18 Julho
2020
Tempo Comum - Anos Pares
XV Semana - Sábado
XV Semana - Sábado
Lectio
Primeira leitura: Miqueias 2, 1-5
1Ai dos que planeiam a iniquidade, dos que
maquinam o mal em seus leitos, e o executam logo ao amanhecer do dia, porque
têm o poder na sua mão! 2Cobiçam as terras e apoderam-se delas, cobiçam as
casas e roubam-nas; fazem violência ao homem e à sua família, ao dono e à sua
herança. 3Por isso, assim fala o Senhor: «Tenho planeado um mal contra esta
raça, do qual não livrareis o pescoço. Não andareis mais com a cabeça erguida,
porque será tempo calamitoso. 4Naquele dia será composta sobre vós uma sátira,
e cantar-se-á uma elegia: 'Estamos perdidos completamente, a parte do meu povo
passa a outros. Ninguém a restituirá. Roubam e distribuem os nossos campos.'
5Por isso, não terás ninguém que meça com cordel as porções, na assembleia do
Senhor.»
No contexto social e religioso da segunda
metade do século VIII a. C., tal como Isaías, o profeta Miqueias denuncia os
pecados sociais, cometidos pelos chefes, nomeadamente a casa real, os
sacerdotes e os profetas, que acabam por arrastar para os mesmos crimes todo o
povo. O profeta não faz uma lista exaustiva desses pecados, mas aponta alguns,
que ilustram bem a malícia imperdoável da opressão dos fracos. O justo juízo de
Deus é inevitável e não tardará. Infelizmente, as situações denunciadas por
Ezequias, continuam actuais no mundo em que vivemos. O profeta usa expressões
muito duras contra aqueles que praticam tais actos, ameaçando inclusivamente
com o exílio, simbolizado pelo jugo ignominioso anunciado ao seu povo: «Tenho
planeado um mal contra esta raça, do qual não livrareis o pescoço». «Nesse
dia», o dia concreto que não tardará a tornar-se escatológico, a desgraça
converter-se-á em motivo de sátiras e lamentações. Será a completa humilhação.
Os grandes e poderosos roubaram terras e haveres aos pobres, e perderão a Terra
Prometida, com todos os bens. O castigo será feito da mesma matéria que o
pecado do homem. Mas, um pequeno «resto» conservou íntegra a fé. Por causa
deles, Deus voltará a ter compaixão do seu povo, dar-lhe-á uma nova
fecundidade, que lhe garantirá a subsistência.
Evangelho: Mateus 12, 14-21
Naquele tempo, 14os fariseus, saindo dali,
reuniram-se em conselho contra Jesus, a fim de o matarem. - 15Quando soube
disso, Jesus afastou-se dali. Muitos seguiram-no e Ele curou-os a todos,
16ordenando-lhes que o não dessem a conhecer. 17Assim se cumpriu o que fora
anunciado pelo profeta Isaías: 18Aqui está o meu servo, que escolhi, o meu
amado, em quem a minha alma se deleita. Derramarei sobre Ele o meu espírito, e
Ele anunciará a minha vontade aos povos. 19Não discutirá nem bradará, e ninguém
ouvirá nas praças a sua voz. 20Não há-de quebrar a cana fendida, nem apagar a
mecha que fumega, até conduzir a minha vontade à vitória. 21E, no seu nome,
hão-de esperar os povos!
Jesus atreveu-se a pôr em causa o absoluto da
lei sobre o repouso sabático. Isso só não Lhe custou a vida, porque, ao saber
que os seus adversários tinham decidido matá-lo, saiu dali, continuando noutros
lugares a sua actividade taumatúrgica e missionária. Os milagres narrados por
Mateus, logo depois da cura, ao sábado, do homem que tinha a mão paralisada (Mt
12, 10ss.), provam a autenticidade do amor misericordioso de Deus, que Jesus
veio anunciar, e que é o centro e o sentido do seu ministério. Mateus vê
realizada em Jesus a profecia de Is 42, 1-4, onde é apresentada a figura do
Servo de Javé. Escolhido e enviado por Deus, que o encheu do seu Espírito, o
Servo realizará a missão de dar a conhecer a todos os povos a verdadeira
relação entre Deus e os homens. O estilo do Servo, manso e humilde, alheio a
conflitos e a barulhos, atento a valorizar toda a possibilidade de vida,
realiza-se totalmente em Jesus «manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), e que
pede silêncio sobre as suas obras (cf. Mt 12, 16).
Mateus, mais uma vez, acentua que, em Jesus se realizam as esperanças judaicas, ajuda a interpretar o evento-Jesus, a compreender-lhe o significado, e apresenta-O como modelo de obediência à palavra do Pai.
Mateus, mais uma vez, acentua que, em Jesus se realizam as esperanças judaicas, ajuda a interpretar o evento-Jesus, a compreender-lhe o significado, e apresenta-O como modelo de obediência à palavra do Pai.
Meditatio
Os profetas do Antigo Testamento com muita
frequência se atiram contra as prepotências dos ricos em relação aos pobres,
por sensibilidade social, com certeza, mas, sobretudo, por sensibilidade
teológica: as injustiças entre os homens quebram a relação com Deus. O mal que
se faz ao homem é mal feito a Deus.
O império da lei da prepotência, dos que são economicamente mais poderosos, continua tragicamente actual. As tragédias que a ganância de poucos provocam, com indizíveis sofrimentos para muitos, repetem-se diariamente, por toda a face da terra. O dinheiro revela-se uma arma mais letal do que as ogivas nucleares, quando usado unicamente em vista dos interesses de alguns. Quando o dinheiro se torna o objectivo da vida, não admite rivais. Quem se entrega ao dinheiro, não consegue ver mais ninguém senão a si mesmo. É por isso que Jesus disse que, ou se serve a Deus, ou se serve ao dinheiro. Não há compromisso possível.
Mas, um dos sinais do nosso tempo, é também um crescente movimento contra as injustiças. Como cristãos, não podemos deixar de participar nele, com todos os homens de boa vontade. Mas o nosso verdadeiro modelo é Jesus. Ora o Senhor sabe juntar a força e a mansidão, que não levanta contendas e não grita, que não faz gestos espectaculares, mas também não volta atrás e que, se se afasta dos adversários, é para ajudar quem precisa: «Muitos seguiram-no e Ele curou-os a todos» (v. 15).
É esta a luta que Jesus leva por diante com mansidão e amor para com todos, sabendo que isso O levará à morte.
Como cristãos e como dehonianos, devemos ser contrários a toda a forma de luta violenta, mas também agir energicamente com todas as iniciativas não violentas, para afirmar a justiça, o respeito pelos direitos humanos e a caridade no mundo, como sugere o Segundo Sínodo dos Bispos sobre a Justiça no mundo, tendo presente os ensinamentos da História acerca da conquista não violenta da liberdade e da independência política em várias nações, desde a Índia de Gandhi, à Polónia, aos povos do Leste europeu.
O império da lei da prepotência, dos que são economicamente mais poderosos, continua tragicamente actual. As tragédias que a ganância de poucos provocam, com indizíveis sofrimentos para muitos, repetem-se diariamente, por toda a face da terra. O dinheiro revela-se uma arma mais letal do que as ogivas nucleares, quando usado unicamente em vista dos interesses de alguns. Quando o dinheiro se torna o objectivo da vida, não admite rivais. Quem se entrega ao dinheiro, não consegue ver mais ninguém senão a si mesmo. É por isso que Jesus disse que, ou se serve a Deus, ou se serve ao dinheiro. Não há compromisso possível.
Mas, um dos sinais do nosso tempo, é também um crescente movimento contra as injustiças. Como cristãos, não podemos deixar de participar nele, com todos os homens de boa vontade. Mas o nosso verdadeiro modelo é Jesus. Ora o Senhor sabe juntar a força e a mansidão, que não levanta contendas e não grita, que não faz gestos espectaculares, mas também não volta atrás e que, se se afasta dos adversários, é para ajudar quem precisa: «Muitos seguiram-no e Ele curou-os a todos» (v. 15).
É esta a luta que Jesus leva por diante com mansidão e amor para com todos, sabendo que isso O levará à morte.
Como cristãos e como dehonianos, devemos ser contrários a toda a forma de luta violenta, mas também agir energicamente com todas as iniciativas não violentas, para afirmar a justiça, o respeito pelos direitos humanos e a caridade no mundo, como sugere o Segundo Sínodo dos Bispos sobre a Justiça no mundo, tendo presente os ensinamentos da História acerca da conquista não violenta da liberdade e da independência política em várias nações, desde a Índia de Gandhi, à Polónia, aos povos do Leste europeu.
Oratio
Senhor, livra-me de cometer a injustiça, de
aceitá-la contra os outros, mas também de a querer combater por meios
violentos. Tu, manso e humilde de coração, ensina-me a não-violência, porque a
violência é já injustiça, mãe de outras violências e injustiças piores. Tu, que
quiseste ser pobre por meu amor, faz-me compreender que não posso enriquecer de
qualquer modo e a qualquer custo, mesmo à custa do respeito e dos direitos dos
meus irmãos. Tu, que estás atento a todos, ajuda-me a esquecer-me de mim, e a cu
idar carinhosamente de todos os irmãos, particularmente dos mais frágeis e carenciados. Amen.
idar carinhosamente de todos os irmãos, particularmente dos mais frágeis e carenciados. Amen.
Contemplatio
O Coração sacerdotal de Jesus foi
particularmente dedicado às classes populares. Era necessário renovar o mundo.
Em Roma, a escravatura era como um animal de carga. Dez milhões de cidadãos
eram servidos por cem milhões de escravos. Na Palestina, os fariseus eram
arrogantes e sem coração. Só um Deus podia dizer aos homens: «Vós sois todos
irmãos» (Mt 23). «Amai-vos uns aos outros» (Jo 15). É a missão de Jesus, foi
sob este aspecto que os profetas no-lo apresentaram: «Será totalmente penetrado
pelo Espírito de Deus, trará a boa nova aos pequenos e aos humildes, remediará
todos os infortúnios, pregará o grande jubileu, com o perdão das dívidas e a
reabilitação dos pobres» (Is 61).
Toda a reforma económica e social está em germe nos princípios que coloca: a paternidade divina e a fraternidade de todos os homens. Dá o exemplo da simplicidade e do trabalho. Escolheu a oficina para sua morada, os pastores para os seus primeiros adoradores. É operário e filho de operário. Vede-o em Nazaré com a mesa e os utensílios do carpinteiro. Despreza a riqueza, o luxo e as honras. Reclama para os operários a justiça, o respeito, a afeição fraterna. 1º A justiça. - «O trabalhador tem direito ao seu salário, ao seu pão, ao que exige a sua vida quotidiana: Dignus est operarius mercede sua, cibo suo» (Mt 10; Lc 10). S. Tiago desenvolve este preceito: «Ricos avarentos, exclama, os vossos tesouros atrairão a cólera de Deus sobre vós. Os vossos trabalhadores sofreram nos vossos campos e só lhes destes um salário tardio e insuficiente» (Tg 5). 2º Respeito. - «Bem-aventurados os que são mansos, pacíficos e misericordiosos» (Mt 5). - «Aquele que não tem cuidado com os seus servos é mais desprezível do que um pagão» (1 Tim 5). 3º A afeição fraterna. «Vós sois todos irmãos» (Jo 15). «Não deve haver entre vós distinção entre escravos e homens livres. Non est servus neque liber» (Gal 3). «Amai e praticai a fraternidade» (1 e 2Pd; Tes 4). (Leão Dehon, O Coração sacerdotal de Jesus, 26ª meditação, p. 603s.).
Toda a reforma económica e social está em germe nos princípios que coloca: a paternidade divina e a fraternidade de todos os homens. Dá o exemplo da simplicidade e do trabalho. Escolheu a oficina para sua morada, os pastores para os seus primeiros adoradores. É operário e filho de operário. Vede-o em Nazaré com a mesa e os utensílios do carpinteiro. Despreza a riqueza, o luxo e as honras. Reclama para os operários a justiça, o respeito, a afeição fraterna. 1º A justiça. - «O trabalhador tem direito ao seu salário, ao seu pão, ao que exige a sua vida quotidiana: Dignus est operarius mercede sua, cibo suo» (Mt 10; Lc 10). S. Tiago desenvolve este preceito: «Ricos avarentos, exclama, os vossos tesouros atrairão a cólera de Deus sobre vós. Os vossos trabalhadores sofreram nos vossos campos e só lhes destes um salário tardio e insuficiente» (Tg 5). 2º Respeito. - «Bem-aventurados os que são mansos, pacíficos e misericordiosos» (Mt 5). - «Aquele que não tem cuidado com os seus servos é mais desprezível do que um pagão» (1 Tim 5). 3º A afeição fraterna. «Vós sois todos irmãos» (Jo 15). «Não deve haver entre vós distinção entre escravos e homens livres. Non est servus neque liber» (Gal 3). «Amai e praticai a fraternidade» (1 e 2Pd; Tes 4). (Leão Dehon, O Coração sacerdotal de Jesus, 26ª meditação, p. 603s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«N´Ele, hão-de esperar os povos!» (Mt 12, 21).
«N´Ele, hão-de esperar os povos!» (Mt 12, 21).
| Fernando Fonseca, scj |
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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