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Dezembro 2020
Tempo do Advento Terceira Semana -
Quarta-feira
Lectio
Primeira leitura: Isaías 45, 6b-8.18.21b-25
Leitura do Livro de Isaías
«Eu sou o Senhor e não há outro. Formo a luz e crio as trevas, dou a felicidade
e crio a desgraça. Sou Eu, o Senhor, que faço tudo isto. Derramai, ó céus, o
orvalho lá do alto e as nuvens chovam a justiça; abra-se a terra e germine a
salvação e com ela floresça a justiça. Sou Eu, o Senhor, que o realizo». Assim
fala o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra e a consolida, que
não a criou para ficar deserta, mas a formou para ser habitada: «Eu sou o
Senhor e não há outro». Quem anunciou tudo isto no passado? Quem o predisse há
tanto tempo? Não fui Eu, o Senhor? Não há outro Deus além de Mim; Eu sou o Deus
justo e salvador e não há outro. Voltai-vos para Mim e sereis salvos, todos os
confins da terra, porque Eu sou Deus e não há outro. Juro pelo meu nome, é
justo o que sai da minha boca, a minha palavra é irrevogável: Diante de Mim se
hão-de dobrar todos os joelhos, em meu nome hão-de jurar todas as línguas,
dizendo: ‘Só no Senhor está a justiça e a fortaleza’». Hão-de vir, cobertos de
vergonha, à sua presença todos os que se levantaram contra Ele. No Senhor terá
salvação e glória toda a descendência de Israel.
No início do capítulo 45, Isaías dirige-se a
Oro, com um hino a Deus que salva o seu povo exactamente por meio desse rei
pagão, chamado pelo profeta ungido do Senhor (cf. Is 45, 1). Só o Deus de
Israel é o Senhor, porque só Ele é o criador de tudo quanto existe (luz e
trevas; salvação e desgraça). A sua acção dá origem a algo de
"radicalmente novo", desde o primeiro ao último dia. Ecoa no texto a
palavra: «Eu sou o senhor»(JHWH). É um modo de afirmar a unicidade de Deus, o
seu poder e a sua senhoria absoluta sobre a história humana.
A criação do mundo manifesta o seu poder. De uma realidade vazia e sem sentido,
Deus deu a finalidade positiva e altíssima de ser habitação da humanidade (v.
18). Mas a máxima expressão da sua senhoria manifesta-se na vontade e na capacidade
de salvar a humanidade (w. 21-22), e em suscitar nela uma sincera busca de
justiça e de bem (v. 8). Assim se revela como «Deus justi», isto, capaz de
estabelecer uma relação de comunhão e de aliança, um Deus salvador.
Deus domina sobre o mundo e sobre a
humanidade. Nada pode opor-se à sua vontade. A sua acção em favor dos fiéis,
apesar de misteriosa e imprevisível, manifesta a sua incomparável unicidade.
Israel, povo que pertence a esse Deus, deve torná-lo conhecido por todos os
povos.
Evangelho: Lucas 7,19-23
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo
São Lucas
Naquele tempo, João Baptista chamou dois dos seus discípulos e enviou-os ao
Senhor com esta mensagem: «És Tu Aquele que havia de vir ou devemos esperar
outro?» Ao chegarem junto de Jesus, os homens disseram-Lhe: «João Baptista
mandou-nos perguntar-Te: ‘És Tu Aquele que havia de vir ou devemos esperar
outro?’» Nessa altura Jesus curou muitas pessoas, de doenças, padecimentos e
espíritos malignos, e deu a vista a muitos cegos. Então respondeu-lhes: «Ide
contar a João o que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam, os
leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é
anunciado o Evangelho; e feliz daquele que não encontrar em Mim ocasião de
queda».
João Baptista é um crente em Deus, que vive
para Ele, sempre aberto disponível às suas iniciativas. Por isso, sabe
reconhecê-lo no misterioso homem da Galileia, que vem fazer-se baptizar por
ele, no Jordão, Jesus de Nazaré.
Mas, na escuridão da prisão de Herodes, é invadido
pelo medo, pela tristeza, pela dúvida: ter-me-eí enganado ao ver em Jesus o
Cordeiro de Deus? Mas a sua fé é grande. Em vez de a pôr em discussão, manda
embaixadores a João, pedindo luz para compreender. Torna-se, pois, ainda mais
pobre, fazendo-se simples interrogação: «És Tu o que está para vir, ou devemos
esperar outro?» (v. 19).
Jesus responde aos embaixadores apontando as obras que anda a fazer (v. 21).
Não apenas os milagres que dão testemunho
dele, mas o que eles significam. São sinais de que começou uma nova humanidade,
que sabe acolher a palavra de Deus, ver as maravilhas que Ele faz e caminhar
pelos seus caminhos: «a Boa-Nova é anunciada aos pobres» (v. 22c).
O estilo paradoxal da acção de Deus em Jesus
não escandalizará um pobre prisioneiro, como é João. Pelo contrário, torná-lo-á
muito «feliz» (v. 23).
Meditatio
«Destilai, Ó céus, lá das alturas o orvalho, e que as nuvens façam chover a
justiça». Isaías oferece-nos, hoje, uma aclamação que traduz perfeitamente o
estado de alma de quem vive o Advento. Por isso é que a Igreja a repete tanta
vez na sua oração durante este tempo litúrgico. O profeta manifesta o desejo de
uma intervenção divina, porque está convencido de que a justiça e a salvação só
podem vir de Deus. Ao contrário de tantos outros textos, em que a intervenção
de Deus é comparada a uma tremenda batalha contra os maus, aqui é comparada a
uma calma e benéfica orvalhada, ao mistério de uma chuva fecunda. São imagens
adequadas ao mistério da Incarnação, que não se realizou de modo estridente,
mas com infinita discrição, na «sombra» do Espírito Santo. À intervenção divina
deve corresponder a nossa discreta disponibilidade: «Abra-se a terra» E a terra
abriu-se, quando a Virgem de Nazaré deu o seu "sim": «Eis a serva do
Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38).
O evangelho de hoje apresenta-nos João rendido
a Cristo, dando testemunho dele com a sua vida. João é também "terra
aberta" ao Verbo de Deus feito homem, um verdadeiro disponível, um
verdadeiro "pobre de Deus", que Jesus proclama bem¬aventurado. O
Baptista é imagem do crente que caminha na paciência e que está sempre
disponível a reformular as suas expectativas perante o imprevisível estilo da
vinda de Deus. Assim vai aprofundando a sua esperança até ao supremo testemunho
do sangue.
João ensina-nos que, mesmo a fé mais forte e
sincera pode coexistir com a dúvida e que a maneira de vencer essa dúvida é a
oração. Renunciando a pôr em causa a promessa de Deus e revendo os nossos modos
limitados de ver a promessa divina de esperar a sua realização, encontramos a
paz.
À fé que se torna invocação, Deus responde
oferecendo-nos um novo olhar que nos permite ver os sinais do seu amor na nossa
vida e os sinais daquela humanidade nova que continua a criar, ainda hoje.
Assim, com a palavra de Isaías, descubro que Deus pode e quer salvar o seu
povo, mesmo quando as aparentes contradições da história parecem mostrar o
contrário. O modo de agir de Deus é misterioso e incomparável às soluções
humanas para os mesmos problemas. Deus gosta de surpreender.
A fé de Maria é a síntese, o coroamento da fé
do Antigo Testamento. Toda a história humana, conscientemente (em Israel) ou
inconscientemente (fora de Israel), é uma espera da salvação, um suspiro, um
grito que se ergue para Deus: "Destilai, ó céus, lá das alturas o orvalho,
e que as nuvens façam chover a justiça. Abra-se a terra para que floresça a
salvação» (Is 45, 8): é tudo um imenso acto de fé expresso, em Israel, ao longo
dos séculos, pela disponibilidade dos Patriarcas, da história do povo eleito,
da clarividência dos Profetas, entre os quais, João Baptista. Mas só a fé de
Maria faz transbordar o tempo na sua plenitude. A Virgem torna-se, Ela mesma, o
Advento do Salvador. "A fé de Abraão - afirma a Redemptoris Mater -
constitui o começo da Antiga Aliança; a fé de Maria, na Anunciação, dá início à
Nova Aliança" (n. 14).
A Virgem acreditou, disse "sim",
aderiu ao projecto e à realização do projecto da salvação para Si e para todos
nós. É o mistério do "fiar' (faça-se) de Maria, de que mal compreendemos a
profundidade e o alcance. Ao pronunciar o Seu "fiar' (faça-se) a Virgem,
não só consentiu na redenção em nome de toda a humanidade, mas também disse sim
a todos os mistérios cristãos: ao mistério da vida divina nas almas por meio da
graça, à Eucaristia, ao sacerdócio, a todas as fontes da santidade. Por isso,
com dizem as nossas Constituições (n. 85) «Pelo seu Ecce ancilla (Eis a serva),
estimula-nos à disponibilidade na fé: é a imagem perfeita da nossa vida
religiosa».
O que é verdade, em primeiro lugar sobre Cristo, também é verdade, de modo
subordinado acerca da Virgem: "Deus omnia nos voluit habere per Mariam ...
Deus quis-nos dar tudo por Maria!".
O cristianismo, nos seus séculos de história,
nada mais fará do que reviver a fé de Maria, haurindo-a no Seu coração de Mãe,
no mistério da Sua sublime missão materna, que Lhe foi confiada pelo Salvador
ao morrer na cruz (cf. Jo 19, 26-27), de tal modo que, todos aqueles que, pela
fé, são filhos de Deus, são também pessoalmente filhos de Maria.
Oratio
Vem, Senhor Jesus! Vem, para que a Terra deixe de ser um caos, devido à
violência das guerras, das injustiças e da corrupção, em todas as suas formas.
Vem, Senhor Jesus! Vem, para que a Terra se torne um lugar habitável e habitado.
Vem, Senhor Jesus! Vem, revela-nos, mais uma vez, e leva a termo o projecto
manifestado no mistério da tua Incarnação.
Vem, Senhor Jesus! Vem, dá vista aos cegos, cura os coxos, sara os leprosos, dá
ouvido aos surdos, ressuscita os mortos, anuncia aos pobres a Boa Nova.
Vem, Senhor Jesus! Vem, para que não esperemos outro, mas Te acolhamos na f'l e.
Vem, Senhor Jesus! Vem, e introduz-nos a todos no mistério de Deus-Amor. Vem,
Senhor Jesus! Vem, para que todos Te reconheçam como Filho do Pai e nosso
Salvador.
Vem, Senhor Jesus! Vem, para que todo o joelho se dobre diante de Ti, e toda a
língua Te proclame «Senhor». Amen.
Contemplatio
Depois da partida dos enviados de João, Nosso Senhor falou aos discípulos sobre
a mortificação do Precursor. Chamou-lhes a atenção para a sua estadia no
deserto, para o seu desprezo pelo vestuário caro e pelas alegrias do mundo,
para o seu amor ao jejum e às austeridades: neque manducans panem, neque bibens
vinum (Lc 7, 7).
Nosso Senhor indica deste modo sucessivamente, e segundo as circunstâncias,
todas fontes da graça: a paciência, a fé, a docilidade ao Espírito, a
mortificação. É porque quer preparar-nos para uma grande união com Ele.
A Igreja agiu sabiamente ao pôr sob os nossos olhos todos estes ensinamentos,
para nos preparar para a grande festa do Natal. As graças, que havemos de
receber, serão proporcionais à nossa preparação. (Pe. Dehon, OSP 4, p. 558).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: « Vinde a mim e sereis salvos» (Is
45, 22).
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
ResponderExcluirDEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.