A IDENTIDADE DO CRISTÃO É O ‘MANDAMENTO DO AMOR– Maria de Lourdes Cury Macedo.

 

Domingo, 09 de maio de 2021.

Evangelho de Jo15, 9-17. 

 

        

         A LITURGIA deste 6º Domingo do Tempo Pascal convida-nos a contemplar o amor de Deus, revelado nas pessoas, nos gestos e nas palavras de Jesus e atualizado na vida e nas ações de seus seguidores. Celebramos com carinho e amor o dia das mães, elas são expressão do amor de Deus para com seu povo.

         O evangelho desse domingo nos fala do mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. O amor é dom e missão. Jesus ressuscitado nos confia à missão de repartir e multiplicar seu amor, para que nossa alegria seja completa.

         Jesus e seus discípulos estão em Jerusalém ocasião da festa da páscoa dos judeus. Estão preocupados com que possa acontecer com o Mestre. No entanto Jesus manda que preparem a ceia para celebrarem a páscoa. É a última ceia de Jesus com seus apóstolos. O clima é de despedida, Jesus está fazendo suas últimas recomendações, suas palavras, é o testamento final. Ele sabe que vai partir para o Pai e seus discípulos continuarão no mundo para que a Sua missão não pare.

         Esse evangelho é uma continuação do domingo passado, Jesus insiste na unidade que deve haver entre os discípulos, a exemplo da  relação d’Ele com o Pai. Pra missão ter êxito é preciso estar alicerçada no amor: “Permanecei no meu amor. Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor...” Por isso Jesus convida-os seguir o caminho de entrega a Deus e de amor radical aos outros. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

         Ele insiste dizendo que “Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor”. Ele frisa a palavra amor, amar, só neste trecho ele a repete 9 vezes. Jesus nos ensina que o Pai o ama tanto por isso lhe comunica o Espírito Santo.

 O amor de Jesus para conosco também é tão grande que Ele infunde em nós, e em toda a comunidade que crê o Espírito Santo, tornando–se nosso amigo.  Assim cria-se um laço estreito e forte entre o Pai, o Filho, o Espírito Santo e nós que somos sua comunidade que cremos no amor do Pai e do Filho e que recebemos o Esp. Santo. Desta forma, a vida de Deus circula em nós, nos tornamos amigos e companheiros de Jesus na luta para implantar entre nós o Reino de Amor que Jesus veio nos mostrar, ensinar, revelar. Nós podemos perceber esse amor através do nosso relacionamento de amor entre nós irmãos, entre as pessoas, relacionamento de fraternidade e solidariedade.

         Neste trecho do Evangelho, Deus se revela como sendo o AMOR. Deus é AMOR. Qual a essência de Deus? Do que Ele é feito? É feito de Amor. A essência da vida de Deus e a nossa é o Amor. O amor é a vida de Deus e é este amor, que ele comunica que Ele dá, aos seus filhos. Quem ama tem a vida de Deus dentro de si. Quem tem amor no coração, tem Deus dentro dele.

         Se somos filhos de Deus, devemos ser semelhantes a Ele. Semelhantes no Amor, pois Deus é amor, Ele nos amou primeiro, nos comunica esse amor a nós seus filhos. É só através do amor que vamos ter uma comunhão de vida com Deus.

         O amor é fonte de alegria, é o primeiro fruto do ramo ligado a Jesus. Jesus fala do amor como uma corrente e nos explica que: “Assim como o Pai me ama, eu vos amo”. Ele quer nos dizer que nós podemos amar porque somos amados, porque Deus nos amou primeiro; Jesus nos ama como o Pai nos amou; e Jesus nos convida a amar os outros como Ele nos ama. É como uma fonte que vem do Pai passa por Jesus, chega à comunidade, satisfaz as necessidades da comunidade que somos nós, e deve chegar aos outros.

         O amor vem de Deus; só quem ama é que pode considerar- se filho de Deus; só quem ama é que conhece a Deus, isto é, só amando é que poderemos fazer a experiência de Deus. Ninguém poderá amar a Deus sem amar o povo, sem solidarizar-se com seus problemas e suas angústias.

         Os discípulos de Jesus conheciam os mandamentos que Deus deu a Moisés: “Ame a teu próximo como a ti mesmo”(Lev 19,18). Jesus aperfeiçoa esse mandamento indo além, propõe um NOVO Mandamento: “Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado”.

         E como Jesus nos amou? Dando sua vida por nós na cruz. Em se tratando de amar, Jesus não se apegou a nada, nem mesmo a sua própria vida. Jesus na cruz deu a maior prova do seu amor pela  humanidade inteira. Na cruz Ele manifestou que Ele nos ama ao ponto de dar a sua vida para nossa Salvação. É esse amor que Jesus quer nos ensinar. Que o imitemos, que pensemos primeiro no outro e não em nós. Que sintamos a dor do outro, a necessidade do outro, suas tristezas, suas angústias e que também saibamos compartilhar das suas alegrias, realizações, sucessos. Que saibamos ser solidários, que façamos alguma coisa pelo outro com o mesmo amor de Jesus. 

         O amor que Jesus nos pede é parecido com o dele: amor-doação. A retribuição que Ele quer não é para Ele, mas para os outros. Esse amor é uma grande notícia a ser espalhada. O amor de Jesus é vida que continua nos seus discípulos.

         Dentro da nossa família junto dos filhos, marido ou esposa quantas vezes sabemos viver este amor. Quantas vezes temos que perdoar os erros, desobediência e malcriações dos nossos filhos! Mas devemos ir além de casa, enxergar o próximo fora do nosso lar e agir com amor: perdoando, não julgando, desculpando, sendo paciente, acolhedor, justo, correto, fraterno, solidário.

         Existem pessoas que vivem o amor-doação no seu dia a dia de uma forma até heroica, em casa e fora de casa, seja cuidando de doentes, deficientes, idosos, crianças problemáticas. Pessoas que tem uma vida assim manifestam com grandeza a presença de Deus dentro de si, e esta é a forma mais autêntica de evangelizar. Evangeliza com a sua vida, com os seus atos de amor.

         Quem consegue viver esse amor a exemplo de Jesus, dá testemunho de sua fé, produz muitos frutos. A nossa amizade com o mestre e amigo Jesus  depende da obediência ao seu mandamento, que se resume no Amor. É na capacidade de amar como Jesus, que se reconhece quem, de fato, é seu discípulo. Quem se apega somente ao rito, a doutrina, aos preceitos religiosos, sem importar-se com o amor ao próximo está se afastando, deturpando os ensinamentos de Jesus. 

A plenitude da alegria consiste na totalidade do amor, consumado na entrega da nossa vida pelos outros. Quem ama de verdade, só tem motivos para ser feliz. Embora enfrente contrariedades e aborrecimentos, o horizonte de quem crê no amor vai além de tudo isso, quem acredita no amor é capaz de superar as barreiras, as tristezas, os aborrecimentos, as contrariedades. O amor é capaz de superar as coisas negativas da vida por estar certo de que pelo amor, sua vida identifica-se com a do Senhor Jesus, nosso Mestre, Amigo e Salvador.

Abraços em Cristo!

Maria de Lourdes