quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A JUSTIÇA DO REINO – Maria de Lourdes Cury Macedo.

 

 

Domingo, 20 de setembro de 2020.

Evangelho de Mt 20, 1-16.

 

 

A liturgia de hoje nos fala do amor sem limites de Deus para conosco e nos convida amar os irmãos que caminham conosco, semelhantes às atitudes e o amor de Jesus.

Jesus está a caminho de Jerusalém com seus discípulos e continua instruindo-os dentro dos valores do Reino porque eles serão os continuadores da sua missão. Os discípulos e as multidões, que o seguiam, sonhavam com a restauração do reino de Israel e que Jesus expulsasse os romanos a qualquer custo e, por isso, tinham dificuldades de compreender e aceitar a sua proposta de vida porque a justiça da nossa sociedade é diferente da justiça do Reino. Conhecendo os pensamentos dos seus discípulos e apóstolos, Jesus procurava cada vez mais apresentar as características do Reino dos céus e a mudança de mentalidade que esse exigia, novo modo de pensar e agir, sobretudo no que diz respeito à religião, ao mundo do trabalho, à prática da justiça e a tudo que se refere à vida humana.

Naquele tempo, havia na Galileia muitos camponeses desempregados porque tinham perdido suas terras por causa dos altos impostos ou por causa de uma colheita fracassada. Para sobreviverem trabalhavam por dia, desde que alguém os contratasse. Reuniam-se na praça a espera de quem quisesse contratá-los para trabalhar nas suas propriedades.

A parábola de hoje mostra claramente a resistência dos primeiros trabalhadores contratados na hora do pagamento, pois entendiam que cada um recebe pelo que faz, sem se preocupar com a necessidade do outro.

Essa parábola, que Jesus contou, fala que o dono de uma vinha contratou trabalhadores para a colheita em sua propriedade. Uns ele chamou pela manhã, outros ao longo do dia e outros, no fim do dia. Combinou o preço por um dia de serviço. No fim da tarde, o dono da propriedade falou para o administrador fazer o pagamento começando pelos últimos contratados. Pagou igual para todos.  Os empregados que começaram a trabalhar ainda cedo reclamaram ao patrão por ter recebido o mesmo salário dos outros, que trabalharam apenas uma pequena parte do dia.  O patrão se justificou dizendo que não estava sendo injusto, pois pagou a todos conforme o combinado e estava usando o dinheiro que é seu e que poderia usá-lo como quisesse. 

O proprietário dessa parábola simboliza Deus, que sai à procura dos homens sem trabalho e os convida a trabalhar na santificação de suas almas. Deus convida todos para participarem do seu Reino, todas as raças e as nações, a humanidade inteira. Quer que todos entrem na sua vinha, que é a Igreja, e trabalhem nela. Os que aceitam a Igreja formam o povo de Deus e se tornam membros corpo místico de Cristo. Uns recebem o convite desde a infância, outros na vida adulta, outros quase na hora da morte.

Esse é o Reino de Deus, Reino acolhedor, inclusivo, não exclui ninguém, basta querer participar dele. Deus está pronto a aceitar o seu serviço, sua colaboração, sua caminhada para a santificação. Não importa quando a pessoa ouve o chamado de Deus, se na juventude ou na velhice. Deus valoriza todos, que descobrindo o Reino, queiram participar dele não importa se é justo ou pecador. Para Jesus, o importante é a gratuidade, a generosidade e o amor. Infelizmente nem todos entendem e aceitam esse jeito de ser de Jesus.

Somos iguais ao empregado que reclamou do salário, mas para Deus o mérito de um serviço não se deve medir pelo tempo que gastou para executá-lo, mas depende do amor e da dedicação como realizou a tarefa.

Essa história quer nos mostrar a generosidade de Deus. Para Ele, não importa o tempo que estamos na Igreja ou tudo que já demos e fizemos, importa sim com que amor nos dedicamos e desempenhamos nossa função de acordo com o dom recebido do próprio Deus. O Senhor nos dá Sua graça e essa Ele dispõe como deseja. Nisso o ser humano entende diferente, ao contrário de Deus. Nós entendemos que o pagamento deve ser correspondente ao tempo do trabalho. Deus não. Ele entende que pode dispor do que é seu e dá a cada um o que precisa para que tenha uma vida digna.

Deus nosso Pai chama todos os cristãos para trabalharem em sua vinha, que é a Igreja, seguindo os ensinamentos de Jesus, testemunhando com a vida e anunciando a todos o nome santo de Jesus. Não importa a hora, nem nossas qualidades, meios ou posição social. O que importa para Deus é a nossa disposição em trabalhar pelo Reino de Deus, servindo com muito amor no coração.

Precisamos compreender o comportamento misericordioso e generoso de Deus, que é muito diferente do nosso modo de ser e pensar. Esse evangelho nos ensina que o pensamento de Deus não é igual ao nosso. A justiça de Deus eleva à dignidade todos os seus filhos e filhas.

“Na nossa sociedade, uma pessoa vale pelo que produz – logo, quem não produz não tem valor. Assim se faz pouco caso do idoso, aposentado, doente, excepcional. Na parábola, o patrão (símbolo do Pai) usa como critério de pagamento, não a produção, mas o sustento da vida – também o trabalhador da última hora precisa sustentar a família, e por isso recebe o valor suficiente, uma moeda de prata”.

O Senhor sempre nos chama para participar do seu Reino. Enquanto tivermos vida Ele nos chamará. Feliz de quem atende ao chamado do Senhor logo cedo na vida, pois usufruirá de tudo quanto Ele providenciou para que tenhamos uma qualidade de vida melhor. Quando

nós aceitamos o convite de Jesus para entrar no Seu reino e  O proclamamos Rei e Senhor da nossa vida, automaticamente nós nos tornamos seus colaboradores para atrair nossos irmãos que ainda não conhecem Jesus, sua generosidade, sua misericórdia, seu amor e seu perdão. Quem acolhe e aceita Jesus tem como recompensa a vida eterna. Não importa a hora da nossa vida, até na hora da nossa morte nós teremos a chance de ganhar o prêmio da vida eterna.

Deus Pai misericordioso nos enviou Jesus para nos salvar, por isso não importa se seremos os primeiros ou os últimos. Os últimos serão acolhidos sem nenhuma discriminação. O importante é pertencer ao Reino de Deus, ser de Jesus, nosso salvador, acolher essa mentalidade nova, para isso é preciso conversão.

 

Abraços em Cristo!

Maria de Lourdes

5 comentários:

  1. Uma bela reflexão, que Deus continue te concedendo sabedoria para nos ensinar a sua palavra.

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  2. "Nós entendemos que o pagamento deve ser correspondente ao tempo do trabalho. Deus não. Ele entende que pode dispor do que é seu e dá a cada um o que precisa para que tenha uma vida digna". Deus é maravilhoso! Que consigamos colocar em prática suas palavras!

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