sexta-feira, 31 de julho de 2020

"TODOS COMERAM E FICARAM SATISFEITOS...” Olivia Coutinho


 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM.

 Dia 02 de Agosto de 2020

 Evangelho de Mt14,13-21

Estamos no início do mês de agosto, o mês vocacional, um  tempo que nos chama a conscientizarmos  sobre a importância de assumirmos o nosso compromisso como Igreja na sociedade. 
Cada um de nós, tem uma missão a cumprir e esta missão, parte do nosso compromisso primeiro: o compromisso com a vida, portanto, nossa primeira vocação é o chamado à vida! 
A nossa vida em plenitude, não vem de cima, ela é construída aqui na terra, na  nossa vivencia no amor, amor, que podemos traduzir em partilha da vida! Uma vida partilhada se converge em mais vida para outros, aí está a importância de viver a nossa vocação, de fazer da nossa vida uma oferta de amor.

A palavra de Deus que chega até a nós, no evangelho de hoje, mostra-nos mais uma vez, a sensibilidade de Jesus diante as necessidades humanas.

O texto chama a nossa atenção sobre o perigo de ficarmos somente  com o lado fácil da fé e não nos abrirmos à partilha, a preferir ver uma imagem bonita de Jesus, do que vê-lo desfigurado na pessoa  de tantos irmãos que não tem sequer, o básico para sua sobrevivência. Ignorar estes irmãos é ignorar o próprio Jesus, que quer contar conosco, na construção de um mundo mais justo e mais fraterno.

O evangelho começa dizendo, que Jesus, assim que soube da morte de João Batista, dirigiu-se para um lugar afastado, mas assim que saiu da barca, Ele  deparou com a multidão, pessoas,  que ao ficarem sabendo que Jesus seguia  naquela barca, seguiram-no a pé. Tomado de compaixão, Jesus muda seu plano e se entrega à aquela multidão que buscava Nele, um alento para o corpo e para alma.  Ao cair da tarde, depois de Jesus ter curado muitos doentes, os discípulos aproximam-se Dele e sugeriram para  que Ele despedisse o povo, para que eles fossem comprar alimentos nas redondezas, Jesus  contesta os discípulos dizendo: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” Essas palavras de Jesus, assustaram os discípulos que tinham apenas cinco pães e dois peixes. Mas o que era impossível para os discípulos, não era impossível para Jesus, que ao abençoar um pouco de pão e um pouco de peixe, fez com que o milagre da partilha acontecesse: o milagre do amor, quando todos comeram e ficaram saciados.

A multiplicação dos pães, deve nos conscientizar da importância de termos um coração aberto à partilha, onde há partilha, não há fome...

 Fome é uma questão emergencial, uma pessoa que está com fome, não aguenta esperar por um novo emprego, por uma ajuda do governo, ela precisa do alimento no seu aqui e no seu agora...
Nenhum de nós, pode dizer que não tem nada a oferecer, pois todos nós, de alguma forma, podemos ajudar o outro, em suas necessidades.
Além de matar a fome, é também compromisso cristão, promover o irmão, motivá-lo a caminhar com suas próprias pernas, mas precisamos estar cientes: uma pessoa com o estômago vazio, não consegue sequer, ouvir a orientação de alguém. Primeiro, precisamos saciar sua fome física, para depois orientá-lo, conscientizá-lo do seu valor diante de Deus, criar no seu coração, a necessidade de Deus!
Hoje, Jesus continua dizendo: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” Ele nos encarrega de saciar a fome dos muitos irmãos perdidos pelas as periferias da vida, pessoas famintas, não somente do pão material, como também, famintos de amor e de justiça... Não vamos esperar pelos os governantes, afinal, assim como no tempo de Jesus, estes, não se importam com os pobres.
Precisamos aprender a amar do jeito de Jesus, a olhar o irmão com o seu olhar, um olhar que não apenas constata sua necessidade, mas que nos leve a socorre-lo  em suas necessidades.
Onde existe amor, existe partilha, onde existe partilha, entra a Bênção de Deus e o milagre da partilha acontece, o pouco se transforma em muito...


FIQUE NA PAZ DE JESUS! Olivia Coutinho

quinta-feira, 30 de julho de 2020

DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER - Maria de Lourdes Cury Macedo.


 

Domingo, 2 de agosto de 2020.

Evangelho de Mt 14, 13-21.                  

 

Nos domingos anteriores Jesus falou do Reino de Deus por meio de parábolas, na liturgia de hoje o assunto sobre o Reino continua, mas em gestos concretos, que revelam como é o Reinado de Deus: abundância de alimentos para todos.

João Batista, que com seu anúncio do Reino de justiça atraía a si as multidões, foi preso e executado por Herodes, no que teve o apoio dos chefes religiosos das sinagogas e do Templo de Jerusalém. Diante dessa notícia de João Batista, Jesus percebe que ele próprio também poderia  sofrer o mesmo processo repressivo, por isso partiu numa barca para um deserto, um lugar sossegado, possivelmente para ficar a sós com seus discípulos e tal afastamento seria para meditar, pensar sobre a violência e a situação que estavam vivendo. Mas não conseguiu ficar só com os discípulos: a multidão sabendo da sua partida foi ao encontro dele, seguindo a pé pela margem do lago, acompanhando-o. O povo tinha urgência de ficar com Jesus.

 Quando Jesus desembarca, já encontra a multidão e, ao ver a carência e a necessidade do povo sofrido, sente compaixão e diante da sede com que O procuravam, passou a curar os doentes e ficou falando com o povo, até ao cair da tarde.  É expressiva a compaixão de Jesus pelo povo excluído, marginalizado, pobre.

A razão é muito simples a multidão seguia Jesus por causa dos milagres que Ele realizava e que fazia crescer cada vez mais a sua fama. No meio dessa multidão estava um grupo de pessoas chamadas “nacionalistas” que sondavam Jesus e alimentavam a esperança de proclamá-lo rei.

O povo nem viu o tempo passar, e estava com fome. Os discípulos falaram para Jesus despedir aquela gente para comprarem alimentos em alguma aldeia vizinha. Jesus, porém, respondeu: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer.” E porque não precisam ir embora? Porque Jesus está ali. Os discípulos devem ter sentido um susto muito grande quando mandou que eles dessem comida para o povo, pois não tinham nada.

Não tinham o que dar de comer para aquela multidão. Conseguiram entre o povo cinco pães e dois peixes, a única coisa que havia. A soma de pães e peixes resulta sem sete, um número de perfeição. Os discípulos devem ter ficado olhando para Jesus sem saber o que pensar ou dizer, pois diante daquela situação nada podiam fazer.

Mas, Jesus pediu que trouxessem a Ele os pães e os peixes. Mandou que o povo se assentasse. Os apóstolos ainda deviam estar sem saber o que pensar diante das ordens de Jesus.

Jesus tomou os pães e os peixes, ergueu os olhos para o céu e os benzeu. Era costume do povo judeu antes das refeições, depois que todos estavam à mesa, o pai de família abençoava o pão, partia e dava um pedaço para cada um. Jesus ocupa agora o lugar do pai de família. Possivelmente usou uma das fórmulas de bênçãos tradicionais que seu povo usava. Todos comeram, ficaram satisfeitos e ainda sobraram 12 cestos. A partilha é o gesto concreto do amor, que é a lei maior do Reino.

Podemos aqui tirar uma lição para nossa vida que é de saber agradecer a Deus que, em sua bondade infinita, nos dá tanta coisa, nos dá o alimento de cada dia. Para isso é tão importante sabermos rezar às refeições e rezar em todos os momentos de nossa vida. E não só nas horas de dificuldades.

Depois que Jesus abençoou foi distribuído os pães e os peixes e todos comeram à vontade. O que sobrou foi recolhido em 12 cestos. E os que tinham comido eram mais de cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças.

Este milagre de Jesus nos indica que Ele é o Salvador prometido: aquele junto do qual podemos encontrar as riquezas todas de Deus. Também podemos pensar na igreja, a família de Deus, onde estamos reunidos em volta de Jesus que nos dá o pão da vida eterna: o pão de sua palavra, o pão de sua presença entre nós; em volta de Jesus, que nos une ao Pai e aos irmãos.

Esse milagre é também para nós a imagem da felicidade perfeita que nos espera, quando estaremos todos reunidos, face a face com Deus, quando cessarão todas as nossas necessidades, quando Jesus matará completamente nossa fome de felicidade.

Jesus prepara o povo para aceitar com fé o milagre da Eucaristia: Aquele que alimenta multidão que vem a Jesus para ter o que comer representa todos os homens e espiritualmente famintos de um alimento espiritual. Todos os homens que procuram um alimento que seja capaz de saciar sua fome de justiça, de amor e de paz, representam aqueles que creem na força vivificante da Eucaristia.

Outro ensinamento muito forte que nos dá este Evangelho é que o verdadeiro milagre é a partilha, capaz de saciar um povo inteiro. O amor traduzido na partilha de tudo garante a abundância dos bens capaz de suprimir as desigualdades de uma sociedade injusta e gananciosa.

Deus nos deu todos os alimentos, portanto o pão é dom de Deus, é gratuito e deve ser partilhado fraternalmente entre todos. Se todo o mundo partilhasse seus bens, não haveria fome no mundo.

Participar e viver do Reino de Deus é não deixar faltar pão para ninguém, porque o alimento não é privilégio de alguns, mas é direito de todos. O nosso Deus é o Deus da vida, ele ama seus filhos, por isso não pode faltar aquele sustento.

Abraços em Cristo!

Maria de Lourdes


quarta-feira, 29 de julho de 2020

Temos cinco pães e dois peixes-Dehonianos


3 Agosto 2020
Tempo Comum - Anos Pares
XVIII Semana - Segunda-feira
Lectio
Primeira leitura: Jeremias 28, 1-17
1Naquele mesmo ano, no início do reinado de Sedecias, rei de Judá, ou seja, no quinto mês do quarto ano, Hananias, filho de Azur, profeta de Guibeon, no templo do Senhor e na presença dos sacerdotes e de todo o povo, falou-me nos seguintes termos: 2«Assim fala o Senhor do universo, Deus de Israel: 'Vou quebrar o jugo do rei da Babilónia! 3Dentro de dois anos, farei voltar a este lugar todos os objectos do templo do Senhor, que Nabucodonosor, rei da Babilónia, levou daqui e transportou para a Babilónia. 4Para este lugar farei voltar Jeconias, filho de Joaquim, rei de Judá e todos os exilados de Judá que foram para a Babilónia, porque vou quebrar o jugo do rei da Babilónia'» - oráculo do Senhor. 5O profeta Jeremias respondeu ao profeta Hananias, na presença dos sacerdotes e do povo que se aglomerava no templo do Senhor: 6«Assim seja! Que o Senhor o permita! Realize o Senhor a tua profecia e traga de volta para este lugar o tesouro do templo, e todos os exilados cativos da Babilónia. 7Contudo, ouve o que te vou dizer, a ti e a todo o povo: 8Os profetas que nos precederam a mim e a ti, anunciaram a numerosos países e a poderosos reinos, guerra, fome e peste. 9Quanto ao profeta que profetiza a paz, somente quando se realizar o seu oráculo é que se poderá saber se ele é realmente um enviado do Senhor.» 10Então, o profeta Hananias retirou o jugo do pescoço do profeta Jeremias e, partindo-o, 11exclamou na presença de todo o povo: «Oráculo do Senhor: 'Assim, decorridos dois anos, quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei da Babilónia e retirá-lo-ei do pescoço de todas as nações!'» Então, o profeta Jeremias retirou-se. 12Depois que o profeta Hananias quebrou e retirou o jugo do pescoço de Jeremias, a palavra do Senhor foi dirigida a Jeremias, nestes termos: 13«Vai dizer a Hananias: Isto diz o Senhor: 'Quebraste jugos de madeira, mas, em vez deles, farei jugos de ferro.' 14Porque isto diz o Senhor do universo: 'Eu ponho um jugo de ferro ao pescoço de todas estas nações, a fim de que se submetam a Nabucodonosor, rei da Babilónia. Ficar-lhe-ão submetidas, e até lhe darei poder sobre os animais selvagens.'» 15E Jeremias acrescentou, dirigindo-se ao profeta Hananias:«Escuta a minha voz, Hananias! O Senhor não te enviou. És tu que levas o povo a crer na mentira! 16Por isso, eis o que diz o Senhor: 'Vou retirar-te da face da terra. Morrerás ainda este ano, porque pregaste a revolta contra o Senhor!'» 17E o profeta Hananias morreu naquele ano, no sétimo mês..
Este texto, tirado do livro de Jeremias, deve situar-se por volta de 594/593 a. C. Nele se põe a questão sobre a verdadeira e a falsa profecia. Como distinguir um verdadeiro de um falso profeta? A resposta não é dada de modo teórico, mas com uma narrativa biográfica escrita por Baruc, discípulo de Jeremias, e introduzida na obra do profeta.
Em Jerusalém tinha havido uma coligação de reis de menor importância, para conspirarem contra Babilónia, que deportara um grupo de judeus, entre os quais o rei Jeconias, e levara o tesouro do templo (cf 2 Rs 24, 10s.). Hananias, profeta do culto e da corte, anuncia a libertação dos deportados e a restituição do tesouro. Para garantir as suas palavras, realiza uma acção simbólica: quebra o jugo que Jeremias levava ao pescoço, como sinal do pesado domínio imposto por Babilónia a Judá (cf. vv. 10; cf. Jr 27). Perante as palavras e a acção de Hananias, Jeremias recorda-lhe, e a todos os que viram a cena, que a profecia só é verdadeira quando se realiza (vv. 7-9; cf. Dt 18, 21s.; Jr 23, 16-18). Por sua parte, embora também deseje um futuro de liberdade e de paz, fica em silêncio e quieto, à espera que Deus lhe fale, para ser fiel à Sua palavra, ainda que tenha de sofrer por causa disso. Assim, dócil a Javé, Jeremias proclama a verdadeira palavra, por muito impopular que seja: Babilónia tornará ainda mais pesado o jugo com que oprime Judá, que não poderá escapar (vv. 12-14). Hananias, falso profeta, será castigado (vv. 15s.; cf. Dt 18, 20). A sua morte testemunhará a falsidade da sua profecia, e a autenticidade da de Jeremias (v. 17).
Evangelho: Mateus 14, 13-21
Naquele tempo, 13quando Jesus ouviu dizer que João Baptista tinha sido morto, retirou-se dali sozinho num barco, para um lugar deserto; mas o povo, quando soube, seguiu-o a pé, desde as cidades. 14Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e, cheio de misericórdia para com ela, curou os seus enfermos. 15Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se dele e disseram-lhe: «Este sítio é deserto e a hora já vai avançada. Manda embora a multidão, para que possa ir às aldeias comprar alimento.» 16Mas Jesus disse-lhes: «Não é preciso que eles vão; dai-lhes vós mesmos de comer.» 17Responderam: «Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.» 18«Trazei-mos cá» - disse Ele. 19E, depois de ordenar à multidão que se sentasse na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu e pronunciou a bênção; partiu, depois, os pães e deu-os aos discípulos, e estes distribuíram-nos pela multidão. 20Todos comeram e ficaram saciados; e, com o que sobejou, encheram doze cestos. 21Ora, os que comeram eram uns cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.
A notícia da morte de João Baptista leva Jesus a afastar-se da multidão, para escapar à presumível tentativa de O matarem, também a Ele, já alvo de conjura por parte dos fariseus. Mas, fiel à missão que o Pai Lhe confiou, responde com amor à multidão, que Lhe pede gestos de salvação (vv. 13-14): cura os doentes, que Lhe são apresentados, e sacia a fome dos que O seguem. Mas exige a participação dos discípulos, que são chamados a dar-se a si mesmos, e a pôr em comum o que têm (vv. 16s.).
A narrativa deste milagre antecipa, na intenção do evangelista, o da instituição da Eucaristia (cf. Mt 26, 26). Os discípulos serão ministros, distribuindo aos outros o pão que Jesus lhes dá (v. 19). Do mesmo modo que sobrou pão, quando Eliseu, com vinte pães saciou cem pessoas (cf. 2 Rs 4, 42-44), assim também, e de modo ainda mais significativo, sobraram doze cestos, depois da refeição miraculosa oferecida por Jesus (v. 20). Tinham chegado os dias messiânicos. Jesus, o Messias, satisfazia todas as necessidades humanas, fazendo curas e saciando os que tinham fome. Na comunidade escatológica, fundada por Jesus, desaparecem toda a doença e toda a necessidade.
Meditatio
Na Igreja, nunca faltou o carisma da profecia. Tiveram-nos muitos santos. Mas, nos nossos dias, muitos cristãos apresentam-se como profetas, e pretendem revelar o pensamento de Deus sobre os caminhos a seguir pela Igreja.
Jeremias fala de verdadeiros e falsos profetas. Como podemos distingui-los? Como podemos tornar-nos profetas verdadeiros, uma vez que pertencemos a um povo de profetas? O verdadeiro profeta não pretende transmitir palavras agradáveis, mas palav
ras que salvam. O verdadeiro profeta é uma pessoa livre interiormente. Não está preocupado com a audiência, mas com a fidelidade à vontade de Deus. Cada dia se constrói em Deus, se confronta com a Sua palavra, e está atento para não a atraiçoar. Paulo reconhece o carisma da profecia na Igreja, e dá uma regra para o seu uso correcto: «Temos dons que, consoante a graça que nos foi dada, são diferentes: se é o da profecia, que seja usado em sintonia com a fé» (Rm 12, 6). Alguns traduzem: «se é o da profecia, que seja usado na medida em que é creditado», isto é, do crédito que o próprio Deus dá ao crente profeta, uma vez que transmite, não as suas palavras, mas as de Deus. A primeira leitura apresenta-nos um caso, que ilustra a regra de Paulo. Apresenta-nos dois profetas, um que actua "na medida em que é creditado por Deus"; outro que actua para além desse limite. Hananias pretende transmitir uma mensagem muito agradável para Jerusalém, que tinha sido tomada por Nabucodonosor, que deportara a maior parte dos seus habitantes. Os que tinham ficado, viviam muito penosamente. Todos desejavam uma mudança da situação. Hananias anuncia-a como próxima. Mas não o fazia movido por autêntica inspiração. Jeremias intervém para afirmar que essa profecia, apesar de agradável, era oportunista, e sem qualquer valor, pois não correspondia ao desejo de Deus. Hananias insistiu com o gesto simbólico de quebrar o jugo que Jeremias carregava, e proclamando uma pretensa palavra do Senhor: «Assim, decorridos dois anos, quebrarei o jugo de Nabucodonosor» (v. 11). Quanto a Jeremias, retirou-se, seguindo o seu caminho. Mas eis que Deus lhe fala e o manda a Hananias para dizer: «Quebraste jugos de madeira, mas, em vez deles, farei jugos de ferro» (v. 13). E acrescentou, sempre em nome de Deus: «Vou retirar-te da face da terra. Morrerás ainda este ano, porque pregaste a revolta contra o Senhor!» (v. 16). E assim aconteceu. Hananias não respeitou a regra essencial do carisma da profecia: falar na medida em que se é creditado por Deus, isto é, transmitindo autênticas verdades divinas, e não as próprias ideias.
A regra de Paulo continua actual. Ninguém deve ultrapassar os limites da graça recebida, caso contrário, em vez de contribuir para a edificação da Igreja, concorre para a sua ruína. Todos havemos de estar atentos para não despacharmos as nossas ideias como se fossem inspirações divinas. Em tudo é preciso muito discernimento e generosidade, para distinguir o que vem de Deus e o que não vem d´Ele.
Feito esse discernimento, há que estar disponíveis para o serviço da profecia, isto é, para falar em nome de Deus, como Samuel («Eis-me aqui», 1 Sam 3, 4; Is 3, 4) e, sobretudo, como o próprio Cristo «Eis-me aqui!» (Hb 10, 5). Esta atitude de Cristo deve continuar no nosso "Ecce venio" de cada dia, unido ao d´Ele, porque somos chamados na Igreja a «ser profetas do amor e servidores da reconciliação dos homens e do mundo em Cristo» (Cst 7), e a realizar, «como o único necessário, uma vida de união à oblação de Cristo» (Cst 26) que, na fidelidade à Sua missão foi até à imolação, no Calvário. O nosso «Ecce venio», que também passa pelo exercício da nossa missão profética de cristãos e de dehonianos, «configura a nossa existência com a de Cristo, pela redenção do mundo e para Glória do Pai» (Cst 58).
Oratio
Senhor Jesus, quantas palavras, quanto barulho me rodeia e enche os ouvidos! Como distinguir as palavras com conteúdo, das que o não têm? Como distinguir as que promovem a vida, daquelas que a limitam e destroem? Como distinguir a tua Palavra, das que não são tuas? Como posso, então, exercer a minha missão profética neste mundo? Não corro o risco de proclamar as minhas próprias ideias, de ser mero repetidor de frases feitas, do que está na moda dizer?
Dá-me, Senhor, a graça de parar, de fazer silêncio dentro de mim, para escutar a tua voz e poder falar do que me dizes, falar de Ti. Tu fizeste-Te Palavra para nós, e eu sou chamado a tornar-me palavra para os outros. Que não seja mais um rumor a acrescentar a tantos, mas palavra de vida, palavra-pessoa, palavra-dom-de-mim-mesmo, como Tu. Que eu seja, para todos, palavra que alimenta, que sacia o desejo de verdade e sentido. Amen.
Contemplatio
Simeão repete a Maria a profecia de Isaías: «O Cristo será para a santificação de muitos em Israel, mas será para outros uma pedra de escândalo» (Is 8,14). É manifesto. Cristo é causa de salvação e de ressurreição para aqueles que o reconhecem, que o amam e que o servem. É causa de ruína para aqueles que o rejeitam.
A indiferença não é colocada aqui. Jesus é a vida. Todas as bênçãos são prometidas àqueles que o seguem e que o amam. É preciso estar com ele ou com o mundo. Os povos e as famílias, como os particulares, encontrarão o caminho da paz e dos favores divinos no seguimento de Jesus e no seu serviço.
Estas palavras do profeta são graves. Há dois caminhos oferecidos à nossa escolha: de um lado o caminho das bênçãos, com o seu traçado marcado no Evangelho: «Bem-aventurados os pobres, bem-aventurados os puros, bem-aventurados os que choram, os que perdoam, os que sofrem perseguição». Do outro lado, o caminho que afasta de Cristo. Tem este traçado: amor pelo ouro, pelo luxo, pelo prazer e pelo mundo. - Sois vós quem eu escolhi, meu Salvador, é o vosso caminho, é o vosso amor, é o vosso Coração, mesmo que deva encontrar as contradições e as perseguições!
Simeão predisse a Maria a dor e a espada. Ela terá uma grande parte na paixão de Jesus. Sofrerá, ela também, por nós e pela nossa salvação. (Leão Dehon, OSP 3, p. 127s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra
«O dom da profecia seja usado em sintonia com a fé» (cf. Rm 12, 6).
| Fernando Fonseca, scj |


Dá-me cabeça de João Batista-Dehonianos


1 Agosto 2020
Tempo Comum - Anos Pares
XVII Semana - Sábado
Lectio
Primeira leitura: Jeremias 26, 11-16.24
Naqueles dias, 11os sacerdotes e os profetas falaram aos príncipes e à multidão: «Este homem merece a morte porque profetizou contra esta cidade, como todos vós ouvistes.» 12Jeremias, porém, respondeu aos príncipes e ao povo: «Foi o Senhor que me enviou a profetizar contra este templo e contra esta cidade os oráculos que ouvistes. 13Reformai, portanto, a vossa vida e as vossas obras, ouvi a palavra do Senhor, vosso Deus, e o Senhor afastará de vós o mal com que vos ameaça. 14Quanto a mim, entrego-me nas vossas mãos. Fazei de mim o que quiserdes e o que melhor vos parecer. 15Sabei, porém, que, se me condenardes à morte, sereis responsáveis pelo sangue inocente, assim como esta cidade e os seus habitantes porque, na verdade, foi o Senhor que me enviou para vos transmitir estes oráculos.» 24Quanto a Jeremias, ele gozava da protecção de Aicam, filho de Chafan, para que não fosse entregue nas mãos do povo a fim de ser condenado à morte.
Na continuação do texto que escutamos ontem, o de hoje apresenta-nos a reacção ao discurso de Jeremias. Os sacerdotes e os profetas denunciam-no aos chefes do povo, acusando-o de profetizar a destruição do Templo e de Jerusalém, ambos "santos", porque morada de Deus. Essa profecia constituía, pois, uma blasfémia merecedora de sentença de morte. Por sorte, os encarregados da justiça não eram nem os sacerdotes nem os profetas, mas os juízes e os anciãos. Estes, perante a acusação falsa e incompleta dos interessados no culto, que citaram as palavras de Jeremias contra a cidade, mas não contra o Templo, reagiram recordando o que acontecera um século antes com o profeta Miqueias. Este tinha pronunciado idêntica ameaça, o povo tinha-se convertido e Jerusalém fora libertada de Senaqueribe. Era o que também agora pretendia Jeremias.
A coragem do profeta, manifestada na disposição de enfrentar a morte antes do que trair a Palavra de Deus, também deve ter comovido os juízes que unanimemente reconheceram que não era réu de morte, porque tinha falado em nome de Deus.
O v. 24, com que termina o texto litúrgico, anota como Jeremias foi salvo pela protecção de Aicam, irmão de Godolias futuro governante de Jerusalém, imposto por Nabucodonosor. Não se trata de coincidências, de resultados de jogos políticos, ou de "milagres" de circo. São acontecimentos e circunstâncias através dos quais se manifesta a acção salvífica de Deus que garantira ao profeta: «Eu estarei a teu lado!». (Jer 15, 20).
Evangelho: Mateus 14, 1-12
1Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos de Herodes, o tetrarca, 2e ele disse aos seus cortesãos: «Esse homem é João Baptista! Ressuscitou dos mortos e, por isso, se manifestam nele tais poderes miraculosos.» 3De facto, Herodes tinha prendido João, algemara-o e metera-o na prisão, por causa de Herodíade, mulher de seu irmão Filipe. 4Porque João dizia-lhe: «Não te é lícito possuí-la.» 5Quisera mesmo dar-lhe a morte, mas teve medo do povo, que o considerava um profeta. 6Ora, quando Herodes festejou o seu aniversário, a filha de Herodíade dançou perante os convidados e agradou a Herodes, 7pelo que ele se comprometeu, sob juramento, a dar-lhe o que ela lhe pedisse. 8Induzida pela mãe, respondeu: «Dá-me, aqui num prato, a cabeça de João Baptista.» 9O rei ficou triste, mas, devido ao juramento e aos convidados, ordenou que lha trouxessem 10e mandou decapitar João Baptista na prisão. 11Trouxeram, num prato, a cabeça de João e deram-na à jovem, que a levou à sua mãe. 12Os discípulos de João vieram buscar o corpo e sepultaram-no; depois, foram dar a notícia a Jesus.
O relato de Mateus sobre o martírio de João Baptista, mais sóbrio que o de Marcos (6, 14), baseia-se na história, pois se trata de um acontecimento datado no tempo de Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, a quem os romanos reconheceram jurisdição sobre a Galileia e a Pereia, no norte da Palestina.
A decapitação do Baptista é motivada pela sua intransigência moral e pela sua forte personalidade. O profeta não se amedrontava diante de nada nem de ninguém, quando se tratava de denunciar a imoralidade. Não se amedrontou sequer diante de Herodes, que tendo repudiado a consorte, tomou por esposa a mulher de seu irmão. Herodes continha a sua vontade de vingança, porque temia uma rebelião popular. Mas Herodíades não se preocupava com isso. Assim, quando Herodes jurou dar à filha de Herodíades o que quer que lhe pedisse, a adúltera não hesitou em sugerir a cabeça de João (vv. 6-11). E obteve-a! Com o seu martírio, João Baptista terminou a missão de precursor. E Jesus compreendeu que era chamado a percorrer o mesmo caminho.
Meditatio
Tanto João Baptista, como Jeremias, eram profetas corajosos e fiéis à sua missão. Ambos conheciam o risco que era denunciar, em nome de Deus, os abusos dos seus contemporâneos, particularmente das autoridades. Ambos foram presos, porque falavam demasiadamente claro e forte contra esses abusos. João foi preso por um monarca absoluto, e a sua sorte dependeu unicamente do arbítrio de Herodes. A situação de Jeremias foi diferente. Os seus acusadores eram os sacerdotes e os profetas. Podia defender-se deles. E começou por afirmar que a sua profecia não era fruto da sua mente, não era uma mensagem inventada, mas palavra de Deus ao povo. Depois, acrescentou que essa palavra não era uma afirmação absoluta, mas uma ameaça condicionada: se o povo arrepiasse caminho, seria salvo: «Reformai a vossa vida e as vossas obras, ouvi a palavra do Senhor, vosso Deus, e o Senhor afastará de vós o mal com que vos ameaça» (v. 13). Estas palavras do profeta redimensionavam a situação e constituíam um insistente convite à conversão. Jeremias concluiu afirmando que, condená-lo, só piorava a situação, porque matar um enviado de Deus aumenta a culpa: «se me condenardes à morte, sereis responsáveis pelo sangue inocente» (v. 15). Perante estas palavras, os chefes e o povo rejeitaram a acusação dos sacerdotes e profetas. Jeremias não foi condenado à morte, e pôde continuar o seu ministério.
No caso do João Baptista, o capricho de Herodes, ou, mais exactamente, a sua fraqueza, com a perfídia de Herodíades, levaram a melhor. João Baptista, testemunha da verdade, foi calado, foi morto, sem se poder explicar, sem ter quem o defendesse. Julgamentos semelhantes ao de João Baptista, repetiram-se muitas vezes ao longo da história, e continuam a repetir-se ainda hoje. As perseguições são inevitáveis para quem anuncia a verdade de Deus. A verdade incomoda, tal como o amor, porque implica renúncia aos próprios interesses egoístas, e exige abertura aos outros. Jesus disse aos seus discípulos: «Felizes os que sofrem perseguição por causa da justi&c
cedil;a,porque deles é o Reino do Céu.
Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam» (Mt 5, 10-12). À partida, pode parecer mais fácil ficar por uma atitude complacente, por um silêncio diplomático, renunciando à missão profética, a falar em nome de Deus, como é próprio de baptizados, de religiosos. Mas a felicidade só se alcança na partilha da sorte dos profetas e, sobretudo, da sorte do grande profeta, Jesus.
Oratio
Senhor Jesus, dá-me a coragem do teu Precursor. Muitas vezes me acanho, quando sou chamado a dar testemunho da fé, a denunciar os abusos da sociedade de que faço parte. O medo de ser incompreendido, o medo de perder alguns amigos, travam-me a língua para falar, e paralisam-me as mãos para agir de modo coerente com o Evangelho que, apesar de tudo, quero viver.
Infunde em mim, Senhor, o teu Espírito de fortaleza, que me aqueça o coração, me encha de uma alegria mais forte do que o medo, me faça testemunha corajosa da verdade que és Tu. Amen.
Contemplatio
S. João Baptista entrega-se à penitência e à reparação pelo seu povo, como os profetas. Como Jeremias, é santificado no seio de sua mãe. É o novo Elias, predito por Malaquias. Desde a sua infância entrega-se à penitência. «Não beberá nem vinho nem cidra», diz o anjo a Zacarias. Passa a sua adolescência no deserto, está vestido com uma túnica de peles de camelo apertada por um cinto de couro; come mel silvestre e gafanhotos. «Que fostes ver ao deserto? diz Jesus aos seus discípulos. Não é um homem molemente vestido. É um anjo, que não come nem bebe» (Mt 11, 18). Nosso Senhor exprime assim a extrema mortificação do Precursor. É um profeta, um asceta. S. Bernardo chama-o patriarca, o mestre e o guia dos religiosos. Como os religiosos contemplativos, amou a solidão, a oração, a penitência; como os religiosos apostólicos, pregou a todas as classes da sociedade, reconduziu um grande número de pecadores, conduziu as almas a Jesus Cristo. Imitemos a sua penitência e o seu zelo.
S. João Baptista foi mártir da pureza. Amava ardentemente a virgindade. Viveu virgem. Não podia sofrer a visão da impureza. Atacava nos seus discursos todas as desordens de costumes, sem medo de ofender os grandes. Censurou mesmo a Herodes ter tomado por esposa a mulher do seu irmão ainda vivo. É esta firmeza apostólica e este amor da pureza que lhe atraíram a perseguição e lhe valeram o martírio. Herodes e esta mulher que ele tinha desposado contrariamente às leis e à decência não lhe perdoavam as suas censuras. Foi nos excessos mesmos da sua vida sensual e desordenada que conjuraram contra a sua vida. Foi no meio das danças e dos festins que o mandaram matar. Era ao mesmo tempo mártir ou testemunha da santa virtude de pureza, e reparador pelas orgias nas quais pronunciavam a sua condenação. Era um anjo pela sua pureza. O evangelho e os profetas dão-lhe este belo título: «Enviarei o meu anjo diante do Messias», tinha dito o Senhor na profecia de Malaquias (3, 1).
Nosso Senhor mesmo faz a aplicação desta profecia: «Foi dele, diz, que o profeta disse: Enviarei um anjo diante de vós para vos preparar os caminhos» (Mt 11, 10). (Leão Dehon, OSP 3, p. 688s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Dai Senhor à vossa Igreja, profetas e santos».
| Fernando Fonseca, scj |


terça-feira, 28 de julho de 2020

18o Domingo do Tempo Comum-Jorge Lorente


Evangelhos Dominicais Comentados
02/agosto/2020 – 18o Domingo do Tempo Comum
 Evangelho: (Mt 14, 13-21)

Jesus retirou-se, num barco, para um lugar deserto e afastado. Mas o povo soube e o seguiu das cidades a pé. Ao desembarcar, viu uma grande multidão e, sentindo compaixão, curou os seus enfermos. Ao cair da tarde, aproximaram-se dele os discípulos e disseram: “O lugar aqui é deserto e já passou da hora. Despede o povo para que possa ir aos povoados comprar alimentos”. Mas Jesus lhes respondeu: “Não há necessidade de eles irem embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Eles, porém, disseram: “Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes”. Ele falou: “Trazei-os para cá”. Mandou a multidão sentar-se na grama. Depois tomou os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos para o céu e rezou a bênção; partiu então os pães, deu-os aos discípulos, e estes à multidão. Todos comeram e ficaram saciados. E dos pedaços que sobraram recolheram doze cestos cheios. Os que comeram eram cerca de cinco mil homens, sem contar as mulheres e as crianças.

No Evangelho de hoje, Mateus nos fala da grande multidão que seguia Jesus para onde quer que Ele fosse. Mateus usa também uma palavra muito forte para se referir ao sentimento de Jesus, ele diz que o Mestre sentiu compaixão da multidão.  

Compaixão é muito mais que uma simples preocupação, principalmente quando estamos falando de Jesus. Compaixão no seu sentido mais amplo, no seu sentido divino, é um sentimento que está muito longe do entendimento humano.

Para nós, compaixão está ligada à uma preocupação superficial, que chamamos de “pena”, “dó” ou qualquer outra coisa que sentimos por um doente, moribundo, ou marginalizado. Compaixão é algo que vai muito além de ficar penalizado ou doar o que nos sobra. Para Jesus, compaixão é sinônimo de amor.

Jesus se compadece da multidão, cura os doentes e dá o pão da palavra para aqueles que o procuram. Dá também o pão alimento, símbolo da vida. Multiplica e distribui o alimento que, ainda hoje é tão escasso em nossas mesas.

Milhares e milhares morrem de fome em todo mundo. Outros milhares dependem de leito hospitalar, remédios, exames complementares e até mesmo de uma palavra de conforto, e isso nos deixa (entre aspas) “extremamente compadecidos”.

Não basta sentimentalismo externo, é preciso ação. Como dissemos, compaixão é sinônimo de amor e, amor é doação, portanto, o amor só está presente na entrega, na partilha. Ninguém é feliz sozinho, felicidade para ser completa, tem que ser compartilhada. 

Partilhar, repartir são verbos ainda muito pouco utilizados. Em compensação, um verbo que está sempre presente nas rodas de amigos, que tem presença obrigatória nos “papos” informais ou de negócios, é o verbo multiplicar. Só que não é a multiplicação de pães, nem de empregos. A preocupação é com a multiplicação de renda, de poder e de centralização de bens.

Com Jesus é diferente. Onde Cristo está presente, ali está a fraternidade. Os cinco mil homens que o evangelho se refere simbolizam o mundo da época, o povo de Israel. Porém, o mundo atual também sente fome de Deus e precisa ser saciado. O mundo precisa conhecer Jesus, o Verdadeiro Pão.  

Os primeiros cristãos causavam inveja, porque tudo repartiam e por isso, não havia necessitados entre eles. Vamos imitá-los? Vamos provocar inveja nos que nos rodeiam, vamos viver a alegria de partilhar o pão, a saúde, o emprego, as riquezas, enfim, vamos viver a emoção maior de partilhar o amor. 



“COMPREENDESTES TUDO ISSO? Olivia Coutinho


 Dia 30 de Julho de 2020
 Evangelho de Mt13,47-53
A palavra de Deus, que chega até a nós, no evangelho de hoje, vem nos mostrar, através de uma parábola, a tolerância de Deus para com o ser humano.
O texto começa nos apresentando a parábola da rede lançada no mar. Nesta parábola, o mar simboliza o mundo, a rede lançada no mar significa  a palavra de Deus lançada no mundo e os peixes, simbolizam as pessoas que foram atraídas para Deus.
A mensagem principal que Jesus quer nos passar, através desta parábola, é semelhante a mensagem da parábola do joio! Tanto na parábola do joio, quanto nesta, Jesus nos fala da compreensão de Deus para com a fragilidade humana. Um pescador, quando lança sua rede ao mar, não evita que os peixes não bons entrem na rede, só depois de retirar a rede das águas, que ele  faz a seleção dos peixes, eliminando os que não são bons. Assim também acontece com apalavra de Deus, ela é lançada no mundo, ao alcance de todos, dos bons e dos que não são bons. Ao permitir que bons e maus, permaneçam juntos neste mundo, Deus oferece a todos a mesma chance, as pessoas não boas, terão a oportunidade, de na convivência com os bons, se converterem de se tornarem “peixes” bons. Podemos ainda comparar o nosso tempo de vida terrena, com a rede que trás do fundo do mar, peixes bons e não bons.
Estamos todos na rede de Deus, somos os peixes atraídos por Jesus, com a responsabilidade de nos tornarmos também pescadores, ponte para que o outro chegue a Deus.
Ser os peixes atraídos por Jesus, ou pescadores convocados por Ele, não nos garante isenção de passarmos pela a seleção do juízo final. Também não nos compete julgar quais serão os "peixes" que serão eliminados, e nem acharmos que já estamos salvos, é Jesus quem fará esta seleção. Mt25,32-34
No final do evangelho, Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da lei que se torna discípulo do reino dos céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. Com essas palavras, Jesus quer nos dizer, que a construção do Reino dos céus, se faz, através de uma mescla entre o velho e o novo. Para Jesus, não se deve apregoar a mudança de tudo, o que se aprende no antigo testamento, tem um grande valor. O conhecimento de um mestre da lei, acrescentado a uma nova mentalidade, fundamentada nas palavras de Jesus, dá ao discípulo, um equilíbrio na missão. Jesus veio nos mostrar a face humana do Pai, apagar da nossa mente, a imagem de um Deus severo, vingativo mostrado no antigo testamento.
Na pessoa de Jesus, conhecemos o nosso Deus de amor, o Deus da vida que se vestiu da fragilidade humana, exceto do pecado, para estar conosco. A porta de entrada para o Reino dos céus é Jesus, Jesus é o caminho que nos conduz ao Pai, portanto, a   nossa salvação, perpassa pelo o nosso seguimento a Ele.


FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olívia Coutinho
    

UM PROFETA SÓ NÃO É ESTIMADO NA SUA PÁTRIA E EM SUA FAMÍLIA-Olívia Coutinho

UM PROFETA SÓ NÃO É ESTIMADO NA SUA PÁTRIA E EM SUA FAMÍLIA

 

Dia 31 de Julho de  2020

 

Evangelho de Mt13,54-58

 

Como sabemos, o caminho do profeta é um caminho  marcado pela perseguição, pela rejeição e até mesmo pela incompreensão das pessoas  que fazem parte do seu convívio! Jesus, o profeta Maior de todos os tempos, passou por esta experiência, além de ter sido  rejeitado pelas autoridades políticas e religiosas, Ele foi também rejeitado pelos seus conterrâneos.

 A cruz é certeira  no caminho do profeta, pois são muitos os que tentam, a todo custo, calar a sua voz, o que é impossível,  pois nem a morte  consegue calar a voz de um  profeta, é justamente depois da  morte do profeta, que a sua voz,    passa  a ressoar com mais força ainda!
O evangelho de hoje nos fala  do retorno de Jesus à  sua cidade de origem: Nazaré.  Lá, Ele experimentou  no corpo e na alma a dor da rejeição, uma dor profunda, pois  partia daqueles que deveriam ser os primeiros a acolhe-lo: os seus conterrâneos.   
Antes de saber que Jesus era o enviado de Deus, o povo ficava  maravilhado com as palavras Dele, mas quando a identidade do Messias anunciado pelos os profetas, começou a se desenhar na sua pessoa, a admiração pelas suas palavras caiu  por terra. Aqueles que esperavam por um Messias extraordinário, triunfalista, que fosse defender os seus interesses pessoais, não quiseram aceitar um Messias na condição de servo, alguém de origem simples que tinha o olhar voltado para os pequenos, os pobres, os marginalizados.
Julgando conhecer Jesus, isto é: conhece-lo  pela sua condição social, eles  recusaram em aprofundar no mistério de Deus, ficando somente no superficial, o mais importante, eles não quiseram ver: o Rosto humano do Pai, se revelando no filho de um carpinteiro!
Os compatriotas de Jesus,  tiveram nas mãos, a chave da felicidade, mas não se deram conta desta preciosidade, desperdiçando a graça de Deus! Ali, Jesus não pode realizar muitos  milagres, não por retaliação, mas pela falta de fé daquele povo.
Será que nós também, não temos atitudes semelhantes as atitudes dos conterrâneos de Jesus? Será que estamos aceitando o recado de Deus, que chega até a nós, por meio das pessoas simples?
Dificilmente reconhecemos  a sabedoria presente nas pessoas simples, temos a tendência de  acreditar somente no que dizem as pessoas de alto "nível intelectual", com isso, deixamos escapar as mensagens que Deus quer nos passar através dos pequenos, dos simples! 
Ainda hoje, a  humanidade  continua dividida, uns  acolhe a voz do profeta e se dispõe a mudar de vida, outros  ignoram a sua fala, preferindo continuar na escravidão do pecado.
A rejeição à Jesus,  não interrompeu o anúncio do Reino, que continua através dos incansáveis profetas de hoje, homens e mulheres que se embrenham pelo caminho da cruz, dispostos a dar a vida se preciso for, pela causa do Reino.
 FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olívia Coutinho

-O que torna o homem impuro-José Salviano


04 de Agosto-2020-Ano A


Evangelho Mt 15,1-2.10-14

 


Os fariseus e mestres da Lei acreditavam que o que tornava as pessoas impuras, era a falta de higiene pessoal. Eles lavavam as mãos antes de comer, nem se aproximavam de um leproso, e coisas deste tipo. Para eles, tudo isso tornava  a pessoa completamente impura, indigna de Deus. Em outras palavras, em pecado gravíssimo.
Jesus refutou tudo isso, dizendo que o que nos torna impuros, com a alma manchada de pecado, são as coisas que saem de dentro de nós, pela nossa boca. Palavrões, maldades, ofensas, discriminações, etc., e não o que entra pela nossa boca.
Veja bem que Jesus não estava incentivando a falta de higiene. Nada disso. Ele simplesmente estava contestando aos fariseus e escribas que pensavam de modo errado quanto a nossa espiritualidade.
Jesus quis dizer que a falta de higiene não torna a nossa alma impura, mais sim, as nossas atitudes desumanas, e sem caridade para com o irmão e a irmã.
A porcaria, a falta de higiene, prejudica e muito a nossa saúde, sim. Porém, isso não afeta a nossa alma. Foi isso que Jesus quis nos dizer neste Evangelho, em contra posição aos valores invertidos ou errados dos fariseus.
Nós estamos em pandemia do Corona vírus, e a única forma ou medida de evitar o contágio deste terrível vírus mortal, é o isolamento social para evitar a contaminação. Lavar as mãos, proteger-se com máscaras e com luvas, são procedimentos indispensáveis para nos proteger, além de muita oração. Como sabemos, 80% das doenças entra pelas mãos.  Pegamos nos corrimãos, e em outras coisas contaminadas, e não lavamos direito as nossas mãos. É poucos lavam direito as suas mãos. Observamos isso quando cumprimentamos alguém e notamos que a sua mão está grudando. É por que está suja. Ao contrário, outras mãos estão lisas. São mãos lavadas. É triste e desagradável falar sobre isso, mas infelizmente é assim que acontece. Uns lavam as mãos normalmente, antes de pegar nos alimentos, têm o cuidado de não tossir nem falar em cima da comida, entre outros cuidados necessários para evitar contaminação. Já infelizmente outros, com a mão que vieram da rua, pegam em alimentos, e os comem, e ainda nos oferecem...
É indispensável lavar bem as frutas, enxaguar bem os talheres após passar o detergente, entre outros cuidados importantes.
Quando comemos em um restaurante, nem pensamos nisso. Mais será que aquela salada foi devidamente cuidada? E as mãos que a prepararam? Já parou para pensar na pizza? A massa é amassada pelas mãos, é claro. E as unhas? Foram limpas, aquelas mãos estavam lavadas?
Já sei. Você está achando um exagero o que estamos falando aqui. Mais antes pense: 80% das doenças são causadas pela contaminação. Causadas pela falta de cuidado com a higiene!
Aí você de novo pergunta. E os nossos anticorpos? Não servem para nada?  Sim. Claro! Você tem um corpo bem nutrido, bem forte, e poderá se defender de qualquer agressão, pelo menos assim se espera. E aqueles que estão subnutridos? E os quem muito, mais come errado?
Higiene é saúde. Use máscara, lave suas mãos, e nestes tempos de pandemia,  não se esqueça de protegê-las com luvas principalmente quando for ao mercados da vida.

Um bom dia com muita saúde. José Salviano,


-As tempestades da vida-José Salviano


03 de Agosto-2020-Ano A


Evangelho Mt 14,22-36

 


Com toda certeza,  as tempestades da nossa vida acontecem quando Jesus não viaja na nossa barca. Quando não o convidamos para estar conosco. Quando não aceitamos a sua oferta de amizade e de partilha da graça santificante. Quando achamos que somos os tais, os autossuficientes, e dispensamos a sua companhia, quando paramos de rezar, etc.
Todos nós, ricos ou pobres já experimentamos algumas tempestades vitais.  Ou foi um sequestro, um acidente, um incêndio, uma  separação, ou coisa parecida.
E se voltarmos a fita agora, percebemos que em todas essas tempestades, Jesus não estava na nossa barca. Ou melhor,  nós não estávamos na companhia dele.  Não se trata exatamente de castigo. Mais sim, trata-se de querer navegar por este mar revolto que é a nossa caminhada terrena, sem estar com Jesus, é ignorar o seu poder e proteção.
Sem a divina providência, nós não somos absolutamente nada. Mesmo que tivermos muito dinheiro, mesmo que somos jovens cheios de vitalidade. É besteira pretender atravessar a estrada desta vida ignorando a presença de Jesus.
E é o pecado que nos impossibilita de merecer as graças de Deus por meio de Jesus. É o pecado que nos deixa sozinhos no meio da tempestade!
Nós pecamos quando permitimos que a nossa vontade se deixa atrair por uma coisa de si contrária à caridade, pela qual somos ordenados para o nosso fim último. O pecado, pelo seu próprio objeto, deve considerar-se MORTAL, quer seja contra o amor de Deus, quer seja contra o amor ao próximo. Contra o amor a Deus, temos: a  blasfêmia, o perjúrio, etc., e  contra o amor do próximo como nos casos de  homicídio, roubo,  adultério, entre muitos outros.
Pecados veniais ou pecados leves. É  quando a vontade do pecador por vezes se deixa levar para uma coisa que em si é desordenada, não sendo todavia contrária ao amor de Deus e do próximo como por exemplo, um  palavrão, uma piadinha só de leve, uma pequena queda por motivo de pressão do próprio corpo, ou um vício enraizado etc.
O  pecado é  mortal, quando se tem uma matéria grave, e quando é cometido com plena consciência e de propósito deliberado. Exemplo. O indivíduo sabe que matar é um pecado mortal, porém, ele decide ou resolve fazer isso, com pleno consentimento,  e com plena consciência do seu ato.  Isto por que já está com a consciência moral embrutecida pela vivência no pecado.
Prezada irmã, prezado irmão. Rezemos pela conversão de todos os pecadores deste mundo, inclusive pela nossa conversão diária.
E que Deus esteja conosco.

José Salviano.