domingo, 10 de janeiro de 2021

E maravilhavam-se com o seu ensinamento-Dehonianos

 

12 Janeiro 2021

Tempo Comum - Anos Ímpares - I Semana - Terça-feira

Lectio

Primeira leitura: Hebreus 2, 5-12

Deus não submeteu aos anjos o mundo futuro de que falamos. 6Mas alguém, em certo lugar, atesta, dizendo: Que é o homem, para que te recordes dele, ou o filho do homem para que cuides dele? 7Fizeste-o por um pouco inferior aos anjos, coroaste-o de honra e de glória, 8submeteste tudo aos seus pés.Ora, ao submeter-lhe tudo, nada deixou que não lhe estivesse sujeito. Contudo, ainda não vemos que tudo lhe esteja sujeito. 9Vemos, porém, Jesus, que foi feito por um pouco inferior aos anjos, coroado de glória e de honra, por causa da morte que sofreu, a fim de que, pela graça de Deus, experimentasse a morte em favor de todos. 10Convinha, com efeito, que aquele por quem e para quem existem todas as coisas, querendo levar muitos filhos à glória, levasse à perfeição, por meio dos sofrimentos, o autor da sua salvação. 11De facto, tanto o que santifica, como os que são santificados, provêm todos de um só; razão pela qual não se envergonha de lhes chamar irmãos, 12dizendo: Anunciarei o teu nome aos meus irmãos, no meio da assembleia te louvarei.

O autor da Carta aos Hebreus, depois de mostrar a superioridade de Cristo relativamente aos anjos e a todos os poderes inferiores a Deus, realça, nesta perícopa, a sua condição humana. Cristo é o Filho de Deus, superior aos anjos, mas é também o Jesus da história, Aquele que sofreu e morreu. O autor contempla a união entre os dois aspectos à luz do Sl 8, 46, e aproveita para anunciar o desígnio redentor de Deus. Esse desígnio passa pelo esvaziamento do Filho, que por amor se torna participante da natureza humana - inferior à dos anjos, mas também objecto das bênçãos divinas (cf. vv. 5-8) - até às extremas consequências do sofrimento e da morte, em favor de todos.
Assim se revela a maravilhosa «justiça de Deus» (v. 10): o Criador e Fim de todas as coisas julgou tão importante o homem que o quis atrair à comunhão filial Consigo. Para isso, tornou-se solidário connosco no Filho Unigénito, enviado para nos levar à «glória», ao «mundo futuro» (vv. 5-10). Deus realiza a nossa santificação através do amor humilde de Jesus, que se entrega para nos poder chamar «irmãos» e anunciar-nos o Pai.

Evangelho: Marcos 1, 21-28

Jesus e os discípulos entraram em Cafarnaúm. Chegado o sábado, Jesus veio à sinagoga e começou a ensinar. 22E maravilhavam-se com o seu ensinamento, pois os ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei. 23Na sinagoga deles encontrava-se um homem com um espírito maligno, que começou a gritar: 24«Que tens a ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar? Sei quem Tu és: o Santo de Deus.» 25Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem.» 26Então, o espírito maligno, depois de o sacudir com força, saiu dele dando um grande grito. 27Tão assombrados ficaram que perguntavam uns aos outros: «Que é isto? Eis um novo ensinamento, e feito com tal autoridade que até manda aos espíritos malignos e eles obedecem-lhe!» 28E a sua fama logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

A pessoa de Jesus causava impacto no meio do povo, que se dava conta de que Ele não se limitava a explicar os profetas anteriores, mas que se apresentava, também Ele, como profeta, investido de um poder que lhe vinha de Deus: ensinava com autoridade e curava os doentes. O ensino de Jesus era verdadeiramente eficaz.
Marcos gosta de apresentar Jesus como Mestre: desde o começo do seu evangelho, Jesus é Aquele que ensina. Depois vêm os encontros com o «espírito maligno» (v. 23). Qual é a postura de Jesus diante da crença popular nos demónios? Sabemos quanto horror causavam no homem primitivo as doenças mentais, e sobretudo a epilepsia. O comportamento desses doentes dava a entender que estavam «possessos», que tinha entrado neles outra pessoa, o «espírito maligno». Por isso, o doente mental ou epiléptico, era um ser execrável, que devia ser afastado a golpes e com torturas de toda a espécie.
Jesus tem o poder do Reino de Deus e usa-o desde o princípio para evangelizar e para libertar o homem a todos os níveis, também corporal, e de tudo quanto o «possui» e oprime, sem a preocupação de o interpretar.Com duas breves ordens liberta do demónio o possesso: é o seu primeiro milagre e tem um valor programático. Para Marcos, Jesus veio trazer o Reino de Deus, vencendo o poder de Satanás. A missão de Cristo é um confronto, até à morte e até à ressurreição, com o mal. Os exorcistas hebreus usavam longos ritos e complicadas fórmulas para expulsar os demónios. Jesus, com uma só palavra, cala o demónio e devolve ao homem a sua dignidade. Por isso, cresce o espanto das multidões, que se interrogam: «Que é isto?» v. 27)

Meditatio

Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, como nos ensinam as Escrituras. Nos primeiros tempos da Igreja, insistia-se em que era verdadeiro Deus. Depois da heresia de Ário, realçou-se que era verdadeiro homem. Mas a Igreja sempre insistiu sobre as duas naturezas, a divina e a humana, numa só pessoa, a do Filho único de Deus. A carta aos Hebreus sublinha os dois aspectos. O texto que escutamos hoje insiste no humano: «Que é o homem, para que te recordes dele, ou o filho do homem para que cuides dele? Fizeste-o por um pouco inferior aos anjos, coroaste-o de honra e de glória, submeteste tudo aos seus pés» (vv. 6-8).
Jesus é o homem ideal. N´Ele, a vocação do homem ao domínio do universo, realiza-se perfeitamente. O Génesis diz-nos que Deus constituiu o homem senhor de todas as criaturas. Mas, no estado actual das coisas, não é possível realizar perfeitamente essa vocação. Só Cristo, pela sua morte e ressurreição, alcançou uma humanidade renovada e pode ter autoridade sobre toda a criação. «Autoridade» significa capacidade de fazer «crescer» (do latim: augere) os outros. Essa autoridade vem-lhe, não por ser superior ao anjos, mas por ter aceitado o desígnio de Deus, obedecendo até à morte e morte de cruz: «Vemos Jesus, que foi feito por um pouco inferior aos anjos, coroado de glória e de honra, por causa da morte que sofreu» (v. 9), escreve o autor da Carta aos Hebreus. Jesus é amor que deu a vida para nos libertar e unir a Si. Assumiu a fragilidade da nossa natureza porque, só carregando sobre Si o peso esmagador do nosso mal, Deus podia salvar-nos. Jesus usou para connosco uma com-paixão sem reservas. Foi com uma luta de morte que venceu o autor do pecado, causa do sofrimento e da morte. A sua vitória apresenta-se como uma completa derrota. Mas foi assim que nos santificou e nos reconduziu à sua própria origem, ao Pai.
O aniquilamento de Jesus confunde-nos e interroga-nos. A indiferença não é possível. Jesus vem iluminar as nossas trevas, e introduzir-nos na verdade. Podemos rebelar-nos e tentar sufocar a sua voz com o ruído que levamos dentro de nós. Mas tamb&ea
cute;m podemos fazer silêncio, acolher a Palavra que tem autoridade para nos libertar da nossa maldade e da nossa preguiça, porque desceu a resgatar-nos pagando as respectivas consequências. Deus tornou-se companheiro do sofrimento e da morte do homem para o conduzir, livre, à salvação, à glória, ao abraço do amor.
A obediência ao Pai explica toda a vida de Jesus: «Pai..., Eu Te glorifiquei..., realizando a obra que Me confiaste... Consagro-Me (sacrifico-Me) por eles...» (Jo 17, 1.4.19). Faz tudo de modo tão completo e perfeito que a última palavra na cruz será: «Tudo está consumado. E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito» (Jo 19, 30).
Por isso é que Paulo pode elevar o seu hino a Cristo: «Ele que era de condição divina não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus. Mas despojou-Se a Si mesmo tomando a condição de servo, tornando-Se semelhante aos homens. Tido pelo aspecto como homem, humilhou-Se a Si mesmo, feito obediente até à morte e morte de cruz. Por isso é que Deus O exaltou...» (Fil 2, 6-9).
Na obediência de Jesus, observamos os seguintes aspectos fundamentais: reconhecimento de Deus-Pai como o Absoluto; comunhão profunda com o Pai de Quem tudo recebeu e a Quem tudo entrega, por amor; esta oferta, por amor, ao Pai, é também oferta por amor aos homens; é despojamento amoroso que O leva à máxima glorificação (cf. Fl 2, 9-11).
Assim, também nós, seguindo a Cristo, e permitindo ao Espírito despojar-nos, esvaziar-nos de tudo aquilo que não é Cristo, para o transformar n´Ele, tornamo-nos participantes da perfeição de Cristo e da Sua glorificação.

Oratio

Senhor Jesus, manifesta em nós a tua «autoridade» a tua capacidade de nos fazer crescer. Revela-nos a tua doutrina e abre-nos o coração às Escrituras, como fizeste com os discípulos de Emaús. Desmascara o mal que ainda existe em nós. É certo que o Baptismo nos libertou do demónio. Mas ainda há em nós muita coisa má: espírito de discórdia, espírito de vã complacência, espírito de egoísmo... Que a tua presença em nós desmascare estas situações e as expulse. Que saibamos seguir-te no caminho da obediência humilde e amorosa até à Cruz, e assim participarmos também da tua glória. Amen.

Contemplatio

A vocação ao apostolado é um acto do beneplácito divino (Heb 5, 4). É o Pai quem separa do mundo aqueles que destina ao sacerdócio e que os dá ao Filho (Jo 17, 6). Não é o padre que escolhe Jesus; mas é Jesus Cristo quem escolhe o padre e o coloca na sua Igreja, para que aí cresça em ciência, em santidade, em zelo, e que aí produza um fruto duradouro (Jo 15, 16). Nosso Senhor reza longamente antes de chamar os seus apóstolos. Rezemos a Deus como Ele, para que envie dignos operários para a sua vinha. A vocação impõe sacrifícios. É preciso deixar tudo e tomar a sua cruz para seguir Jesus. Acontece mesmo que a vocação encontra na família oposições que é preciso vencer (Lc 14, 26). Os apóstolos deixaram tudo imediatamente para seguirem Jesus. A sua generosidade é uma garantia de salvação e de glória (2Pd 1,10). Deve fortalecer-se a própria vocação pela oração, pelo estudo da boa doutrina e pelas obras santas (2Tes 2). Estejamos nas mãos de Deus para toda a boa obra segundo a sua vontade e o seu apelo. (Leão Dehon, OSP 4, p. 147).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Jesus foi coroado de glória e de honra,
por causa da morte que sofreu» (Heb 2, 9).

 

13 Janeiro 2021

Tempo Comum - Anos Ímpares - I Semana - Quarta-feira

Lectio

Primeira leitura: Hebreus 2, 14-18

Uma vez que os filhos dos homens têm a mesma carne e o mesmo sangue, também Jesus partilhou a condição deles, a fim de destruir, pela sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo, 15e libertar aqueles que, por medo da morte, passavam toda a vida dominados pela escravidão. 16Ele, de facto, não veio em auxílio dos anjos, mas veio em auxílio da descendência de Abraão. 17Por isso, Ele teve de assemelhar-se em tudo aos seus irmãos, para se tornar um Sumo Sacerdote misericordioso e fiel em relação a Deus, a fim de expiar os pecados do povo. 18É precisamente porque Ele mesmo sofreu e foi posto à prova, que pode socorrer os que são postos à prova.

O autor da Carta aos Hebreus aprofunda o significado da solidariedade de Cristo connosco, explorando o âmbito da misericórdia divina. Jesus assumiu plenamente a realidade humana, marcada pela fragilidade e pela morte, por causa do pecado. Embora não tenha conhecido pecado (cf. 4, 5), Jesus tomou sobre si as consequências dele. Assim libertou a humanidade - sujeita ao domínio do demónio, artífice do pecado e da morte - não a partir de fora dela, ou do alto, mas a partir de dentro dela: uma libertação "imposta" não seria verdadeira e eficaz. O Filho, pelo contrário, tornou-se participante da nossa condição, para que pudéssemos participar da sua! Bom samaritano, inclinou-se sobre quem precisava dos seus cuidados: não os anjos, mas a raça de Abraão (v. 16), isto é, todos quantos peregrinam na fé por este vale de lágrimas.
Uma vez que esta semelhança de Cristo connosco nos resgata do pecado, Ele cumpre perfeitamente a função sacerdotal: Ele é o verdadeiro sumo sacerdote, «misericordioso» para com os homens - de quem conhece por experiência pessoal o sofrimento - e «fiel» nas coisas que se referem a Deus, porque foi enviado pelo Pai para nossa salvação.

Evangelho: Marcos 1, 29-39

Naquele tempo, 29Jesus saiu da sinagoga e foi para casa de Simão e André, com Tiago e João. 30A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram dela. 31Aproximando-se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los. 32À noitinha, depois do sol-pôr, trouxeram-lhe todos os enfermos e possessos, 33e a cidade inteira estava reunida junto à porta. 34Curou muitos enfermos atormentados por toda a espécie de males e expulsou muitos demónios; mas não deixava falar os demónios, porque sabiam quem Ele era. 35De madrugada, ainda escuro, levantou-se e saiu; foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração. 36Simão e os que estavam com Ele seguiram-no. 37E, tendo-o encontrado, disseram-lhe: «Todos te procuram.» 38Mas Ele respondeu-lhes: «Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu vim.» 39E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demónios.

A vida pública de Jesus é extremamente ocupada. Mas o Senhor não deixa de dar atenção às pessoas concretas que encontra. Para Ele, cada pessoa é única. É o que vemos no primeiro milagre, depois do primeiro exorcismo (vv. 30ss.). Rompendo com o estilo dos rabinos, na sua relação com as mulheres, o Senhor aproxima-se da sogra de Pedro, toma-a pela mão, cura-a e, maior novidade ainda, deixa-se servir por ela. A Misericórdia inverte todos os parâmetros das relações sociais. Ao aproximar-se da sogra de Pedro, «levanta-a», tomando-a pela mão. Com a ternura desse gesto, Jesus restitui-lhe a saúde, mas também a capacidade de servir, isto é, de amar com humildade. A notícia espalha-se e Jesus vê-se sobrecarregado de trabalho. Concluído o repouso sabático, rodeia-o uma multidão de carenciados. E a Misericórdia chega a todos como braço do rio de graça que Deus suscitou no mundo.
Depois de um dia cheio de trabalho e de êxitos apostólicos, Jesus não se deixa levar pelo entusiasmo do povo, mas refugia-se no deserto para se encontrar a sós com o Pai e orar, isto é, beber, também Ele, no rio da graça do Pai, para a poder derramar sobre todos. A sua oração, solitária e prolongada, é o segredo que anima o seu ministério, porque O mantém em relação com o Pai e na fidelidade ao seu projecto. Saiu do seio do Pai para manifestar o seu rosto aos homens. Por isso, continua a sua peregrinação no meio de nós, alargando os confins do Reino e vencendo as forças do mal.

Meditatio

A Carta aos Hebreus afirma que Jesus é «um Sumo Sacerdote misericordioso e fiel em relação a Deus» (v. 17). É «fiel» pela relação única que existe entre Ele e Deus. É «misericordioso» para com os homens, particularmente para com os pecadores, porque veio tirar os pecados, veio dar aos homens a vitória nas provações, «porque Ele mesmo sofreu e foi posto à prova» e,por isso «pode socorrer os que são postos à prova» (v. 18). Segundo a carta aos Hebreus, o objectivo da vida de Jesus na terra é levar à perfeição, no seu coração, a abertura aos outros, a misericórdia, a união com Deus, que o torna «fiel».
A carta aos Hebreus apresenta-nos uma nova concepção do sacerdócio. Enquanto, no Antigo Testamento, se acentuava a separação - o sacerdote era separado dos homens para estar da parte de Deus -, Jesus, Sumo Sacerdote, pôs-Se ao nosso lado, assumindo a nossa carne e o nosso sangue, com os nossos sofrimentos, as nossas provações, a nossa morte, para nos poder ajudar como somos e estamos. Ele alcança misericórdia pela sua união com Deus. É a grande revelação da Encarnação.
O evangelho que escutamos evidencia estas duas dimensões da vida de Jesus na terra: a sua misericórdia e a sua união com Deus. Revela-se primeiro a sua misericórdia. O Senhor aproxima-se de todas as misérias, de todos os sofrimentos, para lhes levar remédio. Esse remédio começa por ser a compaixão e o interesse. Jesus deixa que os doentes lhe tomem todo o tempo: «À noitinha, depois do sol-pôr, trouxeram-lhe todos os enfermos e possessos, e a cidade inteira estava reunida junto à porta» (v. 32). Toma os doentes pela mão: é o seu corpo que comunica a cura de Deus.
Mas Jesus também se retira do meio das multidões. Logo de madrugada, vai para «um lugar solitário» (v. 35), a fim de rezar. É a outra dimensão da sua existência humana, a busca do Pai. Ele deve tratar das coisas do Pai, deve estar unido a Deus e, por isso, reza demoradamente. Todavia, o desejo da união com Deus não Lhe impede de Se entregar aos outros. Quando vêm procurá-l´O, não diz: «deixem-me em paz, porque devo rezar». Pelo contrário ordena: «Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu vim» (v. 38). A oração aumenta-Lhe a
misericórdia e a bondade, porque vai procurá-las no coração do Pai, fonte do amor que deve transmitir aos homens.
Tudo isto nos conforta: o Senhor está sempre perto de nós no sofrimento e nas dificuldades. Com Ele, estas situações não são obstáculo mas meios para nos unirmos cada vez mais a Ele e ao Pai, e para irmos ao encontro dos irmãos que sofrem.
A nossa comunidade-comunhão está reunida à volta do Sumo Sacerdote, que também é vítima, Cristo Jesus. Em força do Baptismo, participamos do sacerdócio de Cristo e do Seu estado de vítima (cf. Heb 10, 14). Nós, oblatos-Sacerdotes do Coração de Jesus, participamos de modo especial, como testemunhas do sacerdócio e do sacrifício de Cristo na Igreja e no mundo, pelo nosso carisma e pela nossa profissão religiosa (cf. Cst 22.24).
Cristo, sacerdote e vítima é o centro da nossa comunidade-comunhão, que nos faz sentir, segundo o desejo e a oração de Cristo uma só coisa: «que sejam uma só coisa» (Jo 17, 21), é o Espírito de amor, o Espírito Santo, que realiza a promessa de Jesus: «Ele há-de ensinar-vos todas as coisas e há-de recordar-vos tudo aquilo que eu vos disse» (Jo 14, 26); «Há-de guiar-vos para a verdade perfeita... Ele há-de glorificar-me, porque tomará do que é Meu e vo-lo anunciará» (Jo 16, 13-14).

Oratio

Ó Jesus, Sumo Sacerdote fiel e misericordioso, dá-me a graça de compreender que as dificuldades, que tantas vezes me fazem desanimar, são excelentes ocasiões para renovar a minha confiança, porque Tu as acompanhas com uma graça, que me permite unir-me à tua gloriosa Paixão, e me torna atento e sensível ao sofrimento dos irmãos. Faz-me compreender que, unindo-me à tua Paixão, posso ajudar os que sofrem, e ser solidário com quem está no sofrimento, e unir-me verdadeiramente a Ti, que quiseste sofrer com todos os que sofrem e com os pecadores. Amen.

Contemplatio

Observai também o tempo e o lugar da oração. Reza-se melhor de manhã, na calma e no silêncio. Ninguém reza com fruto senão fazendo valer os méritos de Nosso Senhor. Rezamos utilmente se nos dirigirmos ao Coração de Jesus. Apresentar o Coração de Jesus ao seu Pai, é fazer valer um talismã que é todo-poderoso. «Tudo o que pedirdes ao meu Pai em meu nome, disse Nosso Senhor, ser-vos-á concedido». Em meu nome, quer dizer «pelos meus méritos, pelo amor que meu Pai tem por mim, pela consideração que tem pelo meu Coração, pela minha oração, pelo meu amor, pelos meus sofrimentos...» Se as vossas orações concordarem com os desejos do Coração de Jesus serão vitoriosas. Marta dizia a Jesus: «Sei que tudo o que pedirdes a Deus Ele vo-lo concede». Vamos ter com Deus pelo Coração de Jesus e ao Coração de Jesus por Maria, ser-nos-ão todo-poderosos. (Leão Dehon, OSP 4, p. 70s.)

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Jesus pode socorrer os que são postos à prova» (cf. Heb 2, 18).

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