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Dezembro 2020
Tempo do Natal - 5º dia da Oitava do Natal
Lectio
Primeira leitura: 1João 2, 3-11
Caríssimos:3*Sabemos que o conhecemos por
isto: se guardamos os seus mandamentos. 4*Quem diz: «Eu conheço-o», mas não
guarda os seus mandamentos é um mentiroso, e a verdade não está nele; 5*ao
passo que quem guarda a sua palavra, nesse é que o amor de Deus é
verdadeiramente perfeito; por isto reconhecemos que estamos nele. 6*Quem diz
que permanece em Deus também deve caminhar como Ele caminhou. 7*Caríssimos, não
vos escrevo um mandamento novo, mas um mandamento antigo, que já tínheis desde
o princípio: este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. 8*É, contudo, um
mandamento novo o que vos escrevo .o que é verdade nele e em vós. pois as
trevas passaram e a luz verdadeira já brilha. 9*Quem diz que está na luz, mas
tem ódio a seu irmão, ainda está nas trevas. 10Quem ama o seu irmão permanece
na luz e não corre perigo de tropeçar. 11Mas quem tem ódio ao seu irmão está
nas trevas e nas trevas caminha, sem saber para onde vai, porque as trevas lhe
cegaram os olhos.
O caminho para conhecer a Deus e permanecer
nele é, pela negativa, «não pecar» (cf 1 Jo 1, 5-2,2) e, pela positiva, guardar
os mandamentos, especialmente o do amor a Deus ( vv. 3-6) e aos irmãos 8vv.
8-11). O conhecimento de Deus comporta, pois, exigências de vida, ao contrário
da gnose, filosofia religiosa popular do tempo de Jesus, que apenas exigia a
libertação do mundo visível. Opondo-se a essa doutrina, que excluía o pecado e
a existência de qualquer moral, João afirma que o verdadeiro conhecimento de
Deus deve ser autenticado pela observância dos mandamentos. De facto, quem
guardar a «sua palavra» (v. 5) experimenta o amor de Deus e mora nele, porque
vive como Jesus viveu, e tem dentro de si uma realidade interior que o impele a
imitar a Cristo, cujo exemplo de vida é precisamente o amor (v. 6).
Este mandamento do amor é novo e antigo:
«novo», porque gera vida nova e deve sempre redescobrir-se; «antigo», porque
foi ensinado desde o início do anúncio cristão. O verdadeiro critério de
discernimento do espírito de Deus é o amor fraterno, porque ninguém pode estar
na luz de Deus e odiar o próprio irmão.
Evangelho: Lucas 2, 22-35
22*Quando se cumpriu o tempo da sua
purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o
apresentarem ao Senhor, 23*conforme está escrito na Lei do Senhor: Todo o
primogénito varão será consagrado ao Senhor 24e para oferecerem em sacrifício,
como se diz na Lei do Senhor, duas rolas ou duas pombas. 25*Ora, vivia em
Jerusalém um homem chamado Simeão; era justo e piedoso e esperava a consolação
de Israel. O Espírito Santo estava nele. 26*Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito
Santo que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor. 27Impelido pelo
Espírito, veio ao templo e, quando os pais trouxeram o menino Jesus, a fim de
cumprirem o que ordenava a Lei a seu respeito, 28Simeão tomou-o nos braços e
bendisse a Deus, dizendo: 29*«Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis
ir em paz o vosso servo, 30*porque meus olhos viram a Salvação 31que
oferecestes a todos os povos, 32*Luz para se revelar às nações e glória de
Israel, vosso povo.» 33Seu pai e sua mãe estavam admirados com o que se dizia
dele. 34*Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua
Caixa de texto: Tempo do Natal 29|Dezembro
mãe: «Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e
para ser sinal de contradição; 35*uma espada trespassará a tua alma. Assim
hão-de revelar-se os pensamentos de muitos corações.»
A apresentação de Jesus no templo tem como
horizonte teológico o quadro da antiga aliança que dá lugar à nova aliança,
pelo reconhecimento do menino Jesus como o Messias sofredor, o Salvador
universal dos povos. A narrativa está cheia de referências bíblicas (cf. Ml 3;
2 Sam 6; Is 49, 6), e compõe-se de duas partes: a apresentação da cena (vv.
22-24) e a profecia de Simeão (vv. 25-35).
Maria e José, obedientes à lei hebraica,
entram no templo como membros simples e pobres do povo de Deus, para oferecerem
o primogénito ao Senhor e para purificação da mãe (cf. Ex 13, 2-16; Lv 12,
1-8). A oferta do Menino revelam confiança e abandono em Deus, antecipação da
verdadeira oferta do Filho ao Pai, que se realizará no Calvário. O centro da
cena é a profecia de Simeão, homem justo e piedoso que esperava a consolação de
Israel (cf. v. 25). Guiado pelo Espírito, vai ao templo e, reconhecendo em
Jesus o Messias esperado, saúda-o festivamente e faz uma confissão de fé:
realizaram-se as antigas profecias; ele viu o Salvador, a glória de Israel, a
luz e salvação de todos os povos. Mas essa luz terá o reflexo do sofrimento,
porque Jesus há-de ser «sinal de contradição» (v. 34) e a própria Mãe será
envolvida o destino de sofrimento do Filho (v. 35).
Meditatio
A contemplação do encontro de Simeão com o
Menino Jesus, deixa-nos entrever a alegria imensa de quem vê realizar-se um
desejo antigo, próprio e de todo o povo. Simeão contempla e recebe nos braços o
Messias de Israel, Aquele que traz consolação, salvação, luz e glória a Israel.
As palavras «impelido pelo Espírito, veio ao
templo» podem trazer inspiração para a nossa vida. Simeão é um homem dócil ao
Espírito Santo e, por isso, pode ter a alegria de encontrar o Messias, tomá-lo
nos braços e bendizer a Deus. Homem justo e temente a Deus, observava, não os
mandamentos, mas também as inspirações de Deus. Estava atento à voz do Espírito
para, em todas as circunstâncias, fazer a vontade de Deus. Assim caminhava na
luz, para conhecer a Jesus, como ensina S. João. Coube-lhe a honra de oferecer
a Deus aquele menino. Fê-lo certamente com o arrebate que notamos no seu hino.
Mas estava ain
da longe de compreender plenamente o alcance do seu gesto. Escreve o Pe. Dehon:
«Enquanto que o velho Simeão o oferece assim, Deus não vê nas mãos do sacerdote
senão o Coração do seu Filho, que se oferece a si mesmo, este Coração animado
de uma generosidade infinita, este Coração tão grande pelo amor, que é pequeno
fisicamente. O santo ancião não compreende toda a excelência deste dom que ele
faz a Deus da parte dos homens; adivinha-o um pouco, entrevê-o profeticamente.
O Coração de Jesus compreende todo o valor desta oferenda, é ao mesmo tempo o
doador e o dom, o Sacerdote e a oblação» (OSP 3, p. 218).
Cristo entregava-se para glória e alegria do
Pai e para salvação da humanidade. Amar a exemplo de Cristo, significa
entregar-se, esquecer-nos de nós mesmos, procurar os interesses dos outros até
ao sacrifício dos próprios interesses. A atitude evangélica de quem se coloca
na verdade é o dom de si mesmo a Deus e aos irmãos. A vida cristã é amor que se
dá a todos com generosidade.
O fundamento deste amor é a própria Trindade,
a comunhão que une o Pai e o Filho.
Isto faz-nos compreender que o amor cristão
não se limita à comunidade cristã, em que cada um de nós vive, porque o amor
fundado sobre o amor do Pai e vivido em plenitude entre os irmãos na fé é um
elemento de dinamismo apostólico. Com quanto maior profundidade se viver a fé e
o amor, mais nos sentimos impelidos ao testemunho. Onde reinar esse amor
recíproco, os discípulos tornam-se sinal histórico e concreto de Deus-Amor no
mundo.
Oratio
Senhor Jesus, a tua vida escondida, e
confundida com a da gente comum, é para nós um exemplo de simplicidade e de
pobreza. Como qualquer primogénito do teu povo, quiseste ser apresentado ao
templo e oferecido a Deus, para cumprires a Lei. Fizeste-te reconhecer como
Salvador universal por Simeão, um homem justo e aberto à novidade do Espírito.
É aos simples e aos humildes que Te costumas revelar, e não aos sábios e
orgulhosos.
Nós Te pedimos que, apesar da nossa miséria e
da nossa incapacidade em nos darmos conta da passagem do teu Espírito na nossa
vida, nos dês a graça de Te reconhecermos como nossa luz e como luz do mundo.
Nós Te louvamos e bendizemos, com o velho
Simeão, pela realização das tuas promessas. Ajuda-nos a viver tudo quanto nos
ensinaste, especialmente o amor fraterno. E que toda a nossa vida seja oblação
ao Pai, em favor da humanidade, pela qual Tu próprio Te ofereceste. Amen.
Contemplatio
Simeão, homem justo e temente a Deus, esperava
a consolação de Israel. O Espírito Santo, que estava nele, tinha-lhe dito que
não morreria sem ver o Cristo do Senhor. Ele esperava, era a sua vida, e a sua
confiança era inabalável.
Mas será que eu peço e espero o reino de Nosso
Senhor? Quão depressa fico sem coragem! Uma decepção, uma oração aparentemente
infrutífera, uma demora da Providência, e deixo-me abater. Rezar, esperar, ter
confiança, isto é a vida cristã.
É um dia de alegria para Simeão. Naquele dia,
os seus pressentimentos realizam-se. Vem ao Templo, encontra uma criança com a
sua mãe. É o redentor! O vidente compreendeu- o.
E quando recebe Jesus nos seus trémulos
braços, não consegue conter as lágrimas: «Agora posso morrer, diz, vi a
salvação...» A terra já não tem encanto para ele. Os seus olhos já não se
interessariam por mais nada. Viu o Senhor, irá esperá-lo no silêncio dos
limbos.
Oh! Porque é que não sei esperar e perseverar
na oração? Alegrias profundas viriam recompensar-me e encorajar-me.
Como Simeão é belo quando, com os olhos
banhados de lágrimas, ergue com os seus trémulos braços o menino Jesus para o
céu, cantando o seu Nunc dimittis! Viu o Senhor, é ter vivido muito, é viver
muito ainda. «Agora, diz, podeis, Senhor, deixar ir em paz o vosso servo... O
túmulo não me assusta, certo como estou de já não estar muito tempo separado de
vós... Permiti que vá anunciar aos vossos santos que já não têm muito tempo que
esperar por vós, porque os meus olhos viram a salvação que preparastes para os
povos, a luz que deve iluminar as nações e a glória de Israel vosso povo» (Leão
Dehon, OSP 3, p. 126).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Quem ama o seu irmão permanece na luz» (1 Jo 2, 10).
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
ResponderExcluirDEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.