7 Janeiro
2021
Tempo do Natal – Quinta-feira depois da
Epifania
Primeira leitura: 1 João 4, 19- 5, 4
Caríssimos: 19*Nós amamos, porque Ele nos amou
primeiro. 20*Se alguém disser: «Eu amo a Deus», mas tiver ódio ao seu irmão,
esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode
amar a Deus, a quem não vê.
21*E nós recebemos dele este mandamento: quem
ama a Deus, ame também o seu irmão.
1*Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo
nasceu de Deus; e todo aquele que ama a Deus Pai ama também aquele que nasceu
de Deus. 2É por isto que reconhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a
Deus e cumprimos os
seus mandamentos; 3*pois o amor de Deus
consiste precisamente em que guardemos os seus mandamentos; e os seus
mandamentos não são uma carga, 4*porque todo aquele que nasceu de Deus vence o
mundo. E este é o poder vitorioso que venceu o mundo: a nossa fé.
Neste texto entrelaçam-se dois temas: o amor
cristão (vv. 19-21) e a fé em Jesus, componentes de um único mandamento (vv.
1-4; 3, 21). O amor e o ódio são inconciliáveis.
O amor cristão conhece três relações: o amor
de Deus para connosco, o nosso amor para com Deus e o nosso amor para com os
irmãos. O amor a Deus e aos irmãos estão intimamente ligados: «quem ama a Deus,
ame também o seu irmão» (v. 21). Mais: o verdadeiro amor a Deus manifesta-se no
amor aos irmãos: «aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a
Deus, a quem não vê» (v. 20). O amor cristão tem a sua origem em Deus, porque
«Ele nos amou primeiro» (v. 19), como verdadeiros filhos. Pertence-nos agora
corresponder ao amor e gerar amor. Não foi o homem que alcançou a Deus com o
seu amor, mas o contrário: Deus veio ao nosso encontro, em Jesus. Se amamos os
outros, temos a prova real de que Deus nos alcançou. É fácil ser tentado a
refugiar-se no amor de Deus, esquecendo os irmãos. Refugiar-se na esfera do
divino, desinteressando-se pela esfera humana, era práticados gnósticos. É pela
fé que sabemos que Deus nos ama. O fiel amado, que «nasceu de Deus» (v. 1), ama
o Pai e o Filho, mas também todos os irmãos, nascidos de Deus. Só a fé e o
amor, nascidos da filiação divina, permitem ao cristão vencer tudo quanto se
opõe a Cristo, vivendo os seus mandamentos (vv. 3-4).
Evangelho: Lucas 4, 14-22a
Naquele tempo: 14Impelido pelo Espírito, Jesus
voltou para a Galileia e a sua fama propagou-se por toda a região. 15Ensinava
nas sinagogas e todos o elogiavam. 16*Veio a Nazaré, onde tinha sido educado. Segundo
o seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler.
17Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o, deparou com a
passagem em que está escrito: 18*«O Espírito do Senhor está sobre mim, porque
me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a
libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em
liberdade os oprimidos, 19a proclamar um ano favorável da parte do Senhor.»
20Depois, enrolou o livro, entregou-o ao responsável e sentou-se. Todos os que
estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21*Começou, então, a
dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir.»
22Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam com as palavras repletas
de graça que saíam da sua boca.
A actividade evangelizadora de Jesus na
Galileia caracteriza-se pela força do Espírito, pelo entusiasmo das pessoas que
O escutam e pela sua fama que se espalha por toda a parte. Na sinagoga de
Nazaré, lê e interpreta Is 61, 1-2, aplicando o texto à sua pessoa, e fazendo
dele o texto programático da sua acção como Messias. Com Ele começa, de facto,
o ano jubilar (cf. Lv 25, 10); com Ele desceu o Espírito de Deus sobre a terra,
que traz a salvação a humanidade: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura,
que acabais de ouvir» (v. 21).
O Espírito consagrou Jesus como Messias. O
Reino que anuncia será a verdade, a liberdade e a novidade do mundo, que fará
nascer naqueles que O escutam e seguem. O povo fica admirado com as suas
palavras e dá testemunho dele
(v. 22). A libertação trazida por Jesus
destina-se particularmente aos pobres, aos oprimidos, aos prisioneiros e aos
cegos, porque são os mais disponíveis para acolher a sua mensagem, e a acção do
Espírito de Deus. A palavra de Jesus é «alegre notícia» de vida nova para todos
os homens. Masé uma palavra exigente, que comporta a cruz e a ressurreição. É
no mistério pascalque o crente encontra a plenitude e a comunhão com Deus. É
este o êxodo que todo o homem deve realizar na sua vida, se quer também
colaborar na libertação dos irmãos, viver no Espírito e participar na glória de
Jesus Cristo ressuscitado.
Meditatio
«Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura,
que acabais de ouvir.» A liturgia faz-nos tomar consciência da situação privilegiada
em que nos encontramos, em relação aos habitantes de Nazaré. Verdadeiramente, o
mistério de Cristo cumpriu-se. Quando Jesus pronunciou o seu discurso em
Nazaré, a transformação do homem estava apenas a começar. Depois
veio a morte e a ressurreição do Senhor pelas quais se cumpriu toda a
Escritura. E nós vivemos o tempo da plenitude, ainda que não vejamos Jesus com
os olhos da carne.
João continua a insistir na união entre o amor
a Deus e o amor aos irmãos. Todo o evangelho é anúncio do amor de Deus tornado
visível na pessoa do Verbo Encarnado, Jesus de Nazaré. Amar a Deus é colocar-se
na sua perspectiva. Ele ama todo o ser criado e não hesita em entregar o
próprio Filho unigénito para a salvação de todos os homens. Viver para os
outros, dar-se, sacrificar-se pelo seu bem é viver como Deus, é actuar o que
Jesus quer que façamos.
Esta fé anima a nossa caridade cristã, mas
também se torna uma enorme força de luta contra o pecado que é a exploração, a
intolerância, a injustiça, a violência e o egoísmo.
Mas o mal belo testemunho do amor a Deus e aos
irmãos é manifestar, não só com palavras, mas também com obras, que estamos no
coração de Deus.
Ao encarnar, o Verbo, fez-Se de tal modo
solidário com os homens que esvazia ”a Si mesmo” (Fil 2, 7) da glória que
possuía na preexistência junto do Pai (cf. Jo 17, 5). Preferiu recebê-la do
Pai, como exaltação pelo seu sacrifício (cf. Fil 2, 9), por meio da
Ressurreição: “Servo” (Fil 2, 7) torna-Se “Senhor” (Fil 2, 11).
Quanto a S. João, a relação “solidariedade” –
revelação é o princípio chave de interpretação do seu Evangelho, a começar pelo
Prólogo que nos apresenta “o Verbo feito carne” (1, 14), de Quem “vemos a…
glória”, isto é, o amor nas palavras e nas obras, na morte e na ressurreição.
No amor de Cristo, experimentamos o amor do
Pai (cf. Jo 1, 18; 1Jo 4, 9-10). Em Cristo “conhecemos e cremos no amor que
Deus nos tem” (1Jo 4, 16). Esta experiência e esta fé leva-nos a amar com e
como Cristo: em união com Ele e à maneira d´Ele.
Oratio
Louvado sejas, Senhor, porque abriste ao
homem, sedento de felicidade, o caminho do amor. Louvado sejas, Senhor dos
pequenos e dos pobres que, pelo teu Filho, nos ensinaste que é na vida simples
e pobre que nos revelas o teu amor preveniente e generoso. Louvado sejas,
Senhor da paz e da vida, porque nos deste o teu perdão, fazendo-nos
experimentar a alegria do teu amor e da tua misericórdia.
Dá-nos, Senhor, o teu Espírito de luz e de
verdade, para que possamos aprender a caminhar na luz do teu sol que é vida e
alegria Que te amemos sempre e cada vez, dando-te o primeiro lugar no nosso
coração tantas vezes inquieto e à busca de novidades. Só Tu podes saciar a
nossa sede de felicidade e de vida. Fica connosco, Senhor. Sê nosso companheiro
de caminhada, porque sem Ti nada podemos fazer, e só em Ti encontramos repouso.
Amen.
Contemplatio
Foi um segredo que Deus se reservou, o de
saber se Ele nos teria dado o seu Filho na Incarnação no caso de o homem ter
perseverado na justiça na qual o tinha criado. A escola seráfica sustenta a
afirmativa e nós inclinamo-nos a admiti-la. Nada nos espanta no amor divino.
Teria sido um dom menor dar-nos o seu Filho único como irmão, como rei, como
pontífice, do que dar-no-lo como resgate. Mas este desígnio de amor que Deus
concebeu de viver por assim dizer mais intimamente connosco fazendo-se um dos
nossos, de nos elevar mais alto fazendo-se nosso irmão, de nos santificar de um
modo mais sublime fazendo-se nosso pontífice, não o teria igualmente concebido
se nós não tivéssemos pecado? S. Paulo parece confirmar o nosso sentimento,
quando ele diz que o que torna mais admirável o amor de Deus é que Ele quis
dar-nos o seu Filho mesmo depois de nós termos pecado (Rom 5, 8). Commendat
caritatem suam Deus in nobis quoniam cum adhuc peccatores essemus… Christus pro
nobis mortuus est.
Podemos, portanto, pensar, que Deus tinha,
mesmo fora das exigências da Redenção, o desígnio de nos dar o seu Filho como
nosso rei, nosso irmão e nosso amigo (Leão Dehon, OSP 2, p. 196).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro» (1 Jo 4, 19).
DEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
ResponderExcluirEu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
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