sua esperança apenas com aquilo que esta vida terrena pode dar,
este é o servo Malu e preguiçoso, que investiu mal a sua vida, e que no balanço
final da sua existência, já diante de Deus, irá constatar horrorizado, que não
auferiu nenhum lucro, e que o que pensava ser um grande lucro, foi na verdade
uma grande e terrível perda, e que terminou o seu exercício terreno com um
saldo negativo, devendo algo para Deus.
Há uma música
pastoral belíssima, cujo refrão diz “tudo vale a pena, quando a alma não é
pequena!” Eis o grande segredo que o homem precisa descobrir, que o viver não
se restringe aos limites do corpo, mas que o homem traz em si as sementes da
eternidade, de uma Vida renovada pela qual vale a pena lutar para buscá-la e
mantê-la a cada dia, porque os nossos horizontes são muito mais amplos do que
nossos olhos podem vislumbrar, e esta descoberta prodigiosa que muda tudo em
nossa vida, só ocorre na vida de quem vive na Fé.
Ainda tomando o
exemplo da Contabilidade empresarial, mês a mês se faz o balancete, que como o
próprio nome diz, trata-se de um Balanço menor, que mostra os valores
movimentados e ajudam o empresário a redirecionar seus investimentos, caso o
resultado do balancete não seja bom, por isso esse evangelho nos convida também
a um bom exame de consciência diante de Deus no sentido de saber com clareza e
sinceridade, o que é que estamos fazendo da nossa vida, que são os talentos que
Deus nos confiou, sempre é tempo de nos converter, de acertar as contas
negativas e fazer novos investimentos na caridade, no amor, na solidariedade, com
os lucros auferidos da Palavra de Deus e da força da Eucaristia.
A grande diferença
da nossa vida de fé e de um controle contábil, é que o nosso Deus não é
avarento nem egoísta, e o pouco que conseguirmos lucrar com a prática do amor
cristão, já será suficiente para ouvirmos dele a palavra que o nosso coração
anseia: “Porque foste fiel na
administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha
alegria!” Alegria que já experimentamos ainda nesta vida, quando
colocamos todos os nossos talentos para servir os nossos irmãos, ajuntando um
tesouro no céu.
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