27 Agosto
2020
Tempo Comum - Anos Pares
XXI Semana - Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: 1 Coríntios 1, 1-9
Irmãos: 1Paulo, chamado por vontade de Deus a
ser apóstolo de Cristo Jesus, e Sóstenes, nosso irmão, 2à igreja de Deus que
está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos, com
todos os que em qualquer lugar invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo,
Senhor deles e nosso: 3graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai,
e do Senhor Jesus Cristo.
4Dou incessantemente graças ao meu Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi
concedida em Cristo Jesus. 5Pois nele é que fostes enriquecidos com todos os
dons, tanto da palavra como do conhecimento. 6Assim, foi confirmado em vós o
testemunho de Cristo, 7de modo que não vos falta graça alguma, a vós que
esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo. 8É Ele também que vos confirmará
até ao fim, para que sejais encontrados irrepreensíveis no Dia de Nosso Senhor
Jesus Cristo. 9Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho,
Jesus Cristo Nosso Senhor.
Paulo permaneceu afectivamente ligado à
comunidade que fundou em Corinto. Já em Éfeso, onde viveu do ano 55 ao ano 57,
aproximadamente, teve notícias dessa comunidade que muito o preocuparam. A
disciplina tinha-se relaxado por influência dos libertinos. Mas também havia
rigoristas que criavam problemas. E, no meio de alguma desorganização, até
havia quem, como na Galácia, punha em causa a autenticidade do seu apostolado.
Paulo procura intervir por meio de uma visita, que falhou, e de algumas cartas,
duas das quais chegaram até nós. Na 1 Cor, Paulo apresenta-se como «apóstolo»,
isto é, como "enviado" (v. 1), sublinhando que essa identidade deriva
de um chamamento de Deus. Paulo manifesta esta auto-consciência em quase todas
as suas cartas. Também a expressão «à igreja de Deus que está em Corinto» (v.
2) tem um significado teológico denso. Toda a comunidade local, ainda que
fundada por homens, é obra de Deus. Os membros dessas comunidades, em comunhão
com a igreja universal, foram santificados por Jesus, e estão em permanente
tensão para a santidade plena, que será realizada em diferentes formas de vida.
Na acção de graças, transparece o entusiasmo do Apóstolo pela riqueza dos dons
de Deus aos coríntios (vv. 4s.). Menciona particularmente a «palavra» e a
«ciência», os dons mais estimados e procurados pelos coríntios. Tendo recebido
tantos dons, os coríntios não podem considerar-se ainda perfeitos, mas
simplesmente a caminho da plena manifestação da glória do Senhor.
Evangelho: Mateus 24, 42-51
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 42Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.
43Ficai sabendo isto: Se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o
ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a casa. 44Por isso, estai
também preparados, porque o Filho do Homem virá na hora em que não pensais.»
45«Quem julgais que é o servo fiel e prudente, que o senhor pôs à frente da sua
família para os alimentar a seu tempo? 46Feliz esse servo a quem o senhor, ao
voltar, encontrar assim ocupado. 47Em verdade vos digo: Há-de confiar-lhe todos
os seus bens. 48Mas, se um mau servo disser consigo mesmo: 'O meu senhor está a
demorar', 49e começar a bater nos seus companheiros, a comer e a beber com os
ébrios, 50o senhor desse servo virá no dia em que ele não o espera e à hora que
ele desconhece; 51vai afastá-lo e dar-lhe um lugar com os hipócritas. Ali
haverá choro e ranger de dentes.»
Em Mateus, a parábola do servo, ou
administrador (cf. Lc 12, 41ss.) responsável encontra-se no último grande
discurso de Jesus, o "Discurso escatológico" (cc. 24 e25), dominado
pelas tribulações de Jerusalém e pelas perseguições à Igreja nascente, pelo
anúncio da crise cósmica que precederá o fim e pela consequente necessidade de
vigilância. Este discurso não visa assustar, mas encorajar. O mundo e a
história caminham, não para o fim, mas para a plena realização. Haverá
catástrofes. Mas abrir-se-á uma nova beleza. É neste contexto que Jesus exorta
à vigilância, com quatro belas parábolas. Hoje, escutamos a primeira, cujas
palavras-chave são: «Vigiai!», «Estai preparados!» A vinda do Senhor é certa.
Mas a hora é incerta. A imagem do «ladrão» (v. 43) é muito expressiva e bem
conhecida na igreja primitiva. Deve vigiar a casa o dono, mas também os servos,
que são seus amigos e estimam a casa. O «servo fiel e prudente» (v. 45) faz as
vezes de dono da casa e trata bem os seus companheiros. O «mau servo» (v. 48)
aproveita da ausência do dono para desperdiçar os bens e maltratar os
companheiros. Naturalmente terão fins diferentes, quando regressar o dono. Os
dirigentes da Igreja hão-de ser servos fiéis e prudentes, e não maus servos,
como eram os chefes de Israel, no tempo de Jesus.
Meditatio
Paulo escreve aos coríntios, garantindo-lhes a
fidelidade de Deus: «Ele vos confirmará até ao fim, para que sejais encontrados
irrepreensíveis no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo» (v. 8). Estas palavras são
importantes também para nós, por vezes angustiados com as dificuldades que nos
rodeiam e com a nossa própria fraqueza: «conseguirei ser fiel até ao fim?» -
interrogamo-nos. O Apóstolo afirma que é o próprio Senhor quem garante e
confirma a nossa perseverança na fidelidade a Deus. A parábola evangélica
ensina-nos o que significa ser «irrepreensíveis» até ao fim. O Senhor põe
diante de nós duas certezas: a nossa vida terá um fim; devemos dar conta da nossa
vida. Cada um de nós é como o servo a quem o Senhor confiou determinado
serviço, uma responsabilidade de que pedirá contas, quando voltar. Por isso, há
que estar vigilantes sobre nós mesmos, para não corrermos o risco de que, à
chegada do senhor, nos encontre desprevenidos e expostos a castigo.
Na primeira leitura, Paulo ensina-nos que o melhor modo para vivermos a nossa
responsabilidade com confiança e obediência, é darmos graças a Deus pelos seus
dons, por nada nos ter deixado faltar para vivermos na feliz esperança da sua
vinda. O Apóstolo escreve aos coríntios: «Dou incessantemente graças ao meu
Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi concedida em Cristo Jesus. 5Pois
nele é que fostes enriquecidos com todos os dons, tanto da palavra como do conhecimento...
de modo que não vos falta graça alguma, a vós que esperais a manifestação de
Nosso Senhor Jesus Cristo» (vv. 4-7).
A visão da generosidade de Deus, que enche de alegria o Apóstolo, deve
encher-nos de alegria também a nós. A certeza da bondade de Deus, a verificação
das suas graças, devem dar-nos entusiasmo em servi-lo, para O glorificarmos com
a nossa vida e as nossas obras.
Deus é fiel. Se aderirmos a Ele, será Ele mesmo a tornar-nos fiéis, para nos
encontrar «irrepreensíveis no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo» (v. 8).
«Sob as suas diversas formas, o nosso trabalho, retribuído ou não, faz-nos
participar verdadeiramente na vida e condição dos homens do nosso tempo e é
também expressão da nossa pobreza ao serviço do Reino» (Cst 48). O trabalho é parte
integrante da pobreza religiosa. O trabalho é uma participação efectiva na
insegurança típica dos pobres, dos assalariados; é reparação por quem se serve
do trabalho só para ganhar de modo egoísta, por quem ergue como lei suprema o
proveito e se torna escravo do super potente dinheiro, e procura obter cada vez
mais ganhos, para dominar, para explorar.
Pelo trabalho, além do mais, colaboramos na obra do Criador, damos o nosso
pequeno contributo pessoal para a transformação do mundo e para a realização do
projecto de Deus na história (cf. GS 34).
Oratio
Senhor, obrigado por me lembrares que não sou
dono absoluto da minha vida, nem dos bens que puseste à minha disposição, mas
apenas administrador. Terei que prestar contas de tudo, sem usar de artimanhas.
As minhas responsabilidades, como as do servo da parábola, são várias: terei
que dar conta dos meus irmãos, particularmente dos que estão directamente
confiados ao meu cuidado; terei que dar contas dos bens que me confiaste.
Dá-me, Senhor, a tua graça para que me apresente irrepreensível diante de Ti,
diante dos outros servos, diante da casa que é o nosso mundo e diante da nossa
história. Tu o mereces! Amen.
Contemplatio
A melhor condição para a salvação é a das
pessoas modestas que têm de trabalhar para ganhar a sua vida, e as riquezas não
deveriam dispensar do trabalho para se entregarem a uma vida ociosa.
O trabalho é bom para a saúde da alma.
Os ricos correm o risco de se perderem, porque têm demasiada facilidade para
satisfazerem as suas inclinações naturais para a vaidade, para a sensualidade,
para a moleza. Nosso Senhor disse que para eles é mais difícil entrar no reino
dos céus. (Leão Dehon, OSP 3, p. 37)
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho» (1 Cor 1, 9).
| Fernando Fonseca, scj |
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
ResponderExcluir